29.3.15

Idade Média em perspectiva

A Idade Média foi um período da História da Europa que começou no século V e terminou no Século XV.

No ano 476, O Império romano do Ocidente foi destruído pelos povos germânicos, os quais estabeleceram diversos reinos na Europa (ver mapa abaixo).


O antigo Império romano estava agora fragmentado em vários reinos germânicos. De acordo com o historiador Hilário Franco Júnior (2001), o cristianismo "foi o elemento que possibilitou a articulação entre romanos e germanos, o elemento que ao fazer a síntese daquelas duas sociedades forjou a unidade espiritual, essencial para a civilização medieval". (A idade média - nascimento do ocidente. p. 16).

Importante destacar que a Igreja Católica, durante a Idade Média, foi a instituição que assumiu a responsabilidade de difundir o cristianismo na Europa e, posteriormente, no mundo. Por isso, a Igreja adotou uma postura bastante radical e punitiva em relação a quaisquer manifestações religiosas ou crenças que contrariassem os dogmas do catolicismo. 

Os membros da igreja formavam o Clero, eram padres, bispos, cardeais e o papa, como autoridade máxima. A Igreja adquiriu vasto patrimônio, recebendo doações de terras e recolhendo o dízimo. Sua importância ia além do amparo espiritual, pois o clero tinha muita influência política e social.

Catedral de Notre-Dame em Paris. As catedrais foram construídas em toda a Europa simbolizando a fé e o poder da Igreja Católica.

A economia europeia, a partir do século V, passou por um processo de ruralização, devido ao declínio das atividades comerciais e ao desaparecimento das moedas. Assim, na Idade Média, a terra tornou-se o bem mais valioso. 

Os donos das terras eram os nobres, que detinham enorme poder sobre seu território. Eles tinham uma massa de camponeses que os serviam, trabalhando em seus campos, e lhes pagavam inúmeros impostos, como a corveia, a talha, a banalidade dentre outros. 

Camponeses trabalhando com o arado. Ao fundo o castelo do senhor feudal.

A economia medieval é chamada de feudalismo, pois se baseava no feudo (a terra e todos os bens que estavam nela: o castelo, o arado, o gado, as ferramentas etc).

Os feudos eram autossuficientes, ou seja, produziam tudo aquilo de que necessitavam. Quando faltava algo que não havia no feudo, era possível fazer o escambo, que é a troca de mercadorias por outras. 

Observe na ilustração como eram estruturados os feudos:

Os camponeses levavam uma vida dura, trabalhavam para sobreviver num regime de servidão. Recebiam comida e proteção do nobre.

Nobres influentes poderiam ceder parte de seu feudo para outros nobres, em troca de sua lealdade e de serviços militares quando fosse necessário. Essa relação é chamada de suserania e vassalagem. Note na ilustração medieval abaixo como era a cerimônia entre o suserano e o seu vassalo.

O vassalo, de joelhos, presta juramento de lealdade a seu suserano.

A sociedade medieval era estratificada e com pouca mobilidade social. A nobreza era hereditária, sendo assim um camponês nunca poderia se tornar um nobre. Os extratos sociais eram bastante distintos entre si. Havia aqueles que oravam, o Clero; os que lutavam, a nobreza; e os que trabalhavam, os camponeses (ou servos).

Observe na figura medieval abaixo uma representação da sociedade feudal, com os três grupos sociais devidamente caracterizados de acordo com suas atribuições.

Clero, Nobre e Servo. Representação da Sociedade medieval.


No século VIII, a Europa foi sacudida por novas invasões. Os vikings atacaram territórios no norte e os muçulmanos expandiram seus domínios do Norte da África até o sul da Península Ibérica, onde ficam atualmente Portugal e Espanha.

A cultura medieval foi muito beneficiada pela cultura muçulmana, a qual permaneceu na Europa até o final do século XV. Apesar de cristãos e muçulmanos manterem uma relação conflituosa, como ocorreu com as Cruzadas, iniciadas a partir do século XI, houve muita troca cultural entre árabes e europeus.

Na Península Ibérica, os muçulmanos construíram belíssimos templos (as mesquitas) que podem ser apreciadas até os dias de hoje. 

Mesquita de Córdoba, na Espanha, construída no século X.
Foram eles, provavelmente, que implantaram o jogo de xadrez na Europa, no século X, a partir da Espanha. Os muçulmanos possuíam muitos conhecimentos nas áreas de geografia, filosofia e medicina que até então eram desconhecidos pelos europeus.

Um cavalheiro cristão e um guerreiro muçulmano disputam uma partida de xadrez. Ilustração do século XIII

Em suma, o legado muçulmano na Europa, principalmente na Península Ibérica, é marcante, seja na língua, nos costumes, na alimentação ou no conhecimento científico adquirido pelos europeus.

A partir do século X, a Europa Medieval passou por grandes transformações. A agricultura tornou-se mais produtiva devido à implementação de novas técnicas agrícolas, a população aumentou, as feiras começaram a surgir e, ao redor delas, surgiram as cidades onde floresceu um novo grupo social - a burguesia. Inicia-se então o renascimento urbano e comercial.

No século XIV, o sistema feudal entrou em crise. A Peste Negra devastou grande parte da população europeia, havia conflitos no campo e nos burgos (cidade). O poder da Igreja e da Nobreza começava a ser questionado por novos atores sociais, que irão inaugurar a Idade Moderna, tema para ser trabalhado nas próximas aulas.

Avaliação 

1. ENEM, 2022.


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