9.1.18

Notas: Destinos conectados e opostos

Basta caminhar em direção à periferia da cidade, afastando-se pouco da área central, para observar o quanto a pólis anda mal, abandonada à própria sorte, vendo o mato, a cipoama e o entulho ocupar calçadas e terrenos baldios.

O cenário se torna ainda mais dantesco com a observação de obras, nos referimos aos predios publicos, por fazer, inacabadas, com materiais expostos ao tempo, estragando... E o peor é ver obras públicas prontas que foram subutilizadas e agora são ocupadas por nada, relegadas às intempéries do clima e servindo de abrigo às moscas, às baratas e aos ratos, em suma, são criadouros de doenças. Basta mudar o líder do executivo para serem descerradas novas flâmulas de placas inaugurais, cuja serventia é perpetuar a memória daqueles que estão no poder, despreza-se o melhor interesse colectivo das construções municipais.

Uma observação mais arguta permite a quem enxerga ver pontes, muros de contenção, estradas e outros trabalhos importantes para a segurança dos cidadãos sob ameaça de desmoronamento. Isso acontece por dois motivos, basicamente: Mal planejamento e execução ou o uso de material de qualidade duvidosa. No caso das cidades em que visito, frequentemente, no interior do Rio e de Minas, julgo que as duas causas são válidas.

O mais terrível é notar que, enquanto a cidade definha, exceptuando o centro - belo e limpo, a casa do chefe do executivo não pára de aumentar, já virou um sobrado desde ele assumiu sua função no gabinete. Já se vão vários mandatos e lá ele permanece, como uma erva daninha presa a sugar a vida d'uma árvore, deixando-a seca, podre e vazia. O homem fincou suas presas na prefeitura e tira dinheiro de lá, depois que violentou os cofres públicos e encontrou veias abertas, de onde jorra dinheiro para o aumento da fortuna privada com auspiciosos e inexplicáveis (?) ganhos.

Nada ocorre com o político imoral, ele ousa tudo, é intocável desvia rios caudalosos de verbas e recursos e a justiça nada faz, prefere punir os ladrões de galinhas. E o povo? Ah, o povo, subjugado, deixa-se espoliar. Afinal, o que a árvore faz quando é apanhada por uma erva-daninha?

Y. B. (1942).

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