30.11.12

Como deve ser a gestão da escola pública?

Provavelmente você já deve ter ouvido os termos "gestão democrática", "colegiado escolar" e "proposta político-pedagógica".

O que esses termos possuem em comum? Todos eles fazem parte da administração das instituições públicas de ensino. São esses conceitos que, se praticados corretamente, podem contribuir para a melhoria do ensino nas escolas de educação básica.

Não basta ter professores qualificados nas salas de aulas, se não houver um eficiente sistema de administração escolar e um projeto político-pedagógico que estampe a identidade do educandário e de sua comunidade escolar a escola nunca terá a qualidade social almejada.

Todos sabem o quanto a Democracia é importante para a vida pública e coletiva do país. E  na administração das instituições públicas de ensino, não é diferente. Mas será que nossas escolas são realmente democráticas? O colegiado escolar é realmente atuante no cotidiano escolar? E o projeto pedagógico da escola funciona, identifica os anseios e as metas da comunidade ou é um documento que fica apenas engavetado no arquivo?

Nesta breve reflexão destacaremos alguns aspectos administrativos e pedagógicos que consideramos fundamentais para que a Escola Pública possa ter sucesso e consiga executar seu trabalho, tendo em vista o atual contexto político, cultural e social, que desafia os educadores e questiona o papel da escola no século XXI. 

Num passado recente, até meados da década de 1990, a gestão escolar era bastante centralizada na figura do Diretor, que tinha amplos poderes para decidir os rumos que a escola tomaria. Suas decisões eram acatadas por todos, com pouco ou nenhum questionamento da comunidade escolar, isto é, professores, demais funcionários, alunos e pais.

Nessas escolas, a participação da comunidade escolar era bastante limitada e cerceada pelo "mandonismo" dos diretores. Esse costume autoritário, praticamente ditatorial, provém da época da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), quando os militares que estavam no poder mandavam e o povo obedecia.

Mas o cenário político e social do Brasil mudou, caiu a Ditadura, retornamos para a Democracia  e  as escolas também mudaram. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394 de 1996 estabelece que o Ensino Público terá como um de seus princípios a gestão democrática.

Um grupo de pesquisadoras da Faculdade de Educação da UNICAMP argumenta que a Gestão democrática é "uma oportunidade real de transformar a escola em um espaço público onde diversas pessoas têm a possibilidade de articular suas idéias, estabelecer diálogo e considerar diferentes pontos de vista." (http://www.amparo.sp.gov.br/noticias/agencia/2002/2002_dez/021227_gest-democratic.htm acesso em 29 out. 2012). 

Como podemos perceber, a Democracia na escola é muito importante. Ela evita o autoritarismo do Diretor, descentraliza o poder decisório, envolvendo todos os agentes da Comunidade Escolar - gestores, professores, alunos e pais - no processo de construção de uma Escola de Qualidade.

Será que as escolas acordaram para o século XXI? Será que alguns gestores aplicam os princípios da Gestão democrática na administração escolar?

Infelizmente, a cultura do autoritarismo ainda deixou resquícios nos dias atuais. Apesar do fim da Ditadura, não é difícil encontrar por aí diretores que se acham "donos" de escolas, que na verdade pertencem às comunidades onde elas estão inseridas. 
Gestores assim agem como verdadeiros ditadores, perseguem professores, tentam impor suas vontades, suas crenças, misturam religião com poder e acreditam estar acima do bem, do mal, da Lei e da própria vontade coletiva. Em alguns casos, eles recebem o apoio de um "seleto" grupo de professores, alunos e até pais que, geralmente, partilham dos mesmos ideais ou crenças, possuem ambições semelhantes ou têm medo de contrariar seu superior hierárquico. Enquanto o grupo escolhido é protegido e beneficiado na escola, por corroborar os mandos e desmandos, aqueles que não aceitam o jugo da tirania e não se submetem às vontades do diretor são covardemente perseguidos, através das mais nefastas estratégias. 

Os atos desse tipo anacrônico de agente público não se pautam na legalidade e nem possuem respaldo junto à maior parte da comunidade. Eles se baseiam unicamente na coerção, no medo, nas ameaças e perseguições contra os membros da Comunidade Escolar ou de fração dela.

Gestores com esse perfil, que é o pior possível, não respeitam as diferenças, não valorizam a diversidade, não conseguem conviver com a pluralidade de ideias, diferenças culturais, religiosas e de pensamento. Dessa forma, contrariam outros princípios estabelecidos pela Lei 9.394/96, a saber: o pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e respeito à liberdade e apreço à tolerância.

Imagine só quanta riqueza étnica e cultural não temos nas escolas públicas. São pessoas de todas as cores e classes sociais que frequentam diariamente a escola e precisam aprender a conviver harmonicamente em suas diferenças, a começar pelo exemplo do Diretor, que é o líder da Escola. 


Mas gestores "mandões" não são líderes, são chefes com síndrome do autoritarismo, a mesma que atormentava Adolf Hitler, o sanguinário ditador alemão, que promoveu o Holocausto, com apoio de parte significativa do povo alemão. 
O ditador, sustentado por parte de seu povo, perseguiu e matou milhões de judeus, ciganos, homossexuais e portadores de necessidades especiais só porque os considerava "diferentes" e "inferiores", do ponto de vista racial, cultural e religioso.

A História já nos deu inúmeras provas que qualquer tipo de intolerância gera perseguições e conflitos. Sem respeito e sem diálogo, nunca teremos uma Democracia  plena e continuaremos assistindo ao ressurgimento de novas e terríveis barbáries, como ocorreu com o Nazismo de Hitler.

Acreditamos que nas escolas onde predomina o autoritarismo administrativo não é possível a existência de um ambiente adequado e saudável, capaz de formar pessoas autônomas, tolerantes e respeitadoras das diferenças culturais e de expressão do próximo. Afinal, como um cidadão educado em um ambiente antidemocrático vai saber viver em uma sociedade que pretende ser democrática?

Enfim, podemos perceber que a democracia na escola e na sociedade não pode ser apenas de fachada, tem que ser vivida, exercitada e trabalhada diariamente. Se quisermos uma Educação com Qualidade e uma sociedade mais justa, precisamos de uma escola que valorize a diversidade, em todas as suas formas, e que priorize o respeito nas relações entre os indivíduos.
Precisamos aprender a conviver com as diferenças de opinião e a respeitar o próximo. Na escola, as decisões são coletivas, devem expressar a vontade da maioria da comunidade escolar, e não somente a vontade de um Diretor e de seu restrito grupo de apoio.

Os gestores das escolas públicas precisam compreender, definitivamente, que a Gestão Democrática precisa funcionar e deve garantir a "participação social: na formulação de políticas educacionais; no planejamento; na tomada de decisões; na definição do uso de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações coletivas; nos momentos de avaliação da escola e da política educacional." (http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2666/gestao-democratica-escolar acesso em 29 de out. 2012). 

Portanto, a participação social, tem que envolver todos os segmentos da Comunidade Escolar, não pode excluir pessoas e ser um privilégio de alguns. 
Toda a comunidade escolar tem o direito de participar das discussões e decisões sobre a aplicação das verbas, a elaboração de projetos pedagógicos e quaisquer outros temas que estejam relacionados à coletividade. Quem consegue envolver a comunidade com os assuntos escolares é um bom gestor, um líder de verdade, quem não consegue é apenas um diretor.




Texto publicado no Jornal do Sind-UTE/MG - Subsede de Leopoldina


* Atualizado em 11/11/2015

15.11.12

Resultado da enquete sobre alimentos transgênicos

A enquete está encerrada. O Blog perguntou: QUANDO VOCÊ COMPRA ALIMENTOS QUAIS PREFERE?

Confira o resultado:


  • Escolho os orgânicos, sem uso de agrotóxicos.   10 votos (50%)
  • Prefiro os transgênicos, pois tem maior valor nutricional.   4 votos (20%)
  • Escolho qualquer um, independente de sua origem.   5 votos (25%)
  • Pego os mais baratos, preço baixo é o que importa.  1 voto (5%)

Total de votos: 20

O blog Acrópole agradece a sua participação!

Continue participando, deixando sua opinião sobre nossos posts e votando nas novas enquetes.

10.11.12

O início da colonização portuguesa no Brasil

Os alunos do 7º ano do CIEP 280 estão estudando como começou a colonização do Brasil pelos portugueses.

Aprendemos que, nas primeiras décadas do século XVI, os portugueses deram pouca importância para a América, pois estavam muito ocupados com o lucrativo comércio das especiarias no Oriente.
Contudo, a presença de navios de outros países como, por exemplo, da França, no litoral do Brasil, alertaram os portugueses para o risco de perder suas terras.

A partir de então os lusitanos começaram a fundar feitorias para policiar o litoral brasileiro, além de enviarem expedições colonizadoras para guarnecer a costa, ocupar as terras e evitar que elas fossem invadidas e tomadas pelos concorrentes europeus.

Nesse sentido, em 1531 chegou ao Brasil  Martim Afonso de Sousa, um nobre português, que comandava uma expedição com cinco navios e mais de 400 homens. Além de explorar a costa brasileira. Martin Afonso de Sousa fundou a primeira vila portuguesa no Brasil - São Vicente, no litoral de São Paulo.

Fundação de São Vicente (1900) - óleo sobre tela de Benedito Calixto. Museu Paulista-SP
São Vicente atualmente. Um belo local para se visitar!
O nobre português também trouxe para a colônia as primeiras mudas de cana de açúcar, que posteriormente seria amplamente cultivada no Nordeste brasileiro.

O pau-brasil, árvore que crescia abundantemente ao longo do litoral brasileiro, foi a primeira atividade econômica explorada pelos portugueses. Eles forneciam quinquilharias (espelhos, facas, miçangas, pentes e anzóis) para os índios, em troca de que esses cortassem as árvores e as levassem até os navios.
Desmatamento - foi uma das consequências da exploração do pau-brasil, árvore da qual os portugueses extraíam tinta vermelha usada para tingir tecidos.

Para promover com mais intensidade a ocupação dos territórios na América portuguesa, o rei de Portugal adotou, em 1534, o sistema de Capitanias Hereditárias, o qual consistia em ceder faixas de terras para nobres, militares e comerciantes portugueses interessados em povoá-las. Com essa medida, a Coroa esperava colonizar suas terras e arrecadar impostos dos colonos.
Será que os povos indígenas que viviam no Brasil gostaram das Capitanias Hereditárias?

O sistema de capitanias não funcionou bem, devido a falta de investimentos dos capitães donatários (pessoas que recebiam as capitanias do Rei) e aos conflitos com os índios, que não aceitaram a ocupação de suas terras e nem o trabalho escravo.
Índios em luta contra os europeus. A colonização não ocorreu pacificamente.



Com o fracasso do sistema, a coroa nomeou um governador-geral, para representar o Rei na colônia, a partir de 1548. O governador tinha como principais atribuições administrar a colônia, aplicar a justiça, procurar por metais precioso, dentre outras.

O primeiro governador-geral foi o militar português - Tomé de Souza - que chegou no Brasil em 1549, mesmo ano em que fundou Salvador, que se tornou a sede da Administração na colônia.
Tomé de Souza chega ao Brasil em 1549, para administrar a colônia portuguesa.
O governador fundou vilas, fortes e prédios administrativos. Ele trouxe consigo Jesuítas, ordem religiosa que tinha o objetivo de catequizar os nativos, que o ajudaram a pacificar os índios. Após a paz, índios e portugueses retomaram a prática do escambo (troca de mercadorias por). Tomé de Souza restringiu a escravidão somente aos indígenas que resistissem à colonização. Seu mandato durou até 1553, quando foi sucedido por Duarte da Costa.



4.11.12

Temas do ENEM trabalhados com o 3º ano

Observamos na avaliação do ENEM 2012 a presença de diversas questões que abordaram assuntos trabalhados com o 3º ano do Ensino Médio, da E. E. Luiz Salgado Lima, ao longo desse ano letivo.

Temas como a Guerra do Vietnã, Movimento Negro nos E.U.A e Segunda Guerra Mundial foram trabalhados através de resumos, aulas expositivas, atividades e filmes, marcaram presença na avaliação do ENEM 2012. 

Só não acertará essas questões aqueles alunos que não prestaram atenção nas aulas, ou os que não se prepararam adequadamente para uma avaliação tão importante quanto o Exame Nacional do Ensino Médio.

Vejamos algumas questões do Caderno amarelo do ENEM, que estão disponíveis nos sites Uol e Globo, cujos temas foram trabalhados em sala de aula:

Questão nº 10

Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963
Disponível em: www.plamares.gov.br. Acesso em: 30 nove. 2011 (adaptado).

O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivavam

a) a conquista de direitos civis para a população negra.
b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano.
c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista.
d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.
e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano. 

Questão nº 14

Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói  com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Fuhrer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar.
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em : www.revistastart.com.br Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado).

A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra

a) A Tríplice aliança, na primeira guerra mundial.
b) Os regimes totalitários, na segunda guerra mundial.
c) O poder soviético, durante a guerra fria.
d) O movimento comunista, na guerra do Vietnã.
e) O terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.

Questão nº 15


Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação 
relacionava-se

a) À contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais.
b) À organização partidária da juventude  comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado.
c) À unificação das noções de libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.
d) À defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos 
sociais.
e) Ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e de outras mudanças nos costumes.


Gabarito (não-oficial):
10: A
14: B
15: C

3.11.12

O reflexo da indisciplina no ENEM

Alunos chegando atrasados nas salas de aulas, uso indiscriminado de celulares e redes sociais durante as aulas... Parece que estamos em uma escola pública, num dia comum, onde os estudantes chegam e saem na hora que querem, entram após o horário inicial, interrompendo as aulas, usam e abusam de celulares e outros aparelhos eletrônicos durante as aulas.
Mas a situação relatada acima está acontecendo agora, em locais onde estão sendo realizados o ENEM (exame nacional do ensino médio), porém os critérios e a fiscalização mais rigorosa que envolvem o Exame não facilitaram a vida dos "transgressores".

Regras simples, tais como chegar na hora certa e não utilizar equipamentos eletrônicos durante a prova, não são perdoadas pelos organizadores do ENEM e nem por nenhum outro Concurso Público. Nós, professores, cansamos de alertar nossos alunos sobre essas questões, contudo eles parecem não ouvir. Ficam mais preocupados em ligar o ipod, o mp3 ou celular do que ouvir o professor.

A escola perdoa as falhas cometidas pelos estudantes, mas a escola da vida não deixa esses erros passarem em branco. Os candidatos que não seguiram as regras do ENEM - chegar na hora e não utilizar aparelhos eletrônicos - se deram mal, foram penalizados. Os que chegaram atrasados, mesmo que por alguns minutos, não puderam fazer a avaliação. Já os que abusaram dos aparelhos eletrônicos e fotografaram as provas foram desclassificados.

Vamos ficar atentos, pessoal. Os estudantes interessados em prestar concursos públicos devem começar a se educar e a desenvolver senso de disciplina desde o Ensino Fundamental. Precisam aprender como devem se portar antes, durante e depois em um processo seletivo. Não basta estudar, tem que ter disciplina e seguir as regras.
Que tal começar a observar as normas de sua escola para não fazer feio fora dela?

Leia mais sobre os atrasos e as desclassificações do ENEM 2012 clicando nos links abaixo:


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Nosso texto "O resultado da falta de educação generalizada" foi publicado no Portal Tribuna do Povo, o jornal mais tradicional de Leopoldina e região.

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