30.3.16

A história do Brasil foi/é escrita com sangue

“Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer no presente e no futuro, os mesmos erros do passado” (Emília Viotti da Costa, historiadora).

Greve geral em São Paulo (1917).
Policiais reprimindo estudantes (1968).

Movimento pela Diretas Já (1984), Rio de Janeiro.


Movimento Sem Terra (1997).



Índios protestam contra a PEC 215 (2015).



Polícia confronta professores (2015), Paraná.




Professores e estudantes fazem protesto (2016), Rio de Janeiro.



Greve histórica da Educação no Carmo-RJ (2016).


"Desconhecer a própria História implica na negação da identidade coletiva e na consequente pavimentação de um futuro incerto e nebuloso".

29.3.16

Robinson Crusoé (1997)




O filme se passa no século XVII e conta a história do britânico Robinson Crusoé, que sofreu um naufrágio.

Crusoé vai parar numa ilha deserta, sem saber de sua exata localização, e terá que aprender a conviver com desafios, privações e aventuras para sobreviver.


Solitário, Crusoé é surpreendido quando encontra um grupo de "selvagens" realizando sacrifícios humanos numa caverna de sua ilha. Ele salva um deles e daí nasce uma controvertida amizade.


A partir dessa relação Crusoé estranha bastante os costumes de seu novo companheiro, como suas crenças religiosas e o hábito de comer carne humana (ritual antropofágico).

Por conta desse estranhamento, que se origina o etnocentrismo, Crusoé batiza seu amigo de "Sexta-feira" e até o prende com grilhões, tal como os europeus faziam com os seus escravos.


Sexta-feira e Crusoé.
Enfim, o filme é uma excelente e divertida oportunidade para o professor refletir com os alunos sobre as práticas etnocêntricas, isto é o estabelecimento de hierarquias e valores entre culturas diferentes, as quais foram muito comuns no colonialismo europeu entre os séculos XV a XVII.


Confira o trailer:


Curiosidades



  • Robinson Crusoé é o principal personagem do livro homônimo, escrito pelo romancista e jornalista inglês Daniel Defoe, nascido em 1660 em Londres, na Inglaterra, e morto nessa mesma cidade no dia 24 de abril de 1731.
  • A obra de Defoe ganhou uma versão brasileira, traduzida e adaptada pelo escritor Monteiro Lobato (imperdível)!













Leia mais clicando aqui e aqui.

20.3.16

O exemplo não tem que vir de cima

Tornou-se bastante comum escutarmos a expressão "o exemplo tem que vir de cima". Seja na mídia ou em rodas de bate papo entre amigos, quando o assunto é política essa máxima aparece no decorrer da conversa.

Eu não a considero totalmente verdadeira, aliás acho a ideia questionável e o pensamento oposto mais correto, ou seja, "o exemplo deve (ou deveria) vir de baixo".

A ideia contida na primeira frase serve apenas como desculpa para que a sociedade e seus agentes pratiquem atos menores de corrupção e desvios morais, alegando que o fazem, pois seguem o mau exemplo de seus líderes políticos. Pequenos delitos podem ser tão nocivos quanto as grandes mazelas da corrupção política (propina, desvios de verbas públicas etc), inclusive, eles podem servir de combustível para alimentar as chamas de atos ímprobos e transformá-los num incêndio, que se alastra e atinge uma enorme área.



Ora, defender a primeira expressão é o mesmo que defender a continuidade do erro e uma demonstração de conformismo e, em certos casos, de cumplicidade com os infratores da lei e dos ditames éticos e morais intrínsecos à vida num ambiente coletivo.

Portanto, não achamos correto justificar pequenas transgressões que cometemos no cotidiano, como cortar a fila do banco, tentar sonegar impostos, "roubar" o wi-fi do vizinho, colar na prova de história ou imprimir documentos pessoais no impressora do escritório onde trabalho, com a alegação de que os políticos roubam, então por que devemos ser honestos?




Em certos casos, infelizmente, a corrupção está tão arraigada na cultura popular que práticas anti-éticas são naturalizadas e passam a fazer parte do dia a dia das pessoas. 
Logo, se aceitamos que uma sociedade é corrupta, por que suas lideranças, as quais são escolhidas pela própria sociedade, deveriam ter um comportamento diferente daqueles que elas representam?

Claro que seria ótimo se tivéssemos dirigentes íntegros, honestos e comprometidos com o bem estar do povo e com o bom uso dos recursos públicos, mas não podemos ficar esperando que esse tipo ideal e desejado de agente público caia do céu. Ele precisa ser construído, lapidado e, evidentemente, essa construção passa por uma grande mudança na cultura do povo.

Se quisermos ter  melhores representantes políticos no poder, precisamos começar a repensar nossas atitudes e nossas formas de pensar e de agir. Devemos lembrar que temos escolha e que somos responsáveis por nossas atitudes, por isso não precisamos agir errado, só porque os políticos, ou maioria deles, agem errado. 
Enquanto admitirmos que vale a lei do "mais esperto" e que o correto é levar vantagem a todo custo, não teremos condições de eleger melhores representantes, que possam servir de exemplo positivo para o povo, tampouco conseguiremos alterar o nefasto quadro político nacional. 



Então vamos a nossa nova enquete. Na sua opinião, o exemplo deve vir de cima, isto é, partir dos políticos, ou tem que  vir de baixo, nascendo do próprio povo?

Vote agora na enquete ao lado!

18.3.16

O fim de um governo marca o início de um novo tempo?

Recessão econômica e uma crise ética, política e institucional sem precedentes têm marcado o cenário brasileiro nos dois últimos anos.

O governo federal eleito, democraticamente, não consegue governar, em parte por uma inabilidade política da chefe do governo, e por outro lado, as forças conservadoras, internas e externas, resolveram por um fim ao projeto de poder petista.

A operação Lava Jato, levada a cabo pelo seletivo juiz Moro, tem promovido um show global e midiático de decisões polêmicas e juridicamente questionáveis. 




A cobertura dessa crise política pela imprensa tem contribuído para acirrar os ânimos de parte da população brasileira e também motivado um quixotesco levante dos moralistas contra os corruptos.
As ruas e as redes sociais se tornaram as principais válvulas de escape para a destilação de ódio, intolerância e agressão a quem pensa, defende ou veste cores diferentes. A opinião pública julga e condena numa velocidade que faz os dispositivos 5G se parecerem com as tartarugas.




Então, o que restará do país e das instituições após a conclusão do impeachment? Ele irá resolver o caos político, econômico e social ou será um meio para os oportunistas atingirem um fim?



Particularmente, gostaria que os direitos sociais, duramente conquistados, fossem preservados, assim como uma forma de governo que respeite os direitos naturais e inalienáveis de todos os governados. Afinal, não há paz e nem justiça social em meio a uma sociedade marcada pela concentração da renda e do poder. 
Acho difícil cravar um prognóstico sobre a evolução dos processos políticos, sociais e econômicos que, até então, foram desencadeados, e mais difícil ainda manter o otimismo de que tudo ficará bem e que as reformas que virão irão contemplar a maioria e beneficiar aqueles que mais necessitam do amparo do poder público.

Ao longo de nossa história, e foi assim no mundo também, o poder sempre foi um privilégio para poucos, servindo aos interesses dos poderosos. Sempre que tentaram redistribuí-lo ou possibilitar o seu acesso ao povo, os processos de descentralização foram abortados, não raro, com o uso indiscriminado da violência. Portanto, não há motivos para ter esperança de que o amanhã será melhor do que o agora e nem para acreditar que dias melhores virão, não enquanto a coisa pública continuar sob a tutela de poucos em detrimento da coletividade.

12.3.16

Cyberbullying: violência no mundo virtual e consequências no mundo real

Agora é lei! As escolas terão que desenvolver medidas de conscientização e prevenção ao bullying, segundo a Lei n. 13.185, de 6 de novembro de 2015.

O bullying é "todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.”

Por isso, iremos abordar o tema e conhecê-lo um pouco melhor.

Com o advento das novas tecnologias, o bullying ganhou uma nova faceta, o cyberbullying, através do qual as agressões ocorrem pelas redes sociais e internet.


Conheça mais sobre o assunto!



Painel do Cyberbullying, elaborado pelos alunos do 6º ano 3!


O que é cyberbullying?

Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Portanto, Cyberbullying é o bullying feito no mundo cibernético, ou seja, na internet e nas redes sociais. 


Como ele ocorre?


Na internet (blos, chats e fotoblogs) ou através do celular são publicadas e divulgadas mensagens com imagens e comentários agressivos. Eles se espalham rapidamente e tornam o bullying ainda mais perverso. 

Os praticantes do cyberbullying, normalmente, ofendem outro usuário e apelam até para ofensas raciais, cometendo um crime previsto em lei.

Como o espaço virtual é ilimitado o poder de agressão é ampliado e a vítima se sente acuada. E o que é pior: muitas vezes ela não sabe de quem se defender, pois na internet é normal muitas pessoas se manterem no anonimato ou usarem perfis falsos, os fakes.


Como evitar?

Existem muitas coisas que podem ser feitas para combater o cyberbullying. A atitude mais importante que o alvo de cyberbullying pode ter é não responder ao agressor. Não entre no jogo do agressor. Não responda aos e-mails, recados e não se envolva em conversas em salas de bate papo com os agressores. Não repita o que o agressor está fazendo. Peça ajuda aos seus pais e professores. Nunca tenha medo de pedir ajuda. Além destas ações, guarde todas as evidências para que as autoridades na sua escola, provedores de internet e até mesmo a polícia possam lidar com a situação de forma adequada. 

O Cyberbullying pode dar aos agressores o anonimato, mas esta prática sempre deixa as provas e evidências do ato criminoso. A melhor forma de combatê-lo é promover a aproximação e o diálogo franco entre jovens e adultos. 

Três pontos de vista do Cyberbullying


A vítima


Devido à enorme pressão, a vítima fica fragilizada apresentando problemas de comunicação com os outros, o que influencia negativamente a sua capacidade de desenvolvimento social, profissional e afetivo. Seu aprendizado é prejudicado, desenvolve dificuldade de concentração e apresenta quenda no rendimento escolar.

Sofre intensamente, com baixa autoestima, medo, angústia, pesadelos, ansiedade, choro e insônia. Não consegue buscar ajuda de colegas, tem dificuldade nos relacionamentos interpessoais. Pode tentar ou cometer suicídio, automutilação, abuso de álcool e/ou drogas. 


O agressor

Desenvolve ao longo dos anos várias tendências que se podem caracterizar como comportamentos de risco. Tem uma falsa sensação de poder, consume exageradamente álcool e/ou drogas. Pode prejudicar sua convivência com os colegas e tem um frágil envolvimento escolar e familiar. Pode se envolver em atos criminosos e adotar comportamentos que colocam a sua vida em risco e também a dos outros. Desenvolve comportamentos antissociais, pratica violência doméstica e abandona a escola.



O espectador


Tem medo de se tornar a vítima. Não sabe como ajudar a quem sofre Bullying;Pode se tornar participante ativo ou passivo do ato. 



11.3.16

Diálogos contemporâneos sobre as Reformas religiosas do século XVI

Estudar História não é apenas decorar datas e memorizar acontecimentos, mas um exercício complexo e constante de tentar compreender os problemas vividos no presente a partir de um olhar crítico e reflexivo sobre o passado.

Nesse sentido, solicitamos aos nossos brilhantes alunos do 8º 11 que produzissem textos analisando as Reformas religiosas do século XVI e suas consequências. 
Confiram algumas produções:


Cada um com sua religião
Seja católico, evangélico, espírita ou umbanda temos que respeitar a religião de cada pessoa. Em algum momento você já deve ter visto na TV pessoas sendo assassinadas e agredidas por causa da fé que seguem. Essas lutas religiosas começaram há muito tempo no século XVI, quando ocorreu a Reforma Protestante.

Naquela época, um monge alemão, Martinho Lutero, começou a questionar certas práticas do catolicismo, dentre elas a venda de indulgências, a corrupção no clero, a falta de vocação de alguns padres e de outras autoridades eclesiásticas. 


Lutero e suas 95 teses (1517) deram início à Reforma protestante.
Sabendo disso, o papa mandou que expulsassem Lutero da Igreja Católica. A partir de então, ele criou uma nova religião e ocorreu um cisma na cristandade. Daí começaram a acontecer guerras entre os seguidores das diferentes religiões, causando várias mortes, inclusive de inocentes. 


Hoje, a violência por conta das diferenças religiosas está diminuindo, mas ainda existem várias pessoas que têm preconceito. Portanto, respeite a religião dos outros da mesma forma que você quer que respeitem a sua!

Carolina
Aluna do 8º ano





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Minha opinião sobre as diferenças religiosas


"Não julgues, para não ser julgado" assim diz um versículo da Bíblia"(seja a evangélica ou a católica). O mandamento de Deus é claro, vamos parar de julgar a religião alheia.  
Isso é um defeito humano que, com esforço, pode pode se tornar um bem. 

Não adianta julgar outra religião que não seja a tua, pois você não a conhece. 

No passado, já houve casos de protestos religiosos, como os ocorridos no século XVI, que acabaram provocando a morte de muitos de milhares de pessoas.
Você gostaria que matassem pessoas ou seus parentes por uma guerra que não vai levar a nada? 

Vamos lembrar de outra parte da Bíblia que diz: "Deus não ama o pecado e sim o pecador", então não importa sua religião, se amar e ter fé em Deus você irá achar o seu caminho. 
Em vez de brigar pregue, em vez de causar discórdia, cause o amor. Em outro versículo das Escrituras está escrito: "quem não ama, não conhece a Deus, pois Deus é Amor".

Por fim, não se esqueça de todos tem o livre arbítrio, por isso podem fazer suas escolhas que merecem ser respeitadas.
Raquel
Aluna do 8° ano



Parabéns. Ótimo trabalho!

1.3.16

Uma breve reflexão sobre o fazer do historiador

O grande historiador francês e um dos fundadores da célebre Escola dos Annales - Marc Bloch (1886-1944) - afirmou que a História é "a ciência dos homens no tempo" e que o seu objeto de estudo é, por natureza, o homem.




Para proceder ao estudo do homem e de suas ações no tempo, é imprescindível para o trabalho do historiador recorrer às fontes históricas. O eminente medievalista francês, Jacques Le Goff, ressalta a importância dos documentos na pesquisa histórica, evocando as palavras de Samaran, para quem "não há história sem documentos" e Lefebvre, segundo o qual "não há notícia histórica sem documentos". (História e Memória, 1990 p. 285).

Na Europa no final século XIX, a escola positivista determinava que as fontes, principalmente documentos escritos de caráter oficial, seriam determinantes para o trabalho do historiador. 




A respeito da manipulação do documento pelo historiador oriundo do método positivista, Fustel de Coulanges orientava que seu trabalho:


 "... consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm e em não lhes acrescentar nada do que eles não contêm. O melhor historiador é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos" (COULANGES, 1888 apud LE GOFF, 1990. p. 283). 

Nessa perspectiva historiográfica, o documento é tomado como prova irrefutável da verdade histórica, não comportando interpretações pessoais, o que sugeria uma pretensa neutralidade da história-ciência.

Ainda sobre historiografia da escola positivista é importante ressaltar que ela privilegiava o estudo da política, da história diplomática e militar, além da vida dos personagens ilustres, em detrimento de temas recorrentes que passaram a ser escrutados pelos pesquisadores dos Annales, a partir de 1929. Temas como a família, a morte, a cultura popular, a longa duração, a permanência de estruturas sociais e mentais ao longo do tempo foram eleitos pelos adeptos da "nova história" como os assuntos prioritários em suas pesquisas. 

A revolução historiográfica dos Annales contrapunha-se ao método positivista. A partir daí, a história não se dedicaria mais apenas à dimensão política, mas passaria a analisar todas as atividades humanas, em suas  vertentes culturais, sociais e econômicas. Para tanto, a escola francesa que fundou a "nova história" pregava a necessidade dessa disciplina recorrer à interdisciplinaridade, isto é, a colaboração de métodos e conceitos de outras ciências e ramos do saber, como a economia, a sociologia, a linguística e etc.




Além disso, a proposta dos Annales mudou radicalmente a noção de documento histórico, bem como a abordagem que o historiador deveria ter com relação às suas fontes de pesquisa.
Se antes os documentos escritos e oficiais eram fundamentais para o fazer histórico, agora essa noção havia sido dilatada, fazendo emergir outras fontes de pesquisa para o historiador. A esse respeito, Samaran deixa claro a necessidade de haver uma revolução documental, tal qual foi perpetrada pelos Annales: "Há que tomar a palavra 'documento' no sentido mais amplo, documento escrito, ilustrado, transmitido pelo som, a imagem, ou de qualquer outra maneira"  (SAMARAN, 1961 apud LE GOFF, 1990. p. 285). 

Após 1930, o escopo documental aumentou significativamente, basicamente, qualquer vestígio humano - material ou imaterial - tornou-se um objeto passível de ser estudado na metodologia proposta pelos Annales.




Outro aspecto que sofreu significativa transformação foi o tratamento dispensado pelo historiador em relação ao documento. Após 1929, o documento deixou de ser visto como um repositório da verdade histórica. Agora o historiador enxerga o documento como algo que deve ser investigado e questionado, além de ser relacionado com o seu contexto de produção. Era a história-problema. A crítica documental tornou-se um método fundamental para a compreensão da história e as fontes passaram a ser compreendidas como "um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder" (LE GOFF. op cit. p. 288). Cabe ao historiador se apropriar da realidade histórica, desmontá-la e, por meio da análise das fontes, dos indícios e da interdisciplinaridade compreendê-la. Importante ressaltar que, com o advento dos Annales, a pretensa neutralidade da história e do historiador foi severamente questionada. A esse respeito LE GOFF esclarece que: 


"A intervenção do historiador que escolhe o documento, extraindo-o do conjunto dos dados do passado, preferindo-o a outros, atribuindo-lhe um valor de testemunho que, pelo menos em parte, depende da sua própria posição na sociedade da sua época e da sua organização mental..." (LE GOFF, op. cit. p. 289).

Portanto, o historiador e os documentos não são capazes de ficarem alheios às influências de seu tempo, por isso o estudo histórico exige rigor, na tentativa de desvelar os segredos e as intencionalidades que ficam sob o véu das fontes e dos acontecimentos. Mas a pesquisa histórica também exige flexibilidade do historiador, pois, segundo Marc Bloch, "a história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano" (BLOCH, 1944. p. 35).

Sendo a história uma ciência em marcha, ela está em constante mutação metodológica e seus meios de produção de conhecimento nem definiram métodos rigorosos, matematicamente estabelecidos, tampouco seus resultados são convergentes para uma única explicação. Bloch lembra que o "monismo da causa seria para a explicação histórica simplesmente um embaraço" (BLOCH, 1944. p. 111).
Ademais, modelos explicativos no sentido galileano já se mostraram insuficientes para dar conta das particularidades da história.
Mais do que fórmulas e metodologias rigidamente definidas, o campo da pesquisa em história continua em aberto, com amplas possibilidades para abordagens e estudos, num caminho que ainda está longe de ser totalmente explorado.  

Bibliografia básica

BLOCH, Marc. Apologia da História ou Ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

LE GOFF, Jacques. “Documento/Monumento”. In: História e Memória. Campinas, SP: Editora Unicamp, 1994.