30.4.14

Resenha - Ditaduras no Brasil

A Revista de História da Biblioteca Nacional (RHBN), número 103 publicada neste mês, trouxe um importante dossiê sobre as ditaduras no Brasil desde a proclamação da República até o regime inaugurado pelo Golpe Militar de 1964.


Os textos, de forma objetiva e didática, abordam diferentes momentos históricos, nos quais o Brasil foi governado por regimes ditatoriais, e demonstram que nossa atual Democracia convive com resquícios da cultura autoritária do passado.

Seus autores, pesquisadores com grande experiência acadêmica, denunciam os grupos sociais e as instituições que apoiaram e possibilitaram, de alguma forma, a existência de governos tirânicos no Brasil.

Iremos reproduzir abaixo alguns trechos que selecionamos dos vários artigos que compõem o dossiê para, em seguida, registrarmos um breve comentário. Esperamos, que ao final desta simples atividade de leitura e interpretação, reforcemos a seguinte conclusão: Ditadura nunca mais!

Primeiras décadas da República no Brasil:

“Vara de marmelo?!”. A pergunta, carregada de indignação, foi feita pelo Jornal do Brasil no início de 1896. O alvo era o chefe de polícia do Rio de Janeiro. À redação chegavam cartas escritas pelos presos da Casa de Detenção, denunciando as chicotadas e os maus-tratos ali sofridos, e o jornal se aproveitava da situação para, mais uma vez, acusar o governo de agir com violência.  
Desde o início da República, a imprensa não tardou a qualificar o novo regime como uma ditadura. As críticas lembravam que o Estado não vinha correspondendo às expectativas depositadas na defesa de um modelo republicano para o país. Professores, estudantes, jornalistas e profissionais liberais apoiaram a chegada da República desde que ela servisse aos interesses da democracia e da participação no governo. Ansiosos por melhorias, tais grupos desejavam ter reconhecidas as suas lutas por adequadas condições de trabalho, saúde pública, habitação e ainda, através do voto, aumentar sua influência nas decisões do novo governo. Os militares (desejosos de uma República positivista com Executivo forte e intervencionista) e os proprietários paulistas (que intercediam por um modelo liberal-federalista), foram os responsáveis pelo agitado clima político que rondava a capital federal às vésperas da mudança de regime." (SANT'ANNA, M. A. Delírio das bússolas. p.18).
  • A República, tal como fora concebida pelos antigos romanos, deveria ser uma forma de governo que priorizava os interesses coletivos, ou seja do Povo. A República brasileira, desde 1889, foi tomada pelos Militares e pelos Cafeicultores, os quais governavam de acordo com os seus interesses. Enquanto os primeiros desejavam um governo forte e centralizado, os últimos defendiam o federalismo e a autonomia dos estados, os quais ficariam sob controle das oligarquias (os cafeicultores e os coronéis). Como nenhuma mudança social significativa foi feita, nesse período eclodiram inúmeras manifestações populares no Brasil, tais como a Guerra de Canudos, a Revolta da Vacina, Greves operárias dentre outras. Naquela época, o governo não se preocupava com o bem estar da população, por isso ele tratava as questões sociais como um caso de polícia. Quando o povo se manifestava, reivindicando melhorias e maior participação no poder, eram duramente reprimidos pelas forças policiais, como fora noticiado pelo Jornal do Brasil em 1896 - “Vara de marmelo?!” Sim, muita!
Restrição dos direitos e das liberdades individuais a partir da década de 1960:

"Com base na Lei de Segurança Nacional, cabia às autoridades policiais desvelarem os segredos daqueles que, como arquitetos de um complô verdadeiro ou imaginário, viessem a minar a ordem estabelecida. Para isso, confiscou-se grande número de fotografias, correspondência particular, catálogos, periódicos, livros e objetos pessoas, todos devidamente anexados aos autos de investigação.

Sucederam-se prisões ilegais de suspeitos, perseguições aos familiares, censura postal, invasões de domicílios, deportações de estrangeiros, tortura e morte nos cárceres." (CARNEIRO, M. L. T. Quando um país se apequena. p. 24)



  • Após o golpe de 1964, que depôs o presidente João Goulart, os militares tomaram o governo e as rédeas do país. A partir desse momento, foram adotadas inúmeras medidas que limitavam os direitos dos cidadãos brasileiros. As pessoas não tinham mais liberdade de expressão, a privacidade foi violada pela polícia, a qual confiscava correspondências e invadia a casa de indivíduos suspeitos de colaborar com o comunismo e grupos opositores do regime. Alguns cidadãos, corajosos que desafiaram a ditadura, foram presos e torturados pelos militares.
Jornalista Vladimir Herzog morto em São Paulo, após ser torturado por militares.

O legado da Ditadura para os dias atuais - a cultura do medo:

"Manda quem pode, obedece quem tem juízo". A legalidade da ditadura foi imposta por uma minoria, por meio da força. Seu fundamento não são (sic) os acordos democráticos transformados em leis, mas sim a capacidade repressiva. Essa legalidade relaciona-se com um senso comum autoritário, articulado por setores sociais que se entendem diferenciados: "elites" que se consideram superiores."  (TORELLY, M. Direito versus democracia. p. 27).


  • "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". Ouvi muito essa frase nas reuniões da SRE-Leopoldina, o que demonstra que, até os dias atuais, há resquícios do autoritarismo na Educação. Seu significado é ameaçador, serve para intimidar: Cumpra o que é mandado, ou sofra as consequências. No passado, durante os governos militares, a Educação era controlada pelo governo, pois cabia à escola formar alunos passivos, incapazes de questionar a ordem vigente. Assim, criou-se um senso comum autoritário (Manda quem pode, obedece quem tem juízo). Aquele que questionasse era rotulado de subversivo, atacado, perseguido e até repreendido pelo Sistema. As elites, como menciona o trecho, adoravam a Ditadura, enquanto os militares mantinham a ordem política com chumbo e cassetetes, alguns grupos restritos da sociedade se beneficiavam com os acordos comerciais com o estrangeiro, com a extinção dos sindicatos, a proibição de greves e de qualquer tipo de manifestação que reivindicasse melhorias para a maioria, isto é,  para o Povo.

Permanência de práticas autoritárias no regime democrático:

"... o fim do regime [militar em 1985] não resultou no fim das práticas repressivas que ele institucionalizou. As atuais violações de direitos por forças de segurança, a criminalização de conflitos sociais e a histórica impunidade dos indivíduos "diferenciados" são heranças da legalidade assimétrica reforçada no período da ditadura." (TORELLY, M. Direito versus democracia. p. 28).


  • Como superar o senso comum autoritário agora que estamos vivendo uma Democracia? Construindo um senso comum democrático, reformando as leis e as mentalidades, sugere o autor do texto. Caso contrário, continuaremos a conviver com as injustiças, com a lei valendo para alguns e não para outros e as questões sociais (Movimento sem terra, reivindicações dos trabalhadores, movimento feminista e etc) continuarão sendo tratados como caso de polícia pelos governantes, como era no início da República. Nesse sentido, para superarmos o passado autoritário e cruel de nosso regime republicano é fundamental que a Comissão Nacional da Verdade (CNV), realize o seu trabalho sem restrições, para que sejam investigadas todas as violações dos direitos humanos cometidas pela Ditadura e seus agentes. Que os culpados sejam julgados e punidos na forma da Lei, que as famílias das pessoas desaparecidas e torturadas pelos militares recebam uma justa reparação pelo sofrimento que tiveram e que o Exército reconheça os erros e se desculpe com o Povo brasileiro.
Infelizmente, há quem defenda a ditadura no Brasil e o retorno desse tipo de governo, são poucos os que levantam essa bandeira, mas eles existem. Defender um governo tirânico significa que você apoia e está associado, de alguma forma, à restrição dos direitos, ao arbítrio e à agressão aos direitos humanos.

Precisamos é defender o fortalecimento de nossa democracia, a correção de seus defeitos e de seus vícios de corrupção. Para isso, devemos votar com sabedoria, ter consciência cidadã e reivindicar a ampliação de direitos e garantias fundamentais para termos uma sociedade justa, onde todos possam viver com dignidade.

27.4.14

Os primeiros habitantes do atual território de Leopoldina (MG)

Parabéns, Leopoldina, pelos seus 160 anos!

Quando os europeus descobriram ouro no interior do Brasil, em fins do século XVII, havia na Capitania das Minas Gerais uma região conhecida como "sertão proibido". Essa localidade era coberta por densa mata e habitada por várias tribos "selvagens", as quais representavam um risco para a vida dos colonos europeus.
A região era uma área proibida visto que garimpeiros ilegais, poderiam usar o local para abrir trilhas, por onde escoariam metais preciosos sem o conhecimento do fisco.
Essa era a Zona da Mata Mineira.

Atual território de Leopoldina, em destaque.

Ela começou a ser desbravada por volta do século XVIII, quando os colonos tentavam encontrar novas terras para serem cultivadas e abrir novas rotas que ligassem as Minas ao Rio de Janeiro, facilitando o escoamento de mercadorias, sobretudo do ouro.
Painel de azulejos "O feijão cru". (Inspirado na obra de Funchal Garcia). O painel está localizado na Praça Félix Martins e retrata a lenda da colonização, iniciada por um acampamento de colonos à beira de um córrego local.
Por aqui, na área compreendida por Leopoldina, os primeiros habitantes foram os índios da tribo Puri (na língua dos Coroado, Puri significa "homens ousados"). Eles ocupavam um vasto território, que compreendia, além de Minas Gerais, parte do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Mas não eram só os Puri que viviam aqui, também habitavam a Mata Mineira os Coroado (assim chamados pelos portugueses devido ao seu hábito de raspar os cabelos) e os Coropó. Os três grupos pertenciam ao tronco linguístico Macro-Jê. 
As primeiras informações sobre a existência dessas tribos remontam ao início da colonização portuguesa, no século XV, devido a ação dos exploradores e dos bandeirantes, os quais realizavam incursões ao interior da colônia e entravam em contato com os nativos.

Alguns dos primeiros habitantes da Zona da Mata mineira. Desenho de Rugendas - século XIX.

Leopoldina, situada no leste de Minas Gerais, contava com uma geografia - relevo e recursos naturais - favorável à formação de aldeias indígenas. As montanhas e a espessa vegetação garantiam proteção natural e alimento para os índios, como a caça e a coleta de frutos. A existência de rios na localidade, como o Pomba e o Pirapetinga, com águas tranquilas, permitiam a navegação em pequenas embarcações e a pesca.
 DEBRET, 1834. Cenário do Vale do Paraíba. A vegetação exuberante do Brasil despertava medo e admiração nos viajantes europeus.

Essas tribos eram nômades, não tinham moradia fixa, viviam vagando pela região, procurando por alimentos e melhores condições de caça e coleta. Eram considerados índios bravos e selvagens pelas autoridades coloniais, cujos agentes procuravam "civilizá-los", e convertê-los ao catolicismo.

Onça pintada abatida por grupo indígena. Enquanto uns preparam o fogo,  outros descansam em redes. Aqui o índio é mostrado perfeitamente adaptado à natureza hostil que o cerca.

Debret, artista francês que esteve no Brasil em 1816, retratou em diversas pinturas os índios, a fauna, a flora e a sociedade colonial daquele período, e também escreveu um livro, no qual registrou algumas observações sobre os índios da região dos sertões de Minas Gerais:

"não usam nenhuma vestimenta, nem mesmo em estado de civilização. Alimentam-se de caça e comem carne assada extremamente tostada". (DEBRET, 1989, p. 56-57 apud ALMEIDA, M. R. C. de, 2009.).

A respeito do aspecto físico dos Puri e dos Coroado, o barão de Eschwege, geólogo alemão que veio ao Brasil sob o patrocínio da Coroa portuguesa no século XIX, anotou o seguinte:

"As feições, ou melhor, o aspecto geral dos dois povos é muito semelhante, porém os puris tem traços faciais mais agradáveis que os coroado, que são mais feios..." (ESCHWEGE, 2002, p. 90 apud AGUIAR, J. O. 2010. p. 205.).

Nesse sentido, também temos o relato de outro viajante europeu o qual percorreu o Brasil nas primeiras décadas do século XIX, trata-se do naturalista francês, Auguste de Saint Hilaire, que descreveu um grupo de Coroados habitantes de uma área próxima do Rio Bonito:

“Pertenciam à tribo mais disforme da natureza encontrada durante minha permanência no Brasil. Aos traços da raça Americana, tão diferente da nossa, acresciam uma fealdade peculiar a sua nação: eram de estatura pequena; sua cabeça achatada em cima e de tamanho enorme, mergulhava em largas espáduas; uma nudez quase completa deixava a descoberto sua repelente sujeira; longos cabelos negros caiam em desordem sobre os ombros; a pele de um escuro baço, estava salpicada aqui e ali pelo urucu; percebia-se através de sua fisionomia algo de ignóbil, que não observei entre outros índios, e enfim, uma espécie de embaraço estúpido que traia a idéia de eles mesmos tinham de sua inferioridade.”(HILAIRE, 1975. p. 30 apud OLIVEIRA, R. B. de. p. 2.).  
Coroado e Botocudo. Viagem pelo Brasil, 1817-1820. Spix e Martius.

O naturalista francês deixa clara sua visão preconceituosa e eurocêntrica sobre os costumes e o porte físico dos Coroados. No seu registro, ele destaca a falta de higiene e o hábito de os nativos de pintarem o corpo com o urucu, fruto a partir do qual os índios obtinham uma tinta avermelhada que usavam para pintar o corpo.


A pintura corporal servia como um protetor solar, repelente contra insetos e tinha caráter estético, religioso e cultural. 
Como se sabe, os índios costumavam se banhar, diariamente, nos rios, onde nadavam e pescavam. O fato de os índios se banharem constantemente contraria a ideia do autor francês de que eles não tinham cuidado com a sua higiene. 

Aspectos econômicos, políticos, sociais e religioso

Esses grupos indígenas cultivavam pequenas roças de milho e de mandioca. Faziam bebidas a partir da fermentação do milho. Suas aldeias tinham cabanas erguidas com troncos de madeira, cobertas por folhas de árvores. As habitações eram coletivas, com capacidade para abrigar dezenas de pessoas.

Aldeia de Coroados. (Viagem pelo Brasil, 1817-1820. Spix e Martius)

As tribos tinham como líder o cacique, ele tomava as decisões após ouvir os conselhos dos homens mais experientes da tribo. Havia também o pajé, uma espécie de sacerdote e curandeiro, dotado de conhecimentos religiosos e mágicos.
Cultuavam vários deuses, portanto, eram politeístas.

Sobre a organização social e política dos Coroado, o já citado observador alemão do século XIX, em visita à Capitania de Minas Gerais, registra:

"São raríssimas as brigas desencadeadas para decidir a posse de algo, se pertence a um ou a outro, porque as diversas famílias que habitam em uma aldeia moram muito distantes umas das outras,muitas vezes horas, havendo pouco contato entre elas. As diferentes famílias, que contam às vezes 40 membros, obedecem geralmente ao mais velho. Vivem em perfeita comunhão de bens, constroem suas cabanas em mutirão, plantam pequenas roças e caçam juntos e desfrutam o resultado de seu trabalho coletivamente. Somente quando temem ataques dos bravos puris, ou quando querem atacá-los, todos se unem para a mesma finalidade." (ESCHWEGE, 2002, p. 101 apud AGUIAR, J. O., 2010.).

Como se percebe, não havia entre os povos indígenas uma noção de propriedade privada, tendo em vista que a terra era um bem coletivo e os alimentos eram repartidos entre todos os membros da comunidade.


A divisão do trabalho levava em conta o sexo, enquanto os homens caçavam e cuidavam da guerra, as mulheres preparavam os alimentos, coletavam vegetais e cuidavam das crianças.

A guerra entre esses diferentes povos indígenas era algo comum, já que vez ou outra acabavam disputando territórios entre si. Mas o principal motivo que provocava luta era a vingança. Os puri e os coroados eram rivais, suas batalhas eram violentas. Lutavam com arcos e flechas e tacapes de madeira. Os guerreiros também se enfeitavam com plumas de aves.


Índios em guerra. Gravura publicada no livro "Duas viagens ao Brasil", de Hans Staden (1557). 

O vencedor comemorava a vitória com rituais, como o descrito abaixo, quando um Coroado celebram a morte de um rival:

"O braço de um guerreiro puri morto na guerra é o maior símbolo de vitória para os coroado. As vitórias são comemoradas com uma festa, onde é servida com abundância a bebida fermentada feita com milho. O braço do puri morto passa de um para outro durante a dança e às vezes ele é colocado em pé e serve de alvo para as flechas. Outros o molham na bebida alcoólica, depois o molham e chupam-no e ainda o maltratam de toda a sorte, tudo isso ao som de hinos em louvor ao vitorioso e canções de repúdio e desprezo aos puris." (FAUSTO, 1999, p. 251-282 apud AGUIAR, J. O., 2010.).

Fim dos povos indígenas?

A intensificação do processo colonizador na região a partir da segunda metade do século XVIII, que provocou o surgimento de núcleos urbanos e a ampliação das áreas de cultivo e da pecuária, tornaram as terras um bem ainda mais precioso para os índios. Para tentar resistir ao avanço colonizador, alguns fugiam, vagavam por áreas mais interioranas, outros ficavam, morriam ou passavam a viver nas sesmarias.

O antropólogo Darcy Ribeiro (1995) enumera a tragédia que a colonização representou para os índios:
"A branquitude trazia da cárie dental à bexiga, à coqueluche, à tuberculose e o sarampo. Desencadeia‐se, ali, desde a primeira hora, uma guerra biológica implacável. De um lado, povos peneirados, nos séculos e milênios, por pestes a que sobreviveram e para as quais desenvolveram resistência. Do outro lado, povos indenes, indefesos, que começavam a morrer aos magotes. Assim é que a civilização se impõe, primeiro, como uma epidemia de pestes mortais. Depois, pela dizimação através de guerras de extermínio e da escravização." (RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 47)

A chegada dos colonos e o consequente aldeamento dos índios foi uma forma de pacificar os nativos. Nas aldeias, os índios eram catequizados, aprendiam técnicas agrícolas e artesanais aos moldes europeus e eram forçados a abandonar seus costumes, tais como a nudez, a poligamia e o culto às suas divindades naturais.

Aldeia tapuia. Rugendas - século XIX.

Aqueles nativos que tentassem resistir aos colonos enfrentavam a guerra justa, isto é, poderiam ser mortos ou capturados e escravizados pelas tropas coloniais.


Confronto entre índios e colonos. Rugendas. Século XIX. Os nativos tiravam proveito do conhecimento que tinham da vegetação e do relevo, para emboscar seus captores, com armadilhas e ataques surpresas. 

Índios capturados por bandeirantes e caçadores de escravos. Debret. Século XIX.

Mas a intenção do Governo Colonial era assimilar o índio à civilização que estava chegando aos sertões. Portanto, os aldeamentos, a mestiçagem e a realocação dos indígenas para trabalhar em terras coletivas se tornou a melhor opção para que Portugal concretizasse sua expansão territorial.

Os resultados da colonização já são bastante conhecidos por todos nós - índios dizimados pela guerra, pelas doenças, pela fome e pelo trabalho compulsório. A cultura indígena foi forçada a se adaptar aos costumes dos portugueses e mestiços e também às práticas do catolicismo. Logo, pouco restou da cultura original dos nativos, bem como detalhes de seus costumes e História.
Como esses povos indígenas não dominavam a escrita não deixaram registros, por isso muito do que sabemos sobre eles deve-se aos relatos de viajantes europeus e registros feitos pelas autoridades coloniais, os quais estão preservados em Arquivos Históricos. Entretanto, devemos fazer uma leitura crítica de tais documentos, pois muitos deles contém imprecisões, preconceitos e idealizações da visão europeia-dominadora sobre a terra e os povos dominados, os quais eram julgados exóticos, inferiores e selvagens.  Há também os achados arqueológicos, as fontes materiais, como urnas funerárias, restos de instrumentos e outros vestígios que são encontrados em sítios arqueológicos na região, que nos ajudam a recriar a vida e a cultura dos primeiros habitantes da Zona da Mata Mineira. (Para saber mais sobre arqueologia na Zona da Mata, acesse o site do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana da UFJF).


Arqueólogos trabalhando em escavações na região metropolitana de Belo Horizonte (2012).
Todo o empenho em pesquisas e estudos regionais é compensador, pois elucida diversas questões relacionadas às nossas raízes étnicas, contribuindo para enriquecer ainda mais nossa História. O historiador Marco Morel nos lembra que: 
"Os contatos de cinco séculos entre os povos chamados de indígenas e os representantes da civilização ocidental nas terras brasílicas ocorreu entre grupos diversos de ambos as partes, gerando, ao lado de violências e guerras, interações e influências recíprocas. Não é a toa que estudos de genética das populações apontam que um terço da população considerada branca no Brasil atual possui ascendentes indígenas. Além de se constituírem como Outro, os índios somos nós, modificados ambos ao longo do tempo." (http://bndigital.bn.br/redememoria/pindigenasdocs.html)

Portanto, reconhecer a importância histórica dos povos indígenas, além de tantos outros grupos étnicos que compõe o povo brasileiro, é valorizar nossa identidade e admitir que ela é multifacética, rica e complexa.

22.4.14

A Revolução Russa

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Revolução Russa (1917)
  • No início do século XX, a Rússia era governada por uma monarquia de caráter absolutista, liderada pelo Czar Nicolau II. 
A família real russa, os Romanov.
  • A economia era essencialmente rural, havia grande concentração de terras nas mãos de poucos e o país começava sua industrialização com a ajuda de capitais estrangeiros. Camponeses e operários eram mal remunerados, trabalhavam muitas horas e em péssimas condições.
  • Em 1905, a Rússia se envolveu num conflito militar contra o Japão na tentativa de estabelecer o controle da Manchúria e da Coreia, mas terminou derrotada. A guerra tornou ainda mais difícil a vida das pessoas pobres. Os trabalhadores fizeram greves, manifestações e pediram uma audiência com o Czar (imperador), mas foram baleados pela guarda imperial. A popularidade do Czar começava a cair.
Pintura representando o Domingo sangrento (1905), Rússia. 
  • A desastrosa participação russa na Primeira Guerra Mundial ao lado da Tríplice Entente provocou a morte de milhares de soldados, enquanto o desemprego, a fome e o descontentamento popular contra o governo aumentavam no país.
  • Sovietesagremiações políticas representativas do proletariado industrial, camponeses e os soldados. Os sovietes questionavam as ações do governo e as desigualdades sociais na Rússia.
  • O Partido Marxista Russo dos Trabalhadores Socialdemocratas tinha uma atuação destacada, inspirado nas ideias de Karl Marx, defensor do socialismo científico. Almejava acabar com as desigualdades e a exploração criadas pelo Capitalismo, criando uma sociedade ideal, Comunista.  
  • O Partido era composto por dois grupos. O menchevique, o qual defendia reformas que seriam feitas aos poucos na sociedade e não se posicionava contra a retirada da Rússia da Primeira Guerra. E o bolchevique, esse propunha mudanças radicais na economia e na sociedade russa.
  • Os mencheviques tomaram o poder em 1917 (Revolução de Fevereiro). A Duma, o parlamento russo, instalou um governo provisório sob a liderança de Alexandre Kerenski (1881-1970). Os mencheviques pretendiam acelerar o desenvolvimento do  capitalismo no país, modernizar a indústria e atrair investimentos estrangeiros.
  • O líder dos bolcheviques, Vladimir Lênin, convocou o povo para a luta contra o governo, em abril de 1917. Sob o lema "Todo o poder aos sovietes", Lênin propunha a retirada da Rússia da Guerra, a reforma agrária e a nacionalização dos bancos. No início de novembro (final de outubro no calendário juliano), os bolcheviques tomaram o poder. 
Lênin discursa em Petrogrado.
  • O governo de Lênin retirou a Rússia da Primeira Guerra (assinatura do Tratado de Brest-Litovsk, 1918), enfrentou uma sangrenta guerra civil, promoveu a distribuição de terras para os camponeses (reforma agrária), passou o controle das fábricas para o governo e para os trabalhadores.
  • Os setores que se opunham à revolução socialista bolchevique organizaram a resistência - o Exército Branco. As forças do novo regime, o Exército Vermelho, eram comandadas por Léon Trótski. A guerra civil prolongou-se por quatro anos e, ao fim, os vermelhos foram vitoriosos.
  • Nova Política Econômica (NEP): medidas adotadas por Lênin, em 1921, para recuperar a economia russa, elas permitiram a entrada de capitais estrangeiros no país, para investir nas indústrias e no comércio, além de outras práticas capitalistas. 
  • A Rússia tornou-se um país Socialista, liderada pelo Partido Comunista Russo, englobando depois áreas e países vizinhos, formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S). Observe o mapa abaixo.
  • Stálin assumiu o governo em 1924, após a morte de Lênin, e governou de forma ditatorial, até 1953. O governo só permitiu o funcionamento de um partido, o Comunista, os demais foram declarados ilegais e os opositores do governo foram perseguidos, presos e massacrados.
  • A U.R.S.S. tornou-se, a partir da segunda metade do século XX, a maior rival do bloco dos países capitalistas, os quais eram liderados pelos E.U.A.
O Mundo divido entre Capitalismo e Socialismo durante a Guerra Fria.

17.4.14

Jogo Medieval

Os alunos do 7º ano, seguindo a sugestão de atividade do Livro didático, criaram um jogo de tabuleiro sobre a Idade Média, com perguntas, obstáculos e bônus.

Cavaleiros medievais jogando xadrez (1283).

Vence que acertar mais perguntas e completar a trilha antes do que os adversários.

Com esse trabalho, eles comprovaram o quanto estudar pode ser prazeroso e divertido.

A criatividade deles foi 10, estão todos de parabéns!

Confira as imagens:



Regimes Fascistas

  • Os regimes fascistas foram governos totalitários que se manifestaram em países da Europa, destacadamente na Itália e na Alemanha, entre a metade dos anos 1920 até 1945.
  • A ascensão desses regimes totalitários, especialmente o Nazismo, está associada ao Tratado de Versalhes (1918), o qual pôs fim à Primeira Guerra Mundial e responsabilizou a Alemanha por todos os prejuízos causados às nações vitoriosas; A Crise econômica de 1929 que arruinou as economias de inúmeros países; e as disputas políticas entre os grupos radicais que emergiram no período, como os socialistas e os nazifascistas.
  • Nesse cenário caótico, onde havia instabilidade política e governamental, crise econômica, inflação, desemprego e muito desespero, as ideologias nazifascistas tornaram-se muito atraentes para as massas populares.
  • As pessoas começavam a apoiar as doutrinas autoritárias, como o Fascismo e o Nazismo. De modo geral, elas pregavam um Estado forte e centralizador, o militarismo, exaltavam um passado de riquezas e de glórias, consideravam a democracia uma forma de governo fraca e atacavam o liberalismo econômico e o comunismo. O Estado nazifascista seria governado por um líder, uma figura exemplar que deveria ser cultuada e obedecida por todos. Os conflitos de classe seriam atenuados através do corporativismo para manter a ordem e  harmonia social. Os governos totalitários passariam a controlar toda a vida do país - a economia, a educação, a cultura e o comportamento de seus cidadãos.
  • A Itália, tomada pelo Fascismo a partir de 1925, passou a ser governada por Benito Mussolini - o Duce (Condutor).

  • O Nazismo, chefiado por Adolf Hitler, o Führer (líder), tomou o poder na Alemanha em 1933.

  • A propaganda foi muito explorada pelos governos totalitários, seja pelo rádio, jornais, cinema ou em grandes comícios, eles divulgavam a doutrina para o público e faziam uma verdadeira "lavagem cerebral" nas pessoas. 
Soldados uniformizados demonstram a ordem, a disciplina e a força do regime em um comício nazista. 
  • A violência foi uma característica marcante dos regimes totalitários, eles proibiram o funcionamento de outros partidos políticos, restringiram os direitos dos cidadãos, como por exemplo, a liberdade de expressão, proibiram o funcionamento dos sindicatos e as greves dos trabalhadores. Enfim, esses governos eram autoritários e não admitiam nenhum tipo de oposição ao regime, tampouco respeitavam as liberdades individuais. No caso do Nazismo, havia também uma questão racial ligada à sua ideologia. O Nazismo defendia que os alemães (a raça ariana) eram o povo superior, escolhidos para governar, ocupar o "espaço vital" (o leste da Europa), enquanto as raças "inferiores", como os eslavos e os judeus, deveriam ser aniquiladas. A ditadura nazista combateu as  diferenças étnicas e culturais, por isso judeus, eslavos (povos da Europa Oriental) homossexuais, ciganos e portadores de deficiências foram perseguidos e muitos foram exterminados pelas tropas do governo.
Judeus, eslavos, ciganos e homossexuais eram presos em campos de concentrações pelos nazistas.
  • Somente após a derrota do eixo nazifascista na Segunda Guerra Mundial em 1945 é que foram divulgadas as barbaridades e os crimes cometidos pelos governos ditatoriais contra os direitos humanos. Até hoje, há em vários países do Mundo grupos extremistas que defendem as ideias de cunho fascista, como os skinheads, neonazistas, dentre outros. Infelizmente, esses grupos fingem desconhecer que a História foi escrita com o sangue de milhões de inocentes.
Grupo neonazista preso em Israel (2007). Link.

12.4.14

Herança pré-histórica e Turismo no Brasil


Disciplina: Turismo: Fundamentos históricos e culturais

Conteúdo: Grupos pré-históricos caçadores-coletores: primeiros turistas no Brasil a deixarem sítios turísticos (abrigos rupestres, sambaquis).

O Brasil tem inúmeros sítios arqueológicos espalhados por todo o seu vasto território.
Os vestígios - fósseis, restos de fogueiras e alimentos, esqueletos, dentre outros - descobertos pelos arqueólogos têm 12 mil anos ou mais.

Vamos estudar nesta postagem três locais com marcante herança pré-histórica, os quais chamam muita a atenção dos estudiosos e dos turistas interessados em conhecer um pouco mais sobre nossas origens e visitar lindos lugares.


1. Lagoa Santa (Minas Gerais).
Localizada há cerca de 40 quilômetros da capital mineira, essa região abriga o Museu Arqueológico da Região de Lagoa Santa, inaugurado no início da década de 1970.
Em 1975, foi encontrado na região um dos fósseis mais antigos da América, chamado de Luzia, com 11 mil anos.
O arqueólogo Walter Neves observa um crânio e a reconstituição de Luzia.
Segundo os pesquisadores, Luzia fazia parte de um grupo de nômades, caçadores e coletores. Eles são chamados de paleoíndios, dominavam o fogo e construíam instrumentos com pedra lascada, tais como pontas de lanças e lâminas. 

Nos arredores da cidade há grutas com pinturas rupestres e sítios arqueológicos importantes, onde foram encontrados fósseis da preguiça gigante, animal que viveu há 10 mil anos.
Preguiça gigante media cerca de 6 metros de altura e pesava 5 toneladas.
2. São Raimundo Nonato (Piauí)

Aqui são encontradas as pinturas rupestres mais antigas do Brasil, datadas de 12 mil anos ou mais.
Os desenhos nas paredes das cavernas retratam animais, pessoas, plantas, objetos, cenas cotidianas e rituais.
Turista fotografando pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI).

Devido à sua importância arqueológica e ambiental foi criado na região o Parque Nacional Serra da Capivara, declarado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade.
O Parque possui mais de 912 sítios arqueológicos cadastrados, onde são encontrados inúmeros vestígios pré-históricos, como restos de fogueiras, cacos de cerâmica e esqueletos humanos.
A arqueólogo Niéde Guidon examina um crânio pré-histórico encontrado na Serra da Capivara.
3. Litoral de Santa Catarina

Nas regiões litorâneas, destacadamente em Santa Catarina, os pesquisadores encontraram muitas montanhas feitas de conchas, chamadas de Sambaqui (na língua tupi significa monte de conchas).
Sambaqui em Santa Catarina.
Os sambaquis são formados por conchas abertas e restos de peixeis que eram amontoados, alguns possuem 20 metros de elevação e 100 metros de diâmetro.

Segundo os arqueólogos, os montes foram construídos pelos povos que habitavam a região há 6 mil anos. Eles eram caçadores e coletores, sua dieta incluía peixes e moluscos (ostras e mexilhões).

Entre as camadas dos sambaquis os arqueólogos encontram sepulturas, restos de fogueira, espinhas de peixes, pontas de lança etc.

Vídeos

Sambaquis


Lagoa Santa


11.4.14

Pesquisa na internet

Os alunos da área de empregabilidade do Turismo foram pesquisar, na sala de internet, quais são os impactos que as atividades turísticas podem provocar nos locais onde elas são realizadas.


Eles acessaram o blog e leram a postagem "Impactos negativos do Turismo"  e fizeram suas anotações sobre o assunto. 

Alguns pensavam que o Turismo só tinha pontos favoráveis, mas depois de ler o texto logo descobriram que a atividade turística não trás apenas benefícios, como oportunidade de emprego e renda.

Após a pesquisa eles perceberam que junto com o Turismo vem a especulação imobiliária, a inflação, o aumento do custo de vida e até problemas ambientais nos locais com atrativos turísticos. Portanto, a implementação do Turismo requer muito planejamento e cuidados em sua execução para que os efeitos negativos sejam minimizados e não traga problemas para a população e nem para os turistas.


É isso aí, pessoal. Vamos pesquisar e estudar sempre!

5.4.14

Confira este vídeo incrível do MSN - Primeira aparição humana nas Américas

O povoamento do continente americano pelos humanos ainda desperta algumas dúvidas entre os arqueólogos. Afinal, de onde vieram nossos ancestrais? Quando a América foi ocupada pelos grupos humanos, há 13 mil ou 20 mil anos atrás? Ou teriam chegado aqui antes dessas datas?

Respostas que só o resultado das pesquisas arqueológicas poderá nos fornecer.



A Crise de 1929

Uma das maiores crises enfrentada pelo Capitalismo começou em 1929. nos E.U.A. De lá ela se espalhou para o Mundo todo, atingindo as nações europeias, já fragilizadas após o fim da Guerra Mundial em 1918.

Com a Europa arrasada depois da guerra, a economia norte-americana teve um grande crescimento. Os E.U.A passaram a ser a nação mais hegemônica, prestando auxílio financeiro para os países europeus serem reconstruídos.   

No campo e nas fábricas norte-americanas a produção não parava de crescer. Alimentos e bens manufaturados eram exportados para a Europa e consumidos pelo mercado interno.

O estilo de vida norte-americano (American Way of Life) incentivava as pessoas a consumirem cada vez mais. Consumir tornou-se sinônimo de felicidade!
Cartaz mostra uma família em um carro e uma fila de pessoas-compradores. Exaltação da modo de vida da América.
Contudo, a partir dos anos 1920 as economias dos países europeus começaram a dar sinais de melhoras, devido a isso diminuíram suas importações do E.U.A.
O mercado interno americano também demonstrava estar saturado e a produção industrial desacelerou.
A superprodução no campo fez com que o preço dos alimentos caísse, diminuindo o lucro dos fazendeiros.

A Crise piorou em outubro de 1929, quando ocorreu o crack (quebra) da Bolsa de Valores de Nova Iorque graças à especulação financeira.


A Bolsa de Valores de Nova Iorque. Fotografia atual.

As ações das empresas, negociadas nas bolsas de valores, acabaram desvalorizadas, provocando muitas falências, o fechamento de vários bancos e milhares de desempregados.
Fila de desempregados para ganhar uma refeição gratuita. Detroit (1933).

"Filas se espalharam pelo país. Filas por um prato de sopa rala, filas por um pedaço de pão, filas de homens em busca de emprego. No campo, o sinal de pobreza era claro: favelas com cabanas feitas de papelão e lata proliferavam e agricultores vagavam pelas estradas à procura de serviços temporários. Enquanto nas fazendas abandonadas maçãs apodreciam e urubus comiam a carne de carneiros sacrificados em cânions (atirados pelos proprietários que não queriam gastar dinheiro com o abate), na cidade as pessoas morriam de fome. Ninguém tinha dinheiro para consumir. Assim, ninguém vendia." (http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/quebra-bolsa-1929-tragedia-wall-street-454593.shtml)

A situação gerou muito desespero social, e algumas pessoas recorriam ao suicídio, alcoolismo, prostituição e violência.

Não demorou para que a crise norte-americana afetasse outros países do Mundo, principalmente os europeus e até os latino-americanos.


Na Europa,  em países com a economia frágil, os efeitos da crise foram devastadores. Os E.U.A reduziram as importações e cortaram a ajuda financeira que prestavam aos países europeus. 

Na Alemanha, a crise provocou muita inflação e provocou milhões de desempregos. Nesse país, estima-que o número de desempregados tenha atingido quase seis milhões em 1932.

Esse ambiente de insegurança e miséria foi muito favorável ao surgimento de grupos políticos radicais, como o Nazismo, na Alemanha, e o Fascismo, na Itália. 
Nazismo era uma doutrina política racista, que pregava o nacionalismo, culpava os judeus pela derrota alemã na Guerra e pelas crises que afligiam o país. O Fascismo defendia o culto ao Duce (líder) como o único capaz de unir e fortalecer o país. 
Os ditadores da Itália e da Alemanha - Mussolini (E) e Hitler (D).
A Crise econômica, portanto, possibilitou a formação de governo totalitários na Europa, isto é, regimes onde não há liberdade de expressão e nem tolerância aos opositores, os quais são perseguidos e torturados pelo governo.

O Brasil também sentiu os efeitos da crise dos E.U.A, a economia brasileira dependia da agro exportação, cujo principal produto era o café. Entre o final da década de 1920 e meados da década de 1930, as exportações brasileiras atingiram baixos índices, resultando no aumento dos estoques de café, queda dos preços e muitos prejuízos para os cafeicultores.

Para amenizar os prejuízos, o governo brasileiro, presidido por Getúlio Vargas, comprou o café e promoveu a queima das sacas, para manter o preço elevado no mercado.
Queima do café no litoral paulista. (início dos anos 1930).

Um dos poucos países a não sofrer com a Crise econômica foi a U.R.S.S, pois seu governo era socialista e seu mercado era mais fechado, não dependendo de relações comerciais com os demais países, como os E.U.A, por exemplo.

Em 1932, Franklin D. Roosevelt foi eleito presidente dos E.U.A, e anunciou um pacote de medidas para recuperar a economia do país chamado de New Deal (Novo acordo). 


Franklin Roosevelt foi eleito presidente dos E.U.A por quatro mandatos.

A partir de então, o governo passou a investir em obras públicas, conceder auxílio financeiro para as empresas e bancos, reduziu o desemprego, que em 1933 atingia o valor de 13 milhões. 
As obras públicas do Governo norte-americano geraram milhares de empregos e renda. Fotografia de 1936


A política econômica de Roosevelt, a qual rompeu com o liberalismo, foi inspirada nas ideias do economista britânico John M. Keynes, por isso ficou conhecida como Keynesianismo.

O New Deal produziu bons resultados, mas os efeitos da Crise só seriam superados com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, que possibilitou ao país aumentar sua produção. 

Esse modelo político e econômico, que ajudou a recuperar a economia norte-americana, também foi adotado por outros países na Europa e na América Latina.

Clique aqui e faça o teste para descobrir o quanto você sabe sobre a Crise econômica de 1929.

Assista à reportagem sobre a Crise de 1929

DE OLHO NO ENEM - 2017. QUESTÃO SOBRE O NEW DEAL.