20.3.16

O exemplo não tem que vir de cima

Tornou-se bastante comum escutarmos a expressão "o exemplo tem que vir de cima". Seja na mídia ou em rodas de bate papo entre amigos, quando o assunto é política essa máxima aparece no decorrer da conversa.

Eu não a considero totalmente verdadeira, aliás acho a ideia questionável e o pensamento oposto mais correto, ou seja, "o exemplo deve (ou deveria) vir de baixo".

A ideia contida na primeira frase serve apenas como desculpa para que a sociedade e seus agentes pratiquem atos menores de corrupção e desvios morais, alegando que o fazem, pois seguem o mau exemplo de seus líderes políticos. Pequenos delitos podem ser tão nocivos quanto as grandes mazelas da corrupção política (propina, desvios de verbas públicas etc), inclusive, eles podem servir de combustível para alimentar as chamas de atos ímprobos e transformá-los num incêndio, que se alastra e atinge uma enorme área.



Ora, defender a primeira expressão é o mesmo que defender a continuidade do erro e uma demonstração de conformismo e, em certos casos, de cumplicidade com os infratores da lei e dos ditames éticos e morais intrínsecos à vida num ambiente coletivo.

Portanto, não achamos correto justificar pequenas transgressões que cometemos no cotidiano, como cortar a fila do banco, tentar sonegar impostos, "roubar" o wi-fi do vizinho, colar na prova de história ou imprimir documentos pessoais no impressora do escritório onde trabalho, com a alegação de que os políticos roubam, então por que devemos ser honestos?




Em certos casos, infelizmente, a corrupção está tão arraigada na cultura popular que práticas anti-éticas são naturalizadas e passam a fazer parte do dia a dia das pessoas. 
Logo, se aceitamos que uma sociedade é corrupta, por que suas lideranças, as quais são escolhidas pela própria sociedade, deveriam ter um comportamento diferente daqueles que elas representam?

Claro que seria ótimo se tivéssemos dirigentes íntegros, honestos e comprometidos com o bem estar do povo e com o bom uso dos recursos públicos, mas não podemos ficar esperando que esse tipo ideal e desejado de agente público caia do céu. Ele precisa ser construído, lapidado e, evidentemente, essa construção passa por uma grande mudança na cultura do povo.

Se quisermos ter  melhores representantes políticos no poder, precisamos começar a repensar nossas atitudes e nossas formas de pensar e de agir. Devemos lembrar que temos escolha e que somos responsáveis por nossas atitudes, por isso não precisamos agir errado, só porque os políticos, ou maioria deles, agem errado. 
Enquanto admitirmos que vale a lei do "mais esperto" e que o correto é levar vantagem a todo custo, não teremos condições de eleger melhores representantes, que possam servir de exemplo positivo para o povo, tampouco conseguiremos alterar o nefasto quadro político nacional. 



Então vamos a nossa nova enquete. Na sua opinião, o exemplo deve vir de cima, isto é, partir dos políticos, ou tem que  vir de baixo, nascendo do próprio povo?

Vote agora na enquete ao lado!

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