Observe o mapa a seguir, ele nos mostra a existência de inúmeros governos ditatoriais em diversos países da América Latina.
Devemos nos perguntar porque a América Latina passou por tantas experiências políticas autoritárias, instabilidade política e exploração econômica se quisermos compreender o processo histórico de formação destes países latino-americanos.
Sabemos que esses países foram, no passado, colônias das metrópoles europeias, as quais buscavam explorar suas riquezas minerais e naturais, além das atividades agrícolas.
No século XIX, diversas dessas colônias tornaram-se nações independentes. Neste contexto, os EUA, na América do Norte, o primeiro país da América a se tornar livre do domínio colonial, esboçava sua política externa imperialista. Foi aí que surgiu a Doutrina Monroe, cujo lema dizia "América para os americanos".
No século XX, houve em alguns países da América Latina movimentos políticos de contestação à ordem vigente e diversos conflitos políticos e sociais. Com a Guerra Fria e a bipolarização do Mundo, a tensão no continente aumentou com a vitoriosa Revolução Cubana, em 1959, e a implantação do regime socialista na ilha.
O êxito do socialismo em Cuba ameaçava o domínio do capitalismo dos EUA, servindo de alerta e fazendo com que os norte-americanos aumentassem a vigilância sobre o continente latino-americano.
Para impedir o avanço do socialismo, Washington propôs a Aliança para o Progresso, um programa que visava ajudar a melhorar os índices socioeconômicos da América Latina. Mas isso não foi suficiente e diversos grupos de esquerda alinhados ao comunismo surgiram no continente. Para fazer frente a esses grupos, setores sociais conservadores dos países latino-americanos se organizaram, muitas vezes apoiados pelos Estados Unidos da América, para combater os grupos comunistas.
Assim, que nos anos 1960 e 1970 a alternativa por ditaduras militares tornou-se uma realidade na América Latina.
Os militares assumiam o poder após um golpe de estado, apoiados por grupos civis conservadores, como membros das oligarquias locais, empresários, setores da classe média e da Igreja, os quais acreditavam que somente sob a direção de governos fortes o perigo do comunismo seria contido. Os EUA, por sua vez, apoiavam a luta contra os comunistas e grupos de esquerda radicais que desejavam reformas sociais, políticas e econômicas profundas em seus países. Após a instalação dos regimes militares, diversos segmentos sociais e políticos foram perseguidos, como estudantes, sindicalistas, artistas, intelectuais, jornalistas e políticos de esquerda. Os países trocavam informações entre si e cuidavam para que exilados políticos fossem capturados (ver o boxe da Operação Condor).
A violência era empregada sistematicamente como forma de imposição do regime militar, os direitos humanos não eram respeitados. Eleições eram canceladas, mandatos eram cassados, ficava estabelecida a censura aos meios de comunicação, greves eram proibidas, assim como manifestações de rua, havia prisões e julgamentos arbitrários, às vezes sem o devido processo legal, tortura e execuções de opositores.
Durante os governos ditatoriais, verificou-se que houve crescimento econômico dos países da América Latina, favorecido pelo capital internacional, principalmente o norte-americano. Entretanto, tal crescimento não foi acompanhado pela melhora nos indicadores sociais de desenvolvimento humano dos países, onde a desigualdade social continuou acentuada.
Nos anos finais da década de 1970, com o aumento da oposição e das denúncias dos abusos, tortura e assassinatos, os regimes ditatoriais ficaram fragilizados. No âmbito internacional, o cenário era favorável à redemocratização dos países latino-americanos.
Quando houve a abertura política, alguns dos agentes das ditaduras no Chile e na Argentina, por exemplo, foram punidos e responsabilizados pelos crimes praticados contra a sociedade civil. No Brasil, a Lei da Anistia aprovada pelo governo ditatorial perdoou as atrocidades cometidas por seus agentes. A punição para os crimes da ditadura contra a humanidade ainda é objeto de debate entre alguns segmentos da sociedade, pois a Anistia impediu que a justiça fosse feita.
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