A imagem acima, uma propaganda publicada na Gazeta de Leopoldina (12/11/1933), anuncia um fortificante para raquíticos, pessoas esgotadas etc.
O tônico promete força e a revitalização do organismo. A ilustração que acompanha o texto é bem interessante, traz um homem musculoso lutando contra um felino selvagem. O homem saudável estrangulando a fera deveria ser uma imagem atraente, especialmente para aqueles que eram diagnosticados como doentes e inertes, caso da população rural brasileira nos anos 1920.
A propaganda poderia estar retomando uma ideia exposta na obra "Jéca Tatuzinho" (1924), de Monteiro Lobato (1882-1948)?
No conto, o escritor paulista retoma a figura do Jeca Tatu e narra sua redenção, após o caboclo ser medicalizado.
Depois de ser tratado pelo profissional da saúde, Jeca deixou de ser preguiçoso, opilado e fraco. Revigorado, o caboclo enfrentou, certa vez, uma onça e a pôs para correr.
Jeca tornou-se um novo homem, trabalhador, corajoso, valente e, ao final, um empreendedor rural de sucesso!
A enorme popularidade de Monteiro Lobato e do seu personagem Jeca Tatu junto ao público chamaram a atenção da indústria farmacêutica.
O farmacêutico Cândido Fontoura (1885-1974), em parceria com Lobato, anunciava seu remédio - Ankilostomina Fontoura - por meio da publicação do conto "Jéca Tatuzinho" em versão adaptada, com pequenas alterações em relação ao texto original.
"Jéca Tatuzinho" tornou-se um manual de higiene e, ao longo de várias décadas, milhões de exemplares foram impressos e distribuídos nas escolas de todo o Brasil. Tanto Lobato quanto o Jeca cristalizaram-se ainda mais na cultura e no imaginário popular, tamanha a divulgação de sua obra.
Além da questão comercial, o objetivo do texto era modificar costumes da população, como, por exemplo, o hábito de caminhar sem calçados, fato que favorecia o contágio por verminoses. Nos jornais da década 1930, multiplicavam-se anúncios de tônicos e complexos vitamínicos para combater verminoses, anemia e outras doenças parasitárias, as quais grassavam entre a população.
A educação higiênica, a adoção de medidas sanitárias e a medicalização representavam, naquele contexto, a chance de reverter o quadro febril e mórbido que afligia o povo brasileiro.
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