Em Notas, Ywesky Borislav fez uma série de pequenos registros, relatos e adendos ao seu diário.
Vamos reproduzir algumas.
"Sobre a higiene na urbe (1938)
A salubridade de nossas vias públicas (me refiro às cidades do interior de Minas e do Rio, onde passei boa parte de minha existência) é, de modo geral, horrível. Há mato crescendo por toda parte. Em alguns lugares, a intensidade da vegetação assume tal proporção que o calçamento é engolido e assemelha-se a um pasto. Se não bastasse a cipoama crescendo pelas ruas, ainda padecemos da falta de cuidados básicos nos terrenos particulares, onde surgem capoeiras devido ao desmazelo e à falta de fiscalização por parte de autoridades gordas, preguiçosas, corruptas cujo trabalho se limita a polir os assentos de suas cadeiras na repartição. Com isso, a cidade, abandonada ao mato, se torna propícia à proliferação de moscas, cobras e aranhas, as quais são sérias ameaças à integridade dos transeuntes.
O que dizer da limpeza das ruas, senão que é um serviço precário, agravado pela falta de higiene de populares ignorantes e mal educados. Estes entulham as ruas com lixo, escarram, urinam e defecam em qualquer canto dos espaços públicos como se animaes fossem...
Não há educação higiênica nas escolas, aliás quase não há escolas, que eduquem, ensinem, destruam maus hábitos e vícios e construam um novo cidadão que compreenda que a saúde pública depende da higiene individual e coletiva. Tudo isso ocorre sem que o poder público, a câmara municipal, adote providência alguma para ao menos remediar os problemas urbanos".
Lendo o texto de Ywesky Borislav percebi nele bastante atualidade, pois muitos dos problemas relatados, apesar de terem ocorrido na década de 1930, permanecem inalterados até os dias de hoje. Comprovo a afirmativa com fotos, que registrei na Rua da FUPAC, em Leopoldina. Além de muito lixo acumulado na rua, observem o estado da vegetação.
Aqui o mato avança de um terreno privado em direção a rua e já cobriu a beira da calçada. |
Nessa imagem, o mato e outros tipos de plantas acompanham todo o muro da escola, não há calçada. O pedestre precisa caminhar na rua. |
Com as chuvas, que continuem a vir com abundância, o mato cresceu muito e rápido. Falta capina tanto na rua, quanto nos terrenos de particulares. Sobre o lixo que é jogado nessa rua, caixas de papelão, cigarros, garrafas, entulhos de obras etc, falta educação e bom senso nas pessoas, também carecemos de fiscalização e de limpeza urbana, o que cabe à prefeitura. Se tudo estivesse limpo por aqui será que não teríamos menos cobras, mosquitos, aranhas e escorpiões rondando nossas casas?
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