A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 estabeleceu que a formação continuada dos docentes é um dever e um direito. Isso porque o poder público entende a necessidade constante de atualização dos educadores para que este possa enfrentar de forma qualificada os desafios inerentes à sua profissão.
Portanto, em linhas gerais, o professor não pode parar de estudar. Acontece que tem muita gente na escola que não gosta de estudar, não lê, não reflete, não produz, ensina mal e se acomoda. Pior do que isso, há gestores que não incentivam a formação continuada, isto é, não estimulam os educadores a buscarem novos conhecimentos, se aprimorar, frequentar cursos de pós-graduação, de extensão, ou a participar de congressos e palestras.
Esse tipo de gestor vive escondido em saletas fazendo sabe-se lá o quê, mal conhece a realidade da escola e, por isso, tem a reprovação da maioria absoluta da comunidade escolar. O gestor com esse perfil não é líder. Um líder inspira os seus comandados a alçarem vôos mais elevados, a buscar novos conhecimentos e a multiplicá-los entre os alunos, o fim de todo o processo educacional.
Analisemos a seguinte hipótese, o mal gestor, ranzinza e burocrático, vê na falta do professor que vai estudar ou frequentar algum curso ou congresso um problema. Alunos ficariam sem aula por um ou dos dias, o diretor teria que trabalhar para preencher essa lacuna, mas convenhamos, tem diretor que não gosta de trabalhar, não é? Por isso ele impõe todo tipo de dificuldade ou de aborrecimento para que o professor não busque a formação continuada. O bom gestor, pelo contrário, é alguém que possui boa formação, jamais se acomoda e não para de se atualizar, ele vê, nesse caso, uma oportunidade para o trabalho do docente ser aperfeiçoado. Enquanto o bom gestor sabe que um profissional mais qualificado impactará positivamente no ensino e na formação dos educandos, o mau gestor vê a ausência temporária de pessoal como um problema, algo que deve ser evitado, pois isso lhe acarretará uma sobrecarga. Quem está preocupado com a qualidade da educação: o bom ou o mau gestor? E quem está preocupado consigo mesmo e em manter sua rotina de modorra (ficar na frente do computador, atento às redes sociais ou tergiversar sobre temas alheios à escola...): o mau gestor ou o bom gestor?
O mau gestor, se tivesse competência e disposição para o trabalho, de fato, sabe elaborar um simples plano de ação para suprir a ausência do educador que foi estudar. O bom gestor faz isso e estimula o docente a fazer as aquisições necessárias ao aperfeiçoamento contínuo de suas habilidades e competências.
Somente com formação continuada, que não precisa ser sempre fora da escola, a educação irá avançar e teremos um ensino com mais qualidade. Importante frisar que a formação continuada precisa ocorrer também dentro das escolas, em momentos oportunos, como as reuniões pedagógicas. Porém, o que se verifica na realidade é que as reuniões são momentos enfadonhos, monótonos e pouco proveitosos que se resumem a:
- Transmissão de avisos dos órgãos superiores para a ciência do corpo docente;
- Acusações generalizantes, como: "tem gente que chega atrasado"; "alguns não dão aula direito"; "tem gente que falta e não apresenta atestado"...;
- Exibição de vídeo e mensagens de auto-ajuda copiadas na internet;
- Realização de dinâmicas sem sentido, exemplo "a dinâmica do abraço".
Por que tais reuniões são contraproducentes? Ora, pois são conduzidas por pessoas desqualificadas, é simples! Elas não são capazes de inovar, de fazer algo diferente e que seja relevante, construtivo e produtivo para toda a equipe da escola. Gente que se acomodou no cargo, que ocupa por décadas, gente que não estuda (ou estuda pouco) tem uma visão turva da complexidade de uma escola e do fazer educacional. Poderíamos esperar algo diferente de gente mal formada? Claro que não, pois não se pode nutrir expectativas sobre a mediocridade.
Precisamos passar a educação à limpo e isso começa por termos nas salas de aulas os melhores professores e os melhores gestores na liderança da escola e da área pedagógica.
Texto de Helio Brummas
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