A participação política e protagonismo da Juventude na luta por democracia e reconhecimento de direitos

As lutas democráticas e anticolonialistas na construção da democracia nas Américas, África e Ásia. Participação política e protagonismo da Juventude ao longo do século XX. 

A mobilização e participação dos jovens foi, ao longo do século XX, uma força importante em inúmeros movimentos que buscavam emancipação política e reconhecimento de direitos e garantias em diversas partes do mundo.

O protagonismo dos jovens foi marcante, por exemplo,  nas lutas das colônias africanas por independência, nos processos de redemocratização dos países da América Latina e também em movimentos ocorridos na Europa e nos EUA. Vejamos alguns casos a seguir:

. O movimento Hippie nos EUA

A invasão do Vietnã pelos EUA provocou o descontentamento de uma parcela da população norte-americana que passou a protestar contra a guerra. 

Nos anos 1960, surgia o movimento Hippie, que defendia a paz e também questionava o modo de vida baseado no consumismo. Os hippies tinham lemas, como "Faça amor, não faça guerra" e "paz e amor". O país vivia grande tensão política agravada pelos assassinatos do presidente John Kennedy e dos líderes do movimento negro, Malcom X e Martin Luther King Jr. 

Apesar do clima tenso, em 1969 foi realizado o festival de música em Woodstock o qual reuniu milhares de jovens,  defensores da paz, da contracultura e do amor livre. 

O evento ficou marcado pela atmosfera de paz, apesar da exploração da sexualidade e do uso de drogas.

. O movimento de Maio de 1968, na França

Em 1968, o Mundo vivia a Guerra Fria, a luta ideológica entre o comunismo e o capitalismo. Na França, o general Charles de Gaulle completava dez anos no poder. Dentro das universidades francesas, porém, crescia entre os jovens a insatisfação com as injustiças e a falta de liberdade. No campus de Nanterre da Universidade de Paris, os estudantes reivindicavam o fim da proibição de alunos do sexo oposto dividirem o dormitório da residência estudantil. A mobilização dos estudantes ganhou força e culminou numa greve por reformas educacionais mais profundas. As aspirações dos estudantes ficavam latentes nas frases marcantes que surgiram neste movimento, como: "Faça amor, não faça guerra", "É proibido proibir" e "Decreto Estado permanente de felicidade".

A repressão do governo foi forte, as autoridades tentaram impedir os estudantes de marcharem e houve conflito entre os jovens e a polícia. Centenas de estudantes foram presos e muitos ficaram feridos. O movimento operário logo juntou-se aos estudantes e houve uma greve geral no país.

A situação só foi contida quando o presidente Charles de Gaulle concedeu aumento aos trabalhadores e antecipou as eleições.

Mesmo com a frustração do movimento de 1968, ele ajudou a impulsionar a luta pelo reconhecimento dos direitos civis e pelas liberdades individuais na França e em diversos outros países do mundo.

. China, O massacre da  Praça da Paz Celestial 

A imagem de um homem entrando na frente de um tanque blindado do Exército Chinês correu por todo o Ocidente em 1989.  A identidade do jovem é desconhecida, não se sabe o que aconteceu com ele, mas sua atitude, captada pelas câmeras das emissoras ocidentais, expressava a inquietação de milhares de jovens chineses que reivindicavam abertura política. Eles se reuniam em diversas partes do país, faziam greve de fome e protestavam contra a inflação, o desemprego e a falta de liberdade.

As reformas estavam em andamento na China naquela época, a economia de mercado estava sendo gradualmente implementada. As mudanças políticas também ocorriam, mas acabaram sendo interrompidas devido ao protesto, que foi reprimido com violência pelo exército. 

Não se sabe exatamente quantas pessoas foram mortas no incidente e, até os dias atuais, o assunto é proibido de ser tratado na China.

. Brasil: impeachment do presidente da República

 

Em 1992, o processo de cassação do mandato do presidente da República Fernando Collor de Mello teve a participação intensa do movimento estudantil. A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou os jovens para manifestações de rua e milhares compareceram. Eles ficaram conhecidos como "caras-pintadas", pois foram às ruas com os as cores do Brasil pintadas em seus rostos.

Enquanto a CPMI aberta no Congresso Nacional investigava o envolvimento do presidente da República no esquema de corrupção, manifestações populares espalhavam-se por todo o país pressionando pelo fim da corrupção e pela cassação do presidente. 

Sem apoio popular e do Congresso, Collor foi cassado e seus direitos políticos foram suspensos por 8 anos.