O projeto interdisciplinar "2017 - ano Lobatiano" despertou o interesse dos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental.
Através do estudo da biografia de Monteiro de Lobato (1882-1948), os estudantes ficaram encantados com a trajetória de vida do criador do "Sítio do pica-pau amarelo" e do "Jeca Tatu", também ficaram indignados com a prisão de um dos mais populares autores da literatura nacional, em 1941, após fazer críticas ao governo do presidente Getúlio Vargas.
Na "I Roda de Leitura" prevista no projeto estudamos um trecho da obra Jeca Tatu: a ressurreição (1924), escrita por Lobato, na qual ele retoma seu célebre personagem, um dos símbolos que representavam a população sertaneja brasileira, descrevendo seu estado de abandono e a precariedade de suas condições de vida.
Jeca Tatu e o seu cão, Brinquinho (Site Invivo) |
Depois da leitura e do debate do texto com os alunos, solicitamos a eles que reescrevessem o conto e criassem um final para a estória. Os trabalhos ficaram incríveis e destacamos o texto do aluno da sala 10 - Arthur Moreira Valério.
Vamos conferir o trabalho do talentoso Arthur.
Como o Jeca mudou de vida
Jeca Tatu era um homem muito pobrezinho e ele morava no meio do mato numa casinha de sapé. Sua mulher era muito feia, os móveis de sua casa eram uma rede e um banquinho de madeira de três pernas. Jeca Tatu parecia ter mais ou menos 40 anos de idade, tinha uma preguiça que não acabava. Jeca sentava no banquinho de três pernas e fumava seu cigarrinho de palha. Todas as pessoas que passavam por ali mandavam ele fazer alguma coisa produtiva e ele sempre respondia:
_ Não paga a pena.
E as pessoas chamavam ele de
traste porque ele não fazia nada. Ele se alimentava de peixes, que pescava no
ribeirão, e pássaros, caçados com a pica-pau, e bebia pinga. Jeca Tatu era um
cara muito magrinho, feio e mal de saúde. As vezes quando ele pegava lenha só trazia bem pouquinho porque era fraco e preguiçoso.
Porém, a culpa dessa preguiça não
era dele. Jeca era doente e vivia abandonado, o presidente não ligava para as
pessoas do campo. Mas essa situação tinha uma saída, o nome dessa saída era
Monteiro Lobato!
Monteiro Lobato era um advogado, dono de terras e um homem muito preocupado com a sua gente, por isso resolveu procurar o presidente Getúlio Vargas e falou com ele o seguinte:
_ Presidente, você tem que cuidar
melhor do seu povo, senão ele vai acabar morrendo antes do devido tempo.
_Ora, doutor, do que é que você
está falando? Indagou o presidente.
_ Eu estou falando que você tem que
dar mais valor para o seu povo e achar uma forma de ampará-lo. Veja o caso do
Jeca Tatu, é um homem pobrezinho, doente, esquecido por todos e que não tem nada para fazer. Respondeu Lobato.
Isso deixou o presidente
pensativo e também bastante sensibilizado com a situação.
No dia seguinte, o presidente foi
até a casa do Jeca e viu as condições em que ele vivia. Decidiu reunir
todo mundo que vivia ali perto e resolveu fazer uma declaração:
_ A partir de hoje todas as
pessoas mais pobres vão ter condições iguais a todo mundo. Aqueles que não tem
o que fazer vão ter um emprego e aqueles que precisam de cuidados vão receber atenção!
Aliviado depois de ouvir aquilo, o Jeca sorriu e agradeceu com um simples:
_Obrigado, presidente!
A partir de então a vida do Jeca
começou a mudar para melhor, ele passou a cultivar a terra, vender o que produzia,
tinha escola e posto de saúde. Formou família, teve filhos, e viveu dias felizes numa nova
era.