Vivemos uma crise ética e política acentuada a qual, talvez, não encontre precedentes em nossa história republicana. De 1889 para cá, quando Deodoro liderou o golpe que substituiu o regime monárquico e proclamou a república, tivemos vários momentos perturbadores e preocupantes, como a a ditadura varguista em 1937, o golpe militar de 1964 e o impeachment de Collor em 1992, mas nada que deixasse nosso sistema político tão vulnerável e tão desnudo quanto no atual momento. É verdade que a ampla cobertura da imprensa, potencializada pela velocidade da internet e das redes sociais, acerca dos acontecimentos políticos amplia os efeitos e o impacto das notícias na opinião pública, coisa que não ocorria com tamanha intensidade no passado, mas o fato é que agora a corrupção tem se mostrado endêmica, profundamente enraizada nas relações estabelecidas entre políticos e grupos privados, com o objetivo de fazer riqueza, obter facilidades e se perpetuar no poder. É um processo estarrecedor.
Se nas primeiras décadas de nosso regime republicano a questão social era tratada como caso de polícia, agora parece que a questão política é a que mais preocupa as forças policiais e jurídicas, visto que os escândalos de corrupção se sucedem e colocam em xeque todo o funcionamento do atual modelo político brasileiro.
Em suma, a crise ética e política que estamos enfrentando é grave. Mas vejo que desse caos é possível extrair uma solução para ajudar a resolver os nossos problemas. Podemos mudar esse quadro nas urnas, por meio de nosso voto, essa é uma ideia batida, lugar comum, mas pode ser que traga alguma repercussão no cenário nacional, caso o povo passe a entender o voto como um instrumento eficaz para a alterar os rumos do país. As eleições municipais que se aproximam, devem ser o ponto de partida para uma ação-resposta dos cidadãos de bem para a classe política parasitária deste país. A ideia é não reeleger nenhum candidato, pois os que já se encontram dentro do sistema estão marcados pelos seus vícios, direta ou indiretamente, salvo raríssimas exceções. Também não devemos eleger os figurões tradicionais, os quais são presenças certas nos períodos eleitorais, na busca de uma chance para ocupar uma função pública apenas com a finalidade de usufruir dos privilégios possibilitados pelo cargo. Deveríamos votar em novos candidatos e de partidos fora do eixo PT-PMDB-PSDB, pois essas siglas estão podres, contaminadas pela cegueira provocada pelo poder e pela ganância. Suas lideranças são cínicas, têm como projeto apenas se apossar de cargos no governo, como atalho para fazer (aumentar) fortuna às custas do bem comum e do suor do cidadão brasileiro. Daí urge a necessidade de buscar alternativas partidárias e candidatos com propostas decentes que podem promover o bem comum.
A crise ética e política a qual assistimos tem apresentado claramente as falhas e o lado negativo do fazer político no Brasil. Ela é terrível evidentemente, mas deve ser encarada como uma possibilidade de aprendizado. A lição que podemos tirar de tudo isso é que o país necessita de profundas reformas políticas e administrativas, mas elas jamais serão feitas, caso não ocorra uma profunda higienização desse organismo adoentado e claudicante que se tornou o Estado brasileiro. A faxina deve ser geral, enquanto as tais reformas não acontecem, podemos "varrer" agora nossas cidades, depois os estados e o governo federal. Devemos deixar de ser espectadores e entrar em cena agindo agora, a começar pela eleição municipal, se quisermos, de fato, que algo mude para melhor. Então, reafirmo, vamos eleger novos candidatos e novas ideias para, quem sabe, construirmos uma nova história. Reeleger os mesmo nomes apenas deixará tudo como está. Você está satisfeito com nossa conjuntura política, econômica e social? Pretende deixar essa ordem inalterada? A construção de uma nova ordem política começa pela escolha de novos políticos e lideranças, e por uma mudança de mentalidade do povo em relação ao fazer político no país. Citaremos a seguir exemplos de atitudes que devem ser evitadas e algumas que devem ser incentivadas, pois acreditamos que por meio de uma nova postura do povo, podemos alavancar, enfim, a cidadania e promover mudanças positivas na política das cidades e depois de nosso país.
Os resultados das urnas podem provocar um efeito positivo no futuro, mas para que isso ocorra a prática de vender o voto deve acabar, nada de trocar sua confiança por saco de cimento, churrasco, promessas de emprego ou qualquer outro tipo de agrado oferecido pelo candidato. Não adianta resmungar depois e culpar a incompetência do prefeito e dos vereadores, responsabilizando-os pela sujeira da cidade, pelas ruas esburacadas, pela iluminação precária e pelo fato de não ter médico no posto do bairro. Quem elege o prefeito e os vereadores somos nós - eleitores, então se colocamos incompetentes e corruptos no poder, também somos culpados pelas mazelas que acometem toda a política nacional que, por sua vez, impactam negativamente em nossas vidas.
Portanto, os eleitores precisam aprender a votar bem, a começar investigar a vida pública do indivíduo que concorre ao cargo letivo: sua biografia, seu caráter, sua base política, suas propostas para beneficiar a coletividade e as pessoas e grupos que o cercam. E também é fundamental que após o período eleitoral, a população fiscalize, acompanhe e cobre do candidato eleito o cumprimento de tudo o que foi prometido durante a campanha. Caso contrário, continuaremos elegendo criminosos e pessoas desqualificadas para ocupar postos tão importantes para a vida pública do país, figuras despreocupadas com o bem-estar da coletividade, cujo único compromisso será o de manter o sistema da forma como está - prejudicando muitos e favorecendo poucos.
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