25.12.19

Sebastião Águido Lacerda (1927-2019)

Leia a matéria completa no portal do Leopoldinense.


O crepúsculo do dia 23 de dezembro de 2019 foi mais triste em Leopoldina com a perda de um de seus ilustres cidadãos - o senhor Sebastião Águido Lacerda.

Natural de Vista Alegre, distrito de Cataguases, foi criado na roça junto com vinte e cinco irmãos. Trabalhava com seu pai na lavoura, cultivando milho e feijão para a subsistência da família. Porém, Sebastião tinha outros sonhos e, ainda jovem, tomou o trem em direção a Leopoldina, onde permanecerá até o fim de sua admirável vida.

Chegando a Leopoldina, trabalhou em estabelecimentos comerciais até ser aprovado em concorrido concurso para uma vaga no Banco Ribeiro Junqueira. Era um exímio datilógrafo e fazia cálculos de juros e porcentagem mentalmente com precisão, sem auxílio de máquinas de calcular.

Após a experiência no Banco Ribeiro Junqueira, decidiu abrir seu próprio negócio de "Secos e Molhados", junto com o seu irmão, senhor Honório Lacerda. Com aptidão para os negócios e o sucesso comercial, fundaram, bem no coração da cidade, o Lacerdão, um investimento ousado no setor de comércio de gêneros alimentícios. 

O Lacerdão ocupava boa parte de um quarteirão no centro da cidade, tinha loja e sobreloja e gerou centenas de empregos, abastecendo toda a cidade e seus distritos.

Sebastião Lacerda foi um homem com hábitos peculiares, atribuía sua longevidade e saúde a certos ritos, como tomar banho com água fria, alimentar-se bem, fazer refeições leves, dormir sem cobertor, levantar cedo e fazer caminhadas matinais. Gabava-se de jamais ter pegado um resfriado, tinha uma saúde de ferro!

Com o sucesso profissional meteórico, acabou sendo vítima, inúmeras ocasiões, da violência urbana, tornando-se alvo de criminosos. Por diversas vezes, sua casa foi invadida, veículos foram roubados, bens foram levados e chegou até a ficar um tempo sob cárcere privado de bandidos. Nada disso alterou sua personalidade serena, jamais testemunhei um arroubo de sua parte em prol de vingança contra os seus algozes, era um pacifista.

Homem sábio, parafraseava, inconscientemente, os grandes filósofos gregos da Antiguidade ao nos ensinar que o homem que não toma o controle de si mesmo, de suas vontades e de seus desejos, é um homem perdido. Também parafraseava  o grande pensador medieval cristão, Santo Agostinho, quando afirmava que era necessário deixar a mesa com fome, pois comida em excesso faz mal. Em suma, tinha sensibilidade e um pensamento sofisticado graças à sua personalidade ímpar.

Amante de música, patrocinou, por muitos anos, a banda musical da cidade, a qual alegrava a todos nos domingos à tarde. Confidenciou a mim, em prazerosa conversa, que tirava dinheiro do próprio bolso para custear instrumentos musicais, uniformes e lanche para os músicos. Nunca tornou isso público, pois o fazia com amor, sem esperar nenhum tipo de retorno por sua atitude.
Era participação certa nos programas do comunicador Luíz Carlos Montenari, no qual tratavam sobre diversos assuntos.

Casou-se com Luzia Alves Lacerda, com quem teve três filhos.
Dona Luzia faleceu em 2012.

Eis o seu maior legado - a família. Com sua partida, deixou, além dos filhos, netos maravilhosos, sobrinhos, parentes e amigos que o amavam e admiravam.

Ele foi sepultado no dia 24 de dezembro de 2019, no jazigo da família, no cemitério de Leopoldina, onde descansa em paz.    

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