13.3.19

A Comuna de Paris (1871)

O regime imperial de Napoleão III entrou em colapso após a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana. O imperador foi deposto e, de nova, a República foi proclamada.

O governo conservador liderado por Louis Adolphe Thiers aceitou os termos da rendição impostos pelos prussianos. A aceitação foi considerada vergonhosa e o proletariado parisiense, humilhado e passando fome, se rebelou.

A revolta tinha um caráter socialista, foi deflagrada em 18 de março de 1871, com o apoio da Guarda Nacional. Os revolucionários formaram um comitê centra que criou um órgão de governo popular, o qual ficou conhecido como a Comuna de Paris. 

A Comuna era composta por noventa membros, o sufrágio era universal, todos estavam identificados com as ideias do socialismo, mas entre eles existiam anarquistas e liberais radicais. Havia organizações de bairro e conselhos sindicais que mobilizaram as massas parisienses. Assim, durante dois meses, a cidade ficou sob a administração da Comuna. 

A Comuna decretou a separação do Estado e da Igreja, substituiu o exército permanente por milícias populares, congelou os preços de alimentos e dos aluguéis, criou escolas para os filhos dos trabalhadores e entregou a direção das fábricas para as corporações operárias. 

Apesar da unanimidade em torno da ideia contrária a um governo conservador, havia divisões internas sobre os objetivos da revolução socialista. Tais divisões acabaram enfraquecendo a Comuna.

O governo central da França estava refugiado no Palácio de Versalhes, de onde planejava a retomada de Paris. Thiers, apoiado pela burguesia, reuniu um exército de 100 mil homens. A invasão ocorreu em 21 de maio de 1871, o episódio ficou conhecido como a Semana Sangrenta. 
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Barricadas nas ruas de Paris (1871)
Apesar das barricadas montadas pelos revolucionários, os revoltosos terminaram esmagados pelas forças centrais. No dia 28 de maio o conflito foi encerrado, com cerca de 20 mil combatentes mortos; 40 mil presos e  7500 deportados.

A Comuna de Paris é considerada uma experiência pioneira de governo operário e socialista,  cujo duração foi de 72 dias. O exemplo da Comuna serviu de alerta para a elite europeia, temendo que outras insurreições ocorressem. Para evitá-las e esvaziar o movimento operário, foram instalados governos liberais na Europa Ocidental, que permitiam a inclusão, mesmo que limitada, dos representantes do operariado no sistema político.

A Comuna tornou-se um símbolo, representando a esperança revolucionária da tomada do poder pelos operários. Só no final do século XIX que o movimento operário restabelece suas forças, organizam sindicatos e greves e terão uma nova vitória com a Revolução Russa de 1917.

8.3.19

Era napoleônica (1804-1814)

Os Girondinos, representantes da alta burguesia e do empresariado francês, chegaram ao poder em 1795 e permanecerão até 1799. Formaram o Diretório, órgão político encarregado de anular as medidas democráticas e populares do governo anterior e assegurar a liberdade econômica e a garantia da propriedade privada.

Entretanto, o governo do Diretório enfrentou resistência, com revoltas populares e crise econômica, o que provocou instabilidade política e um novo golpe foi arquitetado, com o apoio do exército francês. Napoleão Bonaparte, general do exército, tinha grande popularidade devido às suas vitórias contra as forças internacionais contrarrevolucionárias, ele foi o líder do golpe do "18 Brumário". A assembleia foi fechada e o Diretório foi substituído pelo Consulado (1799-1804).
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A França passou a ser governada por três cônsules, um deles era Napoleão Bonaparte, com a finalidade de estabelecer a ordem e o fim da agitação política. Durante o Consulado foi criado o Código Civil Napoleônico, baseado em leis já existentes na França e também no direito romano. O Código deveria ser obedecido em todo o país e trazia, dentre outras obrigações, a proteção à propriedade privada e a garantia de liberdade econômica, atendendo aos interesses da burguesia, e igualdade de todos perante a lei.

Outros feitos relevantes do governo de Napoleão foram:
  • Concordata com a Santa Sé: retomou relações com a Igreja Católica.
  • Anistia Geral: concedeu absolvição aos perseguidos pela Revolução.
  • Paz de Amiens: colocou fim na guerra com a Grã-Bretanha.

Depois de pacificar o país, Napoleão se autoproclamou Imperador da França. Ele criou o Banco da França, passou a emitir a moeda nacional - o franco; promoveu investimentos em obras públicas, gerou emprego e crescimento econômico. Ao mesmo tempo, estabeleceu a censura à imprensa e restringiu o direito de greve dos trabalhadores.
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Temendo o expansionismo militar francês, uma nova coalização de países europeus foi formada para conter a França. Napoleão obteve vitória militares importantes, entre 1807 e 1808, por exemplo, contra a Espanha e Portugal, além de controlar territórios na Itália e na Áustria.  Colocou em prática em 1806 o Bloqueio Continental, um plano que tentou asfixiar a economia britânica, isolando-a do continente europeu.  



Em 1812, Napoleão invadiu a Rússia e a campanha foi um desastre, milhares de soldados franceses morreram devido ao inverno russo. 
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Em 1814, uma força conjunta da Grã-Bretanha, Prússia e Áustria enfrentaram e derrotaram as forças napoleônicas. 

Bonaparte foi preso, enviado para a ilha de Elba, na costa da Itália. Em 1815 ele escapou e retornou à França, onde retomou o poder. 

Esse período ficou conhecido como governo dos "Cem Dias". Em junho daquele ano, as tropas britânicas e prussianas derrotaram Napoleão na Batalha de Waterloo, que foi preso e enviado para a distante ilha de Santa Helena, no sul do Oceano Atlântico, onde permaneceu até sua morte em 5 de maio de 1821. 

Repercussões das Invasões Napoleônicas na América

Quando Bonaparte invadiu a Espanha e prendeu o rei, nomeou seu irmão, José Bonaparte para governar o reino espanhol. As colônias espanholas na América reagiram ao fato, não reconheceram a autoridade de Bonaparte, se rebelaram o que precipitou os movimentos de independência na América Espanhola, como a independência da Argentina e do Paraguai, em 1810 e 1811, respectivamente.

O Brasil também sentiu os efeitos do expansionismo militar napoleônico. A família real portuguesa transferiu-se para cá, em 1807, quando as forças francesas haviam tomado Lisboa. Ao chegar ao Brasil, D. João declarou guerra à Napoleão e invadiu a Guiana Francesa. O território só foi desocupado em 1817, após um acordo entre portugueses e franceses no Congresso de Viena. 
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A região da bacia do Prata, ao sul da colônia, também foi objeto de cobiça dos portugueses. Ela esteve em disputa por portugueses e espanhóis desde o início da colonização. 
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Agora, com a Espanha sendo controlada por José Bonaparte, D. João enviou tropas para o sul, com a intenção de anexar a região ao Império Português. A anexação do Uruguai só ocorrerá mais tarde, em 1821.

Congresso de Viena (1814-1815)

Foi uma iniciativa tomada pelas potências europeias, as quais visavam restabelecer a ordem e as fronteiras entre as nações como se encontravam no período pré-napoleônico. O herdeiro de Luís XVI, o rei que fora condenando à morte pela Revolução Francesa, foi colocado no trono, a monarquia foi restaurada e Luís XVIII foi coroado rei da França.
Portugal e Espanha que com as invasões napoleônicas estavam sem rei, também passaram pela restauração. Os membros das casas de Bragança e Bourbon, respectivamente, assumiram os tronos das nações ibéricas.
Para assegurar que a restauração ocorresse e evitar o avanço das ideias liberais, disseminadas pela Europa pelas invasões napoleônicas, foi criada a Santa Aliança, encarregada de fazer cumprir o que havia sido estabelecido no Congresso de Viena, ou seja, a ordem do Antigo Regime.

Entretanto, a partir da década de 1820, os ventos liberais voltarão a atormentar a Europa, quando diversos segmentos da sociedade reivindicarão direitos, como maior participação no poder, liberdade econômica, fim da servidão e do absolutismo.

5.3.19

O Iluminismo, Liberalismo econômico e Despotismo Esclarecido

No século XVIII, a sociedade europeia era marcada por profundas desigualdades, a sociedade estava dividida em grupos distintos, era estamental. Clero e nobreza eram ordens sociais privilegiadas, recebiam o dízimo e mantinham direitos feudais sobre a terra, enquanto o povo, formado por camponeses, artesãos e burgueses, arcava com pesados tributos.

Os monarcas governavam de forma despótica, absolutista, legitimados pela Igreja Católica. A economia seguia o Mercantilismo: acumulação de metais preciosos, manutenção da balança comercial favorável, exploração das riquezas coloniais e intervenção do Estado no mercado.

É nesse contexto que surgiram pensadores, os filósofos, que criticavam o Antigo Regime europeu, apontando a falência de um modelo político, econômico e social.

O século XVIII ficou conhecido como "século das luzes", devido à divulgação das obras e do pensamento dos filósofos iluministas.

Em linhas gerais, os iluministas defendiam:
  • igualdade de todos perante a lei;
  • liberdade de pensamento;
  • universalização da educação;
  • fim da intolerância religiosa;
  • limitação do poder real;
  • o uso da razão em oposição à verdade revelada pela religião e pela fé.

Vamos conhecer alguns dos principais expoentes do Iluminismo!


  • John Locke (1632-1704) filósofo inglês, defendia a necessidade do governo de garantir os direitos naturais dos homens, como a liberdade e a felicidade. Caso o governante não o fizesse, poderia ser destituído de sua função.
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  • Charles-Louis de Secondat (1689-1755): ficou conhecido como Barão de Montesquieu, também defendia a liberdade dos indivíduos e o equilíbrio de forças no governo, com a criação de três poderes: executivo, legislativo e judiciário.

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  • François-Marie Arouet (1694-1778): conhecido como Voltaire, ele criticou o absolutismo monárquico e a Igreja Católica. Defendeu o direito de liberdade de expressão como um meio de libertar o povo da superstição e da ignorância.

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  • Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): para ele o poder deveria estar submetido à vontade do povo. Todos os homens deveriam ser livres. Acreditava que o homem era naturalmente bom, mas acabava sendo corrompido pela sociedade.
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Textos dos filósofos iluministas foram publicados numa grande obra, chamada de Enciclopédia, organizada por Denis Didetor (1713-1784) e Jean D'Alembert (1717-1783).
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Ela tinha o objetivo de reunir um resumo de todo o conhecimento ocidental existente, expor os avanços científicos e divulgá-los.

Liberalismo econômico

Na esfera da economia, as práticas do Antigo Regime, como o Mercantilismo, foram criticadas por pensadores liberais, que defendiam a não interferência do Estado no mercado.

O maior representante do liberalismo econômico foi o pensadores escocês Adam Smith (1723-1790). 
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Para ele, o mercado seria orientado pela lei da oferta e da procura ("Mão invisível"), portanto a intervenção do Estado era dispensável. Para Smith o trabalho era visto como a verdadeira fonte de geradora de riqueza e não só a acumulação de metais preciosos, como faziam os Estados mercantilistas.
A obra de Adam Smith foi bem recebida pela burguesia (grupo de comerciantes, manufatureiros e industriais), que desejavam o fim do mercantilismo e eram a favor de um mercado sem a interferência estatal, onde houvesse liberdade de comércio e de produção.

O despotismo esclarecido

Diversos monarcas europeus foram influenciados pelas novas ideias do século XVIII, alguns adotaram parte delas em seus governos, sem, contudo, abrir mão de seu poder absolutista. Eles ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos.

Esses governantes promoveram reformas dos códigos penais, criaram tribunais, garantiram o direito de defesa, houve restrição da tortura nas prisões, os órgãos administrativos foram modernizados e foram criadas escolas e hospitais. 

Na Rússia, Catarina II foi uma déspota esclarecida, ela aboliu parcialmente a servidão no campo, estimulou o desenvolvimento comercial e manufatureiro e a ocupação de áreas na Ucrânia e no vale do rio Volga.
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Na Espanha, o ministro Aranda, do rei Carlos III, trabalhou para fortalecer o poder real colocando a Igreja sob controle da Coroa. As reformas estimularam a dinamização do comércio nas colônias espanholas.

José II, da Áustria, impôs o alemão como idioma nacional em todo o seu Império. Os dialetos regionais dificultavam a administração. 
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Ele aboliu a servidão e os camponeses tiveram acesso a terra; fez uma reforma tributária, aboliu a tortura; permitiu o divórcio e o casamento civil passou a ser reconhecido. Os bens da Igreja, como prédios e edifícios, foram confiscados e transformados em escolas e hospitais.

Frederico Guilherme I, o rei da Prússia, organizou o exército e fez racionalizou a administração. Seu sucessor, Frederico II, enfatizou o desenvolvimento comercial e manufatureiro.

Em Portugal, o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, atacou os privilégios da nobreza e do clero, especialmente a Companhia de Jesus. 
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Pombal expulsou os Jesuítas do Brasil, afastando-os da educação na colônia e também na metrópole. Incrementou o comércio colonial por meio da criação de companhias de comércio, incentivou o comércio externo, ampliado a lista dos produtos portugueses para exportação. 



Verifique o que você aprendeu!





2.3.19

Desinformação causa temor e apreensão em Leopoldina

O portal G1, na Zona da Mata mineira,  publicou uma notícia de óbito infantil por meningite e alarmou a cidade.

O que se vê por aqui, nos últimos dias, é apreensão, medo e um movimento de diversas famílias numa corrida por vacinação. Como nos postos de saúde  locais não oferecem a imunização contra os inúmeros tipos da bactéria causadora da doença,  o jeito é buscar a vacina particular, caríssima.

Em nota, a Casa de Caridade Leopoldinense afirma que a meningite meningocócica não foi a causa mortis da criança. E desmente a notícia publicada no portal de uma das afiliadas da Rede Globo.

Previnir nunca é demais, mas a desinformação pode causar pânico e agravar uma situação que requer tanto zelo e proteção, como é o caso da vida e da saúde das pessoas. Os jornalistas não deveriam consultar novamente suas fontes? Caso tenham errado, não deveriam corrigir a matéria? Os repórteres conferiram as informações junto aos órgãos de saúde? Conversaram com a família da criança que faleceu?

Confira abaixo os sintomas, transmissão e prevenção da meningite. Os dados são da Fiocruz, referência nacional na produção de vacinas.

Sintomas
meningite é a inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro. A doença pode ser causada por vários tipos de micróbios, entre eles o meningococo, principal agente durante as epidemias. Trata-se de uma doença grave, que envolve o sistema nervoso central e pode levar à morte. Os principais sintomas são: febre alta, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, rigidez de nuca e, algumas vezes, manchas na pele (tipo picada de mosquito). Em crianças pequenas, há também o abaulamento de fontanela (moleira inchada). Apesar de grave, a meningite bacteriana tem cura, desde que diagnosticada rapidamente e tratada com antibiótico apropriado.

Transmissão
O micróbio pode ser transmitido da garganta de uma pessoa a outra, através de gotículas da tosse, espirro e beijo. A meningite nem sempre é transmitida por indivíduos doentes. Algumas pessoas (geralmente adultas) que abrigam o meningococo na garganta podem retransmiti-lo, mesmo sem estarem doentes: são os chamados portadores sãos. A meningite atinge pessoas de todas as idades, sendo as crianças menores de cinco anos normalmente as mais afetadas.

Prevenção
Diversas medidas de controle são essenciais para prevenir epidemias de meningite. As principais são: o diagnóstico precoce com a internação de pacientes com sintomas da doença; a vacinação das pessoas em contato muito próximo com enfermos (especialmente dentro do mesmo domicílio); e a vacinação das pessoas com maior risco de adquirir a doença, como as submetidas à retirada cirúrgica do baço (esplenectomizados), as portadoras de disfunção do baço (asplenia funcional da anemia falciforme, da talassemia) ou aquelas com deficiências de imunoglobulinas e do complemento.

O racismo na história do Brasil: mito e realidade


A historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora da Universidade de São Paulo, é autora da obra que intitula esta postagem. No livro, de caráter paradidático, com linguagem acessível e informações objetivas e esclarecedoras a professora traça a trajetória do racismo no Brasil. 

Ela trabalha com inúmeros conceitos, teorias e ideias que, ao longo da história, serviram para justificar e legitimar o domínio de um povo sobre outros, os quais eram considerados inferiores, seja do ponto de vista religioso, cultural ou étnico-racial.

A leitura é bastante prazerosa e importante, ainda mais se consideramos que no Brasil o problema racial ainda é uma realidade. Vários estudos e pesquisas demonstram a desigualdade entre brancos e negros, fato que é resultado do processo histórico de escravidão imposto aos africanos, algo que se reflete na sociedade até os dias atuais.

Confira alguns boxes extraídos do livro:   









CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na história do Brasil: mito e realidade. São Paulo: Ática, 2006.