O primeiro tópico é um estudo sobre as culturas indígenas no Brasil. Então passemos ao um breve resumo sobre este conteúdo.
- O mapa acima nos indica a localização de dezenas de nações indígenas. Cada uma delas possui seus costumes, crenças, dialetos e outras especificidades culturais que as distinguem uma das outras. Essa simples constatação já questiona o rótulo genérico de "índios", uma invenção europeia para designar povos tão diferentes e com grande diversidade cultural.
- No início da colonização do Brasil os portugueses distinguiam dois grupos de índios: Os tupi, que eram da família linguística tupi-guarani, viviam no litoral e tiveram maior contato com os portugueses; Os tapuias (inimigo) viviam no interior, eram todos que não falavam o tupi, sua língua era do tronco macro-jê, e tiveram menor contato com os colonizadores.
- Os historiadores estimam que havia no Brasil, quando da chegada dos Portugueses em 1500, cerca de 5 milhões de índios vivendo no território. Ao longo do processo colonial, esse número caiu assustadoramente, devido às doenças, as guerras, o trabalho escravo e aculturação dos índios pelos colonos. De acordo com o IBGE, os dados iniciais do Censo de 2010, revelam que 817 mil pessoas (menos de 1% da população brasileira) se autodeclaram indígenas. (http://www.ibge.gov.br/indigenas/indigena_censo2010.pdf).
Alguns vivem em reservas, isto é, terras que eram tradicionalmente ocupadas pelos seus antepassados, e foram devolvidas aos índios, após uma demarcação do governo. Outros vivem nas cidades brasileiras.
- Há, atualmente, muitos grupos indígenas que vivem isolados, no interior da floresta amazônica. Eles raramente têm contato com a nossa civilização, por isso não sabemos muito a respeito de sua cultura.
Tribo isolada vive na divisa do Acre com o Peru (2014). |
Os dados demográficos também revelam a existência de 274 línguas indígenas e 305 etnias diferentes.
- De modo geral, havia entre os povos indígenas brasileiros, algumas características comuns, tais como a divisão do trabalho por sexo e idade, a posse coletiva da terra, a crença em divindades (politeísmo) da natureza e a poligamia (união de um homem com várias mulheres). Algumas tribos praticavam o ritual de antropofagia, isto é, devoravam o inimigo capturado em combate.
Antropofagia dos Tupinambá. Ilustração de Theodore de Bry. (1592) |
- A respeito da organização social dos índios, vejamos:
"As tribos tupis eram formadas por indivíduos cujas aldeias ocupavam uma área contígua, falavam a mesma língua, tinham os mesmos costumes e possuíam um sentimento de unidade. Não existia uma autoridade central na tribo. Cada uma das aldeias constituía uma unidade política independente, com um chefe que não se distinguia dos demais homens: caçava, pescava e trabalhava na roça como qualquer um. Só em caso de guerra o comando era entregue ao morubixaba. Havia ainda um chefe para as cerimônias religiosas, que tinha grande influência sobre o grupo; ele era também o curandeiro da tribo, cuidando dos doentes com ervas medicinais e magia. Não havia nem escravos e nem uma camada dominante, pois as técnicas rudimentares forçavam todos a trabalhar igualmente." (http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/soc_indigenas.html)
- Os índios viviam em aldeias de 300 a 2 mil habitantes, as quais eram chefiadas por um líder guerreiro e um religioso. Não havia um poder centralizado, como os reis na Europa Moderna. Todos na aldeia tinham suas obrigações. As decisões eram tomadas coletivamente, após serem discutidas em uma assembleia de anciãos.
- Sobre a produção e a economia indígena, temos um registro datado de 1500, na Carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral:
"Eles não lavram nem
criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro
animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame,
de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si
deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós
tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
- O registro destaca que os índios não cultivavam seu alimento nem criavam animais. Afinal, muitos deles viviam da caça, da pesca e da coleta, embora muitas tribos plantassem pequenas roças de mandioca ou de milho, com os quais faziam farinha e bebidas fermentadas.
- A posse da terra era coletiva, todos trabalhavam e repartiam os alimentos entre a comunidade.
Romantismo no Brasil e a representação dos índios
- Romantismo (1836-1881): "é a primeira estética literária a reivindicar uma literatura autenticamente brasileira e inaugura a Era Nacional da literatura. Tendo como grande projeto a construção de uma identidade nacional, os autores desse período valorizam os elementos nacionais para consolidar o sentimento de brasilidade nascido com a independência política do país em 1822." (http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/romantismo-resumo-autores-dicas-questao-comentada-599025.shtml)
- Os autores românticos brasileiros, em sua primeira fase, exaltavam a natureza nacional, a língua e os costumes indígenas. Para eles, o índio era o legítimo representante da cultura brasileira e do país que nascera em 1822, após a independência do Brasil
- O índio fora idealizado, como um bravo, corajoso e forte, assim como um cavaleiro medieval. Leia o trecho abaixo, destacado da obra "O Guarani" de José de Alencar (1829-1877), e perceba as características heroicas do índio:
“Então passou-se sobre
esse vasto deserto d’água e céu uma cena estupenda, heróica, sobre-humana; um
espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri
alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já
cobertas d’água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos
seus braços hirtos, abalou-o até às raízes.
Três
vezes os seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinaram a haste robusta; e
três vezes o seu
corpo vergou, cedendo à retração violenta da árvore, que voltava ao lugar que a
natureza lhe havia marcado.
Luta
terrível, espantosa, louca, esvairada; luta da vida contra a matéria; luta do
homem contra terra;
luta da força contra a imobilidade.
Houve
um momento de repouso em que o homem, concentrando todo o seu poder,
estorceu-se de
novo contra a árvore; o ímpeto foi terrível; e pareceu que o corpo ia
despedaçar-se nessa distensão horrível.
Ambos,
a árvore e homem, embalançando-se graciosamente, resvalou pela flor da água
como um
ninho de garças ou alguma ilha flutuante, formada pelas vegetações aquáticas.
Peri
estava de novo sentado junto de sua senhora quase inanimada; e, tomando-a nos braços, disse-lhe
com um acento de ventura suprema:
-
Tu viverás!
“
(Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s. d. p.
426-7.)
- O Romantismo também influenciou outras áreas da produção artística, como na pintura, na música e no teatro. Os artistas estavam preocupados com a construção de uma identidade nacional, por isso buscaram inspiração no Romantismo indianista para compor seus temas. (Leia mais sobre o Romantismo nas Artes clicando aqui).
- Política indígena do governo imperial
Iracema. (1881) José Maria de Medeiros. (A índia brasileira com traços neoclássicos). |
- A política indigenista no período Imperial oscilou entre duas posições distintas - assimilar o índio à sociedade, assegurando-lhes alguns direitos, como trabalho e educação, ou mantê-los excluídos da sociedade, sendo tratados como "bárbaros" e inimigos do Império brasileiro.
- Leia os dois documentos históricos abaixo, e identifique os posicionamentos de alguns políticos do período imperial acerca do que fazer com os índios brasileiros:
- Manifestações culturais brasileiras de origem indígena
- A população indígena no Brasil pode ter diminuído muito desde a chegada dos portugueses em 1500, mas sua importância histórica e suas influências culturais estão presentes no cotidiano de todos os brasileiros.
- Antes de encerrar, vamos identificar alguns exemplos da influência indígena na cultura brasileira, na língua, alimentação e etc.
- Vocabulário: tatu, Jabuticaba, maracujá, Morumbi, cupim, Ipiranga etc.
- Costumes: uso do tabaco, dormir em rede, tomar banho de rio, pintura corporal etc.
- Alimentação: milho, mandioca, guaraná, palmito, amendoim, caju, dentre outros.
- Diversão: peteca, chocalho, tambor.
Os exemplos acima demonstram o quanto a cultura indígena está viva em nosso dia a dia. Estudar os povos indígenas é, portanto, um exercício que nos permite conhecer um pouco mais de nossa identidade.
Vamos viver no Brasil e quero saber mais....
ResponderExcluirResume pra mim por favor
ResponderExcluirAdorei!!!!
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