4.1.15

Imagem e memória

Hoje me deparei com uma fotografia interessante na internet que mostra a linda Praça Zequinha Reis, em Leopoldina, também chamada, popularmente, de Praça da Bandeira.

Eis a foto:
Praça da Bandeira. Disponível no Facebook em Leopoldina On-line.
A imagem, que parece um postal, tem em seu rodapé o nome: "Praça das Bandeiras", diferente de como a população a trata e registra, com a locução adjetiva no singular.

"A antiga praça da Bandeira teve seu nome mudado pela Lei nº 637, de 29.03.1968, para praça Zequinha Reis, numa homenagem a José Ribeiro dos Reis, fazendeiro, agro-pecuarista, industrial, um dos fundadores e diretor da Cia Fiação e Tecidos Leopoldinense." (CANTONI, N.; RODRIGUES, J. L. Nossas ruas, nossa gente. Disponível online em: http://www.cantoni.pro.br/ruas/Logradouros_Atuais_T_V_W_X_Z.pdf acesso em 04. jan. 2015).

O senhor Zequinha Reis atuou como prefeito da cidade entre 1948 e 1951 e, devido ao seu empreendedorismo, foi justamente homenageado e seu nome passou a denominar a praça, a partir de 1968.   

Embora a fotografia não tenha data, supomos que ela tenha sido registrada na década de 1960 ou 1970.

Não há sinal de nenhum veículo automotor, o que, provavelmente, sugere a intenção do autor do retrato em demonstrar a tranquilidade característica do lugar e, ao fundo, se vê um indivíduo em frente a uma grande casa.

O fotógrafo quis retratar a beleza natural do espaço, enfocando a vegetação, como as plantas no primeiro plano e o lago com a ponte logo atrás.

No aspecto central, os caminhos fazem curvas e são cercados por canteiros, onde há árvores de pequeno porte, talvez oitis, os quais fornecem sombra e ar fresco para os transeuntes. 

No horizonte mais distante do espectador é possível notar as montanhas, típicas de nossa região. Aqui elas ainda estão despovoadas, bem diferente dos dias de hoje, já que foram ocupadas e formaram novos bairros, como por exemplo, o Alto da Copasa.

A foto revela uma composição harmônica entre os elementos - natureza e construção humana - demonstrando um paisagismo simples, mas atraente e funcional. 

Como cresci na Praça da Bandeira, sempre ouvi dos moradores mais antigos sobre o quanto a praça era bela e um lugar prazeroso para se ficar. As pessoas iam até lá para conversar, descansar, tomar ar puro, e as crianças se esbaldavam com as brincadeiras de pique e de roda... O lugar era uma calmaria só, bem diferente da praça de agora.

Atualmente, a praça da Bandeira está cercada por bares, lanchonetes, sorveteria, farmácia e mercearias, que atendem aos moradores das redondezas e promovem um intenso fluxo comercial e de pessoas que se cruzam percorrendo as calçadas e os caminhos do largo, carregando suas sacolas. 

Nos dias recentes, o antigo lago agora está tomado por areia e parte dele virou um parque infantil cercado por grades.

A vegetação dos dias atuais perdeu em exuberância, quase não se vê flores e plantas em seus canteiros, restando apenas alguns oitis e um gramado mal cuidado, bastante castigado por pés nervosos que não respeitaram o calçamento.

Quando se aproxima o fim de semana, a praça fica cheia, e parte delas é invadida por mesas e cadeiras onde as pessoas se sentam para beber e se divertir.
As crianças estão sempre por lá, os menores vão ao parque, alguns ainda brincam de pique e outros não desgrudam dos tablets  e dos celulares.

O tempo passa e a Praça continua ali, encaminhando as pessoas pelas ruas que se conectam à ela, acolhendo os cansados em seus bancos, oferecendo alguma sombra para os que tem calor e buscam um abrigo, tem assistido ao aumento populacional e às mudanças nos costumes dos moradores. Impassível, ela também tem sofrido, ao longo do tempo, com as terríveis intervenções que a deixaram desfigurada e menos bela que outrora. 

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