28.2.19

As diversas formas de medir o tempo

Cada povo, em sua devida época, desenvolveu formas de registrar a passagem do tempo. Tomavam como referência mitos, o movimento dos astros e as estações do ano.

Os maias, povo indígena da América Central, elaboraram um calendário que tinha como base o número 20, cada unidade de uma posição do calendário representava vinte vezes a unidade da posição anterior. No calendário Maia, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals são, portanto, 360 dias. 
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Na Roma Antiga, astrônomos e matemáticos se dedicavam ao estudo e ao registro do tempo, elaboraram um calendário que se baseava no na Lua e no Sol, com 355 dias e 10 meses. Para corrigir defasagens do calendário, o imperador Júlio César, estabeleceu o calendário juliano, baseado apenas no sol, a partir do dia primeiro de janeiro de 46 a. C. Os meses de Julho e Agosto, por exemplo, fazem referência aos nomes dos Imperadores Júlio César e Augusto, seu sobrinho-neto. Posteriormente, a Igreja adotou a Anunciação como o início do ano, no dia 25 de Março. 
Calendário juliano da Idade Média, no qual os meses são associados aos trabalhos no campo.
Com as defasagens do calendário, a Semana Santa estava sendo comemorada mais tarde, por isso houve a reforma gregoriana, conduzida pelo papa Gregório XIII em 1582. Pelo novo calendário, o ano começaria no dia 01 de janeiro e teria 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. As horas restantes são acumuladas no ano bissexto, aquele que, de quatro em quatro anos, tem 366 dias. O calendário gregoriano foi adotado pelos países da Península Ibérica e Itálica e, gradativamente, por outras nações, e vigora de maneira oficial até os dias de hoje em inúmeros países.

O Calendário Chinês

Considera os ciclos do sol e da lua, é o registro cronológico mais antigo da História, tendo começado no governo do imperador Huang Di, entre 2697 a. C. a 2597 a. C. O calendário chinês conta os anos e também ciclos, com doze anos, os quais recebem nome de animais: Boi, Cão, Carneiro, Cavalo, Coelho, Dragão, Galo, Macaco, Porco, Rato, Serpente, Tigre.

O Calendário Judaico

Foi estabelecido pelos hebreus durante o Êxodo, aproximadamente no ano 1447 a. C. Ele é lunissolar, os anos se alternam entre 12 e 13 meses e é usado pelo povo de Israel para fixar datas festivas e religiosas. Atualmente, está no ano 5780.

O Calendário Islâmico

O marco do calendário islâmico é a Hégira, isto é, a saída do profeta Maomé de Meca para Medina no ano 622. É um calendário lunar com doze meses de 29 ou 30 dias. Nele estão inscritas datas religiosas e festivas, como o Ano Novo islâmico e o Ramadã. Atualmente, o calendário islâmico está no ano 1440.

Cronometrando o tempo

Marcar o tempo foi uma necessidade para todos os povos ao longo da História, diversos calendários e instrumentos foram desenvolvidos para registrar a passagem do tempo.

Provavelmente, foram os egípcios e os babilônicos os primeiros povos a dividirem o dia em 24 horas. Os relógios mais antigos tomavam como ponto de partida a luz solar, surgiram por volta de 3000 a. C.
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Na China Antiga usava-se a clepsidra, ou relógio de água. Mais tarde surgiu a ampulheta e até o uso de velas para medir o tempo.
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No século XVII, o ponteiro para marcar minutos passou a ser utilizado. No século XVIII, durante a Revolução Industrial, os relógios se tornaram mais presentes na vida das pessoas, eles informavam, através dos apitos das fábricas a hora de entrar, de almoçar e de sair do trabalho.
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Hoje em dia, os modelos mais usuais são os relógios de pulso e os dos Smartphone, que possuem cronômetros e despertador.
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Tempo Histórico


  • Curta Duração: São acontecimentos de breve duração, como a Grande Depressão de 1929, a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985).
  • Longa Duração: Trata-se de permanências históricas que resistem ao tempo e que mudam lentamente, por exemplo, a prática da escravidão no Brasil (1534-1888) ou a cultura machista, na qual há uma supervalorização do homem em detrimento da posição da mulher na sociedade. 

24.2.19

Compreensão da História

O que é a História?

Os estudantes se perguntam o tempo todo sobre isso e sobre o porque estudar História. O conceito implica diversas definições e a resposta para a questão é complexa, variando ao longo do tempo e das diversas tendências historiográficas. Não existe uma resposta simples e fechada para essa pergunta, todos os historiadores podem contribuir para a construção dessa resposta. Vejamos algumas dessas contribuições:

Para o historiador brasileiro Ciro Flamarion Cardoso (1942-2013) a História possui cientificidade. 
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Ao tratar de estruturas globais, como a economia, a sociedade e a cultura, áreas que estão sujeitas à regularidades que podem ser explicadas com métodos e conceitos a História lança mão de ferramentas que a tornam uma ciência. 

Já o historiador e filósofo norte-americano Hayden White (1928-2018), a História teria algo semelhante à Literatura, sendo incapaz de representar o real. 
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Para ele, a disciplina valoriza a escrita e a narrativa, aproximando-se, assim, de um gênero literário.

E. H. Carr (1892-1982), historiador britânico, não oferece uma definição em absoluto sobre o que seja a História. Segundo ele, há variáveis, como a sociedade e o tempo, que influenciam a definição do que é História. Carr busca diferenciar fato e fato histórico
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Segundo o estudioso britânico, o que separa um acontecimento comum de um fato histórico é a importância que o historiador atribui sobre um acontecimento: o fato histórico. O fato não fala por si, tudo depende da visão e da interpretação do historiador sobre o mesmo.

Outra definição interessante é do historiador francês, Paul Veyne (1930-), para ele a História não é uma ciência, mas também não é uma ficção.
Veyne argumenta que a História é narrativa, porém com personagens reais. Apesar de se basear em fatos e documentos, a História não consegue alcançar o real, uma vez que tanto os fatos quanto os documentos são parciais. A História é subjetiva, pois ela depende das escolhas de cada historiador.

Marc Bloch (1886-1944), historiador francês, define a história como a ciência do homem no tempo. Ele valoriza a interdisciplinaridade, isto é, a aproximação da história com outras ciências, como economia, sociologia etc, e defende o caráter científico da História. 

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Cabe ao historiador buscar a verdade e julgar os fatos.    

Eric Hobsbawm (1917-2012), historiador marxista britânico, foi um dos pensadores mais influentes de seu tempo. Para a ele, a História possui uma função política política. Segundo essa visão, o passado pode ser utilizado para legitimar ações no presente, como os conflitos étnicos e nacionalistas.
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Nesse sentido, cabe ao historiador apontar e criticar o uso indevido da História, sendo necessário perceber a diferença entre fato e ficção.

Fonte Histórica


"... tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento histórico" (SILVA, 2005, p. 158). 

As fontes ou documentos históricos são essenciais ao trabalho do Historiador, elas permitem a ele investigar e reconstituir o passado, buscando compreender como os grupos sociais  viviam e se relacionavam uns com os outros.

Herança ou Patrimônio imaterial


Segundo a UNESCO: "O Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes".  Para o IPHAN, os "bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas)".

A roda de Capoeira, por exemplo, foi inscrita em 2014 na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade. 

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A capoeira é arte e luta, ao mesmo tempo, os capoeiristas cantam, batem palmas e tocam instrumentos de percussão. 

As práticas, celebrações e a transmissão dos saberes tradicionais fazem parte da identidade e da História das pessoas e dos locais onde vivem, por isso são preservados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, entre elas estão:



  • Modo artesanal de fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre em Minas Gerais. As origens da técnica de feitura do queijo vieram de Portugal, mas em Minas Gerais adquiriram características próprias, segundo a realidade local.
O modo artesanal de fazer queijo de Minas envolve o processo de cura.

  • Saberes e práticas associados aos modos de fazer bonecas Karajá, povo indígena que habita em parte da região centro-oeste e norte do Brasil. O ensinamento da confecção de bonecas tem sido passado de geração para geração pelos Karajá, e sua prática está relacionada aos costumes e à cultura das mulheres indígenas dessa etnia.
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Veja mais exemplos de bens imateriais registrados no IPHAN clicando aqui.

Documentos ou fontes históricas materiais

São os vestígios e registros do passado, como fontes escritas, fontes iconográficas e fontes materiais. Vejamos.

ESCRITAS: Livros, jornais, certidões, testamentos, cartas etc.



ICONOGRÁFICAS: Pinturas, desenhos, fotografias etc.
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MATERIAIS: vestígios de construções, instrumentos, fósseis dentre outros.




Há também as fontes orais, que visam resgatar a memória de pessoas que vivenciaram fatos históricos. Tais fontes são importantes para auxiliar o historiador na reconstituição, na interpretação, preservação e registro dos acontecimentos mais recentes da História. Elas são obtidas por meio de entrevistas e tomada de depoimentos junto às agentes da História, isto é, aos indivíduos que fizeram parte do fato estudado.  



Bibliografia básica

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.


Avaliação 

1. ENEM, 2022.


8.2.19

Reforma da previdência

A reforma da previdência virá neste ano e tem diversos indicativos de que irá penalizar os trabalhadores. 
O direito de aposentadoria especial dos professores, por exemplo,  será extinto.
Professores terão que passar mais tempo nas salas de aula e, certamente, terão que pagar mais para se aposentar.
No estado do Rio de Janeiro a contribuição dos servidores da Educação aumentou, passou de 11% para 14%.

Muitos retrocessos estão a caminho, como o fim do Estado de bem-estar social e de direitos e garantias fundamentais para a cidadania.

Por pelo menos quatro anos o povo brasileiro irá sofrer nas mãos de um governo de extrema direita e que se preocupa apenas em honrar contratos com os bancos, entregar riquezas nacionais e assegurar o lucro de empresários e investidores.

3.2.19

Paulo Freire (1922-1997): patrono da Educação Brasileira



Nasceu em Recife (PE), desenvolveu, no início dos anos 1960, um método de alfabetização para adultos, em Angico no interior do Rio Grande do Norte. A proposta de Freire leva em consideração os saberes e experiências já adquiridos pelos alunos no processo de aprendizagem.

Sua formação acadêmica é em Direito, profissão que não exerceu, pois optou por atuar no setor da Educação e na formação de educadores e círculos de diálogos entre pais e mestres. Foi professor da Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife.

Turma de alfabetização em Angicos.

Com sua experiência pioneira de alfabetização para jovens e adultos no Rio Grande do Norte, Freire constatou:

"Trezentos homens eram alfabetizados em Angicos em menos de 40 horas. Não só alfabetizados. Trezentos homens se conscientizavam e se alfabetizavam em Angicos. Trezentos homens aprendiam a ler e a escrever e discutiam problemas brasileiros".

O sucesso do método de Paulo Freire levou o presidente João Goulart a criar, em janeiro de 1964, o Plano Nacional de Alfabetização, coordenado pelo educador pernambucano.
Contudo, após o golpe militar o programa foi extinto.

Em 1965, publicou o seu primeiro livro: A educação como prática da liberdade. Em 1974, publicou o seu livro mais conhecido, Pedagogia do oprimido.

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Perseguido pela ditadura, Freire optou pelo exílio na Bolívia, viveu no Chile, EUA e viajou por várias partes do mundo, retornando ao Brasil em 1980.
Lecionou na PUC-SP e na Unicamp, entre 1989 e 1991 foi secretário municipal de Educação de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. Foi pioneiro nas discussões sobre o currículo e o uso de novas tecnologias no ensino.

Faleceu em 1997, deixando viúva e cinco filhos.

Seu trabalho é reconhecido em diversas partes do mundo, ele recebeu o título de de Doutor Honoris Causa em quase 40 Universidades de inúmeros países, como Inglaterra, Bélgica e EUA.
Pedagogia do oprimido está entre as cem obras mais citadas na literatura de língua inglesa, é o único brasileiro nessa lista, de acordo com o Google Scholar.
Por defender uma educação calcada em valores como Liberdade e crítica da realidade, Paulo Freire tornou-se uma referência Mundial em alfabetização e práticas de ensino.

1.2.19

Participação em eventos

Em setembro do ano passado, fomos selecionados, pela segunda vez consecutiva, para apresentar um relato de experiência pedagógica de sucesso no Seminário Regional de Educação da SRE-Leopoldina.

Em 2017, apresentamos o trabalho desenvolvido com os alunos do 8° ano, a partir do estudo do conto "Jeca Tatu: a ressurreição" (1924), de autoria de Monteiro Lobato.  Foi um incrível!

Em 2018, formamos um grupo de estudos aberto aos alunos e alunas do Ensino Médio interessados em pesquisar sobre a história de Leopoldina. O foco da pesquisa foi a implementação das primeiras políticas nacionais de saúde no município a partir de 1918. Fizemos inúmeras reuniões e debates com os alunos que participaram do projeto. Os resultados foram expostos no seminario e serão apresentados ao grande público em breve, com a publicação de um opúsculo com a sistematização de nossas informações.


Educação de qualidade se faz com esforço, com a labuta diária na sala de aula, vontade de ensinar, inovar e, sobretudo, de aprender. O aprendizado é adquirido com pesquisa, estudo e busca constante por aprimoramento.