12.6.13

Futebol: Guerra e Paz



Artilharia...

Ataque e...

Defesa.

Talvez você esteja se perguntando o que esses palavras e imagens tem haver com futebol. A resposta para sua pergunta é... tudo!
Pois os conceitos militares, tais como artilharia, ataque e defesa foram apropriados pelos desportistas, que aplicaram os conceitos de guerra na formação do esporte, que hoje encanta e seduz milhões de espectadores ao redor do Mundo.

Os termos bélicos presentes em todo o futebol, desde o estrategista (treinador da equipe) até o local onde se pratica o jogo, o campo de "batalha" (lugar de disputa da partida), pode ser justificada devido aos constantes conflitos políticos e militares dos séculos passados. Os ingleses, considerados os criadores do futebol moderno, estavam envolvidos em constantes batalhas contra as nações rivais. 
Os conflitos, entretanto, não impediram que o esporte se difundisse pela Europa no século XIX, onde ele encontrou um palco de tensões entre as potências imperialistas europeias, sedentas por conquistas territoriais e áreas de influência, na África e no restante do Mundo.

No início do século XX o futebol teve um grande desenvolvimento. Em 1904 surgiu a FIFA para organizar campeonatos e competições internacionais entre clubes e seleções dos países.
Mas, entre os caminhos do futebol no século passado, estavam as duas grandes Guerras Mundiais, nos anos de 1914-1918 e 1939-1945. O resultado dessas guerras foram cerca de 59 milhões de pessoas mortas em nome da intolerância e da ganância dos líderes mundiais.

Guerra = catástrofe.

Todo esse contexto beligerante vivido pelo Mundo, sobretudo pelo continente europeu, influenciou diretamente a cultura futebolística, que apesar de ser um esporte adotou o rigor das normas militares, como por exemplo o uso de uniformes, a disciplina, os treinamentos físicos, além dos conceitos estratégicos do jogo, como o ataque e a defesa.

Fora as metáforas bélicas existentes no futebol, essa modalidade esportiva tem como um de seus principais objetivos sociais promover a alegria, a confraternização entre os povos e disseminar a paz. Claro, que nem sempre é isso que ocorre. Já vimos em diversas partes do Mundo   incontáveis mostras de violência e manifestações de ódio e racismo relacionadas ao futebol. Mas esse será assunto de uma futura postagem.

Concluiremos esse post com um exemplo da força e da influência do futebol sobre a paz.
No ano de 2004 o Haiti, um dos países mais pobres do continente americano, passava por grandes dificuldades políticas, econômicas e sociais.
O país estava destruído por desastres naturais e  uma onda de violência, marcada por saques e assassinatos.
A agitação social transformou-se numa guerra civil. E o presidente do país renunciou ao cargo, em fevereiro de 2004, após ter a capital cercada por guerrilheiros armados.

Para conter a violência e levar ajuda humanitária ao Haiti, a ONU interviu e enviou uma Missão de paz ao país, liderada por militares brasileiros.
Tropas internacionais estão auxiliando o Haiti a obter estabilidade política e social.

Violência, falta de emprego, habitação e saneamento precários, além de miséria, fome, sofrimento e ausência de esperança. Essa era a dura realidade povo haitiano. (Aliás, o quadro atual do país não é lá tão diferente do que  fora num passado próximo).

O que poderia reverter essa caótica situação?
Foi convocada a Seleção Brasileira, que em 2004 encantava a todos com o mais exuberante futebol do Mundo, para desembarcar no Haiti.
A seleção, naquela época, desfilava nos campos com craques do nível de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos. Eles eram reconhecidos internacionalmente devido ao seu talento e alegria com a arte da bola. Por isso, um jogo entre o time mais importante do Mundo contra a seleção do Haiti seria uma grande atração para o povo daquele país.


A missão do Brasil não era vencer, mas sim trazer alegria e um pouco de esperança para os haitianos, por pelo menos um dia. O jogo também tinha contornos diplomáticos, servindo para melhorar as relações internacionais entre os dois países, e contribuir para que o povo haitiano aceitasse a presença de tropas militares da ONU, que eram comandadas por generais brasileiros, sem muitos questionamentos.

A Seleção canarinho chegou a Porto Príncipe, capital do Haiti, no dia do jogo, 18 de agosto de 2004, para disputar uma partida amistosa contra o time do país. 

Os jogadores brasileiros seguiram do aeroporto para o estádio em carros blindados da ONU e foram ovacionados pela desesperada multidão haitiana, que tentava ver de perto os ídolos do futebol.
Jogadores do Brasil percorreram as ruas de Porto Príncipe em carros blindados.

O resultado do jogo entre as duas seleções foi o que menos importou, o Brasil venceu por 6 a 0, com facilidade e deu show, mas os haitianos não se entristeceram com a goleada sofrida (um fato previsível).

Pelo menos naquele dia, uma parte do povo do Haiti se esqueceu das tragédias naturais e sociais em que estavam mergulhados. Por algumas horas daquele dia o Haiti "parou", alegria do Futebol preencheu o espaço da violência e do sofrimento do povo.  

Aquela partida de futebol não resolveu os problemas políticos do Haiti e nem  alimentou a população da Ilha, mas pode ter ajudado o povo a recuperar sua autoestima e a ter um pouco mais de esperança, mesmo com um horizonte tão conturbado.

Os sorrisos nos rostos dos haitianos, por ver Ronaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos e outros grandes atletas demonstrando seu talento, foi um acalento para corações famintos e desesperançosos. Dificilmente, esses momentos de felicidade serão esquecidos da História do Futebol e do Haiti.
Jogadores das seleções do Brasil e do Haiti posam para a foto antes do jogo.


Essa foi, sem dúvida, uma das mais espetaculares goleadas do Futebol brasileiro em sua História recente.

Assista ao vídeo abaixo, que mostra mais detalhes sobre a estada da seleção brasileira no Haiti, em 2004. (EMOCIONANTE).

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