16.5.12

Em quem eu não devo votar?


Durante o período eleitoral, os candidatos aos cargos eletivos fazem de tudo para conseguir o seu voto.
Visitam as instituições de caridade, participam de festejos populares, forjam sorrisos, cumprimentos e abraços inesgotáveis e, é claro, as promessas que, na maioria das vezes, nunca são cumpridas, caso o candidato seja eleito.

Nas campanhas para conquistar votos e cargos vale tudo, literalmente. É nesse momento que os publicitários especializados em marketing eleitoral entram em ação para orientar os rumos e as práticas recomendáveis, para que o candidato tenha apelo popular e consiga conquistar os corações dos eleitores e os votos.

Os políticos transformam-se em verdadeiros artistas, interpretam um papel, e, em certos casos, são lobos travestidos em pele de cordeiro.
Uma prática que observamos no período eleitoral é a presença certa dos candidatos em eventos e locais que, são costumeiramente frequentados pela população, como por exemplo, festas juninas, lanchonetes e restaurantes populares.

Sempre com um sorriso falso no rosto, lá estão os figurões oportunistas degustando salgadinhos engordurados, almoçando em locais que servem comida a baixo custo, ou visitando bairros - caminhando lado a lado com o povo. Sobram cumprimentos, sorrisos, apertos de mão e abraços.

Não se enganem, esses figurões da política não frequentam costumeiramente esses locais, e nem gostam de fazê-lo, não comem coxinha na lanchonete da praça e não irão retornar ao restaurante para comer de "bandejão"  após serem eleitos. O ambiente que esse tipo de gente frequenta é bem diferente dos que são frequentados pelos trabalhadores, por gente simples e humilde, lá pobre não entra, não há espaço para trabalhadores, desabrigados e desempregados, pois o funil social trata de separar a elite financeira do restante da população. 

Toda aquela representação teatral de humildade e sensibilidade tem o único objetivo de vender a ideia, que o candidato que ali se apresenta é igual aos seus eleitores, que ele compreende suas necessidades, também possui humildade, tem sensibilidade social e está disposto trabalhar para resolver os problemas da população.

Essa ideia hipócrita, infelizmente, ainda comove corações, que se deixam seduzir pela asquerosa interpretação dos candidatos a cargos políticos. O jogo de cena toca o coração dos mais desinformados e submete a razão, devido a força provocada pela emoção. Essa é uma das frias estratégias eleitoreiras, que há muito tempo tem funcionado.

Por isso, alguns canalhas acabam se elegendo e, após assumirem a função pública, voltam-se contra os interesses daqueles que o elegeram, isto é, o povo. Políticos assim trabalham pelos seus próprios interesses, trabalham em prol de um pequeno grupo do poder, conduzem os negócios públicos beneficiando empreiteiros, banqueiros e industriais em detrimento da população. Depois de eleitos, eles pouco se importam com os bairros e com a população que vive neles, nem pisam lá novamente. Ficam enclausurados em seus gabinetes, tratando de negócios escusos.

Enquanto poucos tiram proveito do poder e das negociatas mais sujas, a população e os trabalhadores que sustentam a cidade e o país, com seu sangue e suor, continuam sendo massacrados, forçados a sobreviver, diariamente, com a desigualdade social, a violência, falta de saúde e educação de qualidade, desemprego, falta de habitação, saneamento básico, lazer, cachoeira e oceanos de corrupção e impunidade...

Alertamos no texto anterior, que devemos votar em quem, de fato, tem compromisso com os direitos sociais e as garantias fundamentais para a vida com dignidade. Não é certo depositar o seu voto em um lobo que se veste de cordeiro e que desce de seu palacete, para visitar os vilões somente durante o período eleitoral. Não se deixe convencer por sorrisos e cumprimentos falsos.

Cuidado, o seu voto está sendo caçado, cabe a você defender o seu direito para poder escolher o melhor possível para o seu futuro e o de sua cidade.  
Sabemos que candidatos ideais, no atual quadro eleitoral da cidade, são escassos, senão inexistentes, poucos são aqueles que veem a política e o poder público como um instrumento para a promoção da igualdade e da qualidade de vida do povo. Através dos cargos eletivos, alguns querem ascensão social, outros querem  chegar ao poder para o próprio benefício e também o de seu grupo político. Enfim, nesses casos há maior preocupação em obter benefícios e regalias individuais ou para poucos, do que melhorar e favorecer a coletividade, a qual depende da ação competente do Poder Público e de seus agentes.
   
Mas, quando conseguirmos selecionar melhor nossos candidatos e utilizarmos corretamente nosso voto, inverteremos a situação. Ao invés de caçados, seremos os caçadores de políticos corruptos, sem caráter, e dos oportunistas que nada querem com o bem público, senão cuidar do próprio umbigo com as prerrogativas do cargo que ocupam. Sem espaço para os figurões, teremos melhores candidatos e lideranças realmente bem intencionadas, para começarmos a construir uma cidade e um país socialmente mais justo. 


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