13.12.13

Férias, Natal e 2014!

Estamos encerrando mais um ano, que foi muito abençoado, com a graça de nosso Senhor Deus.

Faremos uma pausa com o conteúdo do Blog para desfrutarmos das merecidas férias e das festividades de fim de ano. Retornaremos em fevereiro, após o reinício do ano letivo, com muitas novidades e postagens abordando os temas relativos à Educação e à História do Mundo, sobretudo a brasileira e a regional.


Desejamos a todos os nossos alunos, amigos, companheiros de trabalho e demais visitantes do Blog um feliz Natal e um ano novo repleto de realizações.

Que Deus continue zelando por todos nós em 2014, e que nossas vidas sejam cobertas de paz, prosperidade e amor!

6.12.13

Mandela


Faleceu ontem, dia 05, o líder sul-africano - Nelson Mandela - devido a problemas com uma infecção pulmonar.



Mandela tornou-se símbolo da luta contra o apartheid (1948-1993), a política segregacionista que beneficiava os brancos, em detrimento dos direitos dos negros e dos mestiços da África do Sul.
Placa do período do apartheid indica que a praia só pode ser frequentada pelos brancos. Os negros tinham seus direitos civis, como o de ir e vir, limitados pelas leis racistas da África do Sul.
Nelson Mandela ficou preso por 27 anos porque lutou contra o racismo e a favor da igualdade de direitos entre os brancos e negros em seu país.
Foi o primeiro negro a ser eleito presidente da África do Sul, em 1994 e governou até 1999.
No seu mandato promoveu mudanças no país, transformando o Estado racista numa democracia.

Em 1993, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz graças à sua trajetória em prol do convívio harmônico entre as diferentes etnias.



3.12.13

Coparticipação no IPSEMG

A partir de 01 de janeiro de 2014 os beneficiários do IPSEMG terão que pagar , além da mensalidade corrente que consta no contracheque, a coparticipação sobre os procedimentos que utilizar.
A medida é para os segurados, seus dependentes e os pensionistas.




Os valores estipulados pelo governo de Minas Gerais e o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais são os seguintes:


A cobrança será feita via desconto direto no contracheque. 

Os procedimentos listados abaixo estão isentos da coparticipação:
  • um exame de mamografia a cada 12 meses, para mulheres de 40 a 69 anos de idade;
  • um exame para diagnóstico de câncer do colo uterino a cada 12 meses, para mulheres de 25 a 64 anos de idade;
  • uma consulta ginecológica a cada 12 meses para mulheres em qualquer faixa etária;
  • quatro exames de ultrassom obstétrico a cada 12 meses, para mulheres em qualquer faixa etária;
  • um exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes a cada 12 meses, para mulheres e homens, de 50 anos ou mais;
  • uma consulta urológica a cada 12 meses, para homens acima de 40 anos;
  • procedimentos de quimioterapia e radioterapia, inclusive as internações para sua realização;
  • sessões de hemodiálise;
  • os materiais, medicamentos, órteses e próteses utilizados durante o atendimento/tratamento.
A direção do Instituto justifica a implementação da mudança alegando a dificuldade do órgão em cobrir os custos da assistência de saúde dos segurados e pensionistas, cujo montante deve superar os R$ 630 milhões neste ano. 

No site do IPSEMG, no link coparticipação, será possível ter acesso ao extrato com o detalhamento dos serviços utilizados e mais informações sobre as mudanças no atendimento do plano dos servidores e pensionistas do estado de Minas Gerais.

Resultados do Brasil no PISA

Divulgado o relatório do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA), exame elaborado pela OCDE, que avaliou, em 2012, jovens na faixa etária de 15 a 16 anos de diversos países do Mundo, nos conteúdos de Leitura, Matemática e Ciências.

Entre os 65 países avaliados o Brasil ficou na 58º posição em nível de desempenho, embora tenha apresentado uma melhora em Matemática, saltando de 356 pontos médios em 2003 para 391 na avaliação de 2012. As médias atingidas nas provas de Leitura e Ciências permaneceram estáveis em relação aos valores verificados em 2009. (Ver gráfico abaixo).


Os jornais (Folha de São Paulo e O Tempo) on-line destacaram também o avanço no percentual de alunos matriculados na Educação Básica. As taxas de alunos com 15 anos matriculados aumentaram, passando a 78% em 2012 contra 65% em 2003.

Porém, mais alunos não significa mais qualidade, como deixa claro os resultados dessa avaliação internacional.
Salas de Ensino Fundamental e Médio superlotadas inviabilizam o desenvolvimento de um trabalho pedagógico com qualidade, além de outros fatores  (aqueles problemas históricos da educação brasileira: baixos salários, falta de programas de formação e qualificação docente sérios, infraestrutura e gestão escolar deficitária, políticas públicas cinematográficas, mas ineficazes...) que influenciam diretamente nos resultados e dificultam a aproximação dos estudantes brasileiros da média dos alunos japoneses, sul coreanos, finlandeses, nações que ostentam os melhores índices educacionais.

Em outros sítios eletrônicos há destaque para outro ranking divulgado recentemente, no qual o Brasil também despencou, trata-se da lista dos países limpos, onde há transparência e menos corrupção política.
O relatório é fruto do trabalho da ONG Transparência Internacional. 
O Brasil que estava na 69ª posição no ano passado, caiu para a 72º em 2013.
A queda pode ter sido influenciada devido aos sucessivos escândalos no meio político, como o Mensalão, gastos públicos com a Copa, o cartel dos trens em São Paulo dentre outros tantos e corriqueiros exemplos...

Talvez se houvesse menos corrupção e mais integridade com a coisa pública por parte de certos dirigentes e gestores, tivéssemos capacidade de garantir maior aporte de recursos para a Educação, inclusive para remunerar decentemente os profissionais da Educação.
Caso isso ocorresse, provavelmente o país, que ostenta um dos maiores PIBs do mundo, não amargaria posições tão baixas nas estatísticas internacionais.

2.12.13

Formação histórica e o trabalho escravo em Leopoldina no século XIX

A partir da metade do século XVIII, a Zona da Mata mineira começava a ser devassada pelos colonos oriundos da decadente região mineradora, os quais buscavam abrir novos caminhos e trilhas ligando Minas ao porto do Rio de Janeiro. 

Naquela época a região era conhecida como "Sertão Proibido", pois era habitada por índios selvagens e coberta por densa vegetação representando grandes obstáculos para os colonos, ao passo que evitava o contrabando e os desvios do ouro.
Mas apesar dos riscos - os índios e o perigo da mata - muitos se aventuraram na empreitada colonizadora, abrindo picadas na mata, buscando novas jazidas de ouro para explorar, e criando pousos e roças, afim de se estabelecerem na localidade. 
Os colonos transportavam seus produtos no lombo das mulas. (Rugendas).
De acordo com o historiador Fernando Lamas, há duas fases que precisam ser consideradas na ocupação da Zona da Mata, a saber: "Uma iniciada na primeira metade do século XVIII e ligada à abertura do Caminho Novo, na região sul da Mata e outra que se iniciou na segunda metade do mesmo século, a partir da penetração na área central da Mata, localizada às margens do rio Pomba. Ambas possuem ligação, pois, a partir da primeira área, o Caminho Novo, partiu a expedição que deu origem à colonização da segunda área, o vale do rio Pomba." (Povoamento e colonização da Zona da Mata Mineira no século XVIII. p. 2. Disponível on-line: http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao08/materia01/texto01.pdf acesso em 30 nov. 2013).

A ocupação da área compreendida por Leopoldina está inserida no segundo momento da Colonização da Zona da Mata, a partir da abertura do Caminho Novo - iniciada em 1699 e concluída em 1725 - os colonos desbravaram o vale do Pomba na segunda metade do século XVIII.
Muitos colonos que trabalharam na abertura do Caminho Novo permaneciam na localidade, onde recebiam sesmarias e cultivavam os gêneros agrícolas para oferecer aos transeuntes.

Já a ocupação da parte sul da Mata "iniciou efetivamente a partir de 1817, quando proprietários de lavras na região das minas migraram para o vale do rio Paraíba do Sul, para aí estabelecer a cafeicultura de base escravista." 
(CARRARA, A. A. As Zonas da Mata de Minas GeraisIn: Seminário de História Econômica e Social da Zona da Mata mineira, I: 2005, Juiz de Fora (MG). Anais. CES 2005. (Disponível em CD-ROM).

Colonizar a região era fundamental para facilitar o escoamento de mercadorias entre as capitanias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, formar novas áreas agrícolas, combater a formação de quilombos e catequizar os índios que habitavam a Zona da Mata. Com esse intuito que a região passou a ser habitada por famílias de agricultores, líderes religiosos e militares.
Os índios eram catequizados pelos missionários e reunidos em aldeias, onde aprendiam as técnicas agrícolas e artesanais. (Aldeia dos tapuias. Rugendas, 1820).
E é na parte sul da Mata que ficava o distrito de São Sebastião do Feijão Cru o qual, em 1831, pertencia à Vila de São Manuel do Pomba (Atual cidade de Rio Pomba).

Naquele ano, os fazendeiros Francisco Pinheiro de Lacerda e seu sogro Joaquim Ferreira de Brito doaram terras no local, onde foi construída uma capela dedicada à São Sebastião. Nesse lugar, próximo às margens do ribeirão feijão cru (afluente do Rio Pomba), surgiu o povoado que deu origem à Vila de Leopoldina, emancipada pela Lei Provincial nº 666 de 27 de abril de 1854, sendo separada de Mar de Espanha. No dia 20 de janeiro de 1855 foi instalado o município.  
Em 16 de outubro de 1861, a Lei Provincial nº 1116, a Vila foi elevada à condição de cidade com o nome de Leopoldina, em homenagem à segunda filha do imperador D. Pedro II.

Antigamente, o território de Leopoldina era muito vasto, englobando muitas localidades, como Rio Pardo (depois Argirita), Piedade (Piacatuba) Tebas, Campo Limpo, Conceição da Boa Vista, Providência, Recreio, Santa Isabel, São Joaquim, freguesia de Santa Rita do Meia Pataca (atual Cataguases) dentre outras. Gradativamente alguns desses territórios foram sendo desmembrados, originando novas vilas e Leopoldina foi se aproximando de seu contorno geográfico atual.
Escravos derrubando a mata para a formação de roças e aldeias. (Rugendas)

A agricultura foi a atividade econômica predominante da região, onde os colonos cultivavam roças com diversos gêneros agrícolas, tais como o milho, feijão, mandioca, cana de açúcar, tabaco e o café.  Criavam bois, porcos e aves. 

A produção tinha um caráter de subsistência, e o excedente era comercializado, abastecendo as demais regiões da província de Minas Gerais e a capital do Império - o Rio de Janeiro.
Por volta de 1840 houve uma expansão do desenvolvimento econômico da região, graças ao cultivo do café. O crescimento econômico continuou e em 1877, a cidade recebeu os trilhos da ferrovia Estrada de Ferro Leopoldina, construída por iniciativa de fazendeiros, comerciantes apoiados pelo governo provincial. 
Colheita de café, Vale do Paraíba. 1882.
Na década de 1870, a Zona da Mata era a principal produtora de café de Minas Gerais, e respondia por 60% da arrecadação provincial. (Fábio W. A. Pinheiro. O Tráfico de escravos na Zona da Mata Mineira: Minas Gerais, 1808 – 1850. In: Seminário de História Econômica e Social da Zona da Mata mineira, I: 2005, Juiz de Fora (MG). Anais. CES 2005. (Disponível em CD-ROM).
A ferrovia transportava, de forma rápida, riquezas e pessoas, e ligava o interior de Minas ao Rio de Janeiro - capital do Império.
E. F. Leopoldina (1952). Os trilhos cortavam o centro da cidade.
Inicialmente, a forma de trabalho predominante na região era a familiar e indígena (índios aldeados). Mas, "com o crescimento das lavouras, a implantação da ferrovia e exportação de produtos agrícolas; houve a necessidade de aumentar o número de braços para a agricultura, principalmente nas grandes fazendas após a década de 1870, a solução foi a adoção efetiva dos escravos." (FANNI, O. SIlvana. Cataguases no século XIXIn: Seminário de História Econômica e Social da Zona da Mata mineira, I: 2005, Juiz de Fora (MG). Anais. CES 2005. (Disponível em CD-ROM).)

Nesse sentido, a população escrava de Leopoldina tornou-se bastante significativa, uma das maiores da Zona da Mata Mineira, na segunda metade do século XIX. No ano de 1876 o número de escravos em Leopoldina era de 15.253, superior ao número de cativos em Mar de Espanha e Juiz de Fora, que eram, respectivamente, 12.658 e 14.368. (Tráfico interno e concentração de população escrava no principal município cafeeiro da Zona da Mata de Minas Gerais: Juiz de Fora (segunda metade do século XIX). p. 11. Disponível on-line: http://web.cedeplar.ufmg.br/cedeplar/site/diamantina2002/textos/D10.PDF acesso em 30 de nov. 2013.

Como o tráfico internacional de escravos para o Brasil estava proibido desde 1850, pela Lei Eusébio de Queirós, os fazendeiros locais recorriam ao tráfico interprovincial, adquirindo mão de obra escrava oriunda das províncias do Nordeste, antigas produtoras de cana de açúcar. 

No ano de 1879 foi fundado o jornal O Leopoldinense, periódico que circulava na cidade, na segunda metade do século XIX.

Muitas edições do jornal O Leopoldinense estão disponíveis para consulta on-line na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. 

O Leopoldinense tratava de diversos temas - notícias, sociais, trazia em suas páginas contos, poesias e informes diversos sobre a cidade e a província de Minas Gerais, além de inúmeros anúncios.
Gostaríamos de registrar aqui alguns ANNUNCIOS que encontramos nesse jornal, os quais certamente chamarão a atenção dos estudantes de História.
Os anúncios dão conta da fuga de escravos de sítios e fazendas locais. Os proprietários procuravam reaver seu patrimônio - os cativos fugidos - por isso, recorriam ao jornal para tornar pública sua busca.
Vejamos alguns registros de 17 de fevereiro de 1881:

Escravos fugidos

"No dia 25 de Janeiro proximo passado, fugiu da fazenda do Morro Alto, perto da estação da Providencia, do tenente-coronel José Maria Manso da Costa Reis, o escravo Trajano, solteiro, creoulo, baixo, barbado, de bons dentes, fula, de 49 annos de idade mais ou menos, carpinteiro, pernas cambêtas, pisa como periquito, fallante e muito esperto."

Há outro anúncio na mesma edição do jornal, que reproduzimos na imagem abaixo:


O texto diz: 
"Fugiu da fasenda de Santa Cruz, em Santa Barbara do Rio Novo[região próxima a São João Nepomuceno], pertencente a Araujo Maia & Irmão, o escravo João, com os signaes seguintes: pardo, escuro, estatura regular, cheio de corpo, pouca barba, bem feito, testa pequena, nariz grande, peitos largo e cabellos encarapinhados; levou roupas finas e botinas. Consta que seguiu o caminho da Leopoldina, com destino ao Rio Pardo [atualmente município de Argirita] ou Piedade, quer passar por livre e foi visto no rancho de Francisco Ferraz; quem o appanhar(?) e levar a referida fazenda ou á rua Municipal a. 17, será bem gratificado."

Na edição de 24 abril de 1881 encontramos mais um anúncio de fuga de cativo.
"Fugiu no dia 20 do corrente, o escrado João, crioulo, idade 23 annos mais ou menos, côr fula, altura regular, ligeiro no andar, esperto no serviço e bom carreiro; foi apadrinhar-se na fazenda do Sr. Josué de Vargas e d'ahi evadiu-se de novo, quem o aprehender e levar a estação do Recreio, sitio do Serrote, propriedade de Francisco Ferreira Netto, será gratificado com a quantia acima."

Os escravos, como vimos nos anúncios, não aceitavam passivamente sua condição de cativos, eles lutavam, fugiam e até formavam quilombos onde tentavam restabelecer suas vidas. Durante as fugas era fundamental levar artigos que tivessem alguma utilidade futura.
Sobre esse aspecto, a historiadora Marcia Amantino afirma que: "Além das roupas que poderiam ser usadas como facilitadoras de relações sociais e disfarce para a condição de cativo, os escravos fugiam levando também outros tipos de apetrechos: facas, cavalos, tecidos, etc. Todos estes elementos possuíam a função de facilitar a nova vida em outros locais." (AMANTINO, Márcia. O cotidiano escravo em Cataguases nas últimas décadas da escravidão. In: Seminário de História Econômica e Social da Zona da Mata mineira, I: 2005, Juiz de Fora (MG). Anais. CES 2005. (Disponível em CD-ROM).
É o caso do escravo João, descrito no segundo anúncio, ele fugiu e levou consigo roupas e calçados, acessórios que o ajudariam a se inserir na comunidade e a concretizar o seu desejo de ser livre.

A rebeldia dos cativos preocupava bastante tanto os seus senhores quanto  as autoridades locais, que ficavam receosas de ocorrer uma rebelião de escravos. Afinal, a população escrava era bastante significativa. O recenseamento de 1872 revela que 24,39% de escravos da Província de Minas Gerais viviam na Zona da Mata. (
CARRARA, A. A. 2005).

Portanto, era necessário combater as fugas e a formação dos quilombos, para evitar que ocorresse na região algo parecido com o que ocorrera na Bahia, com a Revolta dos Malês em 1835, e no Haiti, em 1791, onde os escravos se rebelaram contra a elite branca que dominava a ilha.


Nos livros de História fala-se muito em escravidão, e de sua presença nos engenhos de açúcar nordestinos, nas minas de ouro da região central de Minas Gerais e, depois, nas fazendas de café do vale do Paraíba. Porém, no interior do Brasil, em uma pacata cidade como Leopoldina há um passado fortemente marcado pelo trabalho compulsório e a presença de cativos afro-brasileiros que precisa ser conhecido e melhor estudado.

20.11.13

Feira da Cultura 2013!

Ocorreu na E. E. Luiz Salgado Lima, no dia 20 de novembro deste ano, a Feira da Cultura!
Os temas foram a Consciência Negra e o Meio Ambiente.

Toda a escola - alunos, professores e demais funcionários - trabalharam com afinco em todas as etapas da Feira, desde o planejamento até a execução das atividades.

O resultado final - apresentado hoje nos turnos da manhã e da tarde - ficou incrível! Tivemos um show de criatividade, trabalho em equipe, teatro, música, dança, roda de capoeira, dentre outros aspectos científico-culturais.
Os alunos capricharam em suas apresentações, tanto no visual - confecção de cartazes, peças artesanais e ornamentação das salas - quanto no conteúdo que expuseram para as dezenas de visitas que a Escola recebeu.

Eu trabalhei junto com os alunos da turma do 1º ano 7, do Ensino Médio, e com os alunos da sala do 6º ano 4, do Ensino Fundamental.
Com os primeiros montamos uma sala temática com o assunto: "Influências africanas na cultura brasileira". Apresentamos uma peça teatral sobre a Abolição e estandes abordando Influências africanas na alimentação, no vocabulário e práticas religiosas afro-brasileiras, com foco no sincretismo religioso.
Já com os últimos, trabalhamos a Capoeira, sua história, algumas de suas músicas, além de produzir desenhos, jogo da memória com personalidades afro-americanas e confecção de máscaras africanas.
Todo o trabalho exigiu muito esforço e uma participação efetiva dos estudantes. Acompanhei cada etapa desse processo e vi o quanto eles se se envolveram com o Projeto, fato que contribuiu para o seu sucesso.
O esforço que todos fizeram foi recompensado com muita beleza, alegria e cultura. Depois da linda festa que ajudamos a fazer no dia de hoje, a sensação é de dever cumprido!

Parabéns a todos!

Confiram algumas fotos desse grande evento:

Palavras de origem africana em nosso vocabulário

Alimentos de origem africana e afro-brasileiros em nosso cardápio: café, melancia, pimenta, banana, amendoim...

Religião e sincretismo cultural - o caso do São Cosme e São Damião.

Estudo sobre a relação entre santos católicos e os orixás afro-brasileiros. Exemplo de sincretismo religioso.

Gráficos: pesquisa de opinião sobre as religiões afro-brasileiras.

Feijoada não pode faltar, afinal é o prato nacional!






Sábias palavras do ícone Gilberto Freyre.


Máscaras africanas confeccionadas com papelão pelos alunos do 6º 4.


Painel com breve histórico da Capoeira. (6º ano 4).

Parte do público no turno da tarde.

TV reciclada conta a História do Quilombo dos Palmares.


Personalidades afrodescendentes.
Degustação na sala 12 (8º ano)
Fuxico e artesanato na sala 10 (8º ano).

Leopoldinenses na FEB (1943-1945)

"Mais fácil uma cobra fumar, do que o Brasil participar da guerra."

Essa frase era repetida por alguns, por volta dos anos de 1943-1944 no país, quando havia a possibilidade do Brasil participar da Segunda Guerra Mundial, lutando ao lado das forças aliadas contra o eixo nazifascista.

Distintivo dos combatentes da FEB.

Em 1942, o Brasil declarou guerra aos alemães após o torpedeamento de navios mercantes brasileiros por submarinos da Alemanha.

O Brasil foi à guerra e a cobra fumou... 
A partir de então, cobra fumando tornou-se o símbolo da Força Expedicionária Brasileira, organizada em 1943 e enviada à Itália em julho de 1944, para combater as tropas do Eixo (Alemanha, Itália e também o Japão). 
Tropas brasileiras desembarcando em Nápoles, 1944.
A FEB recebeu suporte dos E. U. A, cujo exército ajudou a treinar alguns dos oficiais brasileiros e forneceu armas e equipamentos modernos para os nossos combatentes.  
Além disso, o presidente Getúlio Vargas obteve apoio financeiro dos norte-americanos para construir uma grande siderúrgica, a CSN em Volta Redonda (RJ).

O comando da FEB foi entregue ao general de divisão João Batista Mascarenhas de Moraes, que comandou cerca de 25 mil soldados em combates travados contra as forças alemãs que ocupavam a Itália.

Os principais combates da FEB ocorreram na montanhosa região dos apeninos, em Monte Castelo, um lugar bem guarnecido pelos nazistas, entre novembro de 1944 e fevereiro de 1945.
Os pracinhas da FEB, além de ter que enfrentar os morteiros e as metralhadoras dos soldados alemães e toda sua experiência de combate, precisaram resistir ao frio, que atingia -20º C! 
Depois de alguns ataques brasileiros frustrados pela defesa alemã, a FEB conseguiu, em 21 de fevereiro de 1945, tomar Monte Castelo atacando pelos flancos, sendo apoiada pelos fogos da Artilharia. 
Soldados da FEB realizando patrulha na Itália.
As tropas brasileiras cumpriram outras missões na Itália, chegaram a capturar uma divisão inteira do exército alemão, que tinha mais de 14 mil soldados. Elas encerraram sua participação na Segunda Guerra Mundial demonstrando muita bravura. 
No dia 08 de maio de 1945 a Alemanha assinou sua rendição e a guerra na Europa havia cessado.

A FEB perdeu 454 homens em combate. Quando os expedicionários retornaram ao Brasil, no início de agosto de 1945, foram recebidos pelo povo como heróis. 
A FEB desfila no Rio de Janeiro após seu retorno, em 1945.
A força militar brasileira que lutou contra o totalitarismo na Europa, acabou precipitando a queda de Getúlio Vargas e o fim de um regime ditatorial que havia sido iniciado em 1937. 

Em Leopoldina (MG), temos uma rua importante, no bairro Bela Vista, dedicada aos valentes soldados que lutaram na sangrenta guerra. Trata-se da Avenida dos Expedicionários, cujo nome faz menção à força de  guerra criada pelo presidente Getúlio Vargas.

Na dita avenida também há uma placa com o nome dos combatentes leopoldinenses que foram recrutados pela FEB, portanto, foram para a Itália enfrentar os nazistas e ajudaram a livrar a Europa da tirania de Adolf Hitler.

Os alunos da turma 9º 3 da E. E. Luiz Salgado Lima visitaram o lugar e pesquisaram os nomes dos combatentes leopoldinenses. Veja os nomes abaixo e conheça alguns dos heróis de nossa cidade:

Aloísio Soares Fajardo
Antônio Vargas Ferreira Filho
Celso Capdevile
Dermeval Vargas
Felício Meneghite
Geraldo Gomes de Araújo Porto
Jair Vilela Ruback
João Zangirolani
José Anzolin
Lair Reis Junqueira
Adilson Machado*
Pedro Medeiros
Paulo Monteiro de Castro
Wenceslau Werneck



Parabéns a todos os alunos pelo empenho nesta pesquisa!

*ERRATA: Segundo matéria publicada no Jornal Leopoldinense, de 1º de junho de 2015, o nome que está na placa é Odilon Machado. A mesma matéria informa que o nome correto é Adilon Machado. Fonte: Leopoldinense. Acesso em 14 jul. 2015.

15.11.13

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Hoje é dia de que?

Ora, o feriado de hoje nos remete ao dia 15 de novembro de 1889.
Nesta data celebramos o fim da Monarquia, governada por D. Pedro II e o início da República!

Você sabe o que é a República?
Confira a resposta com o Tiradentes, que morreu em 1792 após participar de um movimento político que defendia a causa republicana:

A palavra república vem do latim (res publica), que significa coisa pública. O governo republicano foi praticado, na História do Ocidente, pela primeira vez pelos romanos no ano 509 a. C. Deveria ser um governo que priorizava os interesses coletivos acima dos privados, pelo menos na teoria deveria ser assim...

Aqui no Brasil, em 1889, o governo de D. Pedro II passava por um momento de crise política. Os cafeicultores estavam insatisfeitos com o fim da escravidão em 1888, a Igreja Católica estava descontente com a interferência do Imperador nos assuntos eclesiásticos e os oficias Exército estavam insatisfeitos com a falta de valorização dos militares.
O Império estava ficando sem apoio. O Brasil era a única monarquia em toda a América do Sul, os países vizinhos tinham adotado o regime republicano, considerado mais democrático, pois ampliava a noção de cidadania, estabelecia o voto e a mudança periódica de governantes, o oposto do regime monárquico, no qual o poder era hereditário e vitalício.

Os republicanos, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, proclamaram a República em 15 de novembro de 1889. O marechal assumiu a presidência do governo provisório, que durou até 23 de novembro de 1891, quando ele renunciou ao cargo, assumido, posteriormente, pelo seu vice - marechal Floriano Peixoto.
Marechal Deodoro da Fonseca. Henrique Bernadelli (1900).
Quanto à família real, chefiada por D. Pedro II, acabou sendo banida do Brasil. O imperador foi notificado sobre o fim da Monarquia e a implantação de um novo regime de governo, mas não tentou resistir para se manter no poder, partiu para a Europa alguns dias após a proclamação da República.

Na prática, a nova forma de governo não representou grandes avanços na cidadania. A maior parte da população continuou à margem do processo político, que passara a ser controlado pelos militares e influenciado pelos grandes cafeicultores do oeste paulista. A importância política dos grandes fazendeiros irá aumentar gradativamente, resultando na supremacia do estado de São Paulo e dos latifundiários sobre os interesses nacionais, pelo menos até o ano 1930, a partir daí a República tomará novos rumos. Mas esse é assunto para outra história.
Por hora terminamos aqui...

14.11.13

O Correio do Carmo (1929-1943)

O jornal Correio do Carmo circulou na cidade do interior carioca de 1929, data de sua fundação, até o ano de 1943.
No centro cultural do município há muitos exemplares do periódico disponíveis para a consulta do público. (Saiba mais informações sobre o acervo clicando aqui). 
Artigos antigos expostos no Centro Cultural do Carmo (RJ)

Neste levantamento preliminar que estamos fazendo, identificamos diversos assuntos interessantes abordados pelo Jornal, que vão desde os temas locais até os grandes acontecimentos do Brasil e do exterior, o que reflete a  marca da contemporaneidade e a influência do contexto histórico sobre as publicações.

Encontramos nos periódicos reclamações corriqueiras - ainda presentes nas rodas de conversa da atualidade - sobre o abandono das estradas locais e a falta de manutenção das rodovias. Uma nota do jornal, publicado em janeiro de 1938, diz:

"Ha cerca de 15 dias, porém, adoptando um criterio qualquer, o fiscal desses serviços fez remover-se aquella turma para outro municipio, contrariando assim as necessidades das nossas rodovias que se encontram actualmente, de todo intransitaveis, em virtude das chuvas"

Outra reclamação bastante comum nos dias de hoje é sobre o imenso número de cães soltos pelas ruas da cidade. Sobre esse tema o periódico noticiou o seguinte em 1935:

"Mais uma vez temos chamado a attenção das autoridades para a matilha de cães que comumente existe na cidade. As providencias que tem sido tomadas, nenhum resultado pratico tem produzido, pois ainda na semana passada foi atacado por um desses animaes um filho do sr. Silverio de Araujo Lima, que seguio para o Rio afim de ser submetido a tratamento."

Perceba que os cães abandonados nas ruas fizeram uma vítima, a qual precisou seguir para a Capital do Estado para receber tratamento médico. Esse problema que, além de ser pouco higiênico, pode trazer ainda mais transtornos, como por exemplo, transmitir doenças para as pessoas.

Infelizmente, 75 anos após a publicação dessas notas no jornal, nossa realidade atual guarda muitas semelhanças com um passado distante.  Parece que os administradores públicos não aprenderam com os erros do passado, como por exemplo, manter uma rodovia em condições ideais para o tráfego de veículos e manter animais abandonados em um canil público.

Há também assuntos internacionais de grande relevância no mundo daquela época, como a consolidação dos regimes totalitários na Europa. Vimos diversos textos tratando sobre as ditaduras europeias, alguns criticando, outros exaltando as virtudes de tais regimes governamentais.

Na edição número 172, de fevereiro de 1937, o editor critica a justiça na Itália fascista de Benito Mussolini (1883-1945). O artigo diz: "Pela simples razão de um indivíduo ser anti-fascista, é submetido á julgamento condemnado e executado, sem ao menos terem conhecimento da sentença os parentes da vietima".

O ditador italiano não foi poupado pelas páginas do Correio do Carmo.

"Creado por Mussoline funcciona na Italia um Tribunal Especial unicamente para condemnar os inimigos do regimen." Continua o texto, buscando esclarecer a função do Tribunal de silenciar os opositores do governo italiano daquela época.

A este respeito, o Historiador João Fábio Bertonha afirma que para manter o governo autoritário, o duce "dispunha da temida Ovra - a polícia secreta encarregada de vigiar, prender e eliminar opositores -, de leis contra os antifascistas e de um Tribunal Especial para a Segurança do Estado, que aplicava essas leis; em sua curta história, esse tribunal distribuiu 27 mil anos de prisão aos inimigos do regime. Muitos antifascistas morreram na prisão ou no exílio..." (BERTONHA, João Fábio. Fascismo, nazismo, integralismo. São paulo: Ática, 2003. p. 20).  

O uso indiscriminado da força e da manipulação da justiça é algo muito comum na estrutura de governos ditatoriais. Nesses casos, os opositores desses governos são alvos de perseguição e torturas e, na maioria das vezes, têm seus direitos básicos negados, tal como o direito a defesa e a ter um julgamento justo, fato denunciado pelo Correio do Carmo. 

Essa mesma edição também trouxe um texto interessante sobre hygiene, relatando sobre o banimento do aperto de mão entre as pessoas na Itália.
Sobre esse gesto o autor do artigo expôs o seguinte:

"Sem finalidade, contrario a hygiene, importuno e irritante, o aperto de mão precisa ser banido. 
A Itália deu um grande exemplo. Merece imitadores." 

Julgava que o cumprimento entre duas pessoas era algo que contrariava a higiene pessoal, devido a transpiração da palma das mãos. Essa opinião está em consonância com a divulgação das práticas sanitaristas, que ocorreu ao longo das décadas de 1920 e 1930, preocupadas com a higiene das pessoas e o combate às endemias rurais e urbanas. Muitos intelectuais da época, tomavam os costumes europeus como referências, ideais de civilização, que deveriam ser seguidos pelo Brasil, como deixa claro o final do artigo.

Além dos assuntos corriqueiros locais, temas da política brasileira e internacional, o Correio do Carmo mantinha uma coluna social, registrando os casamentos, batismos e outros eventos que ocorriam na cidade. 
Os anúncios publicados nas páginas amareladas, e já desgastadas pelo tempo, chamam a atenção de qualquer leitor e pesquisador. Há inúmeros espaços destinados à publicidade, oferecendo serviços advocatícios, dentários, transportes de caminhão, alimentos, remédios milagrosos para syphilis, leilões e partidas de football. Em suma, uma variedade de serviços e atrações sócio culturais.


O anúncio acima pode ser visto em uma das edições de 1937, informa sobre a inauguração de uma Padaria, na Rua Conego Gonçalves que disponibilizava diariamente pães de varios typos, roscas e biscoutos. Muitas delícias, não acha?

Como se pode notar, a grafia das palavras antigamente possui semelhanças e diferenças com o vocabulário atual. Muitas palavras, com significados idênticos, eram grafadas de forma diferente no passado, como biscoutos (biscoitos), typos (tipos), syphilis (sífilis) etc.

Um outro anúncio sobre o Commercio local lista os produtos básicos e seus preços, de acordo com a moeda da época - réis. Café, arroz, feijão, milho, ovos e galinhas deveriam ser essenciais para a alimentação das famílias carmenses. Não havia muita variedade de gêneros alimentícios, tal como há hoje, quando as pessoas quase se perdem entre as dezenas de prateleiras dos supermercados.  

O trivial - arroz, feijão, milho, ovos e carne, deveria ser complementado por verduras e legumes cultivados nos próprios quintais ou adquiridos nos estabelecimentos comerciais.

O salário mínimo na época, estabelecido pelo governo do presidente Getúlio Vargas em 1940, era cerca de 240 mil réis,  cuja finalidade era a de permitir aos trabalhadores suprir "suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte." (Art. 1º. DECRETO-LEI N. 2.162 – DE 1 DE MAIO DE 1940).

O salário mínimo da época deveria ser suficiente para garantir habitação, alimentação e outras necessidades das famílias.

Havia também espaço para diversão no Correio do Carmo, claro!



Na imagem acima, observe um anúncio esportivo, publicado em março de 1937, convida os leitores para assistirem a uma disputa de football, entre o Carmense A. Club x Sport Club Aurôra de Porto Novo.
Como será que as pessoas reagiram após o término do jogo? Acredito que não deveria ser tão diferente dos dias atuais, nos quais celebramos as vitórias e remoemos as derrotas do time de nossa preferência!

Esses são os resultados iniciais de nossa pesquisa sobre a História e Memória do Carmo, iniciada há pouco mais de dois meses. No centro cultural encontramos fontes históricas que podem nos ajudar a reviver memórias da cidade que estão impressas nas páginas dos jornais do século passado. O jornal é como se fosse um espelho de sua época, ele nos revela as influências que recebia, os modos de pensar, agir e nos ajudam a perceber como as pessoas viviam antigamente.
Esse é um exercício vital para o resgate histórico e cultural do município, além  de valorizar a identidade local.

Em breve, apresentaremos mais detalhes e mais produções sobre esse trabalho, que está apenas começando.