2.4.16

20: o número que inspirou revoltas no Brasil

Em junho de 2013, ocorreu um reajuste de R$ 0,20 na tarifa do transporte público em São Paulo que desencadeou uma grande revolta popular e uma série de protestos na capital paulista que, rapidamente, se alastrou pelo país afora.

Polícia tenta conter manifestantes em São Paulo (2013).


Nas demais capitais e em centenas de cidades brasileiras o povo foi para as ruas protestar, fazendo inúmeras reivindicações, tais como mais investimentos para saúde, educação, saneamento básico, mais transparência no governo, melhor uso do dinheiro público e o fim da corrupção. 



O aumento da tarifa no transporte público foi, em suma, o estopim de uma grande revolta popular que acabou se espalhando por todo o território nacional e trouxe à tona outros problemas e reivindicações que preocupavam os brasileiros.

Acontece que não é a primeira vez que a população brasileira se revolta por conta de um aumento no valor do transporte público. Em 1879, ainda no período em que éramos governados pelo imperador D. Pedro II, o povo do Rio de Janeiro também se rebelou contra o aumento no transporte.
Esse fato ficou conhecido como a Revolta do Vintém , que como o nome sugere, ocorreu devido ao aumento de 20 réis na taxa do bonde.

Então, vamos conhecer um pouco mais sobre ela!

Naquela época, o transporte público era realizado por bondes puxados por mulas, que carregava trinta pessoas. 

Bondes - principal meio de transporte do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX.


Por um decreto ministerial, ficou estabelecido a cobrança de 20 réis (ou um vintém) sobre o valor dos bilhetes dos bondes que circulavam no Rio de Janeiro, fato que enfureceu a população.

O motivo da revolta!


Os jornais republicanos, contrários á monarquia e a continuidade do imperador no poder, aproveitaram o momento para noticiar o aumento e acabaram contribuindo para instigar a revolta popular, já massacrada pela carestia, desemprego e falta de condições sanitárias.

No dia 28 de dezembro de 1879, cerca de cinco mil pessoas, lideradas pelo jornalista republicano Lopes Trovão, tentaram entregar um abaixo assinado para D. Pedro II, solicitando o fim do vintém (a taxa de vinte réis). Mas a polícia não deixou a população se aproximar do palácio. O imperador disse que aceitaria receber uma comissão de representantes para negociar a reivindicação, mas não houve acordo e começaram os conflitos.

Primeiro os manifestantes divulgaram panfletos pela cidade conclamando o povo a boicotar a taxa, depois organizaram nova manifestação para o dia 1º de janeiro de 1880, no centro do Rio de Janeiro, a qual foi marcada por violência e repressão policial.


Charge ilustra o conflito na Guerra do Vintém / FBN (Revista de História).

Ao som de "fora o vintém!", o povo começou a virar os bondes, espancar os condutores, esfaquear as mulas e destruir os trilhos ao longo das ruas. Paralelepipédicos foram arrancados do chão e lançados contra a polícia e tropas do exército, que responderam com fogo.
Ao final da batalha, estima-se que houve de três a dez mortos e de 15 a 20 feridos.

As agitações populares se sucederam por mais alguns dias, houve mudança ministerial e, dois meses após os protestos, a taxa foi extinta! A revolta teve uma conotação política, republicanos contra o regime monarquista, mas ela ocorreu, é evidente, por conta da insatisfação da população, que necessitava do transporte público.

Esse evento histórico serviu para mostrar o descontentamento do povo, ou de parte dele, com o regime monárquico, que mantinha suas bases políticas na manutenção do latifúndio, do trabalho escravo e da exploração da população com a cobrança de impostos e taxas.


Assista ao vídeo que tenta reconstituir o clima da Revolta do Vintém:



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