11.11.15

Dois argumentos contra os defensores da manutenção de baixos salários para a Educação

Qual educador/professor nunca escutou numa reunião de escola o seguinte: "Quem entrou pra Educação já sabia que o salário era baixo" ou "Temos que trabalhar por amor, independente do salário".

Pois é, infelizmente, eu já ouvi isso várias vezes e asseguro que é algo desagradável para se escutar.

Segundo os defensores dessas afirmações, os professores têm que aturar as péssimas condições de trabalho e os baixos salários goela abaixo, sem lutar e sem reivindicar seus direitos. Para eles, lutar por salários melhores e decentes é algo vergonhoso e que contradiz a ideia de trabalhar por amor. Amor pela profissão e salário digno, de acordo com aquele ponto de vista equivocado, seria uma combinação desnecessária. Que absurdo. 

Imagine se aquelas falas se concretizassem? Não haveria melhora  alguma da situação do magistério e nenhum tipo de valorização de carreira para os trabalhadores da Educação. Ainda bem que são poucos que defendem isso, pois a maioria está insatisfeita com o que recebe, e com toda a razão! 

Onde está a cidadania em aceitar calado uma situação absurda, como a dos governos não remunerarem dignamente o Professor? 

Pois bem, todos sabiam que o Magistério não é a melhor profissão para se ganhar dinheiro, contudo, é direito do trabalhador lutar por uma justa compensação financeira pelo seu relevante trabalho.
Duvida disso?

(Argumento 1) Está na Lei, a Constituição Federal de 1988 determina:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;


A lei é clara, o profissional tem direito a um piso salarial variável, segundo a complexidade de seu trabalho. Os professores também contam com a Lei 11.738/2008, que estabeleceu o Piso do Magistério, cuja finalidade é valorizar os educadores, contudo, poucos estados e municípios brasileiros a cumprem integralmente.

(Argumento 2) Apesar da leis assegurarem o direito a remuneração adequada para a categoria dos Educadores, sabemos que os professores, que possuem formação em nível superior, recebem, em média, 57,3% a menos do que os demais profissionais com nível superior (http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/17-valorizacao-professor)

E o salário, ó!

Para tentar reverter essa situação, denunciada ao longo de anos pelos professores em inúmeros movimentos de greve e de lutas, foi inserido no Plano Nacional de Educação a meta 17, a qual tem como principal objetivo equiparar o salário médio do professor, até 2024, aos dos demais profissionais com nível superior (Leia mais sobre o PNE clicando aqui).  Essa meta estipula a necessidade de valorização do professor. Ela rechaça o fraco argumento de que professor deve trabalhar "apenas por vocação". Se a categoria fosse valorizada a meta 17 não existiria, certo? O próprio governo reconhece que não remunera adequadamente os seus professores, então o que impede a categoria de se organizar e reivindicar o direito de receber um salário melhor? 

Por que um engenheiro, um médico, um advogado, um arquiteto, ou qualquer outro profissional com diploma de curso superior tem que ganhar mais do que um professor?

A lei faculta o direito dos professores de reivindicarem melhorias salariais, é uma luta justa e é legal. Então não há que se falar de "amor a profissão" para justificar a inércia e o conformismo com tamanha desigualdade.
Trabalhar com amor, sim, mas recebendo um salário justo!

Lute.

2 comentários:

  1. Acredita que nossa prefeita é professora há anos e para reivindicarmos míseros 40 reais de perda salarial tivemos que permanecer em greve no sol escaldante até 1 h da tarde sensação térmica de 40º por aproximadamente dois meses..Pior que convidei alguns professores para mantermos em casa e nos encontrarmos apenas nos dias escalados para reuniões ou demonstração em público e alguns protestaram dizendo não...deveríamos ficar ali e no final do ano repor aulas como loucos enquanto a prefeita viaja ...oh povo da mente tapada ...francamente desisto dessa educação !!!

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    1. Infelizmente, nossa realidade é essa Ninha. Mas não podemos desistir e continuar tentando melhorá-la da forma que pudermos.

      Não desista ainda!

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Obrigado pelo comentário.