22.2.18

Escola ou Prisão?

"Isso se parece com uma prisão" é o que afirmam os estudantes do Ensino Médio, os quais se deparam com cadeados e correntes, que os separam dos banheiros, da cantina ou do pátio.

Para ter acesso a esses locais e à água geladinha e abundante do bebedouro é preciso aguardar um funcionário destrancar o portão para que os alunos tenham o passe livre (sob o devido controle do abrir e fechar dos cadeados).

Tenho a impressão de que trancar estudantes, acostumados à navegar livremente pela web, não contribui em nada para a melhoria de sua relação com a escola. É por essa e outras razões que alguns adolescentes e jovens veem os professores como "inimigos" e a escola como um cárcere. 

Como resultado da aversão à escola e às suas exigências, como tarefas, notas, acordar cedo, cumprir regras e ter que aguardar o cadeado para ir e vir, há indisciplina, desinteresse e baixo rendimento na aprendizagem. Os mencionados fatores podem não ser determinantes, mas influenciam no pensar e no agir dos alunos, caso contrário não escutaríamos diariamente a frase que iniciou esta reflexão.

Dito isto, propomos coragem e ousadia para enfrentar o problema. Por que não mudar a abordagem e deixar a escola aberta para os estudantes, limitando os cadeados somente para estranhos? Os alunos deveriam poder transitar livremente, não deveriam vir para a escola "arrastados" por força da lei e pelos diversos desígnios de seus responsáveis legais. 
No começo, essa mudança até poderia ser caótica, inicialmente só ficariam na escola os alunos que gostam e/ou entendem a importância dos estudos para o seu futuro. Outros debandariam, seria um problema, mas dentro de pouco tempo sentiriam necessidade de vivenciar a rotina escolar e procurariam o educandário por conta própria, pois logo perceberiam que ficariam para trás dos demais colegas por terem abandonado a escola. 

Evidentemente, que essa medida deveria ser apresentada e referendada por toda a comunidade escolar, principalmente pais e/ou responsáveis e os alunos, num pacto coletivo. Deverá ser discutida e aprimorada com sugestões de todos. Talvez não resolva o problema de nosso claudicante sistema educacional, mas deixar como está também não o ajuda em nada. Então por que não tentar algo diferente?

E para o "gestores de plantão" que sugerirem como alternativa as "aulas atrativas" para prender a atenção dos estudantes e fazê-los gostar da escola, lembrem-se de que professores de Educação Básica trabalham em 3 turnos, em 2 redes diferentes, em cidades diferentes, planejam aulas para 8 ou mais turmas, todas com mais de 35 alunos. Logo, fica evidente que tal indicação é apenas retórica vazia e demagógica de quem não compreende o drama e a realidade do educador, o qual se encontra desgastado física e mentalmente, atormentado pela síndrome de burnout, vítima de agressões verbais e físicas e do assédio moral constante. Não mencionaremos a questão salarial, afinal, professor da rede pública no Brasil é associado ao pauperismo, está incutido na alma de muitos e o quadro não mudará, antes de uma revolução na mentalidade de todos envolvidos com educação. Mas fica o registro de que a necessidade do docente se desdobrar em 3 turnos inviabiliza qualquer planejamento adequado para aulas atrativas com recursos pirotécnicos escassos.  Se tais atividades ocorrem raramente a culpa é da sobrecarga de trabalho, a qual é perversa e degradante e não do professor e da professora que precisa se matar de trabalhar.

Há que se buscar novas formas de educar, mesmo num sistema falido como o atual  modelo educacional é possível formar alunos para a vida numa sociedade plural e democrática. O que não pode acontecer é falar em liberdade numa escola que vive acorrentada em práticas arcaicas.

Texto de Helio Brummas

19.2.18

Notas do Diário de Ywesky Borislav: Sobre a guerra de egos no funcionalismo publico

Certa vez fui a uma repartição publica aqui do interior para comercializar produtos da roça, eu levava linguiça, queijo, mel, manteiga, doces e ovos. Na ocasião presenciei um bate boca num dos corredores do predio, entre duas funcionarias. Uma era servidora de carreira e a outra também, mas ocupava um posto de chefia pelo que percebi.

A chefe se dirigia grosseiramente à sua subalterna, alegando que se não fosse pela proteção do Estado ela já estaria na rua, pois é péssima servidora, sempre chega atrasada, não faz nada direito, não é produtiva, enfim, era um peso morto para o funcionalismo. O Estado lhe pagava para ficar em sua saleta jogando conversa fora com outra servidora ao longo de sua jornada diária. A chefe ainda deu uma lição, enquanto a sua subordinada ouvia tudo espantosamente calma e em silêncio. Disse que jamais falta ao serviço, que é uma referência, serve como um espelho para os demais servidores seguirem e que, portanto, estava mais do que certa em exigir dos seus comandados que agissem com ela.

Nesse momento a servidora de carreira pediu a palavra e disse que iria agir com a diretora, sua chefe. Falou que chegaria atrasada quando quisesse, tiraria dia de folga por conta própria sem trazer atestado, viajaria para acompanhar o cônjuge sem apresentar atestado, se tornaria negligente com os seus afazeres, assim como ela se escondia atrás das pilhas de papel quando surgiam problemas reais, os quais demandavam ações de uma administradora de verdade. 
A chefe arregalou os olhos, ficou pálida e estarrecida com o que ouvira, balbuciou alguma coisa, mas sua língua travara, ela foi incapaz de qualquer tréplica.

Antes da administradora se reconstituir do golpe, a servidora emendou que ela não tinha moral para exigir nada, seu exemplo servia apenas para mostrar o que não deveria ser feito por um funcionario publico. Era uma pessoa que perseguia alguns e afagava outros, fechava os olhos para os seus erros e dos seus acólitos. Só estava naquele posto, pois vendera a alma para a burocracia estatal e não suportava mais estar no front, fazendo o que os demais servidores fazem - atender ao publico.

Saí logo do local, não vendi nada, fiquei chocado com o que vi e me perguntei quantos protocolos ficaram parados enquanto aquelas duas travavam sua guerra particular. Não sei bem quem estava certa ou errada, mas acho que a forma de lidar com os eventuais problemas seria conversando civilizadamente, sem troca de farpas e sem falso moralismo, pois a região já anda cheia de caquexia e está abarrotada de charlatanismo de todas formas possíveis - político, civil e religioso.

A maquina publica, infelizmente, tem funcionarios horriveis, os quaes tiram proveito da estabilidade e do apadrinhamento politico para se acocorarem no serviço, sem dar resultado algum, são contraproducentes. Urge uma reforma administrativa,  que extirpe o joio e valorize o trigo.
  
Enfim, deixei o lugar e fui ganhar o pão de cada dia, pois ao contrário daquela gente, eu era caixeiro-viajante e não poderia me esconder do mundo atrás de pilhas de papel, tampouco me beneficiava da benevolência eleitoreira ou estatal.

Y. B. (1951).

16.2.18

Conheça o Projeto Karatê na escola (2018)

Projeto Karatê na escola é desenvolvido na E. E. Luiz Salgado Lima desde 2017 e será implementado ao longo do ano letivo de 2018. O objetivo geral é ensinar artes marciais, reforçar valores, incentivar a disciplina, melhorar a autoestima dos alunos e contribuir para seu rendimento escolar e qualidade de vida.



12.2.18

100 anos de Urupês e Problema Vital

Neste ano, obras clássicas da Literatura Geral de Monteiro Lobato (1882-1948) completam 100 anos!

Urupês e Problema Vital foram publicados em 1918.

Abaixo as capas das primeiras edições dos dois livros:


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Antes de Urupês, o movimento literário brasileiro vivia numa completa pasmaceira. “Não se escrevia nem se publicava nada. O jeito era reler o velho Machado de Assis ou Aluízio de Azevedo, Coelho Neto, João do Rio, Dona Júlia Lopes de Almeida, Franklin Távora, Euclides da Cunha, Taunay ou alguns autores de livros e não de obras...” (CAVALHEIRO, 1955, p. 201). Gilberto Freyre afirmara: “Quem diz Urupês diz uma revolução nas letras brasileiras”[1].


[1] FREYRE, GILBERTO apud NUNES, CASSIANO, 2000, p. 13.




Problema Vital “é um violento libelo”, no qual o autor, “em adendo aos pesquisadores de “Manguinhos”, denuncia o descaso oficial em relação às condições de saúde dos “Jecas”[1]. Para Lobato, “Até Osvaldo o medico no Brasil era o Chernoviz[2]: xaropes, iodureto e a continha. Curava – quando não matava. Prevenir, nunca. O higienismo dormia o sono das crisalidas, apesar do movimento cientifico universal determinado pelas teorias pasteurianas”[3]. O atraso do Brasil em relação aos países Ocidentais centrais no que tange à adoção da higiene na prevenção de doenças dava-se por conta da inércia de nossos dirigentes e da alienação das elites.


[1] ALVES FILHO, Aluizo. 2003, p. 67.
[2] Referência à obra do polonês Pedro Luiz Napoleão Chernoviz (1812-1882), o qual viveu parte de sua vida no Brasil, onde escreveu o Dicionário de Medicina Popular (1842), obra que por muito tempo foi referência da medicina no Império. O dicionário descreve medicamentos de origem europeia e também vários outros baseados no uso e nas tradições indígenas. Conta com numerosos verbetes definindo as principais doenças disseminadas pelo Brasil e os meios terapêuticos indicados na sua cura. (https://www.bbm.usp.br/node/77 acesso em 05 fev, 2018). 
[3] LOBATO, Monteiro. 1951. p. 226.




6.2.18

Chamada para o Programa Agricultura Familiar e fornecimento de alimentos para Escolas do Rio de Janeiro

Atenção produtores rurais, as Unidades escolares Estaduais do Rio de Janeiro informam a abertura de Chamada Pública para o fornecimento de gêneros alimentícios. 

Confira mais informações no cartaz abaixo (clique na imagem para ampliar):



Sobre o Programa "Agricultura Familiar":

Conforme a Lei nº 11.326/2006, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família. 
Também são considerados agricultores familiares: silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. 

Cerol, não!

"Cerol, não!" é uma campanha que faz parte do nosso projeto Acrópole, desde 2012. Anualmente trabalhamos o assunto e conversamos com nossos alunos, falamos do risco do cerol e de suas consequências.

A Escola precisa abraçar a ideia, chamar os pais para o diálogo, mostrar imagens fortes, recortes de notícias publicadas nos jornais da Internet, chocá-los e trazê-los para a realidade. Os pais precisam saber que os filhos tem usado indiscriminadamente o cerol, linha chilena e similares. Soltar pipa é saudável, mas usar cerol é crime e um risco para a vida.

Veja o que ocorreu com uma criança de 6 anos de idade, em São Paulo:
Para ler a notícia clique aqui.

Com a vida não se brinca pessoal, temos que fazer alguma coisa para evitar que nossas crianças corram um risco desnecessário e evitável. Vamos prevenir. Cerol, não!

Veja o que o já foi postado no Acrópole sobre a nossa campanha permanente do Cerol, não!








2.2.18

A sanha do bacharelismo no Brasil

A prática do bacharelismo remonta ao período colonial no Brasil, quando a cultura ibérica impôs ao território colonial uma administração baseada em um vasto corpo burocrático, orquestrado pelas elites diplomadas, que se alimentava do Estado. Verdadeiros parasitas.

O Historiador francês René  Rémond afirma que o bacharelado "é uma instituição essencial da sociedade liberal", por meio dele o indivíduo obtinha diploma, dinheiro e prestígio. Entretanto, tal cultura tinha lá seus inconvenientes, pois a sociedade liberal "abre possibilidades de promoção, mas apenas a um pequeno grupo, e aos que não ostentam os sacramentos universitários são reservadas as funções subalternas da sociedade".  (Rémond, 1976, p. 47) 

Pois o bacharelismo permanece intocável em nossa sociedade até os dias de hoje. Os maiores exemplos recentes do parasitismo de um pequeno grupo, o qual tira proveito de suas funções para servir-se do Estado, são de dois juízes federais quixotescos: Bretas e Moro. Os mesmos que vivem posando de heróis, como figuras com grau de idoneidade no nível máximo!
Mas a imprensa tem denunciado que ambos possuem residência na cidade onde trabalham e acumulam um farto benefício - auxílio-moradia, dentre outros adicionais pecuniários. Isso é apenas a ponta do iceberg, imagine quantos casos semelhantes a esses não há pelo país afora?  

O escandaloso auxílio é legal, está na lei e no plano de cargos dos juízes, os quais já recebem altíssimos salários e não precisam de tais penduricalhos em seus contracheques. Mas tal regalia é imoral, sem dúvida alguma e questionável, ainda mais se levarmos em consideração a situação miserável e de dificuldades vividas por boa parte da população brasileira.

Bretas e Moro são liberais, defendem, implicitamente, o Estado mínimo e sua menor intervenção na sociedade e na economia, entretanto, não abrem mão, de jeito algum, e lutam pela ampliação das vantagens estatais no sentido de assegurar maior remuneração. Não causa incômodo nesses juízes o fato de o Estado conceder à sua categoria tudo o que lhe é exigido, nesse ponto não são liberais, ao contrário, se tornam corporativistas. É evidente a contradição entre o acreditar e o agir dos magistrados.

Se esses juízes liberais defendem a desestatização econômica, por que não lutam também por uma ampla reforma administrativa que contribua para acabar com o inchaço provocado no Estado pelos super-salários e super-aposentadorias percebidas por um pequeno grupo de privilegiados? Servidores militares, do judiciário, executivo e legislativo no alto-escalão são um problema, ele são os causadores do desequilíbrio nas contas públicas e não os programas sociais promovidos pela ação estatal.     

O grande escritor e intelectual Brasileiro, Monteiro Lobato (1882-1948) afirmou em 1918 que o "bacharel do Brasil faliu". 

Faliu porque tal grupo estava:


"Dominando sem peias na política e na administração, não conseguiu organizar sequer a justiça. Vive a lamuriar de juizes, tribunais e leis, da justiça em suma, uma coisa criada por ele, para uso, goso e proveito dele - e no entanto positivamente falida." (LOBATO, Monteiro, 1951, p. 243).

Infelizmente o modelo falido ainda persiste, é um mal congênito da nação. Como se vê, o bacharelismo age de forma corporativista, os "doutores" se defendem mutuamente, não irão "largar o osso" e continuarão recebendo salários acima do teto constitucional e ninguém poderá fazer nada para impedi-los, pois são intocáveis. O que fazer? É melhor suscitar um debate que do que tentar encontrar uma resposta pra um problema histórico do Brasil. Mas um caminho é certo, quando uma erva-daninha tenta espremer uma árvore e assim evitar que ela cresça, floresça e gere frutos o que se faz? Arranca-se a erva-daninha e joga-se ela no fogo, extirpando o mal de vez.

1.2.18

Ministério da Educação destacou o Acrópole App

Minha esposa encontrou por um acaso uma postagem feita pelo Ministério da Educação (MEC), em sua página no facebook, que destacou o Acrópole APP, nosso aplicativo, utilizado em sala de aula para incentivar a leitura, o debate e a produção escrita e crítica entre os alunos.




A postagem teve direito à uma bela arte. Confiram: 


Mais detalhes sobre o nosso projeto também foram publicados no Jornal do MEC, no link abaixo:


História do Brasil para quem tem pressa

Comecei a ler a obra História do Brasil para quem tem pressa, de cunho didático, escrita pelo historiador Marcos Costa.

O texto, apesar de tropeçar na repetição de algumas palavras, é bem escrito, tem linguagem simples e objetiva de fácil apreensão pelo público em geral. Projeto editorial interessante e importante que auxilia na popularização e a na apropriação da História por nossa própria gente. Numa época em que informação é poder, é fundamental conhecer os processos históricos que concorreram para a formação política, econômica e social do que hoje chamamos Brasil.

O livro, sem dúvida, vai estar presente no planejamento das aulas, contribuindo para atividades complementares de leitura, interpretação e debate em classe sobre História do Brasil.

Abaixo, destacamos um trecho que descreve uma estratégia utilizada pelos portugueses no século XVI, de enviar para a colônia degregados para viverem entre os índios com a finalidade de obter informações sobre seus costumes, idioma e, claro, metais preciosos! Uma vez obtidas tais informações elas eram remetidas à Europa, por meio dos viajantes, os quais ficavam encantados com os relatos sobre montanhas de prata e pedras preciosas mas, ao mesmo tempo, sentiam medo da tribos selvagens e canibais que habitavam o "Novo Mundo".

Boa leitura.


Calendário 2018 - SEEDUC-RJ