1.9.15

Cultura, Mídia e Poder

Neste post, iremos abordar a relação entre a Mídia e a Cultura, mediante a manipulação dos meios de comunicação para atender a um projeto de Poder.

Seja num regime democrático ou num governo ditatorial, grupos políticos e sociais estão sempre tentando exercer algum tipo de controle sobre os veículos de comunicação.

Esse controle assegura o poder sobre o mercado, a política, a cultura e as pessoas que se pretende influenciar.

Por ora, nos deteremos apenas à análise de dois momentos históricos do Brasil, nos quais a mídia e a cultura foram violentamente controladas pelo Estado brasileiro e pelos grupos políticos que exerciam o poder. 


O primeiro momento foi entre 1937 a 1945, quando o Brasil era governado por Getúlio Vargas. Estávamos no Estado Novo e o presidente precisava da Mídia para difundir entre o povo sua imagem de líder popular e de "pai dos pobres".

O segundo momento ocorreu entre 1964 a 1985 - a Ditadura Militar - uma forma de governo despótica que deixou cicatrizes e resquícios de autoritarismo profundos em nossa cultura até os dias atuais.

Esse estudo pretende deixar claro que nos dois momentos selecionados para análise, os princípios democráticos foram violados em prol de um projeto autoritário de poder.

O Estado Novo (1937-1945)

Em 1937, Vargas inaugurou o Estado Novo inspirado no fascismo italiano e suspendeu direitos políticos e civis dos cidadãos. Partidos políticos de oposição foram fechados, eleições foram suspensas e não havia liberdade de expressão.

Para manter essa ditadura e preservar sua popularidade, o presidente criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em 1939.

O DIP estava encarregado de censurar os órgãos de imprensa (rádio, cinema, teatro, jornais etc) e evitar a divulgação de notícias que contrariavam os interesses do governo.


Temas proibidos pelo DIP de serem divulgados na imprensa.

O referido órgão também promovia concursos culturais e de música popular, ao passo que ajudava a solidificar a imagem de Getúlio Vargas de líder populista, conhecido como o "pai dos pobres".


Getúlio Vargas celebrado no dia do Trabalhador.

Em 1935, o governo criou um programa de rádio oficial, chamado "Hora do Brasil", encarregado de divulgar as realizações de Getúlio Vargas. O programa  era transmitido por todas as emissoras e, a partir de 1939, passou a ser produzido pelo DIP. 

A falta de liberdade de imprensa era tamanha que jornalistas chegaram a ser presos e jornais foram invadidos por tropas do exército, como ocorreu com a redação de "O Estado de S. Paulo", em 1940.

A ditadura militar (1964-1985)

Não faz muito tempo que deixamos esse período histórico para trás, mas historiadores e cientistas políticos afirmam que até os dias de hoje nos deparamos com práticas arbitrárias, seja no aparelho estatal ou na sociedade. A permanência desse tipo de prática num regime democrático é fruto de resquícios culturais que sobraram de um passado recente.

Os vinte anos de ditadura militar foram terríveis para o país. 
Naquela época havia muita repressão, violência, restrição dos direitos civis e políticos, arrocho salarial, torturas e assassinatos em nome de um projeto de poder que alijava a população do processo político.




Uma forma de governo tão nefasta era sustentada sobretudo pelo medo, pela covardia e pelo rigoroso controle dos agentes do governo sobre a mídia.


Jornal destaca a morte de um inimigo da ditadura (1969).

Por isso, os militares fiscalizavam os jornais e outras produções culturais, instauravam processos contra jornalistas, prendiam, agrediam e até matavam profissionais da imprensa.

Um dos exemplos mais emblemáticos da intolerância e da censura envolveu o jornalista jornalista Vladimir Herzog, que dirigia a TV Cultura em São Paulo. Ele era acusado de ter ligação com o Partido Comunista, o qual foi colocado na clandestinidade pelo regime, por isso foi preso em 1975.



Herzog foi espancado pelos militares, torturado com choques elétricos e sufocado com amoníaco até morrer. Os militares tentaram forjar uma cena de suicídio, mas estava claro que houve ali um assassinato.


Conclusão

Podemos perceber o quanto a mídia e os meios de comunicação e informação são importantes.

Em nossa história, grupos políticos sempre tentaram manipular e controlar as informações que chegam até o povo, para moldar a opinião pública. 
Se usada de maneira indevida, a mídia se torna um instrumento a favor dos poderosos e pode alienar a população, afastando-a da verdade.

Para se evitar os abusos, a mídia precisa ter autonomia e deve ter compromisso com a liberdade e com a democracia.  

O artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) diz o seguinte: "Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras". 

Só teremos democracia ampla e efetiva quando assegurarmos o direito a "liberdade de opinião e expressão" para os cidadãos. Não seremos livres se sofrermos perseguições por emitir uma opinião que desagrada quem está no poder.




A vida num regime democrático passa pelo diálogo e pela capacidade de respeitar o direito do outro de se expressar livremente, mesmo que seus pensamentos não me agradem.

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