No 3º bimestre, estudamos com as turmas do 1º ano do CIEP 280 o período das Grandes Navegações no século XV.
Esse fato é considerado um dos marcos entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
A Expansão Marítima plantou as sementes da Globalização, ampliou horizontes e intensificou o intercâmbio cultural entre regiões e povos distintos.
Claro, esse processo também contribuiu para a destruição de inúmeros povos e culturas, como ocorreu com os muitas etnias africanas e indígenas, vítimas das doenças, das guerras e do trabalho escravo imposto pelo europeu. Nesse processo de intercâmbio, a cultura europeia também mudou, mesmo sendo a dominadora ela se adequou, adquiriu novos hábitos e costumes apreendidos no contato com os povos de além-mar. O uso do tabaco, o consumo do milho e da batata são alguns exemplos de elementos nativos da América que foram incorporados à cultura europeia, e difundidos pelo Mundo, após o século XV.
O Mundo conhecido pelos europeus antes de 1415, data que marca o início da Expansão Marítima, era restrito à Europa, Parte da África e da Ásia.
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Reprodução do "Mundo Conhecido" no século XV. Arte da Aluna Adrielly, da turma 1003. |
As nações ibéricas (Portugal e Espanha) foram as pioneiras nas navegações. Portugal já havia passado pela centralização política desde o século XIV e o Rei incentivava as viagens marítimas.
As novas tecnologias da época, como a bússola, o astrolábio, o quadrante, o avanço da cartografia e o uso das caravelas foram fundamentais para o sucesso da empreitada ibérica. Muitos desses recursos foram adquiridos pelos europeus através do contato que mantinham com os navegadores árabes e com o oriente.
O objetivo das navegações era chegar ao Oriente, no reino dourado da China descrita por Marco Polo, na fonte das especiarias orientais e de outros artigos de luxo. Além das riquezas, os europeus procuravam por novas terras e também por novos povos que pudessem ser catequizados e convertidos ao Catolicismo.
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Especiarias orientais. |
O comércio daqueles artigos era bastante lucrativo, e até o século XV foi dominado pelos mercadores árabes e os italianos das cidades de Gênova e Veneza, via Mar Mediterrâneo (ver mapa acima).
Portugal optou por fazer o périplo africano, isto é, contornou a Costa Africana até chegar em Calicute, na Índia, um importante centro comercial de especiarias.
A Espanha, por sua vez. apoiou a viagem de Cristóvão Colombo, o qual navegou em direção ao Ocidente, com o objetivo de atingir o Oriente. Ele acreditava na teoria da esfericidade da Terra, embora muita gente de sua época pensasse que o mar fosse o limite, o fim do Mundo.
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O imaginário europeu do século XV povoava o Mar com monstros marinhos e seres mitológicos. Arte da Aluna Adrielly (1003). |
Colombo acabou chegando à América, em 12 de outubro de 1492, e tomou posse daquelas terras para a Coroa espanhola.
Em 1494, Portugal e Espanha, sob a mediação do Papa Alexandre VI, assinaram o Tratado de Tordesilhas, o qual estabelecia a divisão de terras entre as duas nações ibéricas.
Um meridiano foi traçado a partir de 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras ao leste pertenciam a Portugal, as terras ao oeste ficariam com a Espanha. França, Holanda e Inglaterra não foram contempladas pelo Tratado, restou a elas o recurso da pirataria e dos corsários, que não deixavam de navegar pelo Novo Mundo.
Nos anos seguintes, portugueses e espanhóis continuaram a organizar grandes expedições marítimas, como a de Pedro Álvares Cabral, que comandou 13 navios, cruzou o Oceano e chegou ao Brasil em 1500; e a viagem de circunavegação de Fernão de Magalhães, patrocinada pela Espanha. Essa expedição, ocorrida entre 1519 e 1522, confirmou a esfericidade da terra, após singrar as águas do Atlântico e do Pacífico. Magalhães contou com cinco navios e cerca de 240 homens, mas apenas um barco completou o trajeto, com 18 marinheiros e sem o seu capitão, morto em batalha nas Filipinas.
O século XV foi, portanto, um momento de grandes transformações no Mundo, quando ocorreram "descobrimentos" e um intensivo intercâmbio cultural e comercial, que provocou um verdadeiro genocídio entre os povos da África, da América e da Ásia.
As viagens marítimas lançaram as bases de um Mundo extremamente desigual, onde as regiões periféricas ficaram, por muito tempo, a serviço da Europa.