Hoje em dia quem vai ao supermercado e passa pelo setor de condimentos encontra diversos tipos de temperos, como pimenta, cravo, gengibre e canela. São algumas dessas especiarias que deixam os alimentos saborosos e com aromas inebriantes! Elas são vendidas em pó, embaladas em pacotinhos, na forma líquida, como os molhos engarrafados, e também pastosas. Os preços são diversos e acessíveis à maioria dos consumidores.
Ocorre que nem sempre foi assim, no passado, um punhado de especiarias valia ouro! Consumir especiarias era um privilégio e um ato de ostentação entre os nobres europeus na Idade Média e Moderna, bem diferente dos dias atuais, não é mesmo?
Ao longo do tempo as especiarias foram popularizadas, tornaram-se itens obrigatórios em todas cozinhas e restaurantes. Mas será que as pessoas, enquanto empurram os carrinhos de compras, se dão conta da importância que esses produtos tiveram no curso da história da humanidade?
No século XIV, os europeus promoveram uma verdadeira corrida pelas especiarias e artigos de luxo que vinham do Oriente - Índia, China, Arábia, Egito etc.
Colheita de pimenta em Java, Indonésia. |
No maravilhoso relato do romancista Stefan Zweig, Fernão de Magalhães: o homem e o seu feito, o autor deixa claro qual a importância e o valor das especiarias entre os europeus na passagem da Idade Média para a Idade Moderna:
A melhor maneira de compreender visualmente a fantástica supervalorização das especiarias é lembrar que, a mesma pimenta que hoje está disponível em cada mesa de estalagem e é descuidamente utilizada, no início do segundo milênio era contada grão a grão e por ela se pagava, em peso, quase o mesmo que se pagava pela prata. Seu valor era tão absoluto que alguns estados e cidades faziam cálculos com a pimenta como faziam com um metal precioso: com a pimenta se podia adquirir terras, pagar dote, comprar o direito à cidadania; alguns príncipes e cidades estabeleciam seus direitos alfandegários com base no peso da pimenta e, na Idade Média, quando se queria dizer que um homem era muito rico, bastava chamá-lo de "um saco de pimenta".
Foi a cobiça dos europeus pelas valiosas mercadorias do Oriente que provocou as grandes navegações e a descoberta de rotas marítimas que pudessem encurtar os caminhos até a fonte das especiarias e de artigos de luxo, como seda, porcelana, joias, perfumes, tapetes etc.
As grandes navegações, contudo, levaram os europeus além de suas expectativas. Enquanto os portugueses realizavam o periplo africano, os espanhóis cruzavam o Atlântico alcançando a América. Em 1519, numa das mais importantes expedições de descobrimento e de exploração, o capitão lusitano, Fernão de Magalhães, liderou a viagem que confirmou a esfericidade da Terra.
Em suma, as especiarias e seu lucrativo comércio estiveram na base das profundas mudanças pelas quais o mundo passou a partir do século XV, com a integração dos continentes, o colonialismo e o contato estabelecido entre os diferentes povos.
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