No dia 21 de
dezembro o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, entregou o estádio para a Copa 2014, o
Mineirão.
O Mineirão
passou por uma grande reforma de modernização, orçada em mais de R$ 600
milhões.
Tucanos e petistas durante a solenidade de inauguração. |
Esse polpudo
investimento é, justamente, o que o povo de Minas Gerais necessitava. Estamos
todos satisfeitos de ter em nosso estado uma obra que tem o mesmo nível de
qualidade das similares existentes na Europa e nos E.U.A.
O novo Mineirão. |
As pessoas que
participaram da solenidade exaltaram bastante esse fato, festejando que agora o Mineirão
atende às exigências da FIFA e que tem os mesmos padrões de conforto e segurança encontrados nos estádios internacionais.
Que orgulho!
Afinal o futebol muda nossas vidas, é um bem necessário e precisa receber todos
os estímulos governamentais para que se desenvolva plenamente.
Apesar de nossa
dura realidade, em Leopoldina, por exemplo, onde toda a população reclama da
precariedade do atendimento do hospital, onde faltam médicos, enfermeiros,
remédios e atendimento com qualidade, estamos orgulhosos por ver que nosso
dinheiro foi tão bem aplicado em um estádio de futebol tão moderno!
Apesar de termos
escolas sem acesso à internet para os alunos, onde faltam bolas, petecas,
estrutura adequada para a prática de esportes e que tem professores mal
remunerados estamos felizes de ver o quão belo ficou o Mineirão, que foi
ricamente preparado para receber nove grandes jogos internacionais na Copa das
Confederações, em 2013, e na Copa de 2014.
Mesmo vivendo
com a grande insegurança que paira em nossos corações devido ao aumento da
criminalidade e das drogas em nosso Estado, e no país como um todo,
continuaremos orgulhosos do nosso Mineirão! Ficaremos presos em nossas casas
desfrutando do novo estádio e dos grandes jogos, mesmo que seja pela televisão.
Enquanto os
investimentos públicos para a Copa não tem “freio”, o governo de Minas Gerais
anunciou, faz pouco tempo, que não cumprirá a determinação da Constituição
Federal de 1988 no tocante aos percentuais mínimos que precisa aplicar em
Educação e Saúde. No primeiro setor, o Estado precisa investir pelo menos 25%
de seu orçamento anual, no último são 12%. O que significa que teremos menos verbas para aquelas áreas. (Leia a notícia clicando aqui).
Cabe ressaltar
que por Governo do estado entendam-se os três poderes, Executivo, Legislativo e
o Judiciário. Todos são responsáveis pela governança e permitiram que o
governador não cumprisse os dispositivos constitucionais, e que reduzisse os
percentuais que irá destinar à Saúde e à Educação em, respectivamente 10,84% e 23,96%
em 2013. Há que se economizar bastante com essas áreas, pois organizar uma Copa
do Mundo demanda um colossal esforço financeiro!
Mas isso pouco importa... Quem liga para isso.
Estamos muito felizes com o estádio novo que recebemos do governador e com a
Copa que se aproxima. Educação, Saúde e Segurança não são fundamentais em
nossas vidas, o que é de fato importante para nós é o futebol e o espetáculo
que ele nos proporciona.
A política
praticada pelo governo é a do “pão e circo”, que surgiu na Roma Imperial, há
mais de 1500 anos. Essa estratégia é “velha”, mas bastante eficaz e com
roupagens contemporâneas funciona perfeitamente. Ela serve para enganar o povo
e manipular seu coração.
Em Roma havia o
suntuoso Coliseu e as lutas de gladiadores promovidas pelo império. Eram
verdadeiros espetáculos públicos, onde a massa popular recebia pão e vinho ao
mesmo tempo em que assistia à selvageria dos combates. Enquanto o povo se
divertia com as lutas, não havia tempo e nem vontade de olhar para os problemas
romanos, que eram bem parecidos com os nossos atuais – corrupção, desemprego
etc.
No Brasil os
governos nos oferecem espetáculos, como as olimpíadas e a copa do mundo, para
aliviar a tensão social e desviar o foco do povo dos problemas cotidianos, tais
como desemprego, violência, corrupção, exploração do trabalhador e falta de
saúde, educação e saneamento básico.
Assim voltamos
nossas atenções para os jogos, nos divertimos e sequer lembramos que o dinheiro
público, o nosso dinheiro, está indo pelo ralo.
Será que a
população aprovaria essas decisões? O que você,
cidadão, escolheria: investir o dinheiro público em um estádio de futebol ou
melhorar o hospital de sua cidade ou a escola que seus filhos frequentam?
Apesar de
todas as dificuldades cotidianas que somos obrigados a enfrentar, hoje podemos nos gabar de que temos um estádio de futebol no mesmo
nível dos similares europeus. Segundo os visitantes da cerimônia de entrega do novo
Mineirão, o estádio não perde para nenhum outro da Europa.