1.3.15

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Brasil: do café à indústria, escrito pelo pesquisador Roberto Catelli Jr. e publicado pela Editora Brasiliense, é uma obra que aborda a economia brasileira no final do século XIX e as primeiras décadas do século XX.

O autor delimita sua pesquisa ao estado de São Paulo, que naquela época era o principal produtor de café do país, o bem comercial mais rentável da economia brasileira.

Com a abolição da escravidão, em 1888, os fazendeiros paulistas começavam a se articular para substituir a mão de obra escrava pela mão de obra livre. Nesse sentido, eles cobravam do Governo federal e estadual medidas que subvencionassem a entrada de imigrantes no Brasil.

CAFÉ1935. Cândido Portinari. Pintura a óleo/tela

Pressionados, os governos atenderam aos clamores dos poderosos cafeicultores e adotaram diversas medidas que visavam facilitar a entrada de imigrantes europeus no país, principalmente italianos.

Os imigrantes europeus chegavam aqui e seguiam para o campo, onde enfrentavam uma dura realidade - baixos salários e exploração por parte dos fazendeiros.
Como o autor menciona ao longo do texto, os cafeicultores paulistas só estavam preocupados em substituir o antigo escravo, por quem quer que fosse. Eles não estavam preocupados em tratar os imigrantes como trabalhadores livres, que tinham direitos e deveriam ser respeitados.

Hospedaria dos imigrantes. Construída entre 1886 a 1888, no bairro Brás, em São Paulo.


A exploração do trabalho imigrante gerou diversos conflitos no campo e obrigou os governos a intervirem novamente, criando órgãos que mediassem os conflitos entre fazendeiros e trabalhadores.

A riqueza proporcionada pelo café possibilitou a São Paulo iniciar um processo de industrialização. Os fazendeiros se tornavam banqueiros e investiam somas significativas em fábricas. Essas eram indústrias leves, que fabricavam principalmente tecidos.

Muitos trabalhadores imigrantes insatisfeitos com a vida nas fazendas ou seguiam para as cidades, para trabalhar nas fábricas, ou se mudavam para pequenas roças e sítios.

O fato é que a industrialização do Brasil alterou sua característica econômica - o país deixou de ser um país tipicamente agrário-exportador e iniciou um processo de criação de fábricas, o qual foi reforçado a partir de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder.

O Estado brasileiro, além de interferir na economia, passou a regular o trabalho, criando uma legislação que trazia alguns benefícios e direitos para os trabalhadores, como forma de acalmar as massas populares e manter as elites satisfeitas com os lucros advindos do café e, depois, da produção fabril.

É uma boa leitura para quem quer compreender um pouco mais sobre a relação entre a sociedade, a economia e o Estado.

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