21.2.23

[Plano de Aula Completo] sobre a Semana de Arte Moderna (1922)


A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, foi um movimento que abarcou diversos artistas e intelectuais. A ideia era promover a renovação no campo das artes e trazer novo fôlego ao cenário cultural brasileiro. 

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro daquele ano, no Teatro Municipal de São Paulo, houve exposições de arte, consertos musicais, palestras e apresentações poéticas sob a organização de nomes, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Di Cavalcanti, apoiados por Graça Aranha. Um dos principais patrocinadores desse movimento foi Paulo Prado, membro da elite cafeicultora paulista.

Alguns artistas modernistas reunidos.

Os modernistas propunham a superação dos cânones tradicionais nas artes, como o Realismo e o academicismo, os quais predominavam em centros como a Escola Nacional de Belas Artes e a Academia Brasileira de Letras. A influência das novas tendências da vanguarda europeia, como o cubismo, o dadaísmo e o futurismo deveriam ser deglutidas pelos artistas brasileiros e transformadas em produções originais valorizando a cultura popular e as questões nacionais.

Essa ideia foi expressa na pintura de Tarsila do Amaral, "Abaporu", de 1928. Nessa obra Tarsila fugiu do realismo e adotou cores e temas brasileiros, destacando, por exemplo, a flora existente em parte do país - o cacto, comum no interior do Nordeste. 


Na literatura, a publicação de Pauliceia desvairada, em 1922, de Mário de Andrade exerceu forte influência sobre os poetas brasileiros. 

Inicialmente, o impacto provocado pelos modernistas foi tímido, mas as repercussões do evento foram muito além daquela semana, marcando toda uma geração e influenciando novos autores, artistas e pensadores da realidade do país. 

As revistas como a Klaxon, Revista do Brasil, Verde, Antropofagia etc contribuíram para a circulação das novas ideias e tendências, ampliando o alcance e a influência do movimento Modernista. 


Os críticos e estudiosos do período dividem o Modernismo em duas fases, a saber: Estética (1922-1924) e Política (1924-1928). A primeira fase buscava a inovação artística inspirada nos movimentos de vanguarda da Europa. A fase política marcou a confluência entre o nacionalismo com o Modernismo.

Após 1928, os artistas do Modernismo tomaram rumos distintos, com grupos divididos devido às diferentes concepções estéticas e ideológicas. O grupo da "antropofagia" de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, por exemplo, tinha uma tendência mais à esquerda, aproximando-se das ideias socialistas. Já Menotti Del Picchia e o jornalista Plínio Salgado, do grupo "verde-amarelismo", defendiam valores da direita política. 

O movimento, como se pode perceber, foi heterogêneo tanto do ponto de vista estético quanto ideológico. Mas os artistas e intelectuais modernos convergiam a respeito da necessidade de renovar a arte brasileira. Era preciso conciliar os movimentos de vanguarda com as tradições e a cultura popular. A arte deveria ser a expressão da identidade nacional e não apenas um valor das elites e da oligarquia, alheia à realidade social e cultural do país.

ATIVIDADES

1. Você é o artista! Pinte o quadro "Abaporu" de Tarsila do Amaral ou faça uma releitura da obra, através da produção de um novo desenho.




2. Cruzadinha: Semana de Arte Moderna (1922)
Clique aqui.

PESQUISA 

1. Pesquise na Internet dados biográficos de Tarsila do Amaral e também sobre seu trabalho artístico. 
Depois escreva um texto destacando aspectos importantes de sua vida, seus principais trabalhos e as características de sua obra.


AVALIAÇÃO (Questões do ENEM e do PISM/UFJF)

1. ENEM, 2012.

O trovador

Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras…
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde!

ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é

a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.
b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

2. (ENEM, 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros modernistas

a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional.
c) representavam a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

3. (PISM, 2020) Sobre a Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo em 1922, é CORRETO afirmar:

a) Foi um movimento que criticava a influência estrangeira na cultura brasileira, rejeitando o “colonialismo mental”, defendendo a cultura nacional.
b) O movimento foi exclusividade dos poetas homens, excluindo o talento das escritoras mulheres consideradas muito radicais, uma vez que defendiam o fim do conservadorismo.
c) O movimento ocorreu por ocasião do centenário da independência do Brasil, com o objetivo de reforçar o espírito conservador do país e valorizar a cultura estrangeira moderna e suas inovações.
d) O movimento atingiu todo o Brasil e todas as classes sociais, se mostrando extremamente democrático, rompendo com a desigualdade de classes.
e) Foi um movimento conservador que redescobriu a identidade brasileira como não miscigenada, de tradição rural-agrária, recusando o desenvolvimento cosmopolita.


4. ENEM, 2010.

(Tarsila do Amaral. “O mamoeiro”, 1925. Óleo s/ tela; 65 x 70 cm. IEB-USP.)


O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro “O mamoeiro”, identifica-se que, nas artes plásticas, a

a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.

5. (PISM.UFJF) Leia os trechos abaixo: 

Trecho I 

“Desde pelo menos a conferência de Mário de Andrade, “O Movimento Modernista”, de 1942, a Semana de Arte Moderna, de fevereiro de 1922, tem sido considerada o marco inaugural do modernismo. Em 1922, já estavam firmadas as duas preocupações centrais do movimento em sua primeira fase (1917-1924). A primeira tinha a ver com a necessidade de atualizar a produção artística feita no país a um novo tempo, o que justificava a polêmica com os chamados “passadistas”. A segunda dizia respeito ao ingresso do país no concerto das nações cultas, isto é, no universo moderno. [...]”. 

Fonte: JARDIM, Eduardo. Apontamentos sobre o modernismo. In: Estudos Avançados, 36 (104), 2022). 

Trecho II 

“ [...] os dois extremos do caráter modernista, o internacionalista, procedente do contato com a Europa e em particular com Paris, e a pressão da realidade local, a chamar o artista para o seu espaço, tradições e contradições, através do pluralismo cultural de um país como o Brasil, fariam com que surgisse, a partir do modernismo, segundo a pesquisadora Telê Ancona Lopez, uma nova perspectiva de atuação, a propor um duplo caminho: a) romper com a arte de importação; b) pesquisar o popular. Ou seja, através do dado popular, restaurar a dignidade da língua e das manifestações populares a influir na literatura. [...]” 

Fonte: AMARAL, Aracy. O modernismo brasileiro e o contexto cultural dos anos 20. In: Revista USP. São Paulo, n. 94, 2012, p. 18. 

Sobre o movimento modernista, oficialmente inaugurado com a Semana de Arte Moderna de 1922:

A) Cite UMA crítica do movimento modernista às expressões de arte desenvolvidas no Brasil dos anos 1920.

B) Explique UMA característica do movimento modernista, levando em consideração o contexto sociocultural do Brasil naquele momento. 

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