25.1.18

A lei é para todos?

Ontem, dia 24/01/18, a sentença condenatória do ex-presidente Lula foi ratificada num tribunal de segunda instância. Resultado que não surpreendeu a ninguém.

Não vamos entrar no mérito da questão, se a condenação foi justa ou não, algo que já foi discutido exaustivamente por especialistas, mas o que salta aos olhos é a celeridade do processo e o desejo infame de todos os acusadores de condenar o réu. O judiciário nunca trabalhou tão rápido como no caso Lula, a ponto de seu recurso passar a frente de outros casos pendentes.

A condenação praticamente elimina Lula da disputa presidencial, abala seu capital político para transferir votos e abre espaço para um candidato pró-mercado: Alckmin ou quem sabe um Huck ou algo pior pode vir disso tudo, com uma guinada ao extremismo de direita de um Bolsonaro...

Lula será preso e os mais pobres sofrerão com as transformações que estão sendo implementadas no Brasil, uma modernização conservadora que resulta na destruição de direitos trabalhistas, no aumento da jornada de trabalho, no achatamento do salário mínimo, no congelamento de investimentos em educação e saúde, na reforma da previdência, na criminalização de movimentos sociais, na privatização de setores estratégicos, como petróleo, água e energia, dentre outros.

A pergunta que nos incomoda é: a lei é para todos? Se sim, como afirmam os juristas da Lava-jato, significa que teremos brevemente presídios lotados e celas ocupadas por figurões, como Aécio Neves, sua irmã, Zezé Perrella, Antônio Anastasia, Geraldo Alckmin, José Serra, Michel Temer, Padilha, Moreira Franco e  outros políticos poderosos delatados por colaboradores da lei, os quais precisam ser investigados, julgados e, dados os fartos indícios de corrupção, prevaricação e enriquecimento provavelmente ilícito envolvendo seus nomes, serão condenados rapidamente, com a mesma convicção que suplantou as lacunas das provas no processo do líder petista e jogou a pá de cal nas garantias do Estado de direito.

Se não, a Justiça deixará pairando no ar a sensação de que se converte em certeza de que ela age seletivamente. Enquanto distribui porretadas em alguns, principalmente nos indivíduos não alinhados aos núcleos tradicionais de poder, é permissiva com aqueles que ousam tudo, "escudado pela mais completa irresponsabilidade", intocáveis, amorais e uma patologia da nação que carece de estudo, nos dizeres de um literato brasileiro. 


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