29.11.18

Empreender é realizar boas coisas coletivamente!

Todo empreendimento começa a partir de um planejamento, essa etapa é fundamental, pois é nela que são traçados os objetivos da empreitada, as tarefas e responsabilidades são divididas.

Aqui no Ensino Fundamental do CIEP 280, nós, da área de Ciências Humanas, realizamos um trabalho baseado em dois princípios fundamentais e basilares: diálogo e horizontalidade!
O diálogo nos permite expor ideias e ouvir a dos colegas, para depois realizar uma síntese que se transformará em ações. A horizontalidade nos coloca como iguais, ninguém é melhor do que o outro, nada é imposto, não "vem de cima para baixo", deliberamos e agimos como um grupo que tem o objetivo de educar. 

Partindo desses dois valores essenciais é que nos reunimos e colocamos no papel nossos sonhos e ideias. E assim ocorreu quando fomos celebrar o dia da Consciência Negra. Elaboramos um projeto envolvendo as disciplinas de Artes, História e Geografia nas turmas de 6º a 8º anos do Ensino Fundamental.

O Projeto ficou excelente e o resultado melhor ainda, com amplo envolvimento e protagonismo dos estudantes, os quais foram acompanhados e orientados pelos professores ao longo de cada etapa e execução dos trabalhos previstos. Além disso, firmamos parcerias, trouxemos um palestrante, secretário municipal, e um grupo de Capoeira para se apresentar na escola. Enfim, foi um grande evento! 
Eis a íntegra do Projeto:

Projeto: “Semana da Consciência Negra”
Planejamento de área: Ciências Humanas do Ensino Fundamental do CIEP 280

Apresentação e Justificativa
         O presente projeto destina-se a promover, especialmente, durante as semanas que antecedem o feriado de 20 de novembro (dia da Consciência Negra) uma reflexão histórica, cultural e política do papel do negro na sociedade brasileira e no cenário internacional.
         Por muito tempo, alguns intelectuais, em meados do século XIX, defendiam a ideia do racismo científico, estabelecendo hierarquias raciais e colocando as etnias africanas em posição inferior aos brancos. Somente após a década de 1950 que tais preconceitos começaram a ser demovidos por novas ideias e pesquisas antropológicas, sociológicas e genéticas.
         Os resultados de novos trabalhos apontam para uma origem comum dos grupos humanos, que remontam à África há milhares de anos atrás. Portanto, desconstruir o racismo é condição sine qua non para almejarmos uma sociedade igualitária e equitativa com oportunidades para todos, independente de sua cor da pele, crenças religiosas, ideologia e etc. Logo, torna-se imprescindível conhecer as formas de discriminação, dominar o conceito de racismo e os meios para combater tais práticas que persistem na sociedade contemporânea.
         Com as atividades previstas neste projeto esperamos apresentar aos alunos e alunas, bem como aos demais membros da comunidade escolar, além de conceitos relevantes, como racismo e discriminação, personalidades afrodescendentes importantes, no Brasil e no exterior, as quais se destacaram em diversas áreas: Literatura, Arte, Música, Ciência, Esporte, Política.

Objetivos
·        Valorizar a cultura afrodescendente e reconhecer a contribuição de seus representantes em diversos aspectos da cultura e da humanidade, como Ciência, Literatura, Artes Plásticas, Esporte e Política;
·        Conhecer o conceito de racismo, discriminação racial e os meios para combate-lo;
·        Reconhecer a influência afrodescendente na culinária, no vocabulário e na cultura brasileira.

Atividades Propostas, Responsáveis e Cronograma
·        Confecção de Cartazes pelos estudantes e professores (Rodolfo, Gabriel, Dacimar e Angélica), seguindo o modelo abaixo:

        
·        Exposição dos cartazes no pátio da escola (Turmas 601 e 602 e 701, 702 e 703, Rodolfo, Dacimar e Gabriel);
·        Apresentação de capoeira com grupos da cidade e alunos (Turmas 701, 702 e 703 e Dacimar);
·        “Roda de Conversa” com um representante do Movimento Negro do Carmo, o secretário municipal de Cultura do município, – senhor Wesley Muniz. (Alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental; Dacimar);
·        Apresentação de Trabalhos sobre conceitos como racismo, discriminação e temas, como Escravidão no Brasil, Quilombos e Resistência e Abolição da Escravatura (1888) (Rodolfo e Mirian);
·        “Sabor à Mesa”: degustação de alimentos de origem afro-brasileira. Merenda: Feijoada (Direção da Escola e Cantineiras); Sobremesa: Cocada e pé de moleque (Turmas 701, 702 e 703).
A culminância do Projeto será no dia 22 de Novembro de 2018 (Quinta-feira), a partir das 08:00 horas com previsão de término às 12:30 h. Nessa data ocorrerá as exposições de cartazes, apresentações de Capoeira, Roda de Conversa e será servido uma feijoada para os estudantes, professores e convidados.

Professores Responsáveis
Angélica Longo
Dacimar Gonçalves
Mirian Kunha
Gabriel Duarte
Rodolfo Pereira   

Vídeo com apresentação de Capoeira de um grupo Carmense, composto por alunos, pais e membros da comunidade.





24.11.18

O mundo mágico da leitura

Na feira cultural de 2018, eu e a professora de língua portuguesa,  Cristiane Gonçalves Toso Pereira,  trabalhamos junto com a turma 1° 6, do Ensino Médio. 

O tema desenvolvido foi a história do livro. Exploramos desde as tábuas de argila, com o surgimento da escrita há 4000 a. C. até os modernos e-books.

Os estudantes capricharam nos trabalhos e nas pesquisas e expuseram dados relevantes, sobre autores, gêneros literários e números e percentuais relativos aos leitores e ao mercado do livro no Brasil. Foi um deleite para os inúmeros visitantes que nos prestigiaram.

Todos os alunos e professores que participaram do evento estão de parabéns,  todos os trabalhos ficaram incríveis e muito criativos.



















Dia da consciência negra

Somos uma sociedade multiétnica, plural e diversa. O dia da consciência negra,  20 de novembro,  marca simbolicamente a resistência dos afrodescendentes por direitos e igualdade.

Trabalhamos conceitos importantes com os alunos,  como preconceito,  discriminação e racismo. Depois elaboramos cartazes com as definições e leis que defendem a igualdade entre os indivíduos,  independentemente da cor da pele, e criminalizam o racismo.

Confira:


19.11.18

A justificação do racismo e da escravidão pela ciência e pela fé

A escravidão é uma forma de exploração do trabalho que tem ocorrido em diversas sociedades e localidades desde a Antiguidade.

Na Civilização Grega, por exemplo, os homens livres poderiam se tornar escravos, caso não pagassem suas dívidas, os prisioneiros de guerras também era sujeitos ao trabalho compulsório e de acordo com Aristóteles: 

“É obvio, então, que uns são livres e outros escravos, por natureza, e que para estes a escravidão é não adequada, mas também justa”.

O filósofo grego atribui aos bárbaros, isto é, àquelas pessoas que não pertenciam à civilização grega a condição natural de escravos, homens que pertenciam a outrem.

Se a princípio a expressão raça estava relacionada à descendência familiar, ao longo do tempo o conceito vai se metamorfoseando e legitimando o processo de exploração de uns sobre outros. No século XVIII, a zoologia usava raça "para designar os subgrupos em uma espécie" (p. 54).
No século XIX, cientistas europeus, baseados nos estudos do biólogo Charles Darwin, elaboraram o racismo científico, também conhecido como "darwinismo social".

O darwinismo social estabeleceu hierarquias entre as raças, tomando como critérios para hierarquizar os grupos humanos aspectos psíquicos e físicos, como, por exemplo, o estudo do formato do nariz e as medidas do crânio. 





"Em 1859, o sociólogo francês Georges Vacher de la Pouge por exemplo, comparou crânios de macacos, de homens negros e de europeus e concluiu que a raça europeia era superior a todas as outras." (p. 56). 
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A ideia do darwinismo social será bastante difundida entre os Ocidentais e servirá para legitimar o Imperialismo e o Neocolonialismo praticado pelas potências europeias no século XIX, submetendo ao seu poderio povos africanos e asiáticos.

Somente a partir da segunda metade do século XX, após a comoção mundial causada pelo horror do nazismo e do conhecimento público acerca do Holocausto, é que os cientistas reconheceram a existência de apenas uma raça - a humana. Os nazistas haviam levado a ideia de superioridade racial ao extremo, promovendo a solução final, isto é o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa. Os estudos dos geneticistas comprovaram que, apesar das diferenças fenotípicas, há padrões inegáveis entre o código genético de todos os seres humanos, que indicam uma origem comum.
"Eva mitocondrial", as mitocôndrias das pessoas vieram de uma mesma linhagem matrilinear. 
Voltemos na linha do tempo, no século XVI, onde, com o advento das Grandes Navegações e dos descobrimentos marítimos, os europeus estabeleceram contatos com outros povos, como os africanos e os nativos americanos. Logo, houve a necessidade de mão de obra para a exploração colonial e os africanos e os índios tornaram-se alvos do apresamento sistemático pelos captores europeus. Assim nascia o Tráfico Atlântico Moderno, que vai promover uma das maiores migrações (forçada) de toda a História.
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Para justificar a escravidão de índios e negros, os europeus recorriam a argumentos religiosos, questionando se aqueles povos tinham alma por desconhecerem o Deus da tradição hebraica-cristã. Os escravos tornaram-se assim mercadorias, "não eram homens, mas coisas que pertenciam a quem os comprava" (p. 63). 

A Igreja julgou que os índios deveriam ser catequizados, já os negros deveriam passar pelo purgatório, representado pelo trabalho forçado. Acreditava-se, à época, que os africanos ou etíopes, eram descendentes de Caim ou de Sem e essa herança maldita tinha que ser compensada com o cativeiro.  
Entre os séculos XVI a XIX, o comércio de escravos foi intenso e estima-se que: 

"Dez a quinze milhões de seres humanos foram, assim, transplantados à força das cosas ocidentais da África para as Antilhas e para o continente americano. Sua força de trabalho era utilizada pelos fazendeiros brancos que colonizavam essas regiões" (p. 63).

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A escravidão no Brasil só chegou ao fim em 1888, após a abolição, entretanto o descaso com os negros libertos contribuiu para as enormes desigualdades sociais permanecessem até os dias de hoje, onde parte da população negra segue marginalizada.

Racismo nos EUA

Nos EUA o escravismo também deixou profundas sequelas sociais. Após o fim da Guerra de Secessão em 1865 a vitória do norte permitiu a abolição da escravidão no país.
Contudo, grupos sulistas derrotados e insatisfeitos formaram a Ku Klux Klan (KKK). Eles se vestiam com roupas e capuzes brancos, perseguiam e assassinavam negros. "Entre 1882 e 1962, houve 4733 linchamentos. A congregação existe até hoje" (p. 66).

Nos EUA, após a abolição, a segregação racial entre brancos e negros permanecia, o que gerou inúmeras manifestações em prol dos direitos cívicos dos afrodescendentes. 
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O pastor Martin Luther King foi um dos líderes do movimento e acabou assassinado em 4 de abril de 1968.    
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A segregação racial nos EUA foi abolida por lei, visando garantir igualdade de oportunidades para brancos e os afro-americanos. Entretanto, na prática ainda há grupos sociais que sustentam o ódios contra negros e latinos pobres.
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Manifestação de grupos da supremacia-branca, na Virginia (EUA), 2017.  


Apartheid na África do Sul

Na África do Sul a comunidade branca de 3 milhões de pessoas impôs aos negros, que constituíam a maioria da população 13 milhões, um sistema de segregação racial - o apartheid.

A medida criada em 1948 separava brancos e negros, estabelecia a proibição de casamentos inter-raciais e restringia os direitos dos negros, proibindo-os, por exemplo, de acessarem determinados lugares (ver imagem abaixo).
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O líder sul-africano Nelson Mandela, que ficou preso por 27 anos por se opor ao apartheid, tornou-se o primeiro negro a ser presidente da República da África do Sul em 1994. 
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Em seu governo, Mandela trabalhou pela reconciliação interna do país e pelo fim da política do apartheid.

Bibliografia básica

COMBESQUE, Marie Agnès. O silêncio e o ódio: racismo, da ofensa ao assassinato. São Paulo: Scipione, 2001.