25.11.17

[RESUMO] As independências na América Espanhola

  • Durante o século XVIII, a coroa espanhola adotou várias medidas para aumentar a arrecadação colonial. Enviou mais tropas, reprimiu contrabando, aumentou impostos, forçou a colônia a negociar somente com a metrópole e manteve a proibição de manufaturas nas colônias.

  • A pressão da metrópole intensificou as tensões sociais e políticas dentro das colônias. As revoltas eram mais frequentes com o agravamento das condições de vida dos indígenas e a insatisfação da elite criolla que continuava alijada dos principais cargos administrativos e das decisões políticas.
  • As ideias iluministas e liberais circulavam pela América e alimentavam a indisposição perante a hegemonia estrangeira, some-se a isso os exemplos da independência dos EUA (1776) e da Revolução francesa (1789) reforçavam a não aceitação do mercantilismo e da colonização.


Os reflexos das guerras napoleônica na América Hispânica

  • Os conflitos na Europa ecoaram no equilíbrio político da América. Juntas rebeldes se insurgiram contra a interferência francesa na região.
  • Os vice-reinos espanhóis rejeitaram obedecer aos invasores e passaram a agir com mais autonomia. A elite criolla assumiu mais funções e liberdade de ação nos cabildos.
  • Desde o princípio do século XVIII, havia movimentos por emancipação política na América Espanhola.
  • Entre 1810 e 1815, criollos e chapetones lideraram revoltas e tentativas de independência nas capitanias da Venezuela e do Chile e nos vice-reinos do Rio da Prata e da Nova Espanha. Os movimentos tinham um caráter urbano e nenhum possuía um exército organizado.
  • 1813: Fernando VII (1772-1833) reassumiu o trono da Espanha tentou retomar o comando pleno das colônias. O Congresso de Viena e a Santa Aliança também agiam para manter a hegemonia europeia no além-mar.
  • 1820: uma revolta liberal na Espanha pôs fim ao absolutismo (monarquia constitucional), mas os espanhóis não pretendiam abrir mão do pacto colonial.
Lutas por independência no México

  • No México a revolta teve início em 1810, marcada pela participação de camadas populares, camponeses, indígenas e mestiços. Tais grupos foram liderados pelo padre Miguel Hidalgo, sob o lema "independência e liberdade".
Hidalgo and National Independence, fresco by José Clemente Orozco, 1937–38; in the Governor’s Palace, Guadalajara, Mexico.
Em destaque o Padre Miguel Hidalgo.
  • As elites coloniais se uniram à Coroa espanhola para reprimir a insurreição e o seu líder fora executado.
  • Em 1912, ocorreu nova revolta, sob a liderança do sacerdote José Maria Morelos. Os revoltosos chegaram a elaborar um projeto de constituição para o México, mas a revolta foi contida com violência e Morelos executado em 1815.
  • Os dois movimentos possuíam objetivos semelhantes: abolição da escravidão, o fim da cobrança de tributos dos indígenas e das dívidas dos mestiços com os europeus, a eliminação das diferenças entre as castas e a necessidade de dividir as grandes propriedades rurais, inclusive as que pertenciam à Igreja.
  • No início dos anos 1820, chapetones e criollos se uniram e, liderados por Augustín de Itúrbide, negociaram a independência do México.
As independências na América Central

  • 1821: a Capitania Geral da Guatemala foi anexada pelo México. Dois anos depois a região rompeu com o governo do México e formou as Províncias Unidas da América Central.
  • 1838: as províncias fragmentaram-se em diversos países: Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica.
Cuba e Porto Rico

  • A primeira guerra de independência de Cuba se iniciou em 1868, mas não teve êxtio.
  • Final do século XIX: houve nova luta e com a interferência dos Estados Unidos da América, Cuba se libertou da Espanha.
  • A Espanha reconheceu a independência de Cuba e indenizou os EUA, cedendo-lhes as Filipinas e Porto Rico. Desde 1952, Porto Rico é uma região autônoma, mas é um "Estado livre associado" aos Estados Unidos. A independência das Filipinas foi reconhecida em 1946.
As independências na América do Sul 

  • 1816: as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) declararam formalmente sua emancipação política. Áreas como Chile e o Peru continuavam sob domínio espanhol.
  • José de San Martín, governador da província de Mendoza, na atual Argentina, uniu-se às forças rebeldes e avançou em direção ao Peru e ao Chile. Ele participou diretamente da independência desses países.
  • No norte da América do Sul, a guerra pela independência foi conduzida pelo venezuelano Simón Bolívar. Em 1819, Bolívar proclamou a independência da Grã-Colômbia, que compreendia territórios dos atuais Equador, Colômbia, Panamá e Venezuela. Em 1822, Antônio de Sucre, um dos generais de Bolívar, libertou o Alto Peru, contribuindo para o surgimento de um novo país - a Bolívia.
O caso do Uruguai

  • 1811: a Banda Oriental do Vice-Reinado do Rio da Prata foi invadida por lusos-brasileiros. O general José Gervasio Artigas uniu-se à junta revolucionária de Buenos Aires e expulsou os invasores.
  • 1815: Artigas expulsou os espanhóis da cidade e instalou um governo independente. Promulgou uma lei que previa o confisco e a distribuição de terras para indígenas, negros livres e criollos pobres. Seu governo foi combatido por Buenos Aires e por iniciativas expansionistas luso-brasileiras.
  • 1821: A região foi anexada pelo Brasil, como o nome de província Cisplatina e sua independência só foi efetivada em 1828.
Indígenas e Africanos na América independente

  • Os movimentos de emancipação política não resultaram na melhora de vida para os povos indígenas e africanos.
  • Em alguns casos, os novos países restabeleceram o tributo cobrado dos indígenas para socorrer os cofres públicos; tomaram as terras de uso coletivo, as quais acabaram sendo incorporadas por grandes fazendeiros e os indígenas ficaram reduzidos à mão de obra barata.
  • Durante o século XIX, diferentes grupos indígenas denunciavam a violação de direitos e organizavam movimentos de resistência, como ocorreu com os índios da Argentina, que apoiados pelos araucanos do Chile, formaram grandes confederações ao sul de Buenos Aires. Eles atacavam cidades e fazendas, faziam saques e sequestros de mulheres e crianças brancas tentando evitar o avanço sobre suas terras. Mas, a partir de 1870, as chamadas Campanhas do Deserto praticamente exterminaram os nativos e eliminaram sua presença nos Pampas e nos Andes argentinos.
  • A independência também não trouxe liberdade imediata para os negros. A elite criolla optou pela extinção gradual do trabalho escravo (veja o gráfico abaixo).

  • A maioria das novas nações adotaram o regime republicano, provavelmente inspiradas pelo exemplo norte-americano. Foram redigidas constituições de caráter liberal, que asseguravam o direito a propriedade e fixavam que o poder emanava do povo, rejeitando o absolutismo e o o princípio do direito divino dos reis.
  • Outro aspecto importante consolidado com a independência foi a liberdade comercial almejada pelas elites locais. Com o rompimento com a colônia e o fim do pacto colonial, as nações ficaram livres para negociar, principalmente com a Inglaterra, que era a grande potência industrial do mundo no século XIX.
  • Caudilhismo: Caudilhos eram chefes políticos locais que emergiram nas províncias da Argentina, tinham terras, influência e poder. Os caudilhos lideravam homens armados, as antigas milícias, e governavam recorrendo à mobilização das massas, métodos violentos e também clientelísticos para obter a fidelidade dos cidadãos.   

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