28.11.23

[EVENTOS] Convite

 Temos o prazer de convidar para a

V Jornada Monteiro Lobato

FFLCH/USP e IBILCE/UNESP (São José do Rio Preto)

De 06 a 09 de dezembro de 2023.


Presencialmente na FFLCH/USP

 Sala 110

da Faculdade de Letras

De 06 a 08 de dezembro, das 13H30 às 18H00.


Online no canal da FFLCH/USP no YouTube.

De 06 a 08 de dezembro, das 13H30 às 18H00.


Presencialmente na Livraria Drummond.

Conjunto Nacional, São Paulo.

09 de dezembro, das 14H30 às 18H00.


Inscrição gratuita e necessária apenas para quem deseja o certificado.


Organização: Observatório Lobato


Links para assistir às palestras no canal da FFLCH no YouTube e para a inscrição

serão divulgados em breve em nosso site:

http://oblob.fflch.usp.br/v-jml











Entrevista exclusiva: Professora Vanete Santana-Dezmann



AC  - Conte para nós como tem sido sua trajetória acadêmica e profissional até aqui? E com quais projetos está envolvida atualmente?

 

Vanete - Fiz Licenciatura e Bacharelado em Letras na Unicamp nos anos 1990, depois eu fiz Aperfeiçoamento em Teoria Literária também na Unicamp e, por fim, Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada na subárea de Teorias da Tradução. Eu tive como professora durante a graduação na Unicamp a Marisa Lajolo, que é um dos maiores nomes quando se tratam de especialistas em Monteiro Lobato e, por meio dela, eu conheci principalmente a obra adulta do Monteiro Lobato. A obra para adultos, pois a infantil, claro, nós que crescemos nos anos 1970 conhecemos primeiramente por meio da TV. Muitas crianças tiveram contato nos anos 1970 com os livros infantis do Lobato, com a obra infantil, por causa da série de TV. Eu não tive contato com a obra infantil escrita do Lobato quando eu era criança. Eu lia outro tipo de literatura. Eu tinha mais interesse por estudos da área de astronomia e outros correlatos.

Quando eu estava na graduação, foi a época em que a Marisa, como professora na Unicamp, montou o grupo de pesquisa sobre Monteiro Lobato. Eu cheguei a fazer parte das reuniões iniciais, mas me interessava mais na época pela Idade Média e aí eu fui fazer Iniciação Científica em Estudos Medievais e acabei deixando os estudos sobre Lobato de lado. Quando eu estava no Doutorado, no programa de pós lá do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, havia sido instituída a necessidade de que além da pesquisa principal, que era a pesquisa do Doutorado em si, nós fizéssemos duas pesquisas fora de área. Então nós tínhamos, além do orientador da pesquisa principal, mais dois outros orientadores e tínhamos mais duas outras pesquisas. Então eu escolhi a Marisa Lajolo como orientadora de uma das pesquisas fora de área e foi bem engraçado porque a Marisa virou pra mim e disse: "Vanete, você sabe que eu só trabalho com Monteiro Lobato, né?". Daí eu falei: "Claro, eu vou fazer a pesquisa sobre Lobato sem problema!" Então, como o tema da pesquisa principal do meu Doutorado estava relacionado a estudos germânicos, ela sugeriu que eu fizesse uma pesquisa sobre a adaptação que o Lobato fez da obra do Hans Staden, que em português tinha sido publicada como Duas viagens ao Brasil. Eu acabei fazendo essa pesquisa, que era pra ser simplesmente uma pesquisa fora da área de concentração de minha pesquisa principal, mas a minha orientadora achou a pesquisa e os resultados tão interessantes que ela sugeriu que eu mantivesse o trabalho sobre aquele tema e deixasse a minha pesquisa principal para depois, para um eventual pós-doutorado. Assim, eu acabei abandonando a minha pesquisa principal e mudei o meu objeto para o trabalho que o Lobato fez com a obra do Hans Staden. Eu acabei fazendo o doutorado sobre como Monteiro Lobato utilizou a literatura estrangeira, principalmente a obra do Hans Staden, para expressar o seu conceito de construção de uma nacionalidade brasileira, um projeto no qual o Lobato trabalhou o vida inteira. Foi assim que meu Doutorado acabou sendo sobre Monteiro Lobato. Eu fiz uma parte da pesquisa na Universidade Livre de Berlim (o doutorado-sanduíche) como bolsista do DAAD e da CAPES.  Depois eu voltei pro Brasil, defendi a tese, trabalhei um tempo, entrei no Pós-doutorado e retomei o projeto que eu tinha durante o Doutorado, aquele que eu abandonei antes para trabalhar com o "Lobato". Durante o Pós-doutorado, que eu fiz na USP, eu fui novamente para a Alemanha para fazer parte da pesquisa, pois minha pesquisa era relacionada aos estudos germânicos. Eu fiz a pesquisa no Museu Goethe, em Dusseldorf. Eu fui com bolsa da Fapesp. Depois do Pós-doutorado, eu morei na Alemanha por alguns anos e ingressei, como professora, na Universidade de Mainz, a Johannes Gutenberg. Como professora de tradução no Curso de Tradução Alemão-Português, eu acabei criando um projeto de tradução que fazia parte de metodologias inovadoras de ensino de tradução, que consistia justamente na tradução de Reinações de Narizinho para o alemão. Desde então, eu tenho trabalhado quase que exclusivamente com Monteiro Lobato. A partir deste projeto, que resultou na publicação de Reinações de Narizinho em alemão, com tradução dos meus alunos do curso de Tradução e também com o apoio do professor Marcel Vejmelka (que era responsável pelas aulas de tradução de português para alemão – eu era responsável pelas aulas de tradução de alemão para português; nós trabalhamos juntos), eu passei a trabalhar quase exclusivamente com lobato. Depois desse projeto, que resultou na publicação da tradução, junto ainda com a Universidade, e com o professor John Milton, da USP, acabei criando a "Jornada Monteiro Lobato". Isso foi em 2019. E depois da "Jornada" de 2020, por sugestão do professor Jonh Milton, criamos também os "Encontros com Lobato", que ocorrem mensalmente na Universidade de São Paulo, com transmissão pelo YouTube (FFLCH-USP). Deste projeto e destas iniciativas, nasceram três livros contendo artigos sobre Monteiro Lobato. Estamos, no momento, organizando o quarto livro. Também nasceram o grupo de pesquisa e a minha análise de O presidente negro, que foi publicada em 2021 (Entre metafísica, distopia e mecenato), e houve vários outros desdobramentos. Entre eles, a publicação da tradução de O presidente negro para o inglês, feita pela Ana Lessa, que faz parte do nosso grupo de pesquisa e contou com o financiamento da Fundação Biblioteca Nacional. Há também várias palestras, tanto minhas quanto de integrantes do grupo sobre Monteiro Lobato. Enfim, acabou se formando um movimento muito grande e os projetos atuais que nós temos são todos relacionados a Monteiro Lobato. Pretendemos continuar analisando a obra de Lobato e publicando estas análises, tanto por meio de artigos e livros quanto por meio de palestras e mesas-redondas que nós organizamos. Também estamos no momento organizando a V Jornada Monteiro Lobato e todos os integrantes do grupo "Observatório Lobato" têm projetos relacionados ao autor.

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Clique aqui para assistir.


AC - Qual a importância deste autor e de sua obra no panteão literário e cultural nacional?

 

Vanete - Monteiro Lobato é um dos principais agentes culturais do Brasil. A importância de Lobato se deve não apenas ao que ele publicou de sua própria autoria, mas também à criação de editoras e à publicação dos principais escritores de sua época, todos os modernistas, por exemplo, foram publicados por Monteiro Lobato. A própria Anita Malfatti era uma das responsáveis pelas capas dos livros publicados pelas editoras do Monteiro Lobato. E Lobato também é importante porque dentro daquele projeto de construção de uma identidade nacional brasileira, uma identidade culturalmente rica, ele achou importante trazer para o Brasil o que existe de melhor na Literatura Universal. Então Lobato traduziu muito e também contratou muitos tradutores e publicou muitas traduções. O que de melhor existe na Literatura Universal, o cânone da Literatura Universal, que foi publicado no Brasil até a primeira metade do século XX foi publicado pelo Monteiro Lobato.

Além disso, Monteiro Lobato, que era um visionário, tinha interesses em outras áreas dessa construção da identidade nacional brasileira. Ele também almejava a construção de um Brasil moderno. Desses dois projetos, faziam parte não só a disseminação do cânone literário Universal – e da sua própria produção e dos brasileiros –, mas também o desenvolvimento econômico do Brasil. Então o Monteiro Lobato foi pioneiro na exploração de petróleo e minérios e também pioneiro em iniciativas que visavam a utilização de produtos naturais brasileiros na indústria.

O Monteiro Lobato é um dos principais nomes não só na Literatura, mas também fora dela... quando se pensa em inovação, em construção de um projeto de nação... e daí a importância imensa de Lobato para o Brasil.

"O Monteiro Lobato é um dos principais nomes não só na Literatura, mas também fora dela... quando se pensa em inovação, em construção de um projeto de nação... e daí a importância imensa de Lobato para o Brasil".  


AC - Quando você entrou em contato pela primeira vez com alguma produção cultural assinada ou inspirada pelo autor?

 

Vanete - Eu já respondi essa pergunta em parte, mas agora vou falar mais especificamente dela. Quando eu era criança eu vi a propaganda do "Sítio do picapau amarelo" na televisão – e eu achei que fosse um filme, porque eu era muito criança e, então, eu não tinha muita noção das coisas... eu era muito pequena, eu não tinha noção que de seria algo em capítulos e que estaria presente na minha vida todos os dias da semana por três ou quatro anos.... – quando eu vi a propaganda, eu disse: “Ah, eu vou assistir!”, meio que já reservando a televisão para mim naquele dia e naquele horário, avisando ao pessoal de casa que eu iria assistir ao "Sítio do picapau amarelo". E daí, quando começou e era uma série, eu achei aquilo fantástico.,. porque eu passei a conviver com aqueles personagens – ainda que fossem adaptados, de alguma forma pasteurizados ou modificados para o público infantil daquela época e que estava assistindo às histórias, e não lendo –  eu caminhei ali junto com o Pedrinho, a Narizinho, a Emília, o Visconde de Sabugosa, o Saci, a Cuca por uns três ou quatro anos... até que o primeiro elenco foi mudado, os atores que faziam Narizinho e Pedrinho foram trocados e eu não me identifiquei mais com os novos atores e, além disso, eu já estava passando para uma outra fase da vida. Os atores estavam deixando a série porque tinham crescido e eu também tinha crescido e os meus interesses por astronomia se intesificavam e eu mergulhei mais nesse mundo da ciência e deixei o mundo da ficção. As obras literárias que eu lia, nessa fase dos 13-14 anos, foram de ficção científica.

Eu só voltei a ter contato com a obra do Lobato – para adultos – na Universidade. E eu li as “estórias” infantis do Lobato depois de adulta, para fazer análises literárias. Então as análises que eu faço, normalmente, são muito objetivas. As minhas análises não são permeadas pelo lado emotivo, porque eu não tive contato com esta obra quando eu era criança. A minha leitura da obra infantil de Lobato só se dá depois que eu já sou adulta, depois que já sou formada em Teoria Literária, depois que eu já estou acostumada a ler livros para fazer análises. Então o meu interesse na obra é muito mais profissional do que recreativo – o que não quer dizer que não seja agradável e uma forma de recreação ler a obra do Lobato. Eu me divirto, claro, com os personagens e a obra para adultos é fascinante! Revela um conhecimento da sociedade da época em que ele vivia e também um descompasso com aquela sociedade. Lobato foi, sem dúvida nenhuma, um homem muito à frente do seu tempo. Então é muito interessante ver a crítica social, as análises que o Lobato faz do Brasil da primeira metade do século passado por meio da sua obra literária. Vale ressaltar que o Lobato escreveu a primeira distopia que foi publicada como livro de que se tem notícia. E distopia normalmente é uma ficção científica e é uma “estória” em que tudo parece perfeito, porém, quando você analisa mais profundamente, você percebe que aquela perfeição é extremamente nociva. E a distopia é sempre uma crítica social e o Lobato faz exatamente isto em O presidente negro, que é a primeira distopia publicada no Ocidente de que se tem notícia e é uma das primeiras distopias que foi escrita. Na verdade, até onde eu sei, a primeira distopia escrita foi We ("Nós"), por um russo que havia fugido da União Soviética e vivia em Nova Iorque. Essa “estória” foi publicada entre 1922-1923 em um jornal de operários russos nos EUA. E a segunda distopia já é O choque das raças ou o presidente negro, do Monteiro Lobato, de 1926, que foi a primeira a ser publicada como livro. Então, imaginem a importância do Monteiro Lobato não só para a Literatura brasileira como para a Literatura Ocidental!



AC - O que você pensa a respeito da questão racial envolvendo a obra de Lobato? Considera o autor racista e acha justas as críticas que ele recebe de alguns segmentos da sociedade?

 

Vanete - Creditar racismo à obra do Monteiro Lobato é algo que só pode vir de pessoas muito mal informadas, inclusive mal informadas sobre a própria obra do Monteiro Lobato. Dentre os principais críticos, dentre os principais detratores de Monteiro Lobato e de sua obra se encontram pessoas que já escreveram, inclusive, declarações como "não li e é racista". Quer dizer... isto é de um preconceito tremendo, né? Emitir um conceito concebido antes de se ler a obra e ainda manter esse conceito concebido antes da leitura e não se dar ao trabalho de ler pra ver se esse conceito se confirma ou se altera... A primeira observação que eu tenho a fazer com relação às pessoas que acusam Lobato e sua obra de serem racistas é que estas pessoas são extremamente preconceituosas. Então, o conselho para quem acha que há racismo na obra de Lobato é que comece a ler a obra, comece a procurar no dicionário as coisas que não conhece, as palavras que não entende, converse com seus ancestrais, as pessoas mais velhas da família sobre qual era a linguagem de cem anos atrás, sobre a gírias ou modo popular de falar, principalmente do caipira... para que comece a entender a linguagem do Lobato. Há pessoas, por exemplo, que não têm a mínima noção do que seja – aliás eu acho que 90% da população brasileira atual não sabe o que é – uma "macaca de carvão". Então, por exemplo, quando elas leem lá em "A caçada da onça" que “Tia Nastácia trepou no mastro de São Pedro como uma macaca de carvão”, estas pessoas fazem mil ilações sobre o que é uma macaca de carvão, relacionando isto a racismo, quando macaca de carvão é um muriqui, ou buriqui, entre outras variações de origem tupi-guarani: um macaco de pelo alaranjado, ruivo. Há uma característica das fêmeas desta espécie: enquanto os machos são esguios e, portanto, são capazes de subir em um mastro com muita destreza, as fêmeas têm o ventre avantajado. Então, mesmo quando estão tentando subir rapidamente o mastro, uma árvore, não conseguem subir tão rápido quanto os muriquis machos... e elas têm um certo movimento de corpo característico de um corpo que tem ventre avantajado.  Então, quando Monteiro Lobato escreve esta frase, em primeiro lugar, ele não está dizendo que tia Nastácia é uma macaca de carvão ou que tia Nastácia é como uma macaca de carvão. Ele está descrevendo o movimento que ela fez para subir no mastro: ela subiu como uma macaca de carvão. Então, isso é uma descrição do movimento; não é uma descrição da própria tia Nastácia. Indiretamente, este movimento feito quando ela sobe o mastro acaba descrevendo a própria personagem... acaba gerando uma característica física da personagem que não tem relação com a cor da pele dela, porque, como eu já disse, o buriqui tem a pelagem alaranjada. A descrição que é feita sobre a característica física da personagem se concentra no corpo dela: provavelmente a tia Nastácia concebida pelo autor era um pouco gorda... tinha o ventre avantajado e, por isso, ela subia o mastro como uma macaca de carvão. É muito comum nos livros do Monteiro Lobato a comparação com o macaco quando ele quer descrever que determinado personagem salta ou sobe em alguma coisa com muita destreza. Porque isto também era algo comum na época na linguagem popular e eu me lembro de quando eu era criança a minha mãe dizer:_"Para de pular! Tá parecendo uma macaquinha!". Esse negócio de ficar sempre em movimento, de ficar pulando, de ficar se mexendo... de não ter parada – que é característica de muitas crianças, né? – era visto como um comportamento de macaco, era comparado... e daí os pais, os adultos, diziam para as crianças: "Parece uma macaca! Tá subindo aí no muro... tá em cima dessa árvore... Desça daí; parece uma macaca!". Isso era algo comum entre pelo menos os caipiras do interior de São Paulo, que é de onde eu venho. Então eu me lembro disto e as outras pessoas que são do interior de São Paulo e que têm raízes caipiras provavelmente também vão se lembrar. Macaco, na cultura caipira, nunca foi demérito, muito pelo contrário, era um elogio, porque sempre estava correlacionado a esta agitação, a essa destreza para saltar, para subir em coisas...  Então, as pessoas que acham que há racismo nesta passagem do Monteiro Lobato deveriam se informar mais sobre a cultura de que esta “estória” trata, que é a cultura caipira. Estas pessoas deveriam se informar mais sobre a linguagem que é utilizada ali, que é a linguagem caipira... é o dialeto caipira. E, principalmente, deveriam no mínimo pegar um dicionário e procurar o que é um macaco de carvão pra descobrir que isto é uma espécie de macaco, que isso não é um nome pejorativo, um xingamento... como a maioria das pessoas imagina que seja. Então, a quem tiver interesse em se aprofundar sobre este tema, eu recomendo a leitura do capítulo sobre a análise de "Caçadas de Pedrinho" escrito pelo Felipe Chamy.

Com relação a O Presidente negro, que tem sido agora apontado como uma obra racista, o livro é uma crítica à eugenia negativa. Isto é outra coisa que as pessoas precisam conseguir enxergar... a crítica que está presente no livro. Porém, eu também imagino que 90% da população brasileira não saiba que existem dois tipos de eugenia, duas linhas eugênicas, uma positiva e outra negativa. Então, se elas não conseguem saber nem isto, como é que elas vão conseguir enxergar ali a crítica à eugenia negativa? As pessoas precisam se instruir mais antes de falar tanto. Então, resumidamente, é isto que eu acho quando se tratam de acusações de que Lobato e sua obra sejam racistas... O que eu acho é que as pessoas têm que ler a obra, têm que entender o que está escrito lá, começando por entender o vocabulário que é utilizado... se instruírem mais e daí, sim, começar a emitir opinião.  Ainda sobre este tema, eu acho importantíssimo o trabalho que o professor Aluizio Alves Filho faz e recomendo fortemente a leitura do trabalho do professor. Quem sabe assim as pessoas consigam se instruir um pouco mais e manifestar menos preconceito.


 

Referências bibliográficas

Ferreira, Filipe Augusto Chamy Amorim. “Caçadas de Pedrinho ou a guerra de comandos e símbolos”. In: Santana-Dezmann, Vanete; Milton, John; D’Onofrio, Silvio T. (org.). Monteiro Lobato: novos estudos. Lünen: Oxalá Editora, 2022, p. 67-84.

Lobato, Monteiro. The Clash of the Races (trad.: Ana Lessa-Schmidt). Hanover-EUA: New London Librarium, 2022.

Santana-Dezmann, Vanete. Entre metafísica, distopia e mecenato. 1ª. ed. São Paulo: Os Caipiras, 2021. (Contém a primeira edição recuperada de O presidente negro ou choque das raças (1926), de Monteiro Lobato).

26.11.23

[LISTA DE EXERCÍCIOS] Conflitos étnicos no século XX e Sistemas políticos contemporâneos

Lista de exercícios: prepare-se para o ENEM, PISM e concursos públicos.

1. (PISM.UFJF) Leia atentamente o trecho e as informações no quadro a seguir: 

 
Com base no texto, no quadro e em seus conhecimentos, responda ao que se pede: 

a) O que era necessário para que um indivíduo participasse das decisões políticas durante a democracia em Atenas? 


b) Analise as motivações que explicam a diferença do percentual existente entre indivíduos com direito a voto na democracia ateniense e no modelo democrático existente no Brasil atual. 

2.  (PISM.UFJF) O exercício do governo envolve sempre relações de poder entre governantes e governados. A democracia, com o ideal do autogoverno, oferece uma base de legitimação para o exercício do poder político, fundamentada em princípios de que todo o poder emana do povo e todos são iguais politicamente. Porém, em várias partes do mundo, há descontentamento popular com os governantes. Esse descontentamento, muitas vezes, assume a forma de protestos e manifestações. A imagem abaixo retrata um momento das manifestações ocorridas no Brasil no ano de 2013. EXPLIQUE como esta imagem exibe, ao mesmo tempo, as forças e as fraquezas da democracia em nosso país.

Fonte: Disponível em https://outrapolitica.wordpress.com/tag/protestos-populares/. Publicada em 19/07/2013. Acesso em 26/10/2016.


3. (PUC-MG) Leia atentamente o texto a seguir, de Moacyr Scliar.

"O nascimento do sionismo político coincidiu, não por acaso, com a ascensão do nacionalismo, com o surgimento de modernas nações-estado, como Itália e Alemanha, e com o início das lutas contra o colonialismo. Mas o movimento sofreu uma brusca inflexão. [...] Então, sobreveio o Holocausto. As revelações sobre o massacre de judeus deram dramática legitimidade ao movimento sionista e reivindicação de um território. A fundação de Israel deveria ser decidida pela recém-criada Organização das Nações Unidas. EUA e URSS apoiavam a partilha da Palestina e a criação de dois Estados – um árabe, outro judeu.

Com as superpotências coincidindo em seus pontos de vista, não foi difícil para a Assembleia Geral da ONU aprovar, em novembro de 1947, a divisão da Terra Santa. O projeto foi rejeitado pelos representantes dos países árabes. Mas os judeus, liderados por David Ben-Gurion, levaram a proposta adiante. Quase seis meses depois, 14 de maio de 1948, proclamaram a independência. Imediatamente estourou o conflito bélico, vencido pelos israelenses. Outros conflitos vieram, notadamente a Guerra dos Seis Dias. Israel consolidou-se como potência militar. Desde então, trava-se uma luta amarga e desumana entre israelenses e palestinos, que, ao longo dessas décadas, acabaram por forjar uma identidade nacional."

SCLIAR, Moacyr. A criação de Israel: uma data para não ser esquecida. Revista Aventuras na História. Disponível em http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/criacao-israel-data-nao-ser-esquecida-435375.shtml

A partilha da Palestina está completando 60 anos. Tendo em vista a partilha e seus impactos, a base para a criação do Estado de Israel foi assentada:

a) na existência de um Estado judaico sob aprovação dos países árabes.

b) na legitimação pela força comprovada pela sequência de conflitos e guerras.

c) na possibilidade da existência de uma maioria judaica num território.

d) na ideologia sionista, que defendia a entrada dos judeus na Palestina sob domínio inglês.

4. (UERJ) O grafite é uma manifestação artística com múltiplas expressões, dentre elas a crítica político- social, bastante presente nas obras de Bansky, por exemplo. Em um evento na cidade de Belém, ao sul de Jerusalém, Bansky e outros artistas grafitaram parte do muro que envolve a Cisjordânia e seus arredores, tendo o contexto local como tema comum, como ilustram as obras abaixo.


O lugar escolhido e as imagens grafitadas são evidências da oposição do artista ao seguinte aspecto do conflito nessa região:

a) radicalismo de posições no embate de sistemas religiosos

b) assimetria de poder no processo de segregação territorial

c) ausência de legalidade no enfrentamento de forças militares

d) excesso de burocracia no encaminhamento de negociação diplomática

5. (UECE) O dia 24 de abril é feriado na Armênia quando evoca a memória das vítimas do genocídio do povo armênio nos territórios do Império Otomano no ano de 1915. Um massacre brutal cujas estimativas indicam que entre 500 mil e 1,8 milhão de pessoas foram mortas pelo exército Otomano. Sobre o massacre armênio é correto afirmar que

A) começou em Constantinopla, nas casas dos intelectuais, estudiosos e poetas, e estendeu-se para os demais locais da parte oriental do território ocupada por armênios. 

B) contou com a participação da Alemanha, inimiga declarada dos russos, que viu no genocídio um modo de enfraquecer o controle da Rússia naquele território. 

C) o governo turco reconhece que antecipou os horrores da Segunda Guerra Mundial ao considerar legítimo o extermínio desse povo de maioria cristã. 

D) este episódio foi um caso isolado sem relação com o enfraquecimento do Império Otomano no final do século XIX diante do avanço do Império Russo.

6. (ENEM) 


É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.

MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito

a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.

b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.

c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.

d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências.

e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.

7. (UFPR)




Ao fazer o elogio à democracia, o autor aponta, também, defeitos do regime. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:

1. A democracia apresenta grandes incoerências internas.
2. O sistema econômico tem grande poder sobre as decisões.
3. O regime democrático tem, na sua contraparte, muitas alternativas.
4. As articulações entre os partidos são pouco claras, dada sua indefinição.

Comprovam a afirmação de que o autor tanto elogia quanto critica o regime democrático as afirmativas:
a) 1 e 4 apenas.
b) 1 e 3 apenas.
c) 1, 2 e 4 apenas.
d) 2 e 3 apenas.
e) 2, 3 e 4 apenas.
 
8. Leia o texto a seguir:

"A Constituição Russa implementou profunda mudança na vida política do país. Introduziu eleições competitivas, livres e, principalmente, a substituição do sistema de partido único para o pluripartidarismo. Atualmente, existem quatro partidos que compõem a Duma: o Partido Comunista com 42 assentos, o Partido Liberal Democrata com 39 cadeiras ocupadas, o Partido Rússia Justa com 23 cadeiras no parlamento federal russo. Já o partido governista Rússia Unida é o partido que possui a maioria das vagas da Duma, no total são 342 assentos.

O partido Rússia Unida, do qual participa o presidente Putin, descreve-se como centrista e conservador, defendendo um papel preponderante do Estado na economia, a defesa dos valores tradicionais e da identidade nacional russa. E, por fim, o retorno da Rússia como superpotência.

Após as reformas glasnot (transparência) e perestroika (reestruturação) na década de 1990, havia mais de 100 partidos registrados na Rússia. Desde 2000, durante a presidência de Vladimir Putin, o número de partidos diminuiu rapidamente. “Para opositores, a queda do número de partidos se deu porque Vladimir Putin teme a ascensão de novas lideranças políticas da oposição”, registrou Alexander Titov especialista em história política russa. De 2008 a 2012, houve apenas sete partidos na Rússia. Todas as tentativas de se registrar em novos partidos independentes foram dificultadas por processos judiciais contra os membros desses partidos. 

[...]

Há mais de 20 anos a Rússia tem um só líder: Vladimir Putin. Ele governa a federação russa desde a renúncia de Boris Yeltsin, em 1999, por problemas de saúde. Mas Putin só se tornou presidente de fato, em 2000, quando ganhou as eleições presidenciais no primeiro turno.

Desde então, Vladimir Putin se alterna nos cargos de presidente e primeiro-ministro, com Dmitri Medvedev, tido como criado político do presidente Putin. De acordo com o jornal britânico “The economist”, existe uma evidente relação de confiança entre os dois, que será testada de novo em 2024, quando Putin completa o segundp mandato consecutivo de seis anos e tem, uma vez mais, de designar um sucessor. Especialistas apostam que será Medvedev, a não ser que Putin ceda à tentação de mudar a Constituição. 

[...]

O crítico mais aberto de Putin, Alexei Navalny, declarou sua candidatura em dezembro de 2016, e depois embarcou em uma campanha pela Rússia para ganhar apoio. Navalny tem sido uma pedra no sapato do presidente Putin, e foi preso e detido várias vezes por organizar marchas anti-Putin. Ele ficou quase cego, em 2016, depois que um químico foi jogado em sua cara por um ativista pró-Kremlin.

Sua campanha foi interrompida antes do início do ano. Em dezembro de 2017, a Rússia proibiu oficialmente o ativista de contestar a eleição, citando uma acusação de corrupção. O ativista – que se tornou proeminente por expor as práticas indevidas dos oligarcas russos – diz que o processo de corrupção foi politicamente motivado e planejado para mantê-lo fora da eleição". 

Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/coluna/atualidades-vestibular/entenda-como-funciona-o-sistema-politico-da-russia/  Acesso em 26 nov. 23.

a) Quais críticas o texto expõe em relação à situação política russa?

b) Explique por que o modelo político russo atual não pode ser considerado uma democracia plena, considerando os moldes defendidos pelos países Ocidentais?  

24.11.23

[LISTA DE EXERCÍCIOS] Estados Nacionais Europeus e sistemas de governo na Europa Moderna

Lista de exercícios para se preparar para o ENEM, PISM, Vestibulares e Concursos públicos.

1. (ENEM)

TEXTO I

Macaulay enfatizou o glorioso acontecimento representado pela luta do Parlamento contra Carlos I em prol da liberdade política e religiosa do povo inglês; significou o primeiro confronto entre a liberdade e a tirania real, primeiro combate em favor do Iluminismo e do Liberalismo.

ARRUDA, J. J. A. Perspectiva da Revolução Inglesa. Rev. Bras. Hist. n. 7, 1984 (adaptado)


TEXTO II

A Revolução Inglesa, como todas as revoluções, foi causada pela ruptura da velha sociedade, e não pelos desejos da velha burguesia. Na década de 1640, camponeses se revoltaram contra os cercamentos, tecelões contra a miséria resultante da depressão e os crentes contra o Anticristo a fim de instalar o reino de Cristo na Terra.

HILL. C. Uma revolução burguesa? Rev. Bras. Hist. n. 7. 1984 (adaptado)

A concepção de Revolução Inglesa apresentada no Texto II diferencia-se da do Texto I ao destacar a existência de

A) pluralidade das demandas sociais.

B) homogeneidade das lutas religiosas.

C) unicidade das abordagens históricas.

D) superficialidade dos interesses políticos.

E) superioridade dos aspectos econômicos.

2. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento.

Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio.

Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar leis.


Declaração de Diteitos. Disponível em: http://disciplinas.stoa.usp.br Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).

No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em:

A) Redução da influência do papa — Teocracia.

B) Limitação do poder do soberano - Absolutismo.

C) Ampliação da dominação da nobreza - República.

D) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo.

E) Restrição da competência do congresso - Presidencialismo.

3. (MACK) O período em que Oliver Cromwell dirigiu a Inglaterra, decretando, entre outros, o Ato de Navegação que consolidou a marinha inglesa em detrimento da holandesa, ficou conhecido como:

a) Monarquia Absolutista

b) Monarquia Constitucional

c) Restauração Stuart

d) República Puritana

e) Revolução Gloriosa

4. O “Ato de Navegação” de 1651 teve importância e consequências consideráveis na história da Inglaterra porque:

A) Favoreceu a Holanda que obtinha grandes lucros com o comércio inglês.

B) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou ditador.

C) Contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima inglesa no mundo.

D) Considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza nacional.

E) Abolia todas as práticas protecionistas.


5. “O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigência de Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa saída "moderada"; o rei foge do cativeiro, afinal, e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução, por assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a câmara dos lordes é extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a república; mas essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à testa, que as esvaziam de seu conteúdo social.” 

(RENATO JANINE RIBEIRO. In: HILL, Christopher. "O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640". São Paulo: companhia das letras, 1987).

O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642-1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breve experiência republicana, sob a liderança de Oliver Cromwell. Dentre suas realizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação. A determinação do Ato de Navegação consistia em:

a) não permitir que nenhuma matéria-prima de origem asiática entrasse na Inglaterra.

b) não permitir que nenhuma embarcação estrangeira atracasse no litoral inglês;

c) permitir que os portos ingleses fossem usados livremente por outras nações;

d) permitir que os holandeses usufruíssem da frota marítima inglesa.

e) não permitir que as frotas marítimas inglesas trafegassem fora dos mares do norte.

6. (UNESP) A Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa (1688) transformaram a Inglaterra do século XVII. Sobre o conjunto de suas realizações, pode-se dizer que

A) Determinaram o declínio da hegemonia inglesa no comércio marítimo, pois os conflitos internos provocaram forte redução da produção e exportação de manufaturados.

B) Resultaram na vitória política dos projetos populares e radicais dos cavadores e dos niveladores, que defendiam o fim da monarquia e dos privilégios dos nobres.

C) Envolveram conflitos religiosos que, juntamente com as disputas políticas e sociais, desembocaram na retomada do poder pelos católicos e em perseguições contra protestantes.

D) Geraram um Estado monárquico em que o poder real devia se submeter aos limites estabelecidos pela legislação e respeitar as decisões tomadas pelo Parlamento.

E) Precederam as revoluções sociais que, nos dois séculos seguintes, abalaram França, Portugal e as colônias na América, provocando a ascensão política do proletariado industrial.

7. PUC-Rio (2014)

“A Revolução Francesa constitui um dos capítulos mais importantes da longa e descontínua passagem histórica do feudalismo ao capitalismo. Com a Revolução (científica) do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII na Inglaterra, e ainda com a Revolução Americana de 1776, a Grande Révolution lança os fundamentos da História contemporânea.”

[Mota, C. G. A Revolução Francesa].

Entre as transformações promovidas pela Revolução na França, iniciada em 1789, é CORRETO afirmar que:

A) os privilégios feudais e o regime de servidão foram abolidos destruindo a base social que sustentava o Antigo Regime absolutista francês.

B) a Revolução aboliu o trabalho servil e fortaleceu o clero católico instituindo uma série de medidas de caráter humanista.

C) os revolucionários derrubaram o rei e proclamaram uma República fundamentada no igualitarismo radical na qual a propriedade privada foi abolida.

D) a Revolução rompeu os laços com a Igreja católica iniciando uma reforma de cunho protestante que se aproximava dos ideais da ética do capitalismo moderno.

E) a Revolução, mesmo em seu momento mais radical, não foi capaz de romper com as formas de propriedade e trabalho vigentes no antigo regime.

8. (PISM.UFJF) Leia o trecho abaixo.


“A natureza revolucionária da Revolução Inglesa pode ser demonstrada em parte pelos seus efeitos e, por outro lado, por suas palavras. Não somente conseguiu a execução de um Rei (...), como também aboliu a monarquia; não se limitou a punir a uns tantos nobres e confiscar suas propriedades, mas também aboliu a Câmara dos Lordes; não somente protestou contra os desagradáveis curas de Hobbes, os clérigos e os bispos, mas também bloqueou a Igreja Oficial e se apoderou das propriedades do episcopado; não somente atacou os funcionários pouco populares, mas também aboliu todo sistema de instituições administrativas e legais do governo de suma importância (...). Aqui houve um choque de ideias e ideologias, e o nascimento de conceitos radicais que afetaram a todos os aspectos do comportamento humano e todas as instituições da sociedade, desde a família até a Igreja e o Estado”.


Fonte: STONE, Lawrence. Causas da Revolução Inglesa - 1529 -1642. Bauru: Editora da Universidade do Sagrado Coração – EDUSC, 2000, p.102-103.


Sobre a Revolução Inglesa do século XVII é CORRETO afirmar que:


A) ampliou a autonomia financeira do poder real, permitindo a acumulação de riqueza necessária para a Revolução Industrial.
B) aboliu a propriedade individual, prejudicando os interesses da burguesia mercantil nascente.
C) reafirmou o anglicanismo como religião oficial do Estado inglês, promovendo perseguição aos puritanos.
D) recuperou a vocação rural da Inglaterra, priorizando o trabalho agrícola em detrimento do industrializado.
E) aniquilou o antigo aparelho de Estado, limitando o poder real, submetendo-o ao poder do Parlamento.

9. (PISM.UFJF) O processo histórico denominado Revolução Inglesa ou Revolução Gloriosa teve como palco a Inglaterra no 
período de 1640 a 1688, lançando as bases da Monarquia Parlamentar Inglesa. Sobre a Revolução Inglesa, assinale a alternativa INCORRETA. 

a) Esse foi um momento marcado pelo fortalecimento do Parlamento através da Carta de Direitos que  limitava o poder do soberano. 
b) A religião oficial do Estado continuou sendo o Anglicanismo, contudo, prevaleceu a liberdade de culto.
c) Ambas as revoluções propunham a centralização do poder nas mãos do monarca em detrimento do parlamento. 
d) O Parlamento representava os interesses de uma elite relacionada com o comércio a qual conseguiu inúmeras liberdades. 
e) O sistema parlamentar inglês é um modelo de representatividade que influenciou na organização de constituições em diversos países do Ocidente.

10. (PISM.UFJF) Leia o documento abaixo: 

“Nós, habitantes da paróquia de Longey abaixo-assinados, tendo-nos reunido em virtude das ordens do Rei, na sexta￾feira, dia 6 do presente mês de maio de 1789, resolvemos o que segue: Pedimos que todos os privilégios sejam abolidos. Declaramos que se alguém merece ter privilégios e gozar de isenções, são estes, sem contradição, os 
habitantes do campo, pois são os mais úteis ao Estado, porque por seu trabalho o fazem viver.” 

Caderno de Terceiro Estado da paróquia de Longey-en-Dunois, eleição de Châteaudun, generalidade de Orléans, bailiado de Bloi 
Fonte: MATTOSO, Kátia M. de Q. Textos e documentos para o estudo de História Contemporânea. São Paulo: Edusp, 1976. Disponível em: 
http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/cad3est.PDF

A partir das queixas do Terceiro Estado, marque a opção CORRETA sobre as causas da Revolução Francesa: 

A) A insatisfação dos franceses em 1789 tinha como pressuposto a estabilidade econômica oriunda da isenção de  impostos, representada por uma organização social no contexto do Antigo Regime. 
B) A peste negra é o elemento central que gerou a Revolução Francesa, contribuindo decisivamente para a revolta  do Terceiro Estado contra as obrigações políticas e financeiras. 
C) Com apoio da nobreza, a burguesia alcançou uma posição de prestígio na sociedade francesa, eliminando qualquer tipo de revolta, deixando o ato revolucionário restrito aos camponeses e escravos. 
D) O aumento populacional gerou um desequilíbrio econômico, sendo que os mais pobres, principalmente os jacobinos, foram afetados pelo fim dos privilégios reais. 
E) Sob a inspiração iluminista, havia o questionamento do poder ilimitado do rei em busca da redução das 
desigualdades sociais, principalmente entre o Terceiro Estado. 

18.11.23

[LISTA DE EXERCÍCIOS] República Democrática no Brasil (1945-1964)

Lista de exercícios para você se preparar para Concursos públicos e para o ENEM!

1 (UFRGS). observe a charge abaixo.


Esta charge, inspirada em uma marcha de carnaval interpretada por Francisco Alves, faz referência:

a) à ascensão de Getúlio Vargas ao poder, após o golpe do Estado Novo.
b) ao término do Estado Novo com a destituição de Getúlio Vargas.
c) à eleição de Getúlio Vargas como governador do Rio Grande do Sul, após a redemocratização.
d) à volta de Getúlio Vargas ao poder, após o governo de Eurico Dutra.
e) à reeleição de Getúlio Vargas como presidente, após o governo JK.

2. (Fuvest-SP). Em 1947, o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade no Brasil. Esta decisão se explica basicamente:

a) pela bipartição do mundo em blocos antagônicos, consequência da Guerra Fria.
b) pela linha insurrecional dos comunistas que pretendiam iniciar uma revolução a curto prazo.
c) por ser o Partido Comunista frágil e destituído de expressão social.
d) por ser um acordo partidário firmado pela UDN, o PSD e o PTB.
e) pelo desejo de acalmar as Forças Armadas que ameaçavam interromper o jogo democrático.


3. (Mackenzie) O suicídio foi o último, o supremo e inesperado gesto que surpreendeu a todos e reverteu as tendências, selando o carisma e o mito. Aspásia Camargo Sobre o episódio ocorrido em 24 de agosto de 1954, a que se refere o texto, podemos afirmar que:

a) Com a morte de Vargas, sua figura política é esquecida pelas massas populares.
b) A reação das massas populares inconformadas impediu a UDN de tomar o poder, dando uma sobrevida ao populismo, com a eleição de João Goulart para Vice-Presidente.
c) O isolamento e a indiferença das massas urbanas levaram Vargas a esse desfecho, embora contasse com total apoio das Forças Armadas.
d) Na História brasileira a figura de Getúlio Vargas não é vista como carismática, em virtude do período ditatorial.
e) a UDN, a Tribuna de Imprensa e Carlos Lacerda foram os grandes beneficiados com o trágico fim do Presidente, assumindo a liderança política com apoio das massas.


4. (PUC RS/2003) O contexto político que levaria à crise do segundo Governo Vargas e ao suicídio do presidente, em 24 de agosto de 1954, estava relacionado com:

a) a campanha do Partido Comunista Brasileiro contra um Estado excessivamente liberal.
b) a pressão dos sindicalistas pela aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho.
c) a oposição popular à criação da Petrobrás.
d) a mobilização geral contra o endividamento do governo junto aos Estados.
e) a oposição dos liberais da UDN e de Lacerda na imprensa.

5. (Mackenzie). Durante o governo de Getúlio Vargas (1951-1954), a política econômica era marcadamente nacionalista. A adoção de uma política voltada para os interesses da nação determinou:

a) O choque com os interesses imperialistas, principalmente o norte-americano, já que os países capitalistas, durante a Guerra Fria, se agrupavam sob a direção e de acordo com os interesses dos Estados Unidos.
b) O estremecimento das relações entre Vargas e os EUA. Mas o presidente norte-americano,
Eisenhower, viu-se impossibilitado de não conceder os empréstimos prometidos, para não perder um aliado na América.
c) A falência dos projetos ligados à criação de empresas estatais, que monopolizariam setores
importantes da nossa economia, dada a falta de capital estrangeiro.
d) O afastamento, do governo, do movimento trabalhista, que criava obstáculos para a implantação do programa econômico.
e) A retomada de uma campanha liderada pelo próprio presidente, que denunciava a remessa de lucros para o exterior por parte das empresas nacionais.

6. (Enem) A moderna democracia brasileira foi construída entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino
Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil depois da inesperada renúncia do
presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos
em regime autoritário. A partir dessas informações, relativas à história republicana brasileira, assinale a opção correta.

A) Ao término do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República.
B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise do regime republicano brasileiro.
C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.
D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política de João Goulart.
E) No período republicano citado, sucessivamente, um presidente morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi deposto.


7. (UERJ) “Bossa-nova mesmo é ser presidente/ desta terra descoberta por Cabral./ Para tanto basta ser tão simplesmente simpático... risonho... original” – Juca Chaves

“Bota o retrato do velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso do velinho/ Faz a gente se animar, oi (...) O sorriso do velinho/ Faz a gente trabalhar” – Marino Pinto e Haroldo Lobo

Os estilos de governar de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek são abordados nas letras de música apresentadas. Um elemento comum das políticas econômicas destes dois governos está indicado na seguinte alternativa:


a) industrialismo
b) monetarismo
c) trabalhismo
d) corporativismo


8. (Mackenzie) Foram características do breve governo Jânio Quadros em 1961:

a) a política externa totalmente alinhada aos interesses norte-americanos.
b) a ausência de medidas anti-inflacionárias, gerando a forte pressão do FMI.
c) o estilo personalista e polêmico do presidente, além da oposição conservadora à política externa independente de seu governo.
d) a intensa colaboração entre presidente e Congresso nas questões administrativas.
e) a total dependência política do presidente em relação ao seu partido, a UDN.


9. (Mackenzie) Com a renúncia de Jânio Quadros, setores militares resolveram impedir a posse do Vice-presidente João Goulart. O Congresso e vários segmentos sociais, tendo à frente o governador Leonel Brizola do Rio Grande do Sul, desencadearam a mobilização popular e, diante da ameaça de guerra civil, contornou-se a questão com a emenda parlamentarista. Tais fatos dizem respeito a um
importante acontecimento histórico dos anos 60, denominado:

a) Campanha das Diretas Já.
b) Campanha da Legalidade.
c) Milagre Brasileiro.
d) Abertura Democrática.
e) Queremismo.


10. (UFSE) Jânio Quadros (1961) presidente e líder carismático, provocou inquietação nos meios empresariais, entre outros motivos, por:


a) Anular medidas que favoreciam a acumulação de capitais estrangeiros.
b) Praticar uma política populista de descongelamento de salários.
c) Autorizar subsídios federais para vários produtos, como o trigo.
d) Estabelecer medidas que geraram forte restrição ao crédito.
e) Favorecer constantemente o cruzeiro, graças a artifícios contábeis.