"Isso se parece com uma prisão" é o que afirmam os estudantes do Ensino Médio, os quais se deparam com cadeados e correntes, que os separam dos banheiros, da cantina ou do pátio.
Para ter acesso a esses locais e à água geladinha e abundante do bebedouro é preciso aguardar um funcionário destrancar o portão para que os alunos tenham o passe livre (sob o devido controle do abrir e fechar dos cadeados).
Tenho a impressão de que trancar estudantes, acostumados à navegar livremente pela web, não contribui em nada para a melhoria de sua relação com a escola. É por essa e outras razões que alguns adolescentes e jovens veem os professores como "inimigos" e a escola como um cárcere.
Como resultado da aversão à escola e às suas exigências, como tarefas, notas, acordar cedo, cumprir regras e ter que aguardar o cadeado para ir e vir, há indisciplina, desinteresse e baixo rendimento na aprendizagem. Os mencionados fatores podem não ser determinantes, mas influenciam no pensar e no agir dos alunos, caso contrário não escutaríamos diariamente a frase que iniciou esta reflexão.
Dito isto, propomos coragem e ousadia para enfrentar o problema. Por que não mudar a abordagem e deixar a escola aberta para os estudantes, limitando os cadeados somente para estranhos? Os alunos deveriam poder transitar livremente, não deveriam vir para a escola "arrastados" por força da lei e pelos diversos desígnios de seus responsáveis legais.
No começo, essa mudança até poderia ser caótica, inicialmente só ficariam na escola os alunos que gostam e/ou entendem a importância dos estudos para o seu futuro. Outros debandariam, seria um problema, mas dentro de pouco tempo sentiriam necessidade de vivenciar a rotina escolar e procurariam o educandário por conta própria, pois logo perceberiam que ficariam para trás dos demais colegas por terem abandonado a escola.
Evidentemente, que essa medida deveria ser apresentada e referendada por toda a comunidade escolar, principalmente pais e/ou responsáveis e os alunos, num pacto coletivo. Deverá ser discutida e aprimorada com sugestões de todos. Talvez não resolva o problema de nosso claudicante sistema educacional, mas deixar como está também não o ajuda em nada. Então por que não tentar algo diferente?
E para o "gestores de plantão" que sugerirem como alternativa as "aulas atrativas" para prender a atenção dos estudantes e fazê-los gostar da escola, lembrem-se de que professores de Educação Básica trabalham em 3 turnos, em 2 redes diferentes, em cidades diferentes, planejam aulas para 8 ou mais turmas, todas com mais de 35 alunos. Logo, fica evidente que tal indicação é apenas retórica vazia e demagógica de quem não compreende o drama e a realidade do educador, o qual se encontra desgastado física e mentalmente, atormentado pela síndrome de burnout, vítima de agressões verbais e físicas e do assédio moral constante. Não mencionaremos a questão salarial, afinal, professor da rede pública no Brasil é associado ao pauperismo, está incutido na alma de muitos e o quadro não mudará, antes de uma revolução na mentalidade de todos envolvidos com educação. Mas fica o registro de que a necessidade do docente se desdobrar em 3 turnos inviabiliza qualquer planejamento adequado para aulas atrativas com recursos pirotécnicos escassos. Se tais atividades ocorrem raramente a culpa é da sobrecarga de trabalho, a qual é perversa e degradante e não do professor e da professora que precisa se matar de trabalhar.
Há que se buscar novas formas de educar, mesmo num sistema falido como o atual modelo educacional é possível formar alunos para a vida numa sociedade plural e democrática. O que não pode acontecer é falar em liberdade numa escola que vive acorrentada em práticas arcaicas.
Texto de Helio Brummas
No começo, essa mudança até poderia ser caótica, inicialmente só ficariam na escola os alunos que gostam e/ou entendem a importância dos estudos para o seu futuro. Outros debandariam, seria um problema, mas dentro de pouco tempo sentiriam necessidade de vivenciar a rotina escolar e procurariam o educandário por conta própria, pois logo perceberiam que ficariam para trás dos demais colegas por terem abandonado a escola.
Evidentemente, que essa medida deveria ser apresentada e referendada por toda a comunidade escolar, principalmente pais e/ou responsáveis e os alunos, num pacto coletivo. Deverá ser discutida e aprimorada com sugestões de todos. Talvez não resolva o problema de nosso claudicante sistema educacional, mas deixar como está também não o ajuda em nada. Então por que não tentar algo diferente?
E para o "gestores de plantão" que sugerirem como alternativa as "aulas atrativas" para prender a atenção dos estudantes e fazê-los gostar da escola, lembrem-se de que professores de Educação Básica trabalham em 3 turnos, em 2 redes diferentes, em cidades diferentes, planejam aulas para 8 ou mais turmas, todas com mais de 35 alunos. Logo, fica evidente que tal indicação é apenas retórica vazia e demagógica de quem não compreende o drama e a realidade do educador, o qual se encontra desgastado física e mentalmente, atormentado pela síndrome de burnout, vítima de agressões verbais e físicas e do assédio moral constante. Não mencionaremos a questão salarial, afinal, professor da rede pública no Brasil é associado ao pauperismo, está incutido na alma de muitos e o quadro não mudará, antes de uma revolução na mentalidade de todos envolvidos com educação. Mas fica o registro de que a necessidade do docente se desdobrar em 3 turnos inviabiliza qualquer planejamento adequado para aulas atrativas com recursos pirotécnicos escassos. Se tais atividades ocorrem raramente a culpa é da sobrecarga de trabalho, a qual é perversa e degradante e não do professor e da professora que precisa se matar de trabalhar.
Há que se buscar novas formas de educar, mesmo num sistema falido como o atual modelo educacional é possível formar alunos para a vida numa sociedade plural e democrática. O que não pode acontecer é falar em liberdade numa escola que vive acorrentada em práticas arcaicas.
Texto de Helio Brummas