30.4.23

Revolução Mexicana



Entre 1876 a 1911, o México foi governado pelo general Porfírio Dias, o qual manipulava as eleições e  perseguia seus opositores para se manter no poder. Sob o Porfiriato a população mexicana alcançou a marca de 13,5 milhões de habitantes em 1900, a economia do país cresceu, as exportações triplicaram e os EUA eram os principais compradores dos produtos mexicanos. 


A situação social do México era delicada, marcada por profunda desigualdade e pela concentração fundiária. Os camponeses, pequenos proprietários e pueblos indígenas perderam a posse de suas terras para os grandes proprietários e para as companhias que demarcavam extensas porções de terras e ficavam com boa parte delas para si.

O autoritarismo de Porfírio Dias fez com que a oposição pedisse a derrubada do presidente para que fosse instalado um novo governo capaz de promover o desenvolvimento nacional.

Francisco Madero disputou a eleição presencial contra Dias em 1910, ele pretendia implantar um Estado Liberal e por fim à ditadura de Porfírio. 

Madero tinha o apoio da elite agrária do norte do país. Mas o opositor foi preso e, em seguida, fugiu para o sul dos EUA, onde elaborou o Plano de San Luís. Assim, Porfírio Dias seguiu no poder.

O documento divulgado em 20 de novembro de 1910 marcou o início da Revolução Mexicana. O Plano declarou a eleição do ditador inválida, convocava os mexicanos para a luta armada e pedia o  apoio do exército à causa revolucionária.

Conflitos armados entre grupos revolucionários e o exército ocorreram por todo o país. 

Entre as forças revolucionárias, destacaram-se Emiliano Zapata e Pancho Villa. Ambos representavam as classes populares, defendendo a reforma agrária e o direito popular sobre a terra. Zapata e Villa chegaram a sentar na cadeira presidencial, na capital do país  - a Cidade do México - porém, eles não tinham a intenção de governar o México, seus projetos eram regionais, de caráter autônomo e não de abrangência nacional. 


Francisco Madero defendia um projeto liberal-burguês, identificado com as classes médias  e com as elites insatisfeitas com o regime ditatorial do porfiriato. Ele assumiu a presidência do México, após Porfírio Dias renunciar ao cargo em 25 de maio de 1911.

Encarregado de promover as mudanças políticas, Madero acabou sendo assassinado, assim como muitos dos líderes que participaram da Revolução Mexicana. 

Em meio a instabilidade e caos social, no governo de Venustiano Carranza foi promulgada, em 1917, uma nova Constituição, de cunho nacionalista tornando o Estado dono das riquezas naturais e garantindo alguns avanços sociais e direitos trabalhistas.



A situação do país só foi normalizada com a eleição de Lazaro Cárdenas, o qual governou entre 1934 a 1940. Cárdenas era moderado, buscou conciliar os interesses do operariado e do patronato, atendendo algumas reivindicações populares, como a reforma agrária. 


Em seu governo, incentivou a educação popular, a exploração do petróleo foi nacionalizada acabando com o privilégio de companhias estrangeiras, houve a divisão de latifúndios e buscou-se a reconstrução nacional, o que tornou Cárdenas um político bastante popular.

A figura de Zapata, por sua vez, tornou-se um símbolo de luta e resistência, passando a designar, por exemplo, uma força revolucionária armada que surgiu em 1994 e atua nos dias atuais, o Exército Zapatista de Libertação Nacional, ligado às reivindicações de direitos dos indígenas e camponeses.


25.4.23

Como era a vida nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial?



Mantenha a cabeça baixa, procure abrigo em caso de bombardeios, hora do almoço,  pegue sua comida enlatada, cuidado para não se cortar no arame farpado, mantenha os pés secos, não esqueça de escrever uma carta para os seus familiares...

A vida numa trincheira não era nada fácil. Quando a Primeira Guerra Mundial começou em 1914, os países envolvidos não esperavam que o conflito fosse se arrastar ao longo de anos.


Porém, dado o equilíbrio entre as forças militares dos rivais a guerra prolongou-se e as trincheiras foram cavadas para proteger a posição, impedir o avanço inimigo e tentar dominar o território. 

Os soldados cavavam a terra, as valas tinham 2 metros de profundidade e 1,8 metros de largura e formavam linhas que se estendiam por muitos metros. As paredes das trincheiras eram escoradas com madeira. Em alguns pontos sacos de areia reforçavam a posição, guardadas por soldados com metralhadoras. 

Para dificultar ainda mais o avanço da tropa inimiga, era espalhado arame farpado pelo terreno, invibializando ataques terrestres de infantaria.

Antes das tentativas de ataque havia bombardeios com obuses e morteiros, lança chamas e gases venenosos também foram amplamente utilizados na guerra. Os soldados se protegiam da maneira que podiam, buscando abrigo contra as bombas e usando máscaras para evitar a inalação de gás tóxico. 


Os mortos não podiam ser enterrados e os cadáveres apodreciam nas trincheiras, exalando mau cheiro. Algumas trincheiras alemãs contavam até com banheiros. 


Mas, de modo geral, as péssimas condições sanitárias desses lugares atraiam roedores e tornavam eles insalubres, o que contribuía para a proliferação de doenças entre a tropa.

Não havia dormitórios e os soldados tinham que dormir de pé ou encostados nas paredes da trincheira, sempre expostos a umidade e ao frio congelante. 

Como as trincheiras estavam sempre enlameadas e cheias d'água, muitos combatentes desenvolviam ferimentos nos pés e sofriam amputações, a doença recebeu o nome de "pé de trincheira". 


A comida dos soldados era enlatada. Os soldados britânicos comiam um ensopado de carnes e vegetais. Esse guisado enlatado deveria ter um gosto bem desagradável, já que recebeu o apelido de "assassino de homens".

O transporte de suprimentos e comida até a linha de frente era uma tarefa perigosa, pois ao menor sinal de movimentação atiradores escondidos tentativam acertar os alvos.

No tempo livre, os soldados fumavam cigarros e escreviam cartas para seus familiares, como podemos perceber  no documento a seguir:

“Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não somos revezados. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas — pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno!”.

A Primeira Guerra Mundial chegou ao fim em 1918, a Europa ficou arruinada, mas algumas trincheiras podem ser vistas até hoje, preservadas como locais de memória do horror da Guerra.
Trincheiras na Bélgica.

Vista aérea mostrando o traçado de trincheiras.

Trincheira próxima a Vimmy, na França.


24.4.23

[LISTA DE EXERCÍCIOS] Primeira Guerra Mundial


1. O evento que é considerado o estopim da Primeira Guerra Mundial é o (a):

A) O assassinato do primeiro ministro japonês por grupos separatistas. 
B) A tomada do poder na Rússia pelos bolcheviques.
C) A anexação da Alsácia-Lorena pelo Império Alemão. 
D) O assassinato do arquiduque do Império Áustro-Húngaro em Sarajevo.

2. Três décadas — de 1884 a 1914 — separam o século XIX — que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa — do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.

ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que

A) difundiu as teorias socialistas.
B) superou as crises econômicas.
C) multiplicou os conflitos religiosos.
D) conteve os sentimentos xenófobos.
E) acirrou as disputas territoriais.

3. Em todas as alternativas há fatores que contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, exceto:

A) A propagação da revolução bolchevique por toda a Europa.
B) A difusão do nacionalismo elevando as tensões entre os povos.
C) A corrida armamentista e a busca de novas armas pelas potências europeias.
D) As disputas territoriais e a busca de colônias na África e na Ásia.
E) Os pactos militares firmados entre os blocos de países.

4. Assinale a alternativa que contém os países que fizeram parte da Tríplice Entente:

A) Império russo, Império Alemão e França. 
B) Reino Unido, França e Rússia. 
C) Império Otomano, Itália e França. 
D) Brasil, EUA e U.R.S.S.

5. A respeito do Tratado de Versalhes, assassinado em 1919, todas afirmativas estão corretas, exceto:

A) Favoreceu a paz e a estabilidade mundial, tendo em vista que os termos do Tratado eram justos.
B) Penalizou principalmente a Alemanha, culpando-a pelos prejuízos da Guerra.
C) Estabeleceu limites e severas restrições para conter a expansão do exército e da Marinha alemãs. 
D) Retirou territórios e colônias da Alemanha e exigiu o pagamento de pesadas indenizações de guerra aos países vencedores. 

6. Em todas as alternativas há um objetivo da Liga das Nações, exceto em:

A) Garantir a estabilidade e a paz entre os países. 
B) Evitar um novo conflito mundial. 
C) Assegurar, por vias diplomáticas, a resolução de conflitos entre as nações. 
D) Promover a ocupação da África e da Ásia pelas potências europeias. 

7. A respeito da guerra de trincheiras assinale a alternativa correta:

A) Foi uma fase da Primeira Guerra Mundial marcada pela velocidade de movimentação das tropas.
B) Teve como característica a tática conhecida como Blitzkrieg, que significa Guerra relâmpago. 
C) Ficou marcada pelo uso intensivo de veículos leves e blindados, além de jatos supersônicos.
D) Combate terrestre no qual as tropas guerreavam a partir de suas respectivas trincheiras, isto é, das longas escavações feitas no chão.

8. Observe a fotografia a seguir.


A imagem mostra uma fase da Guerra que ficou conhecida como:

A) Golpe de foice.
B) Blitzkrieg.
C) Guerra de Trincheiras.
D) Plano Schlieffen.

9. Observe a fotografia abaixo.


Que característica ela revela sobre a Primeira Guerra Mundial?

A) Emprego de metralhadoras.
B) Uso de armas químicas, como gás venenoso.
C) Uso de sonares para localizar alvos inimigos. 
D) Desenvolvimento de armas e mísseis de longo alcance.

10. Observe e analise os mapas a seguir, depois responda a questão. 


Explique as principais mudanças ocorridas no mapa após o fim da Primeira Guerra Mundial.

11. Leia os textos:

I.

“Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não somos revezados. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas — pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno!”.


(ROBERTS. In: MARQUES, 1994. p.120).

 

II.

A vida nas trincheiras era horrível. Quando chovia, o que é comum na região, os túneis inundavam. E os soldados tinham que lutar, comer e dormir por semanas com os uniformes encharcados. Havia lama por todos os lados, às vezes atingindo até o peito dos homens. Eles não podiam manter-se aquecidos, e as doenças se espalhavam, matando milhares de pessoas diariamente. Para completar, os vivos sofriam com os piolhos, enquanto os ratos se alimentavam dos cadáveres.


(HILLS. 1999. p.7).


A partir da análise dos textos e dos conhecimentos sobre os conflitos mundiais, pode se afirmar que ambos se referem


A)

à independência das Treze Colônias, quando, na Primeira Guerra de Independência, os americanos das colônias do sul, em função dos interesses agroexportadores, defendiam a manutenção das relações políticas e econômicas com a Inglaterra.

B)

às guerras napoleônicas, conflito no qual os franceses foram encurralados ao invadirem a Inglaterra e, sofrendo os efeitos

do bloqueio continental, ficaram sem alimentos, água potável e roupas, para enfrentar o inverno rigoroso.

C)

à Primeira Guerra Mundial, quando os exércitos dos aliados e das potências centrais entraram em um impasse, e o desfecho da guerra só viria a ocorrer após a entrada dos Estados Unidos no conflito.

D)

à Revolução Russa, conflito no qual os bolcheviques, diante da sua iminente derrota perante os inimigos externos, que

apoiavam os czaristas, se aliaram aos mencheviques e reestabeleceram as bases capitalistas, a partir da Nova Política Econômica.

E)

à Segunda Guerra Mundial, período no qual os nazistas, derrotados pelos britânicos e russos na batalha de Stalingrado, defenderam, com sucesso, os territórios orientais, evitando que essa região ficasse sob o domínio da URSS.


12. Leia o texto abaixo:


"A 1 Guerra Mundial começou como uma guerra essencialmente europeia, entre a tríplice aliança de França, Grã-Bretanha e Rússia. De um lado, as chamadas "Potências Centrais", Alemanha e Áustria-Hungria; do outro com a Sérvia e a Bélgica sendo imediatamente arrastadas para um dos lados devido ao ataque austríaco (que na verdade detonou a guerra) à primeira e o ataque alemão à segunda (...)".


HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 32.


O autor do texto considera como causa imediata da 1 Guerra Mundial:


A) A formação da Tríplice Aliança. 

B) A aliança entre a Áustria-Hungria e a Alemanha. 

C) O ataque alemão à Bélgica. 

D) O ataque austríaco à Sérvia.

E) A aliança entre a Sérvia e a Bélgica. 


18.4.23

Faleceu Boris Fausto, um dos principais historiadores do país





O historiador, professor e cientista político Boris Fausto morreu hoje, em São Paulo, aos 92 anos de idade.




Fausto lecionou na Universidade de São Paulo (USP) e publicou diversos livros, alguns tornaram-se clássicos da historiografia e são essenciais para a compreensão da História brasileira. 

Assista ao Documentário sobre Boris Fausto


11.4.23

A construção dos discursos dicotômicos

Civilizados, bárbaros e selvagens


Ao longo da História das civilizações os contatos entre diferentes povos, na maioria das vezes, ocorreu de forma conflituosa, antagônica, dicotômica.

Essa dicotomia na relação entre os grupos humanos dividia os povos em dois polos opostos, caso das ideias ligadas aos termos civilizado e bárbaro.

Os povos "civilizados" se colocavam numa posição de superioridade cultural, física e tecnológica em relação a outros, os quais eram rotulados de bárbaros, devido à sua suposta inferioridade cultural. 

Nesse sentido, aos bárbaros e selvagens restavam poucas alternativas: servir aos interesses dos povos civilizados ou ser exterminado por eles.
Essa dicotomia é bastante evidente em uma lenda da Mesopotâmia Antiga que exaltava Gilgamesh,  governante de Uruk por volta de 2650 a. C.

A epopeia de Gilgamesh destaca a muralha e o templo construídos pelo monarca e outros atributos do herói. O antigo poema também nos apresenta Enkidu, um ser criado para antagonizar Gilgamesh. Enkidu foi deixado na floresta, longe da humanidade, tinha o corpo coberto de pelos e era selvagem como os animais.

"Quando os deuses criaram Gilgamesh deram-lhe um corpo perfeito. Shamash, o glorioso Sol, dotou-o de beleza. Adad, o deus da tempestade, dotou-o de coragem. Os grandes deuses fizeram perfeita a sua beleza que ultrapassava todas as outras. Dois terços o fizeram deus e um terço, humano.  Em Uruk ele construiu muralhas, uma grande fortaleza e o bendito templo Eanna, para Anu, o deus do firmamento, e  para Ishtar, a deusa do amor e da guerra. Gilgamesh andou por terras estrangeiras, através do mundo, mas até regressar a Uruk não encontrou ninguém que  pudesse resistir aos seus braços.

[...]

Eles que briguem um com o outro e deixem Uruk em paz. A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu. Havia nele virtudes do deus da guerra, do próprio Ninurta. Seu corpo era rústico, seus cabelos como os de uma mulher; eles ondulavam como os cabelos de Nisaba, a deusa dos grãos. Ele tinha o corpo coberto por pelos emaranhados como os de Samuqan, o deus do gado. Ele era inocente a respeito da humanidade e nada conhecia do cultivo da terra" (Epopeia de Gilgamesh). 

Na Grécia Antiga o filósofo Aristóteles também se referiu aos povos bárbaros, isto é, aqueles que não tinham os mesmos costumes e nem falavam a mesma língua dos gregos. 

"É para a mútua conservação que a natureza deu a um o comando e impôs a submissão ao outro. Pertence também ao desígnio da natureza que comande quem pode, por sua inteligência, tudo prover e, pelo contrário, que obedeça quem não possa contribuir para a prosperidade comum a não ser pelo trabalho de seu corpo. Esta partilha é salutar para o senhor e para o escravo" (ARISTÓTELES,  A política).

O filósofo grego também destacou a diferença entre livres e escravos. O pensamento aristotélico servirá de base para justificar a escravidão na Idade Moderna e o sistema mercantil de tráfico montado pelos europeus. Os povos indígenas e africanos serão considerados bárbaros, inferiores, portanto, passíveis à submissão. Enquanto o europeu vê a si mesmo como civilizado e responsável pela propagação do cristianismo por todos os cantos do mundo. 


[TEXTO RELACIONADO: AS RAÍZES DO TERROR]


A imagem do colonizador e do colonizado

O colonialismo, iniciado no século XV, opôs as condições do colono e do colonizado, estabelecendo diferenças para justificar o processo de dominação do último pelo primeiro. 

"O termo Colonialismo pode ser conceituado como um método de dominação de uma nação sobre outra por meios territoriais, culturais e econômicos. Existem dois modelos de formação de colônias: o modelo de exploração, que busca a extração de recursos e matérias-primas da região colonizada para o império colonizador e o modelo de povoamento, relacionado com o deslocamento de uma massa de colonos para o território a ser colonizado. O Colonialismo está diretamente ligado ao Imperialismo e ao Orientalismo, este último vinculado a uma falsa ideia de globalização que compõe uma narrativa de legitimação do processo de invasão e opressão do Ocidente sobre o Oriente". (Laboratório de estudo do mundo árabe e islã, Universidade Federal do Pampa).


Na América, o processo colonizador resultou num terrível genocídio, os povos colonizados foram exterminados pela guerra, pelas doenças e pelo trabalho forçado. O frei espanhol Bartolomeu de Las Casas registrou com assombro as crueldades praticadas pelos colonizadores espanhóis contra os povos indígenas:

“Na ilha Espanhola que foi a primeira, como se disse, a que chegaram os espanhóis, começaram as grandes matanças e perdas de gente, tendo os espanhóis começado a tomar as mulheres e filhos dos índios para deles servir-se e usar mal e a comer seus víveres adquiridos por seus suores e trabalhos, não se contentando com o que os índios de bom grado lhes davam, cada qual segundo sua faculdade, a qual é sempre pequena porque estão acostumados a não ter de provisão mais do que necessitam e que obtêm com pouco trabalho. E o que pode bastar durante um mês para três lares de dez pessoas, um espanhol o come ou destrói num só dia. Depois de muitos outros abusos, violências e tormentos a que os submetiam, os índios começaram a perceber que esses homens não podiam ter descido do céu. Alguns escondiam suas carnes, outros suas mulheres e seus filhos e outros fugiam para as montanhas a fim de se afastar dessa Nação. Os espanhóis lhes davam bofetadas, socos e bastonadas e se ingeriam em sua vida até deitar a mão sobre os senhores das cidades.”  

Os índios que sobreviviam fugiam ou acabavam sendo submetidos à servidão, outros eram reunidos em aldeias e  passavam pela catequese sob os cuidados de missionários religiosos, como os jesuítas.


Na América Portuguesa os índios eram tratados como selvagens,  visto que:

"Não reconhecendo nos nativos uma cultura própria, os portugueses pretendiam torná-los súditos do rei de Portugal e cristãos. Eram incapazes de entender os índios e o seu contexto sócio - cultural, reduzindo-os à condição de selvagens, de acordo com os padrões europeus" (Site Multirio). 

Um cronista português do século XVI, Pero de Magalhães Gândavo, explicitou, num relato, a incapacidade do europeu em compreender a cultura e a organização social e política própria dos povos indígenas. 

"A lingua deste gentio toda pela Costa he, huma: carece de tres letras —scilicet, não se acha nella F, nem L, nem R, cousa digna de espanto, porque assi não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e desordenadamente.

Estes indios andão nús sem cobertura alguma, assi machos como femeas; não cobrem parte nenhuma de seu corpo..."

A incompreensão dos europeus acerca do modo de vida dos povos indígenas gerou preconceitos e os rótulos de "selvagens", "bárbaros", os quais deveriam ser combatidos pela "guerra justa" ou assimilados pela aculturação, pelo trabalho escravo e a aceitação dos costumes e crenças europeias.



Avaliação 

(ENEM, 2015) A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.

GÂNGAVO, P.  M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado)


A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a

A) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
B) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.
C) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.
D) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.
E) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.

Jogo

Cruzadinha sobre o conteúdo. 

10.4.23

A especiaria que mudou a história do mundo

Hoje em dia quem vai ao supermercado e passa pelo setor de condimentos encontra diversos tipos de temperos, como pimenta, cravo, gengibre e canela. São algumas dessas especiarias que deixam os alimentos saborosos e com aromas inebriantes! Elas são vendidas em pó, embaladas em pacotinhos, na forma líquida, como os molhos engarrafados, e também pastosas. Os preços são diversos e acessíveis à maioria dos consumidores. 


Ocorre que nem sempre foi assim, no passado, um punhado de especiarias valia ouro! Consumir especiarias era um privilégio e um ato de ostentação entre os nobres europeus na Idade Média e Moderna, bem diferente dos dias atuais, não é mesmo?


Ao longo do tempo as especiarias foram popularizadas, tornaram-se itens obrigatórios em todas cozinhas e restaurantes. Mas será que as pessoas, enquanto empurram os carrinhos de compras, se dão conta da importância que esses produtos tiveram no curso da história da humanidade? 

No século XIV, os europeus promoveram uma verdadeira corrida pelas especiarias e artigos de luxo que vinham do Oriente - Índia, China, Arábia, Egito etc.
Colheita de pimenta em Java, Indonésia.

No maravilhoso relato do romancista Stefan Zweig, Fernão de Magalhães: o homem e o seu feitoo autor deixa claro qual a importância e o valor das especiarias entre os europeus na passagem da Idade Média para a Idade Moderna:

A melhor maneira de compreender visualmente a fantástica supervalorização das especiarias é lembrar que, a mesma pimenta que hoje está disponível em cada mesa de estalagem e é descuidamente utilizada, no início do segundo milênio era contada grão a grão e por ela se pagava, em peso, quase o mesmo que se pagava pela prata. Seu valor era tão absoluto que alguns estados e cidades faziam cálculos com a pimenta como faziam com um metal precioso: com a pimenta se podia adquirir terras, pagar dote, comprar o direito à cidadania; alguns príncipes e cidades estabeleciam seus direitos alfandegários com base no peso da pimenta e, na Idade Média, quando se queria dizer que um homem era muito rico, bastava chamá-lo de "um saco de pimenta".

Foi a cobiça dos europeus pelas valiosas mercadorias do Oriente que provocou as grandes navegações e a descoberta de rotas marítimas que pudessem encurtar os caminhos até a fonte das especiarias e de artigos de luxo, como seda, porcelana, joias, perfumes, tapetes etc.

As grandes navegações, contudo, levaram os europeus além de suas expectativas. Enquanto os portugueses realizavam o periplo africano, os espanhóis cruzavam o Atlântico alcançando a América. Em 1519, numa das mais importantes expedições de descobrimento e de exploração, o capitão lusitano, Fernão de Magalhães, liderou a viagem que confirmou a esfericidade da Terra.
Em suma, as especiarias e seu lucrativo comércio estiveram na base das profundas mudanças pelas quais o mundo passou a partir do século XV, com a integração dos continentes, o colonialismo e o contato estabelecido entre os diferentes povos.

6.4.23

Até quando?

Infelizmente, os casos de violência escolar, em suas múltiplas formas, têm se multiplicado. Os relatos dessas ocorrências são diários, perturbadores, vão desde ameaças, intimidação, assédios e abusos até agressões físicas, danos ao patrimônio e assassinato.


Recentemente, testemunhamos tragédias em São Paulo e Santa Catarina, as quais apenas evidenciam a vulnerabilidade das escolas, tanto públicas quanto privadas. Nas escolas, entra quem quiser, não há segurança, todos estão amplamente expostos aos riscos da violência generalizada reinante no país.

Enquanto a violência avança, nossos líderes, investidos de poder e regiamente remunerados com todo tipo de privilégio que o dinheiro do contribuinte pode oferecer, nada fazem. Quando muito oferecem os pêsames às famílias das vítimas.

Imaginem só se as vidas humanas nas escolas recebessem a metade dos cuidados que pedaços de papel e de metal recebem nas fortalezas bancárias. Será que assistiríamos a massacres como o que ocorreu covardemente na região Sul do Brasil?

Enquanto o país continua imóvel, aguardando a boa vontade de Suas Excelências, e não trata, com a devida profundidade, a raiz do mal - desigualdade social, concentração de renda, falta de oportunidades e má qualidade educacional - algumas medidas se fazem necessárias e urgentes para proteger as vidas que frequentam e dependem das escolas, a saber:

1. Contratação de mão de obra com treinamento em segurança escolar;
2. Adoção de dispositivos detectores de metais, pelo bem de todos na escola;
3. Parceria das comunidades, que precisam abraçar de vez as escolas e os educadores, tornando-se aliadas do processo de ensino e não rivais.

E então, senhoras e senhores políticos, vamos trabalhar?

Trabalhar: Empenhar-se para; esforçar-se por. Tornar progressivamente mais perfeito ou elaborado. Representar.   (AULETE online).


Leia também no portal do jornal Leopoldinense.

5.4.23

[OPORTUNIDADE] Curso de aperfeiçoamento em Educação e Tecnologia



O MEC oferece, gratuitamente, na modalidade EAD o Curso de Aperfeiçoamento em Educação e Tecnologia com carga horária de 180 horas.


Ao final do curso, será conferido certificado aos participantes que obtiverem nota igual ou superior a 6,0.

Para se inscrever clique aqui.

Público-alvo

Este curso é destinado aos professores da Educação Básica.

Ementa

MÓDULO 1 - CULTURA MAKER
Neste primeiro módulo, será estudada a alternativa de consumo e produção de bens chamada Cultura maker que preza pela colaboratividade, além de possuir intrinsecamente uma abordagem pedagógica que pode ser utilizada nas escolas com alunos das mais variadas idades, em que eles podem aprender produzindo. Também serão vistos: objetos que viram dados tecnológicos, ferramentas e métodos e algumas propostas de atividades que podem ser feitas em sala de aula ou em casa.

MÓDULO 2 - ENSINO HÍBRIDO: CARACTERÍSTICAS, FUNDAMENTOS E PLANEJAMENTO
No segundo módulo deste curso, além de conhecer as características e os fundamentos teóricos que embasam o ensino híbrido, terá acesso aos recursos didáticos disponíveis que favorecem a autoaprendizagem, apresentando algumas orientações para os estudantes. Também irá estudar os projetos de aprendizagem que o ensino híbrido pode proporcionar e como exercer da melhor forma possível as interações síncronas e assíncronas.

MÓDULO 3 - RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS (REDS)
O terceiro módulo irá trazer o conceito dos Recursos Educacionais Digitais, sua origem, sua história, e como ele está sendo utilizado nos dias de hoje. Além disso, serão apresentados os diversos usos que se pode ser feito em sala de aula por meio de vídeos, sites, jogos e aplicativos, mostrando o poder do uso desses recursos, os problemas e desafios enfrentados e o futuro tecnológico que aguarda a educação, de uma maneira globalizada.

MÓDULO 4 - REDS DE APOIO PARA O ENSINO DE INGLÊS E ESPANHOL
O quarto módulo abordará o uso dos REDs para auxiliar os professores de língua estrangeira da educação básica, em específico, aqueles que lecionam o inglês ou o espanhol. Serão trazidos exemplos de recursos e sugestões de atividades utilizando esses recursos para fazer com os alunos tanto de forma remota, quanto presencial.

MÓDULO 5 - ENSINO DE ARTE COM TECNOLOGIAS
Por fim, o último módulo vai falar sobre o ensino de arte a partir das competências da BNCC, utilizando as tecnologias a seu favor. Os componentes que englobam as Artes na Educação Básica são: as Artes Visuais, o Teatro, a Dança e a Música. A partir disso, serão apresentadas diversas metodologias de ensino partindo de um pensamento científico, crítico e criativo. Ao final alguns REDs também serão compartilhados para um melhor aproveitamento da disciplina de artes nas escolas.

Objetivos
Este curso tem por objetivo geral complementar e aperfeiçoar a formação tecnológica de professores da Educação Básica.

Objetivos específicos

• Contribuir para novas formas de ensino e aprendizagem utilizando tecnologias que estejam ao alcance dos professores;
• Incrementar os estudos teóricos nesta área do conhecimento, fomentando as futuras experiências dos docentes;
• Utilizar, em sala de aula, algumas atividades e exercícios propostos ao longo dos módulos estudados.

Metodologia

Os cinco módulos do Curso de Aperfeiçoamento em Educação e Tecnologia são autoinstrucionais. Eles não contam com a presença de um tutor para acompanhamento e orientação dos estudos e das atividades, nem para tirar as dúvidas por meio de sala de bate-papo (chat) ou de fóruns de discussão.

A realização de todo o processo (leituras dos conteúdos e realização das atividades) se baseia na prática de estudo diário e contínuo do participante. O cursista poderá estudar seguindo a ordem dos módulos ou fora da ordem, não havendo problema algum se ele optar por tal.

Este curso é avaliativo, para concluir você deverá estudar todos os slides, realizar as atividades e cumprir o prazo mínimo de 45 dias de participação. A nota mínima para concluir cada módulo deve ser igual ou maior que 6,0. Se não atingir a nota mínima para conclusão dos módulos você poderá refazer as respectivas atividades até obter a nota necessária.

O prazo mínimo para a conclusão deste curso é de 45 dias, portanto se observar que já concluiu todos os módulos aguarde o prazo de participação no curso para a situação no curso ser alterada para Aprovado. O certificado ficará disponível, no menu do curso para download, apenas aos cursistas aprovados no curso.

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