1.5.13

Uma reflexão sobre o dia do trabalho

Dia 01 de maio é feriado em diversos países do mundo, em homenagem aos trabalhadores e às lutas que foram travadas no passado em prol da redução da jornada de trabalho e de outras melhorias conquistadas com suor e sangue.

A data é muito oportuna para refletirmos sobre as condições de trabalho e o tratamento que tem sido dispensado aos trabalhadores do Brasil, especialmente pelos governos estaduais e federal.

Acerca das condições de trabalho nos serviços públicos básicos, como a saúde e a educação, a situação é caótica. Qualquer pessoa com capacidade de observar notará que nas unidades hospitalares e educacionais faltam equipamentos, recursos e profissionais suficientes e com preparo para atender ao público.
Pacientes aguardam atendimento em Hospital público, no DF.
Há muita desmotivação nesses setores por diversos motivos: a falta de reconhecimento social, excesso de trabalho, devido à contenção de gastos dos governos (que não contratam os profissionais necessários para a realização dos serviços), o descaso governamental e os baixos salários que são pagos aos servidores públicos. O povo é o que mais sofre com essa situação, pois não recebe atendimento de qualidade. Os os servidores do baixo escalão também sofrem bastante, trabalham demais e recebem baixíssimos salários, embora tenham formação e qualificação equivalentes a de outros grupos de servidores mais valorizados. Sorte daqueles que ocupam alguns cargos comissionados e de confiança na hierarquia estatal, esses pouco produzem, mas faturam alto.

É preocupante constatar que, apesar de vivermos em um país democrático, onde deveria imperar o respeito e a pluralidade de ideias e opiniões, os governos estaduais e federal têm, sistematicamente, evitado dialogar com os movimentos sindicais e sociais. Seja por meio das redes sociais, pelas comissões e audiências das assembleias legislativas ou por manifestações nas ruas, os sindicatos e movimentos sociais procuram ser ouvidos, apresentam suas reivindicações e necessidades, mas falam sem interlocutor, pois a arrogância dos governos não lhes dá a mínima atenção.

Governos sérios teriam por obrigação procurar uma via de diálogo franco com quaisquer organizações sociais, isto é, os sindicatos de trabalhadores, as associações de bairros, os movimentos feministas, os grupos indígenas, os trabalhadores sem-terra etc.
Mas, infelizmente, não é isso que tem acontecido, tanto nas esferas estaduais quanto na federal. Petistas e peessedebistas, assim como os demais partidos de sua base de apoio, monopolizam a política para seus próprios fins (vide os escândalos de corrupção e desvio de milhões de reais com os quais todos esses partidos têm efetivo envolvimento). Eles não se importam com a felicidade do povo e, tampouco, com a qualidade dos serviços públicos.

Nesse contexto, os problemas estruturais brasileiros continuam intocados há décadas, passa governo, sai governo, continua governo e pouca coisa muda. Falta reforma agrária, melhor distribuição de renda, saúde, educação e segurança, mas sobram juros e lucros para bancos, incentivos para os grandes industriais, financistas, além da manutenção de pesada carga tributária sobre os contribuintes.

Parece que a elite dirigente do país desvirtuou a República, que deveria zelar pelo bem público e trabalhar pelos interesses comuns a todos. A forma de governo teorizada pelos romanos antigos, a res publica("coisa pública"), foi convertida em coisa privada, por atender apenas aos interesses de poucos favorecidos, em detrimento de seu povo.
Até quando o trabalhador continuará sendo explorado?
Aqui, qualquer movimento social que se organiza para contestar, dialogar e pedir auxílio aos governos é tratado com indiferença, é rotulado, perseguido e atacado, por diversos meios, pela imprensa, justiça, dentre outros. Movimento social para os atuais governos do Estado brasileiro é sinônimo de caso de polícia. Talvez, no Estado policialesco em que vivemos, os aumentos salariais concedidos aos policias se justifiquem devido ao uso frequente do aparato policial. Já que é a polícia que tem sido, constantemente, acionada para reprimir as manifestações de trabalhadores e populares, mantendo a ordem, o silêncio e a falsa sensação de que tudo está perfeito.

Isso é uma vergonha, coisa de gente covarde.
A polícia deveria combater a criminalidade e não os movimentos sociais.
Onde já se viu o governo de um país que se diz democrático tentar silenciar seus trabalhadores e seu povo usando a tropa de choque para dispersar a multidão? Governante que se esconde atrás de escudos e cassetetes é um covarde, para ser bem educado com os adjetivos. 
Pessoas assim não têm dignidade, não sabem que na democracia as diferenças de opinião e de pensamento são essenciais para seu funcionamento, e o diálogo com qualquer segmento social - servidores, operários, camponeses, homossexuais, índios, estudantes etc - é uma virtude e uma obrigação governamental.


Saber ouvir atentamente e trabalhar para atender a vontade do povo é o que deveria ser o papel de um governante digno, legítimo líder e representante popular. Afinal, como diziam os iluministas do século XVIII, a finalidade dos governos é garantir os direitos naturais do povo, que são a liberdade, a igualdade e a felicidade. 

No entanto, nessa democracia de fachada chamada Brasil, está difícil encontrar um governante que governe para o seu povo.

No feriado do Trabalhador, não há muito para se comemorar. Enquanto houver forças conservadoras tramando contra o povo, teremos que intensificar a luta pela manutenção e expansão dos direitos sociais, cuja conquista nos foi tão cara. Antes que esses governos, em nome do neoliberalismo, nos tirem os poucos direitos que nos restam.



Leia mais sobre o Dia do trabalho:
http://noticias.br.msn.com/projetos-no-congresso-questionam-direitos-trabalhistas-ag%C3%AAncia-brasil

Ouça músicas em homenagem aos trabalhadores:
http://www.radio.uol.com.br/#/editorial/dia-do-trabalhador

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