Durante o período eleitoral, os candidatos aos cargos eletivos fazem de tudo para conseguir o seu voto.
Visitam as instituições de caridade, participam de festejos populares, forjam
sorrisos, cumprimentos e abraços inesgotáveis e, é claro, as promessas
que, na maioria das vezes, nunca são cumpridas, caso o candidato seja
eleito.
Nas campanhas para conquistar votos e cargos vale tudo,
literalmente. É nesse momento que os publicitários especializados em
marketing eleitoral entram em ação para orientar os rumos e as práticas
recomendáveis, para que o candidato tenha apelo popular e consiga conquistar os corações dos eleitores e os
votos.
Os políticos transformam-se em verdadeiros artistas,
interpretam um papel, e, em certos casos, são lobos travestidos em pele
de cordeiro.
Uma prática que observamos no período eleitoral é a
presença certa dos candidatos em eventos e locais que, são
costumeiramente frequentados pela população, como por exemplo, festas
juninas, lanchonetes e restaurantes populares.
Sempre com um
sorriso falso no rosto, lá estão os figurões oportunistas degustando salgadinhos engordurados, almoçando em locais que servem comida a baixo
custo, ou visitando bairros - caminhando lado a lado com o povo. Sobram
cumprimentos, sorrisos, apertos de mão e abraços.
Não se enganem,
esses figurões da política não frequentam costumeiramente esses locais,
e nem gostam de fazê-lo, não comem coxinha na lanchonete da praça e não
irão retornar ao restaurante para comer de "bandejão" após serem
eleitos. O ambiente que esse tipo de gente frequenta é bem diferente dos
que são frequentados pelos trabalhadores, por gente simples e humilde,
lá pobre não entra, não há espaço para trabalhadores, desabrigados e desempregados, pois o funil social
trata de separar a elite financeira do restante da população.
Toda
aquela representação teatral de humildade e sensibilidade tem o único
objetivo de vender a ideia, que o candidato que ali se apresenta é
igual aos seus eleitores, que ele compreende suas necessidades, também possui
humildade, tem sensibilidade social e está disposto trabalhar para
resolver os problemas da população.
Essa ideia hipócrita,
infelizmente, ainda comove corações, que se deixam seduzir pela
asquerosa interpretação dos candidatos a cargos políticos. O jogo de
cena toca o coração dos mais desinformados e submete a razão, devido a
força provocada pela emoção. Essa é uma das frias estratégias
eleitoreiras, que há muito tempo tem funcionado.
Por isso, alguns
canalhas acabam se elegendo e, após assumirem a função pública,
voltam-se contra os interesses daqueles que o elegeram, isto é, o povo.
Políticos assim trabalham pelos seus próprios interesses, trabalham em
prol de um pequeno grupo do poder, conduzem os negócios públicos
beneficiando empreiteiros, banqueiros e industriais em detrimento da
população. Depois de eleitos, eles pouco se importam com os bairros e com a população que vive neles, nem pisam lá novamente. Ficam enclausurados em seus gabinetes, tratando de negócios escusos.
Enquanto poucos tiram proveito do poder e das
negociatas mais sujas, a população e os trabalhadores que sustentam a
cidade e o país, com seu sangue e suor, continuam sendo massacrados,
forçados a sobreviver, diariamente, com a desigualdade social, a
violência, falta de saúde e educação de qualidade,
desemprego, falta de habitação, saneamento básico, lazer, cachoeira e
oceanos de corrupção e impunidade...
Alertamos no texto anterior,
que devemos votar em quem, de fato, tem compromisso com os direitos
sociais e as garantias fundamentais para a vida com dignidade. Não é
certo depositar o seu voto em um lobo que se veste de cordeiro e que
desce de seu palacete, para visitar os vilões somente durante o período
eleitoral. Não se deixe convencer por sorrisos e cumprimentos falsos.
Cuidado,
o seu voto está sendo caçado, cabe a você defender o seu direito para
poder escolher o melhor possível para o seu futuro e o de sua cidade.
Sabemos que candidatos ideais, no atual quadro eleitoral da cidade, são escassos, senão inexistentes, poucos são aqueles que veem a política e o poder público como um instrumento para a promoção da igualdade e da qualidade de vida do povo. Através dos cargos eletivos, alguns querem ascensão social, outros querem chegar ao poder para o próprio benefício e também o de seu grupo político. Enfim, nesses casos há maior preocupação em obter benefícios e regalias individuais ou para poucos, do que melhorar e favorecer a coletividade, a qual depende da ação competente do Poder Público e de seus agentes.
Mas, quando conseguirmos selecionar melhor nossos candidatos e utilizarmos corretamente nosso voto, inverteremos a situação. Ao invés de caçados, seremos os caçadores de políticos corruptos, sem caráter, e dos oportunistas que nada querem com o bem público, senão cuidar do próprio umbigo com as prerrogativas do cargo que ocupam. Sem espaço para os figurões, teremos melhores candidatos e lideranças realmente bem intencionadas, para começarmos a construir uma cidade e um país
socialmente mais justo.