A partir da terceira década do século XVI, o tráfico de escravos africanos para o Brasil começou a ganhar uma forma definida. A colônia portuguesa passou a fazer parte de uma vasta rede comercial, cuja principal mercadoria eram homens, mulheres e crianças capturados na África para serem vendidos nas Américas, além da Europa e da Ásia, em menor número. Esse fenômeno é conhecido como Diáspora Negra, ou Diáspora Africana.
Só no Brasil desembarcaram mais de 4 milhões de escravos africanos. A viagem dos cativos era um sonho dantesco, como registrou o poeta Castro Alves. Ela começava nos portos de Luanda ou Benguela e durava entre 35 a 50 dias até chegar ao Rio de Janeiro ou Salvador.
Os negros viajavam em porões imundos e apertados, cerca de 30% dos cativos não resistia a viagem e morria vítima de desidratação, tifo e cólera.
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Porão de navio negreiro (1835). Rugendas. |
No processo de captura do escravo foi muito comum a participação de príncipes e reis africanos que firmavam alianças com os traficantes europeus.
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Gravura de C. P. Speke. Século XIX. |
Os líderes africanos trocavam escravos, seus prisioneiros de guerras intertribais, para obter armas, roupas e outros artigos da Europa e de suas colônias.
A origem étnica e cultural dos escravos era muito diversificada. Eles eram originários de várias e longínquas regiões da África (Observe o mapa acima e a variedade étnica - Sudaneses e Bantos). Alguns grupos praticavam a religião islâmica, outros as religiões tradicionais do continente, como o culto aos orixás. Os escravos da etnia dos malês, trazidos para a Bahia no século XIX, por exemplo, eram muçulmanos, e alguns sabiam ler e escrever na língua árabe.
Embora tenham sido submetidos ao trabalho forçado, os cativos lutavam para preservar sua cultura, suas memórias, suas crenças e seus costumes. O sincretismo religioso, por exemplo, foi uma maneira que os afroamericanos encontraram para cultuar suas divindades. Como seus rituais eram condenados por seus senhores e pelas autoridades católicas, eles associaram as entidades do Candomblé aos santos católicos para continuarem realizando seus ritos sem sofrer perseguição. Assim, na religiosidade afroamericana, São Jorge é cultuado como Ogum, Santa Bárbara é reverenciada como Iansã, dentre outros exemplos.
No vestuário, na alimentação, no vocabulário, nas danças, nos festejos, enfim "em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra." (FREYRE, GILBERTO. Casa Grande & Senzala, 1933).
Observe nas imagens abaixo um pouco da influência africana em vários aspectos de nossa cultura.
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Baiana preparando o acarajé, frito no azeite de dendê, cuja origem é africana. |
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Prática do Candomblé (Bahia). |
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Procissão da Congada. Festejo que exemplifica o Hibridismo, mistura de elementos da cultura cristã e africana. |
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Olodum - grupo de percussão afro-brasileira. O som dos tambores e a dança são heranças culturais afroamericanas. |
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Capoeira, uma tradição criada pelos escravos. |
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Vocabulário, palavras de origem africana. |
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