A Guerra entre a Rússia e a Ucrânia irá completar dois anos no dia 24 de fevereiro de 2024. Sabemos que a Rússia é uma potência nuclear e detem um poderoso arsenal atômico com quase 6 mil ogivas nucleares.
Desde o início da invasão russa sob o território ucraniano a questão que se coloca é a seguinte: a Rússia vai utilizar bombas atômicas contra a Ucrânia e acabar rapidamente com a guerra?
Embora o presidente da Federação russa, Vladimir Putin, tenha colocado as forças nucleares do seu país de prontidão parece que há diversas razões que pesam contra o uso de armas nucleares.
Vejamos alguns dos motivos e razões que podem ter sido objeto de deliberação e análise por parte da liderança russa e que têm impedido, até aqui, o uso de armas atômicas.
1. Faca de dois gumes
A Rússia e a Ucrânia dividem uma extensa fronteira de mais de 2 mil quilômetros, portanto, é possível que uma explosão nuclear no território ucraniano atinja também cidades e vilarejos da própria Rússia devido à radiação provocada pela detonação. E os efeitos da radiação perduram por muitos anos, poluem o solo, o ar, contaminam a água e os sobreviventes desenvolvem doenças graves. A solução nuclear poderia trazer mais um problema político para o presidente Putin e fomentaria o discurso de seus (poucos) opositores.
2. A resposta dos apoiadores da Ucrânia
Os norte-americanos alertaram a Rússia que caso esta ataque a Ucrânia com armas nucleares haveria consequências e ameaçaram destruir o exército russo. Evidentemente, que a Rússia não deseja um confronto direto contra os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) neste momento. Afinal, os recursos da Rússia são limitados e já estão direcionados para o front no território ucraniano.
3. Envolvimento da OTAN
Detonar uma bomba nuclear na Ucrânia é um risco, pois a radiação pode alcançar países vizinhos que fazem parte da OTAN, como a Polônia ou a Romênia. Se um desses países for envolvido no conflito todos os demais também serão. A OTAN é composta por 31 países que estão organizados em cooperação militar. Eles dispõe de recursos humanos e materiais abundantes, muito além das capacidades russas. Portanto, os estrategistas russos devem ter projetado tais situações afim de evitar o envolvimento da OTAN diretamente nesta guerra.
4. Na História...
Frequentemente a liderança russa responde aos questionamentos sob o uso de armas nucleares lembrando que, na História, quem apelou para o emprego de armas de destruição em massa foram apenas os norte-americanos (no Japão em 1945). E que as forças armadas russas não precisam desse recurso para vencer a guerra. Além disso, a destruição e a letalidade das armas convencionais já deixarão feridas de difíceis cicatrização na memória destes dois povos que possuem parentesco étnico. Imagine o trauma que uma uma explosão atômica causaria? Poderia ser algo insuperável e alimentaria ainda mais a russofobia entre os ucranianos, dificultando ainda mais a reconciliação e a paz entre os dois povos.
Enquanto isso, o conflito segue num impasse, a Rússia firmou posição na região conhecida como Donbass, mas não avança, e os ucranianos, mesmo com o apoio do Ocidente, não conseguem expulsar os russos de seu território.
5. Doutrina de guerra
A autoridade russa lembra que a Doutrina militar da Federação russa prevê o uso de armas nucleares apenas quando houver uma ameaça contra a existência do Estado russo ou um quando ocorrer um ataque com armas do tipo contra os aliados de Moscou. Nesses casos, a Rússia se arroga o direito de recorrer ao seu perigosíssimo arsenal para responder às agressões.
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