28.5.23

[OPINIÃO CRÍTICA] O encantamento do orçamento

Era uma vez, num país encantado chamado Brasil, onde a criatividade parecia não ter limites, especialmente quando o assunto era o bom e velho dinheiro público. Os políticos, como verdadeiros mágicos, encontraram uma forma incrível de usar os recursos com maestria: o orçamento secreto.

Ah, esse orçamento! Tão secreto que nem mesmo os contribuintes sabem para onde vai, como é utilizado ou quem são os beneficiados. Mas quem se importa com esses detalhes mundanos quando se pode brincar de esconder o dinheiro do povo?

Os políticos, verdadeiros áses da prestidigitação, conseguem transformar milhões em fumaça, num passe de mágica. Onde antes havia hospitais sucateados, escolas em ruínas e ruas esburacadas, agora há apenas um vazio misterioso, como se o dinheiro tivesse sido sugado por um buraco negro da corrupção.

Enquanto isso, os políticos desfilam em seus ternos elegantes, com sorrisos no rosto e discursos cheios de promessas vazias. Afinal, quem precisa de infraestrutura quando se pode construir uma ponte para lugar nenhum? Quem se importa com a saúde e a educação quando se pode investir em jatinhos particulares?

O orçamento secreto é a cereja do bolo, a pitada final de ironia nessa história de magia negra. Afinal, quem precisa de transparência quando se pode brincar de esconder os números e desviar recursos? É uma verdadeira olimpíada da malversação de dinheiro público, onde os políticos ganham medalhas de ouro nas modalidades "Desvio de Verbas" e "Enriquecimento Ilícito".

Enquanto isso, o povo brasileiro assiste perplexo a esse espetáculo circense. Com olhos marejados, contemplam os hospitais sem leitos, os estudantes sem livros e as estradas sem asfalto. Mas que mal tem? Afinal, a vida é uma festa, e os políticos são os reis.

E assim, nessa terra encantada, o orçamento secreto continua a existir, como um truque de mágica que desafia a lógica e a moralidade. Enquanto isso, o país segue seu curso, com as marcas profundas de um sistema corroído pela corrupção.

Mas não se preocupe, caro leitor, afinal, tudo isso é apenas uma crônica irônica. No mundo real, certamente nossos políticos são exemplos de honestidade, transparência e responsabilidade com o dinheiro público. Ou será que isso também é apenas mais uma ilusão?

Alessandro Mendonça Reis
Historiador
Mestre em História

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