A escravidão é uma forma de exploração do trabalho que tem ocorrido em diversas sociedades e localidades desde a Antiguidade.
Na Civilização Grega, por exemplo, os homens livres poderiam se tornar escravos, caso não pagassem suas dívidas, os prisioneiros de guerras também era sujeitos ao trabalho compulsório e de acordo com Aristóteles:
“É obvio, então, que uns são livres e outros escravos, por
natureza, e que para estes a escravidão é não adequada, mas
também justa”.
O filósofo grego atribui aos bárbaros, isto é, àquelas pessoas que não pertenciam à civilização grega a condição natural de escravos, homens que pertenciam a outrem.
Se a princípio a expressão raça estava relacionada à descendência familiar, ao longo do tempo o conceito vai se metamorfoseando e legitimando o processo de exploração de uns sobre outros. No século XVIII, a zoologia usava raça "para designar os subgrupos em uma espécie" (p. 54).
No século XIX, cientistas europeus, baseados nos estudos do biólogo Charles Darwin, elaboraram o racismo científico, também conhecido como "darwinismo social".
O darwinismo social estabeleceu hierarquias entre as raças, tomando como critérios para hierarquizar os grupos humanos aspectos psíquicos e físicos, como, por exemplo, o estudo do formato do nariz e as medidas do crânio.
"Em 1859, o sociólogo francês Georges Vacher de la Pouge por exemplo, comparou crânios de macacos, de homens negros e de europeus e concluiu que a raça europeia era superior a todas as outras." (p. 56).
A ideia do darwinismo social será bastante difundida entre os Ocidentais e servirá para legitimar o Imperialismo e o Neocolonialismo praticado pelas potências europeias no século XIX, submetendo ao seu poderio povos africanos e asiáticos.
Somente a partir da segunda metade do século XX, após a comoção mundial causada pelo horror do nazismo e do conhecimento público acerca do Holocausto, é que os cientistas reconheceram a existência de apenas uma raça - a humana. Os nazistas haviam levado a ideia de superioridade racial ao extremo, promovendo a solução final, isto é o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa. Os estudos dos geneticistas comprovaram que, apesar das diferenças fenotípicas, há padrões inegáveis entre o código genético de todos os seres humanos, que indicam uma origem comum.
"Eva mitocondrial", as mitocôndrias das pessoas vieram de uma mesma linhagem matrilinear. |
Voltemos na linha do tempo, no século XVI, onde, com o advento das Grandes Navegações e dos descobrimentos marítimos, os europeus estabeleceram contatos com outros povos, como os africanos e os nativos americanos. Logo, houve a necessidade de mão de obra para a exploração colonial e os africanos e os índios tornaram-se alvos do apresamento sistemático pelos captores europeus. Assim nascia o Tráfico Atlântico Moderno, que vai promover uma das maiores migrações (forçada) de toda a História.
Para justificar a escravidão de índios e negros, os europeus recorriam a argumentos religiosos, questionando se aqueles povos tinham alma por desconhecerem o Deus da tradição hebraica-cristã. Os escravos tornaram-se assim mercadorias, "não eram homens, mas coisas que pertenciam a quem os comprava" (p. 63).
A Igreja julgou que os índios deveriam ser catequizados, já os negros deveriam passar pelo purgatório, representado pelo trabalho forçado. Acreditava-se, à época, que os africanos ou etíopes, eram descendentes de Caim ou de Sem e essa herança maldita tinha que ser compensada com o cativeiro.
Entre os séculos XVI a XIX, o comércio de escravos foi intenso e estima-se que:
"Dez a quinze milhões de seres humanos foram, assim, transplantados à força das cosas ocidentais da África para as Antilhas e para o continente americano. Sua força de trabalho era utilizada pelos fazendeiros brancos que colonizavam essas regiões" (p. 63).
A Igreja julgou que os índios deveriam ser catequizados, já os negros deveriam passar pelo purgatório, representado pelo trabalho forçado. Acreditava-se, à época, que os africanos ou etíopes, eram descendentes de Caim ou de Sem e essa herança maldita tinha que ser compensada com o cativeiro.
Entre os séculos XVI a XIX, o comércio de escravos foi intenso e estima-se que:
"Dez a quinze milhões de seres humanos foram, assim, transplantados à força das cosas ocidentais da África para as Antilhas e para o continente americano. Sua força de trabalho era utilizada pelos fazendeiros brancos que colonizavam essas regiões" (p. 63).
A escravidão no Brasil só chegou ao fim em 1888, após a abolição, entretanto o descaso com os negros libertos contribuiu para as enormes desigualdades sociais permanecessem até os dias de hoje, onde parte da população negra segue marginalizada.
Racismo nos EUA
Nos EUA o escravismo também deixou profundas sequelas sociais. Após o fim da Guerra de Secessão em 1865 a vitória do norte permitiu a abolição da escravidão no país.
Contudo, grupos sulistas derrotados e insatisfeitos formaram a Ku Klux Klan (KKK). Eles se vestiam com roupas e capuzes brancos, perseguiam e assassinavam negros. "Entre 1882 e 1962, houve 4733 linchamentos. A congregação existe até hoje" (p. 66).
Nos EUA, após a abolição, a segregação racial entre brancos e negros permanecia, o que gerou inúmeras manifestações em prol dos direitos cívicos dos afrodescendentes.
O pastor Martin Luther King foi um dos líderes do movimento e acabou assassinado em 4 de abril de 1968.
A segregação racial nos EUA foi abolida por lei, visando garantir igualdade de oportunidades para brancos e os afro-americanos. Entretanto, na prática ainda há grupos sociais que sustentam o ódios contra negros e latinos pobres.
Manifestação de grupos da supremacia-branca, na Virginia (EUA), 2017. |
Apartheid na África do Sul
Na África do Sul a comunidade branca de 3 milhões de pessoas impôs aos negros, que constituíam a maioria da população 13 milhões, um sistema de segregação racial - o apartheid.
A medida criada em 1948 separava brancos e negros, estabelecia a proibição de casamentos inter-raciais e restringia os direitos dos negros, proibindo-os, por exemplo, de acessarem determinados lugares (ver imagem abaixo).
O líder sul-africano Nelson Mandela, que ficou preso por 27 anos por se opor ao apartheid, tornou-se o primeiro negro a ser presidente da República da África do Sul em 1994.
Em seu governo, Mandela trabalhou pela reconciliação interna do país e pelo fim da política do apartheid.
Bibliografia básica
COMBESQUE, Marie Agnès. O silêncio e o ódio: racismo, da ofensa ao assassinato. São Paulo: Scipione, 2001.
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