15.10.17

Diário de Ywesky Borislav: Das estradas locais

Página V: Das estradas locais

Vivo entre Minas e Rio, faço pouso aqui e acolá e tiro meu sustento fazendo pequenos serviços, reparos, obras e, sobretudo, do comércio de mercadorias, como milho, batata doce, fumo, mandioca e aves, que levo de um lugar para o outro no lombo de uma mula.

E como essa vida de caixeiro viajante é sofrida, principalmente porque padecemos da falta de estradas, em ambos os estados. Aqui no interior, os caminhos são terríveis e não é raro cruzar com carros de boi com rodas empenadas, acidentes e caminhões com pneus furados. 

Um presidente da república, Dr. Washington Luís, disse que "governar era abrir estradas". Em seu governo construiu algumas, mas privilegiou o litoral e seu lema não inspirou os dirigentes e chefes políticos dessa região, para minha infelicidade. Pois aqui, lamentavelmente, estrada esburacada é a regra.

Cá estou eu refletindo com meus botões. 
_ Por que diacho não se fazem estradas decentes por aqui?

A resposta me pareceu bastante óbvia, especialmente, quando se observa as propostas dos candidatos aos cargos públicos. Em todas elas constavam a promessa: "se eleito for vou construir e consertar nossas estradas".
Aí pensei, todos aqueles homens nobres e capazes disputando cadeiras na Câmara e uma promessa em comum e relativamente fácil de ser cumprida: cuidar das vias locais.

Porém, após a eleição o que se verifica é uma operaçãozinha tapa-buracos, cujo prazo de validade vai até a primeira chuva... Depois disso, só se fala em estradas novamente no próximo pleito eleitoral. Enfim, o tema da manutenção das estradas atraí votos, a proposta mais criativa e mais elaborada vence e quem perde é o povo, pois ninguém resolve o problema. A desgraça de alguns, isto é, daqueles que necessitam das estradas para viver, faz a alegria de outros, os quais tiram proveito das necessidades alheias para capitalizar votos nas eleições com ideais falsos e mesquinhos.

Um pensador afirmou que no Brasil não há, entre nossos dirigentes, a "mentalidade estradeira", eles não compreendem que são pelas vias de trânsito que trafegam a riqueza, a cultura, a educação, a saúde, o conhecimento. Ora, as estradas movem (ou engessam) um país, mas me parece que por aqui, nossos nobilíssimos doutores preferem nos deixar inertes, sem movimento e sem desenvolvimento.
Que pena! 

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