1.10.22

As concepções de organização de territórios na África, Ásia e América



África 

Na África antes da chegada dos europeus, no século XV, a definição dos limites territoriais e das fronteiras entre os diferentes Estados atendeu a particularidades. Enquanto nas sociedades sedentárias buscava-se uma definição mais rígida das fronteiras, entre as sociedades nômades havia certo grau de flexibilidade.

A civilizacão egípcia é um exemplo de sociedade sedentária, cujas fronteiras foram estabelecidas por volta de 3000 a. C. após o rei Menés unificar o Norte e o Sul do Egito.  


A unificação do Egito inaugurou o governo dos faraós, a centralização do poder favoreceu a administração das obras públicas, como diques e canais para controlar as águas do Rio Nilo que contribuíam para a expansão das atividades agropecuárias.

Pequenos reinos independentes, ao sul do Egito, formaram a civilizacão Núbia, a fronteira das duas civilizações ficava nas proximidades da primeira catarata do Nilo. Por séculos núbios e egípcios se enfrentaram, havia até muralhas delimitando as fronteiras dos reinos. Por fim, o Egito venceu e ocupou a Núbia e passou a exercer forte influência cultural e religiosa sobre o povos, além de exercer o controle do comércio.

Na África pré-colonial também havia sociedades que  estavam sujeitas à disponibilidade de recursos. Quando esses recursos se esgotavam, os grupos deslocavam-se atrás de melhores condições de vida. Os tuaregues, por exemplo, são povos pastores, criam camelos, cabras e carneiros, viviam adaptados ao deserto, eram seminômades e organizavam-se em tribos, chamadas kabilas. A região pela qual eles circulavam era vastíssima,  abrangendo o sul do atual Marrocos, a Mauritânia, o sul da Argélia, da Tunísia e da Líbia. Esses grupos eram especialistas no transporte de mercadorias em caravanas de camelos e sabiam encontrar oásis com poços de água.


As fronteiras atuais dos países africanos são uma herança do neocolonialismo praticado pelos europeus de forma arbitrária, especialmente a partir da Conferência de Berlim (1884-1885), visando dominar os nativos e as riquezas naturais disponíveis. Nessa ocasião,  as potências europeias lançaram as bases para ocupar e dividir entre si os territórios africanos desconsiderando as diferentes organizações políticas, e a diversidade étnica dos grupos que habitavam aquelas áreas. 

Posteriormente, quando os povos africanos buscaram autonomia política, na descolonização após a Segunda Guerra Mundial, diversos conflitos eclodiram devido ao artificialismo das fronteiras e dos marcos e divisões que haviam sido estabelecidos pelos europeus.

Marco referencial Ruacaná, fronteira sul de Angola. Autora: Sônia Cristina Cardoso dos Santos Silva. 

Guerras civis foram muito comuns nesse contexto, opondo grupos étnicos rivais que lutavam por espaço e hegemonia, muitas vezes incentivados pelas grandes potências - EUA e URSS - as quais buscavam ampliar sua influência no continente africano. O caso de Angola é emblemático, após sua independência de Portugal  em 1975,  uma guerra civil ceifou milhares de vidas, além de provocar a fuga de cerca de um milhão de refugiados para os países vizinhos. O conflito durou até 2002.

Até os dias atuais, os Estados Africanos trabalham para amenizar as disputar nas áreas fronteiriças e promover maior colaboração entre os povos e nações. 



Ásia 

O continente asiático é o maior em extensão territorial, com 44 milhões de quilômetros quadrados e mais de 4 bilhões de pessoas vivem lá. Há grande diversidade do ponto de vista cultural e natural, com climas e relevos distintos, desde grandes desertos até selvas tropicais.

As fronteiras de muitos dos países asiáticos também foram legadas pelo neocolonialismo praticado pelos europeus, no século XIX. Vejamos o caso da Índia, esse território atrai a atenção dos europeus desde a época das Grandes Navegações, no século XV e a busca da rota por especiarias.

Naquela época, a Índia fazia parte do Império Mogol, uma dinastia muçulmana que administrava o reino em conciliação com a maioria da população adepta do hindu. A harmonia religiosa favoreceu a expansão e o crescimento do Império é suas riquezas atraíam os comerciantes europeus. 

Os britânicos faziam comércio com a Índia desde o século XVII, primeiro estabeleceram feitorias, depois ocuparam o território indiano militarmente, tornando-o parte do Império britânico. Os ingleses compravam matérias-primas da Índia e exportavam produtos industrializados. A Índia era a "joia da Coroa" britânica e só obteve sua independência em 1947. Mas o país foi dividido, gerando dois estados, a Índia de maioria hindu e o Paquistão de maioria muçulmana. 
Tal divisão gerou uma série de conflitos violentos, inclusive disputas territoriais, como a Caxemira, reivindicada pelos dois Estados. 

América

O continente americano, antes da chegada dos europeus, era ocupado por povos com culturas e modos de vida muito distintos. Estima-se que, quando Colombo chegou à América em 1492, o território era habitado por cerca de 57 milhões de pessoas.

Os povos indígenas tinham organizações sociais e políticas diversificadas. Os Incas, por exemplo, formaram um vasto Império com o poder centralizado na capital - Cuzco. Eles tinham uma sociedade rigidamente hierarquizada dirigida pelo imperador.
As fronteiras do Império Inca eram vastas, seus domínios incluíam as terras desde o norte do atual Equador até a região central do Chile.

Outros povos da América do Sul viviam de forma bem diferente dos Incas. Os tehuelches habitavam o extremo sul do continente americano,  a Patagônia, e eram nômades, viviam da caça e coleta. Vagavam por toda a região em busca de recursos. Enquanto os homens se encarregavam da caça,  às mulheres cabia o serviço doméstico e o transporte da tenda da família nos deslocamentos que o grupo fazia.


As práticas desse povo foram duradouras, até o início do século XX era possível encontrar populações com características indígenas, porém eles acabaram exterminados pela ocupação do homem branco.


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