12.4.22

Humanidades e Ciências Sociais (HCS): Choque cultural



O choque cultural ocorre quando indivíduos pertencentes a culturas diferentes entram em contato uns com os outros. 
Tal encontro gera um estranhamento que pode ser superado ou visto como um empecilho que irá distanciar os povos e culturas distintas.

Vejamos o exemplo de choque cultural através da análise de duas obras cinematográficas. [Cuidado, tem spoilers adiante].
A primeira é o filme "1492 - a conquista do paraíso", o qual narra a viagem de Cristóvão Colombo que resultou na chegada do genovês à América.


Ao chegar no "novo mundo", os europeus encontraram os povos nativos, os quais chamaram de índios.




Após o encontro, sabemos o que houve... a dominação e a eliminação sistemática dos povos indígenas pelo dominador europeu.

O outro filme é "O último samurai", um longa-metragem que busca reproduzir nas telas o esforço do Japão na segunda metade do século XIX para se modernizar e implantar o capitalismo no seu território. 



A modernização japonesa passava pela mudança de "velhos" costumes e tradições e a adoção de novos hábitos copiados da Europa e dos E.U.A. 




O conflito gira em torno do esforço de um grupo de samurais que não queriam abrir mão de sua identidade e de suas raízes frente àqueles que pretendiam modernizar o país, construindo ferrovias e adotando alguns dos costumes do Ocidente,  como roupas, armas e bebidas. Os samurais se rebelam e passam a enfrentar as tropas imperiais treinadas por mercenários norte-americanos.

Se o choque cultural pode desdobrar-se em um conflito, também é possível que, após o estranhamento, os povos se respeitem e consigam conviver harmonicamente. Como estamos explorando a ideia de choque cultural aplicada ao cinema, citamos o exemplo do filme "Robinson Crusoé". O filme tem como protagonista um europeu do século XVII, ele sofre um naufrágio e acaba numa ilha deserta. 


Na ilha, Crusoé encontra um "selvagem" com quem não se entende e busca submetê-lo fazendo com que abandone suas crenças e costumes nativos. Passado algum tempo, Crusoé e seu companheiro se entendem, começam a trabalhar juntos e constroem uma bela amizade. 

E você, como se comporta quando se depara com pessoas com culturas diferentes, como migrantes, povos indígenas, ciganos e estrangeiros, por exemplo? Você procura compreender as diferenças, tem respeito pela diversidade ou julga e critica as culturas e costumes alheios sem antes procurar entendê-los?

Stalinismo e o regime totalitário soviético


  • Após a morte de Vladmir Lenin, Josef Stalin assumiu o poder da URSS e iniciou seu governo ditatorial. O regime totalitário stalinista começou em 1924 e durou até 1953, quando o líder soviético faleceu.
Josef Stalin tornou-se um dos homens mais poderosos do século XX.
  • Stalin estabeleceu como objetivos, dentre outros, expandir os limites territoriais da URSS e fortalecer sua economia, por meio da industrialização. A expansão territorial ocorreu através do domínio de regiões periféricas; já o crescimento econômico se deu por meio dos planos quinquenais com metas para o setor industrial, planificação da economia e um enorme esforço humano para alcançar os objetivos do Estado soviético.
  • Para evitar qualquer oposição ao seu governo, Stalin perseguiu e eliminou os seus opositores, promovendo prisões, torturas e assassinatos. Os números de mortos na ditadura stalinista não são confiáveis, devido a falta de documentos, mas sabe-se que foi um regime violento e brutal.
  • Foram criadas prisões na Sibéria para encarcerar os inimigos políticos do Estado - os Gulags.
Nos Gulags, os prisioneiros estavam sujeitos ao trabalho forçado.
  • A polícia de Stalin vigiava a população e sufocava qualquer opositor ao stalinismo, tal força chamava-se Checa, e depois tornou-se a KGB. Além da forte repressão policial, Stalin investiu na propaganda e no culto de sua imagem como grande líder.
Propaganda Oficial: cartazes exaltavam a figura de Stalin como grande líder dos soviéticos.

  • A cultura também sofreu forte controle estatal e a arte e os meios de comunicação eram censurados. As produções culturais deveriam atender aos ditames da ideologia dominante, valorizando os temas principais, como o trabalho, a família, o socialismo e os seus líderes. 
Soldado, operário e camponês juntos derrubam a coroa do Czar.

  • Se por uma lado o governo de Stalin contribuiu para transformar a URSS em uma potência econômica e militar em sua época, por outro o regime autocrático soviético só conseguiu tais avanços às custas da eliminação de opositores e indivíduos considerados "inimigos" do Estado - uma ditadura sangrenta.

3.4.22

Humanidades e Ciências Sociais (HCS): Cultura




O que é Cultura?

Trata-se de um dos conceitos mais importantes nas Ciências Humanas. O conceito tem significados muito amplos e diversos, o mais comum define a cultura como:

"abrange todas as realizações materiais e os aspectos espirituais de um povo. Ou seja, em outras palavras, cultura é tudo aquilo produzido pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial, desde artefatos e objetos até ideias e crenças"(Dicionário de conceitos históricos, 2005, p. 85).

Arcos da Lapa (RJ): exemplo de manifestação concreta da cultura.

Frevo: dança típica de Pernambuco, patrimônio cultural imaterial.


No início do século XX havia estudiosos da cultura que defendiam  a teoria evolucionista, influenciados pelo pensamento de Charles Darwin. As culturas também estariam sujeitas à evolução e as culturas dos países do Ocidente seriam aquelas que teriam alcançado o estágio mais avançado. Assim, povos indígenas e do continente africano, por exemplo, eram vistos como portadores de culturas inferiores. Essa hierarquização denomina-se etnocentrismo, uma ideia que alimentou preconceitos e serviu como justificativa para exploração e expansão do imperialismo em diversas partes do mundo. 

Franz Boas, um antropólogo teuto-americano, contribuiu muito para o estudo da cultura ao fazer criticas à ideia vigente em sua época de que havia uma hierarquia entre as culturas. Boas acreditava que devido à diversidade cultural e aos múltiplos fatores históricos que contribuem para a formação das culturas, não caberia uma julgar a outra.

O estudioso brasileiro, Alfredo Bosi, estudou a etimologia do conceito cultura e identificou sua origem no verbo latino colo, que significa eu ocupo a terra. Passando o verbo para o futuro o significado é o que ser quer cultivar. O cultivo não se restringe à agricultura, mas à transmissão de valores e saberes geração após geração.

A educação escolar: exemplo de transmissão de conhecimento.


A cultura, portanto, seria um meio do povo garantir a sobrevivência das próximas gerações, transmitindo para elas conhecimentos, técnicas e valores necessários para a vida em sociedade. É a cultura que nos permite viver em sociedade, pois através dela nos adaptamos ao meio social e natural, criamos linguagem, estabelecemos redes de comunicação e normas de comportamento individual e no convívio em grupo.

Por isso que pessoas de diferentes culturas, ao se encontrarem, podem sofrer um choque cultural, isto é, não compreender os costumes umas das outras. Para nós, Ocidentais, não é comum que as mulheres cubram todo o corpo, deixando apenas  os mãos e olhos descobertos, como ocorre com as mulheres que vivem em alguns países islâmicos. Para as mulheres muçulmanas, o cotidiano de uma mulher ocidental acostumada a se vestir como camiseta e minissaia também deve ser chocante.  


Importante: todo povo tem sua cultura, toda cultura tem sua própria história, são dinâmicas e estão em constante transformação ao longo do tempo. As transformações também ocorrem quando há interação entre povos diferentes.
Exemplo: o Brasil é um país multicultural, devido ao seu passado colonial, herdou influências de diferentes culturas - indígena, europeia e africana. Tal diversidade se manifesta nos hábitos alimentares, no vocabulário e nas práticas religiosas.

Por fim, as produções artísticas e intelectuais também são consideradas "cultura". Logo, podemos falar em cultura erudita, cultura popular.

Referências Bibliográficas 

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.