Hoje é feriado nacional, você sabe por que? A folga em todo país é uma homenagem ao sacrifício de Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes. Ele foi enforcado e esquartejado nesse dia, no ano de 1792, por ter envolvimento com a Conjuração Mineira.
"Martírio de Tiradentes" (1893), óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo |
No século XVIII o Brasil era uma colônia de Portugal, fornecedor de matérias primas, comprador de bens manufaturados e pagador de impostos dos portugueses.
A descoberta de ouro no interior da colônia no século XVII, provocou um grande fluxo migratório de colonos e imigrantes portugueses para a região das Minas Gerais. Todos estavam esperançosos com a possibilidade de enriquecer com o "suor do sol", expressão que os Incas utilizavam para designar o ouro.
O ouro era obtido de duas formas: Aluvião, encontrado no leito dos rios, e escavando as montanhas. |
A mineração e o grande número de migrantes, escravos e comerciantes deu origem a diversos núcleos urbanos, que eram construídos ao sabor da topografia e da natureza das Gerais.
Vila Rica, atual Ouro Preto, foi um desses núcleos. Cidade importante, era a capital das Minas Gerais, sede do governo e das autoridades coloniais que fiscalizavam a produção aurífera e cobravam os impostos que eram remetidos para a Coroa Portuguesa.
Portugal esperava receber 100 arrobas de ouro anuais dos mineiros. Contudo, a queda da mineração com o passar dos anos dificultava o cumprimento dessa meta. Os portugueses pensavam que os mineiros não conseguiam pagar os impostos, devido ao contrabando do ouro, por isso intensificavam a cobrança sobre a população colonial.
Produção de ouro nas Minas Gerais | |
1697 1699 1705 1715 1739 1744 1754 1764 | 115 Kg 725 Kg 1,5 Ton 6,5 Ton 10 Ton 9,7 Ton 8,8 Ton 7,6 Ton |
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/geral/port/ouro.asp Acesso em 21 abr. 2013.
Foi justamente o excesso de cobrança e pressões das autoridades que levaram alguns membros da elite mineira a se rebelarem contra o jugo colonial. Nesse sentido, contratadores, intelectuais, religiosos, militares e fazendeiros se uniram para planejar a libertação de Minas Gerais. O alferes, uma patente mediana da carreira militar, Joaquim José da Silva Xavier, era um dos revoltados com a opressão portuguesa, por isso juntou-se aos inconfidentes para participar do movimento emancipatório.
O alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes, pois costumava exercer o ofício de dentista. |
As reuniões para planejar a revolta ocorriam secretamente, nas casas das pessoas envolvidas. Um trecho do poema Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles (1953) dá o tom de como era o clima desses encontros:
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Virgílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados
antes que tal verso escrevam...”
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).
Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
— e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
“Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Lêem notícias nas gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?”
(Antiguidades de Nîmes
em Vila Rica suspensas!
Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da independência!
Liberdade – essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)
E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença.
Capturado em: http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_417372.shtml acesso em 21 abr. 2013.
Como podemos notar, o poema menciona o risco da espionagem dos vizinhos que poderiam denunciar, a qualquer instante, as pessoas que se reuniam para tramar a revolta. Nos encontros dos inconfidentes eles discutiam temas internacionais, como as ideias Iluministas que afloravam na Europa e a Independência dos E.U.A (1776), por meio de livros e jornais.
As ideias estrangeiras influenciaram os conjurados, que pretendiam declarar Minas Gerais independente de Portugal, quando o governador das Minas, Visconde de Barbacena, declarasse a derrama, isto é, a cobrança dos impostos atrasados de todas pessoas que deviam à Coroa. Em alguns casos, a força policial era utilizada para confiscar os bens dos devedores que não pagassem os impostos.
Dentre os planos dos conjurados, os principais eram:
O ano era 1789, e a revolta iria eclodir. Os conjurados esperavam receber o apoio da população à causa da Independência, entretanto a ideia fracassou.
Dentre os planos dos conjurados, os principais eram:
- proclamação da república;
- mudança da capital para São João Del Rey;
- fundação de uma Universidade em Vila Rica;
- manutenção da escravidão.
O ano era 1789, e a revolta iria eclodir. Os conjurados esperavam receber o apoio da população à causa da Independência, entretanto a ideia fracassou.
Um dos conjurados, Joaquim Silvério dos Reis, traiu seus companheiros, delatou os planos dos revoltosos para as autoridades coloniais, em troca do perdão de suas dívidas com a Coroa.
As forças policiais agiram rapidamente, prendendo todos os envolvidos no planejamento da revolta. Os inconfidentes, traidores da coroa, foram julgados e condenados a prisão e ao degredo. Tiradentes foi o único condenado a morte. Sua execução aconteceu no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. Seus restos foram espalhados pelo caminho do ouro, para servir de exemplo aos demais colonos, para que não se levantassem contra a metrópole portuguesa.
Portinari, Candido Tiradentes (painel - detalhe) , 1948 - 1949 têmpera sobre tela |
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