21.11.14

[RESENHA] Estou lendo...


Roma S.A. - Ascensão e queda da primeira corporação multinacional (Rio de Janeiro, Rocco. 2008) é um livro escrito pelo norte-americano Stanley Bing, um homem de negócios e consultor em multinacionais.

Nesta obra, ele compara a prática das grandes empresas contemporâneas aos feitos do Mundo romano Antigo, desde a fundação da cidade, em 753 a. C., passando pela República (509 a. C. a 27 a. C.) indo até o Império e sua derrocada no ano 476.

O autor identifica semelhanças entre erros e acertos cometidos por Roma Antiga e as potências empresarias da atualidade, como a Microsoft e a Apple. Cita as habilidades de liderança e executivas quer eram necessárias para os Imperadores romanos e para os CEOs das grandes companhias contemporâneas, como Bill Gates ou Steve Jobs.
César (100 a 44 a. C.); Steve Jobs (1955 a 2011) e Bill Gates (1955). O que eles possuem em comum? Foram, o último ainda é, líderes de corporações multinacionais!
Além de analisar os líderes - idealizadores e projetistas de coisas grandiosas -, Bing apresenta o nível classificado como gerência média. Esse cargo é ocupado por aqueles que são os responsáveis pela execução dos projetos elaborados pelos CEOs, Reis ou Imperadores. A gerência média é que concretiza os ideais, são os engenheiros, os oficiais do exército, os comerciantes, os construtores de pontes e estradas, enfim são essas pessoas que realizam os planos traçados pelos seus chefes.

O texto tem uma excelente tradução, a narrativa é prazerosa, embora a análise social e histórica seja superficial. O autor, como o bom americano que é, ignora a luta de classes, se esquece de mencionar quantos milhões - de plebeus, escravos e bárbaros - estavam vivendo à margem ou sendo explorados pelo mundo romano que ele exalta ao longo do livro.

Um dos temas mais apreciados na obra são as constantes conspirações envolvendo a cúpula do governo romano - o senado, os cônsules, os generais mais famosos e os imperadores. Nesse imbróglio, alguém sempre acaba sendo esfaqueado ou traído, para que outrem possa obter mais poder e glórias para Roma.

Stanley Bing acerta em cheio, na conclusão, quando diz que apesar da destruição da "multinacional" Roma pelos povos germânicos, no século V, a empresa não acabou ali. Ela soube se reinventar e deu continuidade ao seu legado, fundindo-se à uma força emergente - o cristianismo.

"Quando aquele conceito de corporação ficou velho [imperialismo romano], impraticável e perigoso demais para ser divertido, ela se transformou pela última vez no enorme edifício financeiro e religioso que hoje cuida de 1,1 bilhão de almas..." (p. 167). Grifos nossos.

Então, Roma vive algumas de suas práticas e costumes - como a ideia de expandir suas fronteiras além de seus limites territoriais - subsiste até os dias de hoje na Igreja Católica Romana.

Enfim, leitura recomendada, pois o texto é bom e inspirador, principalmente para aqueles que gostam de conhecer um pouco mais sobre a vida na Antiguidade e se interessam pela administração de reinos, impérios e empresas.

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