28.5.23

[OPINIÃO] O eleitor é o protagonista, não os parlamentares

A responsabilidade do eleitor em uma eleição para o parlamento brasileiro é de suma importância para a consolidação da democracia e a construção de um país mais justo e equitativo. Ao exercer seu direito ao voto, o eleitor se torna um agente ativo na escolha dos representantes que irão elaborar e aprovar leis, tomar decisões políticas e direcionar os rumos do país.

Em primeiro lugar, é fundamental que o eleitor esteja bem informado sobre os candidatos e suas propostas. Acompanhar as campanhas eleitorais, participar de debates, ler os programas de governo e buscar informações confiáveis sobre os postulantes são ações que permitem ao eleitor formar uma opinião embasada. É essencial conhecer o histórico, a experiência e as ideias dos candidatos para tomar uma decisão consciente e alinhada com seus próprios valores e interesses.
Além disso, o eleitor deve considerar a trajetória ética dos candidatos. A honestidade, a transparência e a idoneidade são qualidades imprescindíveis em um representante político. Verificar se os candidatos estão envolvidos em casos de corrupção, nepotismo ou outras práticas antiéticas é uma tarefa relevante para a escolha de um parlamentar comprometido com o bem comum.

A diversidade e a representatividade também devem ser consideradas pelo eleitor. O Brasil é uma nação plural, com diferentes realidades, interesses e demandas. Nesse sentido, é importante que o eleitor analise se os candidatos representam a diversidade da sociedade, incluindo mulheres, negros, indígenas, LGBT+ e outras minorias. A pluralidade de perspectivas e vivências no parlamento contribui para uma representação mais justa e abrangente dos cidadãos.

Outro aspecto relevante é a coerência entre o discurso e a prática dos candidatos. É preciso analisar se suas promessas são viáveis e se eles têm histórico de cumprir seus compromissos. Avaliar a trajetória política dos candidatos, verificar se eles já ocuparam cargos públicos e qual foi seu desempenho é uma forma de avaliar sua capacidade de efetivar as propostas apresentadas.

Por fim, o eleitor deve ter consciência de que seu voto não é apenas uma escolha individual, mas sim uma decisão que impacta toda a sociedade. É necessário considerar o bem coletivo e os interesses da nação como um todo. Os parlamentares eleitos terão o poder de influenciar políticas públicas, defender direitos, propor mudanças e representar os anseios da população. Portanto, o eleitor deve votar com responsabilidade, pensando nas consequências de sua escolha para o futuro do país.

Em síntese, a responsabilidade do eleitor em uma eleição para o parlamento brasileiro envolve informação, ética, diversidade, coerência e consciência coletiva. Ao exercer seu direito ao voto de forma consciente e embasada, o eleitor contribui para fortalecer a democracia, promover a representatividade e construir um país mais justo e igualitário. Cada voto importa e pode fazer a diferença na busca por um Brasil melhor.

Alessandro Mendonça Reis 
Historiador 
Mestre em História

[ANALÍSE] A relevância da questão indígena e do meio ambiente para o Brasil

A questão indígena e a preservação do meio ambiente desempenham um papel fundamental na imagem e no protagonismo do Brasil no cenário internacional, além de exercerem influência direta na economia do país. A Amazônia, com sua rica biodiversidade e suas populações indígenas, é frequentemente associada à imagem do Brasil no exterior.

A preservação da Amazônia é um tema global de preocupação, uma vez que a floresta desempenha um protagonismo crucial na regulação do clima global e na manutenção da biodiversidade. As populações indígenas que habitam a região têm um profundo conhecimento sobre a floresta e desempenham uma função fundamental na sua proteção. A atenção internacional voltada para a Amazônia está intimamente ligada à imagem do Brasil como um guardião responsável e comprometido com a preservação ambiental.

No entanto, a imagem do Brasil tem sido afetada por preocupações relacionadas à desmatamento ilegal, invasões de terras indígenas e conflitos socioambientais. A falta de proteção efetiva dos direitos indígenas e as políticas governamentais que ameaçam a preservação ambiental têm gerado críticas e pressões por parte da comunidade internacional.
Essas questões têm um impacto direto na economia do Brasil. O país é um grande exportador de commodities, como soja, carne bovina e minérios, muitas vezes provenientes de áreas desmatadas ou de terras indígenas invadidas. A adoção de práticas insustentáveis pode gerar restrições comerciais por parte de outros países, além de prejudicar a imagem dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Por outro lado, a valorização da preservação ambiental e do respeito aos direitos indígenas pode abrir novas oportunidades econômicas para o Brasil. O crescimento do mercado de produtos sustentáveis e certificados tem mostrado um potencial significativo, e o Brasil possui recursos naturais e conhecimentos tradicionais únicos que podem ser aproveitados nesse sentido. Além disso, a imagem de um país comprometido com a proteção ambiental pode atrair investimentos estrangeiros e fortalecer parcerias internacionais.

Portanto, a questão indígena e a preservação do meio ambiente não devem ser vistas apenas como desafios internos, mas como elementos essenciais para a projeção e o protagonismo do Brasil no cenário internacional. A atuação responsável nessas áreas pode fortalecer a imagem do país, impulsionar a economia sustentável e garantir um futuro mais promissor para as gerações presentes e futuras.

Alessandro Mendonça Reis 
Historiador 
Mestre em História 

Reflexão acerca da Belle Époque carioca

Era a época da efervescência cultural, dos sorrisos iluminados pelo brilho das luzes, da Belle Époque no Rio de Janeiro dos anos 1920. A cidade carioca, então capital do país, respirava modernidade e se tornava o palco de transformações sociais, políticas e culturais.
Nos salões aristocráticos, a elite carioca se reunia em festas suntuosas, regadas a champanhe e melodia. O Rio de Janeiro, conhecido como a "Paris tropical", refletia a influência dos modismos europeus. Mulheres elegantes desfilavam com seus vestidos esvoaçantes, chapéus adornados com plumas e joias reluzentes, enquanto os homens trajavam elegantes smokings. Era uma sociedade que buscava a sofisticação e o refinamento, ansiosa por apreciar o que de melhor a vida poderia oferecer.

A política também vivia tempos agitados. Nessa década, a cidade testemunhou a ascensão de importantes figuras, como Nilo Peçanha e Washington Luís, que exerceram a presidência do Brasil. A efervescência política e os embates ideológicos se faziam presentes nos cafés, nas rodas de intelectuais e nas páginas dos jornais. O Rio de Janeiro fervilhava com debates acalorados sobre a República recém-instaurada e os rumos do país.
No âmbito cultural, o Rio era um verdadeiro caldeirão de manifestações artísticas. Teatros e casas de espetáculos lotavam-se para assistir às óperas, aos concertos de música clássica e aos espetáculos de dança. No Theatro Municipal, inaugurado em 1909, grandes nomes da música e do teatro internacional se apresentavam, encantando a plateia com seu talento.

A boemia carioca também ganhava destaque. Nos bares e cabarés do bairro da Lapa, a boemia se misturava à malandragem, em um ambiente de música e dança que encantava a todos. Os sambistas e chorões, com seus violões e cavaquinhos, embalavam a noite com melodias que falavam de amores e desilusões, retratando a alma da cidade em canções marcantes.

Apesar de toda a efervescência cultural e dos avanços sociais, é importante ressaltar que a Belle Époque carioca era uma realidade restrita às elites. Enquanto a aristocracia desfrutava de sua prosperidade, grande parte da população vivia em condições precárias, distante desse mundo encantado.

A Belle Époque no Rio de Janeiro dos anos 1920 deixou um legado de transformações, mas também evidenciou as profundas desigualdades sociais da época. Foi um período de encantamento e contradições, em que a cidade se mostrava ao mundo como um cenário de modernidade, ao mesmo tempo em que escondia em suas entranhas a dura realidade de uma sociedade ainda marcada pela exclusão. A demolição do histórico Morro do Castelo, berço da urbe carioca, e a construção dos pavilhões para a Exposição Internacional de 1922, são bons exemplos de contradições do período.

Por Alessandro Mendonça Reis 
Historiador
Mestre em História 

[OPINIÃO CRÍTICA] O encantamento do orçamento

Era uma vez, num país encantado chamado Brasil, onde a criatividade parecia não ter limites, especialmente quando o assunto era o bom e velho dinheiro público. Os políticos, como verdadeiros mágicos, encontraram uma forma incrível de usar os recursos com maestria: o orçamento secreto.

Ah, esse orçamento! Tão secreto que nem mesmo os contribuintes sabem para onde vai, como é utilizado ou quem são os beneficiados. Mas quem se importa com esses detalhes mundanos quando se pode brincar de esconder o dinheiro do povo?

Os políticos, verdadeiros áses da prestidigitação, conseguem transformar milhões em fumaça, num passe de mágica. Onde antes havia hospitais sucateados, escolas em ruínas e ruas esburacadas, agora há apenas um vazio misterioso, como se o dinheiro tivesse sido sugado por um buraco negro da corrupção.

Enquanto isso, os políticos desfilam em seus ternos elegantes, com sorrisos no rosto e discursos cheios de promessas vazias. Afinal, quem precisa de infraestrutura quando se pode construir uma ponte para lugar nenhum? Quem se importa com a saúde e a educação quando se pode investir em jatinhos particulares?

O orçamento secreto é a cereja do bolo, a pitada final de ironia nessa história de magia negra. Afinal, quem precisa de transparência quando se pode brincar de esconder os números e desviar recursos? É uma verdadeira olimpíada da malversação de dinheiro público, onde os políticos ganham medalhas de ouro nas modalidades "Desvio de Verbas" e "Enriquecimento Ilícito".

Enquanto isso, o povo brasileiro assiste perplexo a esse espetáculo circense. Com olhos marejados, contemplam os hospitais sem leitos, os estudantes sem livros e as estradas sem asfalto. Mas que mal tem? Afinal, a vida é uma festa, e os políticos são os reis.

E assim, nessa terra encantada, o orçamento secreto continua a existir, como um truque de mágica que desafia a lógica e a moralidade. Enquanto isso, o país segue seu curso, com as marcas profundas de um sistema corroído pela corrupção.

Mas não se preocupe, caro leitor, afinal, tudo isso é apenas uma crônica irônica. No mundo real, certamente nossos políticos são exemplos de honestidade, transparência e responsabilidade com o dinheiro público. Ou será que isso também é apenas mais uma ilusão?

Alessandro Mendonça Reis
Historiador
Mestre em História

[JOGO] Forca sobre os regimes totalitários nazifascistas


24.5.23

[LISTA DE EXERCÍCIOS] A CRISE DE 1929


1. A crise de 1929 teve início em (na/o):

A) Brasil, pois sua economia era muito dependente da exportação do café. 
B) Na Europa, cujos países não conseguiram se reerguer no pós-guerra.
C) Nos EUA , devido à superprodução, saturação do mercado e especulação financeira.
D) A Revolução socialista que desarticulou as economias de mercado, levando os países à falência.

2. O pacote de medidas adotado nos EUA para combater os efeitos da grande depressão de 1929 era 

A) Plano Marshall.
B) Tratado de Tordesilhas.
C) PAC (Programa de aceleração do crescimento).
D) New Deal.

3. As medidas adotadas na gestão do presidente Franklin Roosevelt, eleito em 1933, tinham como inspiração e característica,  respectivamente:

A) Karl Marx; Socialismo, propriedade coletiva dos meios de produção.
B) John M. Keynes; Intervenção estatal, aumento dos gastos públicos.
C) Adam Smith; Liberalismo, mercado livre, sem interferência do Estado.
D) von Hayek; Neoliberalismo,  redução dos gastos públicos e privatização das empresas estatais. 

4. Analise a fotografia a seguir:

A imagem apresenta uma ação tomada pelo governo Roosevelt, nos EUA, para combater a crise. Em todas as alternativas temos afirmações que podem ser relacionadas ao contexto histórico da imagem, exceto:

A) Redução dos investimentos públicos.
B) Valorização do salário mínimo. 
C) Realização de obras públicas.
D) Medidas de proteção ao trabalho.

5. Agora observe a imagem abaixo:

A fotografia da década de 1930 "Mãe Migrante" expressa:

A) Uma consequência direta da Primeira Guerra Mundial. 
B) O aumento das oportunidades e de vagas de emprego.
C) A abertura de novos postos de trabalho para os imigrantes.
D) Os efeitos provocados pela Grande Depressão com o desemprego e a fome. 

6. No Brasil a Crise de 1929 foi sentida e impactou as exportações de café.


Que medida o governo brasileiro adotou em benefício deste setor?

A) Comprou o café e distribuiu gratuitamente povo.
B) Comprou o café e estocou as sacas em armazéns.
C) Comprou o café e queimou para impedir a queda do preço.
D) Deixou que os cafeicultores decidissem o destino de sua produção.

7. No fim da década de 20, anos de prosperidade, uma grave crise econômica, conhecida como a Grande Depressão, começou nos EUA e atingiu todos os países capitalistas.
J.K. Galbraith, economista norte-americano, afirma que “a medida que o tempo passava tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria destruição.”

(Dias de boom e de desastre in J.M. Roberts (org), História do Século XX.)

A aparente prosperidade pode ser percebida nas seguintes características:

A) o aumento da produção automobilística, a expansão do mercado de trabalho e a falta de investimentos em tecnologia.
B) a crise de superprodução, a especulação desenfreada nas bolsas de valores e a queda da renda dos trabalhadores.
C) a cultura de massa com a venda de milhões de discos, as dívidas de guerra dos EUA e o aumento do número de empregos.
D) a destruição dos grandes estoques de mercadorias, o aumento dos preços agrícolas e o aumento dos salários.
E) o aumento do mercado externo, o mito do American way of life e a intervenção do Estado na economia.

8. Um dos motivos que contribuíram para a crise econômico-financeira do final da década de 1920 foi o

A) descompasso entre a alta do valor real e a queda do valor nominal das ações de empresas europeias e norte-americanas comercializadas na Bolsa de Nova York.
B) intervencionismo do Estado na economia norte-americana, em contraposição à defesa da livre-iniciativa e ao autogerenciamento do mercado.
C) deslocamento de capitais do setor industrial para o agrícola, gerando um desequilíbrio na economia norte-americana e a redução dos empregos nas áreas urbanas.
D) declínio da produção de produtos primários na América Latina, que provocou a falta de fornecedores de insumos e a queda da capacidade produtiva da indústria norte-americana.
E) contaste entre a expansão da oferta de mercadorias norte-americanas desde a Primeira Guerra Mundial e a gradual retração do mercado europeu de importação.

15.5.23

A criação do SPHAN na Era Vargas


Em 1930 uma revolução levou Getúlio Vargas ao poder. O grupo liderado por Vargas defendia a reforma da política e de vários aspectos da sociedade brasileira. A república dos coronéis estava chegando ao fim.

Para suprimir o poder dos mandões  locais, Vargas apostou num Estado forte, centralizado e autoritário. Nesse sentido, o presidente do Brasil contou com o apoio de diversos intelectuais, artistas e homens de letras os quais tornaram-se membros do governo, atuando junto aos ministérios ou como técnicos de órgãos estatais.

O Estado sob Getúlio Vargas pretendia construir uma identidade nacional integradora, capaz de unir as elites e as classes populares, a "brasilidade", diferente do período da "República Velha", onde predominavam os regionalismos desagregadores. Além disso, a miscigenação do povo e o clima tropical brasileiro, outrora apontados como aspectos negativos e indicadores do atraso nacional, deveriam ser valorizados como elementos da identidade nacional.

Em 1937, o governo Vargas criou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). O órgão foi idealizado por intelectuais modernistas, como Mário de Andrade e Rodrigo Mello Franco de Andrade.

O SPHAN deveria atuar no tombamento e preservação dos grandes monumentos arquitetônicos e também no patrimônio imaterial, legado pela tradição oral das classes populares.

Um exemplo do esforço do SPHAN materializou-se na criação do Museu Imperial em Petrópolis-RJ, em 1940. O Museu, antiga casa de veraneio da família imperial nos tempos da Monarquia reúne artefatos como o cetro, o trono e a coroa de D. Pedro II preservando a memória do Império.

O presidente Getúlio Vargas apoiou a iniciativa e tirou proveito dela associando sua imagem a d. Pedro II, enquanto  estadistas que garantem unidade e estabilidade política.

Mas, em última,  instância a cultura na Era Vargas servia ao propósito do Novo Regime e a uma tentativa de legitimação do poder. A difusão da cultura e do nacionalismo via propaganda almejavam obter o apoio social a um governo autoritário e centralizador.

Avaliação

1. O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, têm desaparecido ou se arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e as relíquias da história de cada país não constituem o seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de todos os povos.

ANDRADE, R. M. F. Defesa do patrimônio artístico e histórico. O Jornal, 30 out. 1936. In: ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).

A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por ideias como as descritas no texto, que visavam

A) submeter a memória e o patrimônio nacional ao controle dos órgãos públicos, de acordo com a tendência autoritária do Estado Novo.
B) transferir para a iniciativa privada a responsabilidade de preservação do patrimônio nacional, por meio de leis de incentivo fiscal.
C) definir os fatos e personagens históricos a serem cultuados pela sociedade brasileira, de acordo com o interesse público.
D) resguardar da destruição as obras representativas da cultura nacional, por meio de políticas públicas preservacionistas.
E) determinar as responsabilidades pela destruição do patrimônio nacional, de acordo com a legislação brasileira.

2. A criação do Museu Imperial em 1940, sob a tutela do governo de Getúlio Vargas, não foi um acidente. No momento de sua inauguração, em 1943, o museu teve seu valor consagrado pelo público e por um interesse político que visava ao
fortalecimento de determinado conceito de nação. No Museu Imperial, a questão da pátria não aparece vinculada a batalhas, delimitações de fronteiras, mas sim ao pulso forte, íntegro e centralizador de um chefe de Estado que "soube cumprir bem alto a sua missão no serviço da pátria".

SANTOS. Miriam Sepúlveda dos. Museu imperial: a
construção do Império pela República. IN: ABREU. Regina & CHAGAS. Mário (orgs.). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: Lamparina. 2009. pp.130-131. (Adaptado)

As narrativas históricas reconstroem o passado de diversas maneiras, cabendo aos museus uma singularidade fundamental, a saber, a de constituir "provas" materiais dessas histórias.

A partir dessas considerações, a criação do Museu Imperial representava

A) uma tentativa de Vargas de se aproximar
da memória de D. Pedro II, tido como grande estadista e amigo do povo, favorecendo a legitimação do Estado Novo.
B) um resgate de Vargas das tradições hierárquicas da aristocracia, na tentativa de construir um passado político honroso, fundado a partir de raízes europeias.
C) uma estratégia de reaproximação de Vargas com a elite paulista, por meio do resgate da memória da atuação política dessaelite junto ao Imperador no século XIX.
D) um incentivo de Vargas para que a população se aproximasse do universo da política, fortalecendo as práticas de cidadania e de exercício da democracia. 

6.5.23

História do Brasil: da redemocratização aos dias atuais


No início dos anos 1980 o Brasil viveu o fim do regime militar e um processo de abertura política chamado de redemocratização. No governo do General Geisel (1974-1979) o "milagre econômico" deu sinal de esgotamento e a crise econômica atingiu o governo,  parlamentares da oposição conquistaram a maioria no Congresso e a morte do jornalista Vladimir Herzog, preso pelos militares, provocou comoção nacional. Geisel revogou o AI-5 e seu sucessor, o general Figueiredo, deu continuidade à abertura política. 

Gradativamente, as garantias individuais foram restabelecidas e, após vinte e um anos, um presidente civil foi eleito indiretamente por um colégio eleitoral.

O processo de abertura política foi gradual, pois os militares desejavam controlar a transição democrática e impedir que grupos radicais chegassem ao poder.

Dentre as principais medidas do processo de redemocratização podemos citar:

. O fim da censura prévia aos espetáculos e publicações;
. A revogação do Ato Institucional 5 (AI-5);
. O retorno do Pluripartidatismo;
. Aprovação da Lei da Anistia. 

Como a transição de regime deveria ser lenta e segura, o país conviveu com avanços e retrocessos. A aprovação da Lei de Anistia, por exemplo, permitiu que os exilados retornassem ao país, mas perdoou os crimes cometidos pelos agentes da ditadura e dos militantes da resistência armada. 

As lideranças políticas,  artistas, intelectuais e milhares de pessoas reivindicaram o voto direto para presidente, o movimento ficou conhecido como Diretas Já. 

O deputado federal Dante Oliveira propôs uma emenda à Constituição para garantir eleições diretas em 1985, mas a medida não teve votos suficientes para ser aprovada.

A eleição coube ao Colégio Eleitoral e a disputa foi entre dois candidatos: Paulo Maluf, da posição, e Tancredo Neves, da oposição. Tancredo Neves foi o vitorioso, mas faleceu antes de sua posse em 21 de abril de 1985. José Sarney, vice-presidente, assumiu a presidência pondo fim ao regime militar.

Em 1986 foram realizadas eleições para governadores, deputados e senadores. Os deputados e senadores eleitos formaram a Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar a Constituição. 


Em 1988, a Constituição Cidadã foi promulgada com intensa participação dos movimentos sociais a fim de assegurar direitos, consolidar a cidadania e a democracia no Brasil. 

Nova República 

Período de nossa história que começa em 1985 e se estende até os dias atuais. Os presidentes que governaram a república foram:

. José Sarney (1985-1990);



. Fernando Collor de Mello (1990-1992);



. Itamar Franco (1992-1995);



. Fernando Henrique Cardoso (1995-2003);



. Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011);



. Dilma Roussef (2011-2016);



. Michel Temer (2016-2019);



. Jair Bolsonaro (2019-2022);



. Luiz Inácio Lula da Silva (2023-);

Direitos humanos e a resolução de conflitos


De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) os direitos humanos são universais, isto é, inerentes a todos os indivíduos, independentemente de raça, sexo, nacionaidade ou religião. Entre os direitos humanos temos o direito à vida, à liberdade, à liberdade de opinião,  ao trabalho,  educação entre outros.

A ideia dos direitos humanos nasceu a partir das declarações de direitos dos séculos XVII e XVIII como estratégias da burguesia para combater os abusos do poder absolutista e proteger a propriedade privada. 

Documentos que inspiraram os direitos humanos 

. 1689: Bill of rights na Inglaterra.

. 1789: Declaração de direitos do homem e do cidadão na França.

No século XX, a luta por direitos encampou a resistência contra a opressão das ditaduras militares na América Latina e do Apartheid na África do Sul, por exemplo. 

Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o mundo tomou conhecimento dos horrores praticados pelos nazistas, como o Holocausto contra o povo judeu. A ONU nasceu após o conflito com o objetivo de mediar as relações diplomáticas entre as nações para evitar a devastação humana, o genocídio e a destruição material provocada pelas guerras mundiais. 

Em 1948, a Assembleia Geral da ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). A DUDH visa garantir os direitos humanos a todos os indivíduos do mundo, o respeito à diversidade e à dignidade. 

O Direito Internacional, por sua vez, estabelece as obrigações dos governos para promover e proteger os direitos humanos e as liberdades individuais e coletivas. 

Em 1999, a ONU publicou a Declaração e Programa de Ação para a Cultura de Paz para combater a violência e promover a cultura de paz. Nesse sentido, o respeito aos direitos humanos é essencial para a paz e para a resolução pacífica dos conflitos. O papel da educação nesse processo é fundamental, cabendo a ela disseminar nas sociedades atitudes de respeito e diálogo entre as pessoas. 

A cultura de paz passa pelas mudanças em duas dimensões interdependentes, os níveis micro e macro. A nível micro temos o indivíduo e suas atitudes e relações interpessoais e familiares. A nível macro temos mudanças que precisam repensar os processos sociais e as políticas públicas para combater a violência estrutural.

Assim, o respeito aos direitos humanos estão intimamente associados à construção de uma cultura de paz entre os povos nas diversas partes do mundo. 

5.5.23

Iniciação à ciência


A produção do conhecimento demanda muito estudo, esforço e disciplina. Portanto, não é uma tarefa fácil. Fácil é produzir desinformação e fake news, as notícias mentirosas que alimentam a ignorância e o obscurantismo.

O Programa de Iniciação Científica na Educação Básica (ICEB), do qual a E. E. Luiz Salgado Lima faz parte pelo segundo ano consecutivo, é muito importante para reforçar e preparar nossos alunos, tanto os que pretendem ingressar no Ensino Superior, quanto àqueles que almejam espaço no mercado de trabalho.  


O conhecimento científico é essencial para a promoção da vida e da cidadania,  especialmente no momento em que vivemos onde a desinformação rapidamente é difundida pelas redes sociais.

Todo trabalho científico parte de alguma questão-problema, de questionamentos a respeito do mundo e de fenômenos de origem natural ou social. 

Após a formulação das questões-problema, o pesquisador ou o grupo de pesquisadores partem para a investigação,  seguindo procedimentos, métodos e etapas que são reconhecidas pela comunidade científica. As principais etapas da investigação científica são:

. Observação 

. Questionamento

. Hipótese 

. Experimento e coleta de dados

. Análise 

. Conclusão

As pesquisas científicas colaboram para a transformação social e para a melhoria das condições de vida das pessoas. Um medicamento, por exemplo, só existe porque uma pesquisa científica foi realizada, por meio de testes e análises. Outro exemplo relevante que podemos mencionar é o impacto social das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas subsidiam a formulação de políticas públicas para auxiliar os governos a combater as desigualdades em suas diversas formas.

1.5.23

Patrimônio histórico, memória e a construção da identidade nacional



A construção da identidade nacional no Brasil

No dia 7 de setembro de 1822 o Brasil rompeu o vínculo de colônia em relação a Portugal. Assim, nascia um novo Estado e uma nova nação, a qual precisava ser devidamente construída com uma forma de governo, constituição, leis, um povo e uma História em comum.

A História, nesse sentido, colaborava para criar uma identidade comum às pessoas que viviam naquela comunidade nacional. O passado, com seus símbolos, mitos e heróis, contaria a história da nação e construiria a identidade nacional do povo.

Os responsáveis por esse processo de construção do Estado e da identidade nacionais foram homens da elite econômica, como fazendeiros, senhores de engenho, criadores de gado, produtores de café entre outros. O projeto político desses homens era bastante conservador, queriam preservar a integridade territorial e as bases do sistema econômico agroexportador e escravocrata. 

Após a independência do Brasil a literatura assumiu a importante função de colaborar para a construção da identidade brasileira. Nesse sentido, parte da produção literária se esforçou para criar um sentimento de pertencimento a uma comunidade nacional entre um povo muito heterogêneo. A literatura reproduzia valores, costumes e símbolos que representariam todo o povo brasileiro, diferenciando-o das demais nacionalidades.

O Romantismo exerceu forte influência sobre a produção literária brasileira. Os autores nacionais elegeram a natureza e os índios como símbolos da peculiaridade brasileira. Assim, surgia o Romantismo Indianista no Brasil. Os índios, habitantes originais da terra, eram a ponte com o passado e a origem da nacionalidade. Entre os autores indianistas destacamos Antônio Gonçalves Dias, autor de Primeiros Contos (1846) e Os timbiras (1857).

No romance indianista os índios são retratados de maneira idealizada, são figuras heroicas e valentes. Os europeus, especialmente os portugueses, são vistos como portadores da civilização e da fé, também contribuindo para a construção da nacionalidade. O encontro entre os índios e os portugueses era elogiado, pois considerava-se que a mestiçagem cultural era a característica original da nacionalidade brasileira. 

Na segunda geração de autores românticos tivemos nomes, como José de Alencar (O guarani, Iracema) e Joaquim Manoel de Macedo (A moreninha), os quais, além de romancistas, exerceram cargos políticos e participaram dos debates sobre as questões nacionais, entre elas a escravidão. Alencar defendeu a escravidão, Macedo considerava que a prática iria corromper os valores civilizados.

A última geração dos românticos teve como expoente o poeta Castro Alves (Navio negreiro, 1868), ardoroso defensor da abolição da escravatura. 

Para reforçar a identidade nacional a História era uma ferramenta essencial. Por isso, em 1838 foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) o qual era apoiado pelo governo e pelo imperador. Os membros do Instituto eram militares, juristas, políticos, homens brancos da elite do país. 

O patrocínio do Estado brasileiro ao IHGB converteu-se, no campo geográfico, na realização de expedições para explorar e descrever o território nacional, suas riquezas e potenciais, mapear zonas fronteiriças com outros países e realizar estudos etnográficos ligados à questão indígena.

O papel do IHGB e a construção da identidade nacional 

"... preocupação central [dos membros do IHGB] em elaborar uma narrativa sobre o passado nacional converteu-se no que ficou conhecido como História oficial. Uma versão do passado que unificasse a população em uma História que exaltava o Estado, a ordem estabelecida e apresentava um elenco de heróis nacionais, que deveriam encarnar os valores que seriam a marca da brasilidade ." 
(DOLHNIKOFF, 2017,p. 74).

O IHGB deveria se encarregar de produzir a História oficial do país, com a qual todos os brasileiros deveriam se identificar. Nesse sentido, um dos nomes ligados ao IHGB que podemos destacar é o do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, o qual publicou, em 1854, a obra História Geral do Brasil. Nela, o autor elogiou a colonização portuguesa, atribuindo a tal ação o caráter civilizador e destaca que o sentimento de brasilidade teria surgido no século XVII, quando os colonos enfrentaram e expulsaram os holandeses de Pernambuco. 

No campo das artes plásticas, a pintura também colaborou no sentido de glorificar o passado e promover o culto aos heróis. O melhor exemplo disso pode ser observado na tela "Independência ou Morte" de Pedro Américo. 

A obra foi produzida entre 1886 a 1889, teve apoio financeiro do governo, e tem as seguintes dimensões 4,15 X por 7,60 metros. Atualmente, a pintura encontra-se no Museu do Ipiranga (Museu Paulista da Universidade de São Paulo), prédio construído entre 1885 a 1890 com o objetivo de se tornar um monumento, guardião da memória da independência nacional. 


Enfim, após a independência do Brasil a elite do país esforçou-se para criar e difundir um sentimento de brasilidade. O esforço de construção da identidade nacional se deu através da publicação de obras literárias, estudos de história, expedições geográficas e construção de obras e monumentos que ocorreram no século XIX com o objetivo de preservar a memória coletiva.


Avaliação

1. O texto abaixo se refere à construção da identidade nacional no Brasil no decorrer do século XIX, sobretudo a partir do Segundo Reinado. Leia o trecho e, em seguida, responda à questão:

“Por oposição ao negro, que lembrava a escravidão, o indígena permitia identificar uma origem mítica e
unificadora. (...). A natureza brasileira também cumpriu função paralela. Se não tínhamos castelos medievais, templos da Antiguidade ou batalhas heroicas para lembrar, possuíamos o maior dos rios, a mais bela vegetação.
(...). Por mais que tenha partido de d. Pedro I e de Bonifácio a tentativa de elaborar (...) uma ritualística local, foi com d. Pedro II e seu longo reinado que se tornaram visíveis a originalidade do protocolo e o projeto romântico de representação política do Estado” (SCHWARCZ, Lilia. As Barbas do Imperador, p.140).

Com base no trecho acima e em seus conhecimentos, é CORRETO afirmar que a identidade nacional no século XIX foi construída:

a) Tendo como base as referências europeias existentes nas províncias que formavam o Brasil antes da Independência do país.
b) A partir de um processo de longa duração, que se valeu do uso de aspectos naturais e de elementos simbólicos locais que pretendiam representar a Nação.
c) De forma consensual e harmônica, considerando a heterogeneidade dos diferentes povos que formavam o país.
d) Através da valorização da herança africana e dos costumes da África, continente ao qual o país estava diretamente ligado pelo Atlântico Sul.
e) Com o objetivo de reproduzir no país recém-independente as mesmas características existentes em Portugal.