A Esquerda brasileira terá
uma grande oportunidade, no pleito que se aproxima, de debater e apresentar
propostas que interessam à maioria esmagadora da população brasileira. Temos
bons quadros que se apresentam como pré-candidatos à presidência da república;
alguns nomes experientes, que nem o de Lula (PT), além de jovens promissores,
como Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela d'Ávila (PCdoB).
Faremos uma breve e
resumida projeção do que esperar dos projetos e das ideias, as quais serão
expostas na campanha dos presidenciáveis de centro-esquerda na corrida
eleitoral deste ano, incluindo Ciro Gomes (PDT). Fizemos a síntese a partir do
histórico e das diversas entrevistas concedidas aos meios de comunicação pelos
pré-candidatos analisados.
Começaremos por Lula, o
maior líder popular da História política recente do país. Juristas e
intelectuais do Brasil e de várias partes do mundo já decretaram que sua
condenação pelo juiz Moro foi injusta e com um conjunto probatório
questionável. Se conseguir o improvável e for candidato,
Lula representa a continuidade de políticas sociais importantes solidificadas
nos últimos anos nos governos petistas, a exemplo do Bolsa Família, de programas
de financiamento estudantil e de moradia popular. Tem a experiência de ter
ocupado por oito anos a presidência da república e terminado o seu último
mandato com significativa aprovação popular. Promete fazer um plebiscito para
revogar as medidas do atual presidente Michel Temer, como as reformas
trabalhistas e da previdência e o loteamento da Petrobrás. Além disso, fala em
democratizar os meios de comunicação e taxar as grandes fortunas.
Os jovens pré-candidatos -
Boulos e Manuela - são bastante promissores, ambos são inteligentes, com boa
formação acadêmica e ligados à militância de legítimas causas populares - como
o Movimento dos Sem Teto, do Feminismo e dos direitos da comunidade
LGBT.
Boulos é formado em
Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP); Manuela é formada em Jornalismo
pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS).
O
pré-candidato pelo PSOL terá como vice a representante indígena Sonia
Guajajara e defende mais igualdade social, a democratização do Estado, as
liberdades individuais e o fortalecimento das relações econômicas do Brasil com
os vizinhos latino-americanos e os países da África e da Ásia. Advoga a
importância do Estado no papel de indutor do crescimento econômico, por meio de
investimentos em pesquisa e infraestrutura.
Já a pré-candidata gaúcha
tem ótima experiência como parlamentar, sempre colocando o seu mandato a favor
das lutas por garantias e direitos de estudantes, mulheres e
homossexuais. Filiada ao Partido Comunista do Brasil, Manuela tem propostas
para a juventude, criação de empregos, redistribuição de terras e a revogação
das medidas adotas por Temer que dilapidaram a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), além de defender o imposto progressivo.
Por fim, o candidato de
Centro-esquerda, Ciro Gomes, do PDT, conta com bastante experiência na vida
política, tanto no legislativo quanto no executivo. Foi governador do Ceará e ministro
da Integração Nacional no governo Lula. Já foi filiado ao PSDB e ao PPS antes
de ingressar no partido do saudoso Leonel Brizola.
Ciro é formado em direito
pela Universidade Federal do Ceará e possui um histórico de mais de trinta anos
de vida pública. Posiciona-se contra a privatização, sobretudo de setores
estratégicos, como na área de gás e petróleo. Sugere o fortalecimento do Brics
por meio das relações comerciais e transferência de tecnologias nos setores militar,
de saúde, produção de medicamentos, afastando-se do intermédio imperialista
norte-americano. Ciro projeta a redução da taxa de juros para um patamar
próximo da média global, a tributação de lucros e dividendos e o investimento
no desenvolvimento de um complexo agroindustrial mais competitivo internacionalmente.
Concluindo, a Esquerda
brasileira está viva, possui nomes interessantes, os quais defendem projetos
macroeconômicos e sociais que podem ajudar na geração de empregos, na
distribuição de renda e na construção de uma nação mais justa. Os presidenciáveis
analisados são, sem dúvida, as melhores opções frente aos pré-candidatos da
Direita neoliberal vazia, cujas bandeiras favorecem somente o capital e os
interesses minoritários de grupos da sociedade. Há também aqueles candidatos
que fomentam o ódio, a violência e adotam um discurso esdrúxulo, exercendo
forte atração sobre uma parte da população eleitoral. A grande mídia e os
setores mais conservadores da sociedade brasileira farão de tudo para impedir a
eleição de qualquer nome cuja base política contrarie seus interesses escusos,
mas num momento tão decisivo o que está em questão é o futuro de todo o povo e
não a manutenção dos privilégios de grupos ricos e parasitários. Teremos um ano
eleitoral turbulento, mas o embate de ideias deve ocorrer e se prevalecer a
democracia e a vontade popular as propostas que atenderão à maioria serão as
vitoriosas.
Assim, na atual
conjuntura, devemos considerar que a maioria dos eleitores, formada por trabalhadores,
jovens que estão fora do mercado de trabalho e a classe média, a qual sofre um
processo de proletarização, pode ser decisiva. Um projeto
nacional-desenvolvimentista é a alternativa viável e capaz de alavancar o
crescimento econômico e, ao mesmo tempo, promover o mínimo de justiça e inclusão
social.
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