24.5.20

2226: o ano do apocalipse

O planeta foi devastado pelo apocalipse nuclear. Mísseis supersônicos cortavam os céus carregando poderosas ogivas nucleares de leste a oeste, de norte a sul, bombardeando os alvos e incinerando tudo e todos que estivessem num raio de 100 quilômetros dos pontos alvejados.
Os ataques destruíram as potências nucleares e solaparam as condições de vida neste mundo. O aquecimento global acelerou, a terra e a água estavam contaminadas, o ar era poluído, quente e nocivo, máscaras eram necessárias para quem se arriscasse a sair de seu abrigo. Os Estados, as sociedades e suas instituições, como escolas e igrejas desapareceram, e as economias ruíram devido à guerra e à hecatombe. Os poucos sobreviventes ao horror de 2226 viviam como nômades em busca de pequenos oásis ou em comunidades isoladas e autônomas,  dirigidas por oligarcas que exerciam o controle local.

Cultivar o alimento só era possível em estufas, a terra fértil era escassa, logo havia pouca comida. Os legumes e verduras eram distribuídos ao povo pelos oligarcas, as famílias não poderiam ser em número maior que quatro pessoas. Igualmente rara eram as fontes d'água, guarnecidas pelos pretorianos. Cada pessoa tinha que trabalhar para beber 1 litro de água por dia. As pessoas ficaram magras, a pele ressecada pelo sol e sem brilho devido à desidratação, muitos perderam os cabelos, ficaram estéreis. Aqueles que alcançavam os 40 anos de idade eram anciãos.

Não havia mais fábricas, eletricidade, televisão ou internet. As opções de trabalho eram poucas: camponês, guarda pretoriano, mercador, manutenção ou prática curativa. Os desocupados eram enviados para o exílio, executados ou jogados na prisão, onde morriam. 

Ninguém sabia ao certo,  mas estima-se que a deflagração do apocalipse e suas consequências, como a fome, as epidemias e as catástrofes naturais mataram quase toda a humanidade,  alguns calculam que 9 bilhões de pessoas morreram...

O mundo mudou, está mais triste, a paisagem dominante é cinzenta, desértica,  o calor é insuportável, faz 50° graus ou mais durante o dia; 0° à noite.  As estações do ano desapareceram, bem como a maioria daa plantas e dos animais. Todo tipo de vida silvestre era algo exótico. O que poderia crescer e viver neste inferno terreno? Fora dos muros das cidades só há destroços e ruínas, um cenário desolador.

O que restou da humanidade tenta sobreviver, sem rumo certo, sem crença ou esperanças, com um futuro imprevisível. Alguns, apegados às práticas do passado,  cegos e ávidos por poder, continuam incapazes de enxergar a miséria que nossos vícios provocou. Mesmo após o fim do mundo estamos aqui,  vivos, famintos e buscando no quê acreditar para cultivar a fé em dias melhores.  

Hélio Brummas

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