20.11.13

Feira da Cultura 2013!

Ocorreu na E. E. Luiz Salgado Lima, no dia 20 de novembro deste ano, a Feira da Cultura!
Os temas foram a Consciência Negra e o Meio Ambiente.

Toda a escola - alunos, professores e demais funcionários - trabalharam com afinco em todas as etapas da Feira, desde o planejamento até a execução das atividades.

O resultado final - apresentado hoje nos turnos da manhã e da tarde - ficou incrível! Tivemos um show de criatividade, trabalho em equipe, teatro, música, dança, roda de capoeira, dentre outros aspectos científico-culturais.
Os alunos capricharam em suas apresentações, tanto no visual - confecção de cartazes, peças artesanais e ornamentação das salas - quanto no conteúdo que expuseram para as dezenas de visitas que a Escola recebeu.

Eu trabalhei junto com os alunos da turma do 1º ano 7, do Ensino Médio, e com os alunos da sala do 6º ano 4, do Ensino Fundamental.
Com os primeiros montamos uma sala temática com o assunto: "Influências africanas na cultura brasileira". Apresentamos uma peça teatral sobre a Abolição e estandes abordando Influências africanas na alimentação, no vocabulário e práticas religiosas afro-brasileiras, com foco no sincretismo religioso.
Já com os últimos, trabalhamos a Capoeira, sua história, algumas de suas músicas, além de produzir desenhos, jogo da memória com personalidades afro-americanas e confecção de máscaras africanas.
Todo o trabalho exigiu muito esforço e uma participação efetiva dos estudantes. Acompanhei cada etapa desse processo e vi o quanto eles se se envolveram com o Projeto, fato que contribuiu para o seu sucesso.
O esforço que todos fizeram foi recompensado com muita beleza, alegria e cultura. Depois da linda festa que ajudamos a fazer no dia de hoje, a sensação é de dever cumprido!

Parabéns a todos!

Confiram algumas fotos desse grande evento:

Palavras de origem africana em nosso vocabulário

Alimentos de origem africana e afro-brasileiros em nosso cardápio: café, melancia, pimenta, banana, amendoim...

Religião e sincretismo cultural - o caso do São Cosme e São Damião.

Estudo sobre a relação entre santos católicos e os orixás afro-brasileiros. Exemplo de sincretismo religioso.

Gráficos: pesquisa de opinião sobre as religiões afro-brasileiras.

Feijoada não pode faltar, afinal é o prato nacional!






Sábias palavras do ícone Gilberto Freyre.


Máscaras africanas confeccionadas com papelão pelos alunos do 6º 4.


Painel com breve histórico da Capoeira. (6º ano 4).

Parte do público no turno da tarde.

TV reciclada conta a História do Quilombo dos Palmares.


Personalidades afrodescendentes.
Degustação na sala 12 (8º ano)
Fuxico e artesanato na sala 10 (8º ano).

Leopoldinenses na FEB (1943-1945)

"Mais fácil uma cobra fumar, do que o Brasil participar da guerra."

Essa frase era repetida por alguns, por volta dos anos de 1943-1944 no país, quando havia a possibilidade do Brasil participar da Segunda Guerra Mundial, lutando ao lado das forças aliadas contra o eixo nazifascista.

Distintivo dos combatentes da FEB.

Em 1942, o Brasil declarou guerra aos alemães após o torpedeamento de navios mercantes brasileiros por submarinos da Alemanha.

O Brasil foi à guerra e a cobra fumou... 
A partir de então, cobra fumando tornou-se o símbolo da Força Expedicionária Brasileira, organizada em 1943 e enviada à Itália em julho de 1944, para combater as tropas do Eixo (Alemanha, Itália e também o Japão). 
Tropas brasileiras desembarcando em Nápoles, 1944.
A FEB recebeu suporte dos E. U. A, cujo exército ajudou a treinar alguns dos oficiais brasileiros e forneceu armas e equipamentos modernos para os nossos combatentes.  
Além disso, o presidente Getúlio Vargas obteve apoio financeiro dos norte-americanos para construir uma grande siderúrgica, a CSN em Volta Redonda (RJ).

O comando da FEB foi entregue ao general de divisão João Batista Mascarenhas de Moraes, que comandou cerca de 25 mil soldados em combates travados contra as forças alemãs que ocupavam a Itália.

Os principais combates da FEB ocorreram na montanhosa região dos apeninos, em Monte Castelo, um lugar bem guarnecido pelos nazistas, entre novembro de 1944 e fevereiro de 1945.
Os pracinhas da FEB, além de ter que enfrentar os morteiros e as metralhadoras dos soldados alemães e toda sua experiência de combate, precisaram resistir ao frio, que atingia -20º C! 
Depois de alguns ataques brasileiros frustrados pela defesa alemã, a FEB conseguiu, em 21 de fevereiro de 1945, tomar Monte Castelo atacando pelos flancos, sendo apoiada pelos fogos da Artilharia. 
Soldados da FEB realizando patrulha na Itália.
As tropas brasileiras cumpriram outras missões na Itália, chegaram a capturar uma divisão inteira do exército alemão, que tinha mais de 14 mil soldados. Elas encerraram sua participação na Segunda Guerra Mundial demonstrando muita bravura. 
No dia 08 de maio de 1945 a Alemanha assinou sua rendição e a guerra na Europa havia cessado.

A FEB perdeu 454 homens em combate. Quando os expedicionários retornaram ao Brasil, no início de agosto de 1945, foram recebidos pelo povo como heróis. 
A FEB desfila no Rio de Janeiro após seu retorno, em 1945.
A força militar brasileira que lutou contra o totalitarismo na Europa, acabou precipitando a queda de Getúlio Vargas e o fim de um regime ditatorial que havia sido iniciado em 1937. 

Em Leopoldina (MG), temos uma rua importante, no bairro Bela Vista, dedicada aos valentes soldados que lutaram na sangrenta guerra. Trata-se da Avenida dos Expedicionários, cujo nome faz menção à força de  guerra criada pelo presidente Getúlio Vargas.

Na dita avenida também há uma placa com o nome dos combatentes leopoldinenses que foram recrutados pela FEB, portanto, foram para a Itália enfrentar os nazistas e ajudaram a livrar a Europa da tirania de Adolf Hitler.

Os alunos da turma 9º 3 da E. E. Luiz Salgado Lima visitaram o lugar e pesquisaram os nomes dos combatentes leopoldinenses. Veja os nomes abaixo e conheça alguns dos heróis de nossa cidade:

Aloísio Soares Fajardo
Antônio Vargas Ferreira Filho
Celso Capdevile
Dermeval Vargas
Felício Meneghite
Geraldo Gomes de Araújo Porto
Jair Vilela Ruback
João Zangirolani
José Anzolin
Lair Reis Junqueira
Adilson Machado*
Pedro Medeiros
Paulo Monteiro de Castro
Wenceslau Werneck



Parabéns a todos os alunos pelo empenho nesta pesquisa!

*ERRATA: Segundo matéria publicada no Jornal Leopoldinense, de 1º de junho de 2015, o nome que está na placa é Odilon Machado. A mesma matéria informa que o nome correto é Adilon Machado. Fonte: Leopoldinense. Acesso em 14 jul. 2015.

15.11.13

Leia, comente, curta e compartilhe

Curta e participe de nosso Blog no Facebook:



Hoje é dia de que?

Ora, o feriado de hoje nos remete ao dia 15 de novembro de 1889.
Nesta data celebramos o fim da Monarquia, governada por D. Pedro II e o início da República!

Você sabe o que é a República?
Confira a resposta com o Tiradentes, que morreu em 1792 após participar de um movimento político que defendia a causa republicana:

A palavra república vem do latim (res publica), que significa coisa pública. O governo republicano foi praticado, na História do Ocidente, pela primeira vez pelos romanos no ano 509 a. C. Deveria ser um governo que priorizava os interesses coletivos acima dos privados, pelo menos na teoria deveria ser assim...

Aqui no Brasil, em 1889, o governo de D. Pedro II passava por um momento de crise política. Os cafeicultores estavam insatisfeitos com o fim da escravidão em 1888, a Igreja Católica estava descontente com a interferência do Imperador nos assuntos eclesiásticos e os oficias Exército estavam insatisfeitos com a falta de valorização dos militares.
O Império estava ficando sem apoio. O Brasil era a única monarquia em toda a América do Sul, os países vizinhos tinham adotado o regime republicano, considerado mais democrático, pois ampliava a noção de cidadania, estabelecia o voto e a mudança periódica de governantes, o oposto do regime monárquico, no qual o poder era hereditário e vitalício.

Os republicanos, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, proclamaram a República em 15 de novembro de 1889. O marechal assumiu a presidência do governo provisório, que durou até 23 de novembro de 1891, quando ele renunciou ao cargo, assumido, posteriormente, pelo seu vice - marechal Floriano Peixoto.
Marechal Deodoro da Fonseca. Henrique Bernadelli (1900).
Quanto à família real, chefiada por D. Pedro II, acabou sendo banida do Brasil. O imperador foi notificado sobre o fim da Monarquia e a implantação de um novo regime de governo, mas não tentou resistir para se manter no poder, partiu para a Europa alguns dias após a proclamação da República.

Na prática, a nova forma de governo não representou grandes avanços na cidadania. A maior parte da população continuou à margem do processo político, que passara a ser controlado pelos militares e influenciado pelos grandes cafeicultores do oeste paulista. A importância política dos grandes fazendeiros irá aumentar gradativamente, resultando na supremacia do estado de São Paulo e dos latifundiários sobre os interesses nacionais, pelo menos até o ano 1930, a partir daí a República tomará novos rumos. Mas esse é assunto para outra história.
Por hora terminamos aqui...

14.11.13

O Correio do Carmo (1929-1943)

O jornal Correio do Carmo circulou na cidade do interior carioca de 1929, data de sua fundação, até o ano de 1943.
No centro cultural do município há muitos exemplares do periódico disponíveis para a consulta do público. (Saiba mais informações sobre o acervo clicando aqui). 
Artigos antigos expostos no Centro Cultural do Carmo (RJ)

Neste levantamento preliminar que estamos fazendo, identificamos diversos assuntos interessantes abordados pelo Jornal, que vão desde os temas locais até os grandes acontecimentos do Brasil e do exterior, o que reflete a  marca da contemporaneidade e a influência do contexto histórico sobre as publicações.

Encontramos nos periódicos reclamações corriqueiras - ainda presentes nas rodas de conversa da atualidade - sobre o abandono das estradas locais e a falta de manutenção das rodovias. Uma nota do jornal, publicado em janeiro de 1938, diz:

"Ha cerca de 15 dias, porém, adoptando um criterio qualquer, o fiscal desses serviços fez remover-se aquella turma para outro municipio, contrariando assim as necessidades das nossas rodovias que se encontram actualmente, de todo intransitaveis, em virtude das chuvas"

Outra reclamação bastante comum nos dias de hoje é sobre o imenso número de cães soltos pelas ruas da cidade. Sobre esse tema o periódico noticiou o seguinte em 1935:

"Mais uma vez temos chamado a attenção das autoridades para a matilha de cães que comumente existe na cidade. As providencias que tem sido tomadas, nenhum resultado pratico tem produzido, pois ainda na semana passada foi atacado por um desses animaes um filho do sr. Silverio de Araujo Lima, que seguio para o Rio afim de ser submetido a tratamento."

Perceba que os cães abandonados nas ruas fizeram uma vítima, a qual precisou seguir para a Capital do Estado para receber tratamento médico. Esse problema que, além de ser pouco higiênico, pode trazer ainda mais transtornos, como por exemplo, transmitir doenças para as pessoas.

Infelizmente, 75 anos após a publicação dessas notas no jornal, nossa realidade atual guarda muitas semelhanças com um passado distante.  Parece que os administradores públicos não aprenderam com os erros do passado, como por exemplo, manter uma rodovia em condições ideais para o tráfego de veículos e manter animais abandonados em um canil público.

Há também assuntos internacionais de grande relevância no mundo daquela época, como a consolidação dos regimes totalitários na Europa. Vimos diversos textos tratando sobre as ditaduras europeias, alguns criticando, outros exaltando as virtudes de tais regimes governamentais.

Na edição número 172, de fevereiro de 1937, o editor critica a justiça na Itália fascista de Benito Mussolini (1883-1945). O artigo diz: "Pela simples razão de um indivíduo ser anti-fascista, é submetido á julgamento condemnado e executado, sem ao menos terem conhecimento da sentença os parentes da vietima".

O ditador italiano não foi poupado pelas páginas do Correio do Carmo.

"Creado por Mussoline funcciona na Italia um Tribunal Especial unicamente para condemnar os inimigos do regimen." Continua o texto, buscando esclarecer a função do Tribunal de silenciar os opositores do governo italiano daquela época.

A este respeito, o Historiador João Fábio Bertonha afirma que para manter o governo autoritário, o duce "dispunha da temida Ovra - a polícia secreta encarregada de vigiar, prender e eliminar opositores -, de leis contra os antifascistas e de um Tribunal Especial para a Segurança do Estado, que aplicava essas leis; em sua curta história, esse tribunal distribuiu 27 mil anos de prisão aos inimigos do regime. Muitos antifascistas morreram na prisão ou no exílio..." (BERTONHA, João Fábio. Fascismo, nazismo, integralismo. São paulo: Ática, 2003. p. 20).  

O uso indiscriminado da força e da manipulação da justiça é algo muito comum na estrutura de governos ditatoriais. Nesses casos, os opositores desses governos são alvos de perseguição e torturas e, na maioria das vezes, têm seus direitos básicos negados, tal como o direito a defesa e a ter um julgamento justo, fato denunciado pelo Correio do Carmo. 

Essa mesma edição também trouxe um texto interessante sobre hygiene, relatando sobre o banimento do aperto de mão entre as pessoas na Itália.
Sobre esse gesto o autor do artigo expôs o seguinte:

"Sem finalidade, contrario a hygiene, importuno e irritante, o aperto de mão precisa ser banido. 
A Itália deu um grande exemplo. Merece imitadores." 

Julgava que o cumprimento entre duas pessoas era algo que contrariava a higiene pessoal, devido a transpiração da palma das mãos. Essa opinião está em consonância com a divulgação das práticas sanitaristas, que ocorreu ao longo das décadas de 1920 e 1930, preocupadas com a higiene das pessoas e o combate às endemias rurais e urbanas. Muitos intelectuais da época, tomavam os costumes europeus como referências, ideais de civilização, que deveriam ser seguidos pelo Brasil, como deixa claro o final do artigo.

Além dos assuntos corriqueiros locais, temas da política brasileira e internacional, o Correio do Carmo mantinha uma coluna social, registrando os casamentos, batismos e outros eventos que ocorriam na cidade. 
Os anúncios publicados nas páginas amareladas, e já desgastadas pelo tempo, chamam a atenção de qualquer leitor e pesquisador. Há inúmeros espaços destinados à publicidade, oferecendo serviços advocatícios, dentários, transportes de caminhão, alimentos, remédios milagrosos para syphilis, leilões e partidas de football. Em suma, uma variedade de serviços e atrações sócio culturais.


O anúncio acima pode ser visto em uma das edições de 1937, informa sobre a inauguração de uma Padaria, na Rua Conego Gonçalves que disponibilizava diariamente pães de varios typos, roscas e biscoutos. Muitas delícias, não acha?

Como se pode notar, a grafia das palavras antigamente possui semelhanças e diferenças com o vocabulário atual. Muitas palavras, com significados idênticos, eram grafadas de forma diferente no passado, como biscoutos (biscoitos), typos (tipos), syphilis (sífilis) etc.

Um outro anúncio sobre o Commercio local lista os produtos básicos e seus preços, de acordo com a moeda da época - réis. Café, arroz, feijão, milho, ovos e galinhas deveriam ser essenciais para a alimentação das famílias carmenses. Não havia muita variedade de gêneros alimentícios, tal como há hoje, quando as pessoas quase se perdem entre as dezenas de prateleiras dos supermercados.  

O trivial - arroz, feijão, milho, ovos e carne, deveria ser complementado por verduras e legumes cultivados nos próprios quintais ou adquiridos nos estabelecimentos comerciais.

O salário mínimo na época, estabelecido pelo governo do presidente Getúlio Vargas em 1940, era cerca de 240 mil réis,  cuja finalidade era a de permitir aos trabalhadores suprir "suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte." (Art. 1º. DECRETO-LEI N. 2.162 – DE 1 DE MAIO DE 1940).

O salário mínimo da época deveria ser suficiente para garantir habitação, alimentação e outras necessidades das famílias.

Havia também espaço para diversão no Correio do Carmo, claro!



Na imagem acima, observe um anúncio esportivo, publicado em março de 1937, convida os leitores para assistirem a uma disputa de football, entre o Carmense A. Club x Sport Club Aurôra de Porto Novo.
Como será que as pessoas reagiram após o término do jogo? Acredito que não deveria ser tão diferente dos dias atuais, nos quais celebramos as vitórias e remoemos as derrotas do time de nossa preferência!

Esses são os resultados iniciais de nossa pesquisa sobre a História e Memória do Carmo, iniciada há pouco mais de dois meses. No centro cultural encontramos fontes históricas que podem nos ajudar a reviver memórias da cidade que estão impressas nas páginas dos jornais do século passado. O jornal é como se fosse um espelho de sua época, ele nos revela as influências que recebia, os modos de pensar, agir e nos ajudam a perceber como as pessoas viviam antigamente.
Esse é um exercício vital para o resgate histórico e cultural do município, além  de valorizar a identidade local.

Em breve, apresentaremos mais detalhes e mais produções sobre esse trabalho, que está apenas começando.

9.11.13

Documentos históricos no Centro cultural do Carmo(RJ)

O centro cultural do Carmo guarda uma verdadeira "mina de ouro" sobre o passado do município.
Em recente visita ao local nos deparamos com diversos livros de atas das reuniões da Câmara dos vereadores, datados do início do século XX.
Há um livro bastante castigado pelo tempo e pela ação das "traças", do ano de 1904. Um registro histórico que possui 109 anos de idade!

Em meio a diversos artefatos antigos, tais como pesos e medidas, correntes, cadeados dentre outros, há também uma coleção de um dos jornais que circulavam pela cidade na primeira metade do século XX. Trata-se de exemplares do Correio do Carmo, periódico fundado em 1929, circulou no município por quase quinze anos. (Carmo no ano do centenário da Matriz. Editado pela paróquia Nossa Senhora do Carmo, 1977).
Nos registros do Centro Cultural constam edições entre os anos de 1929 a 1943.
Eles estão acondicionados em sacos plásticos, dispostos sobre uma bancada, o que deve provocar um sobreaquecimento naquela documentação valiosa, que vai sendo consumida pelo tempo e por seus agentes degradantes.
Exemplar do Correio do Carmo, de 1937, disponível no Centro Cultural.
Começaremos, apoiados por alguns estudantes do CIEP 280, a pesquisar com maior minúcia essas fontes históricas e publicaremos, em breve, aqui no Blog, os resultados de nossos estudos sobre a memória da cidade do Carmo e de sua gente nas quatro primeiras décadas do século XX. 

Antes de finalizar, deixaremos oito (8) sugestões que podem ajudar na conservação de documentos históricos, afinal eles representam parte da memória da cidade e devem, portanto, ser preservados e manuseados de modo seguro, para não comprometer sua estrutura e nem acelerar seu desgaste natural.
  1. O ambiente contendo acervos documentais precisa ter a temperatura controlada, com umidade relativa do ar entre 50% e 60% e temperatura por volta de 20 a 22 C. Ambientes quentes e úmidos degradam mais rapidamente as folhas de papel.
  2. Controlar a umidade com aparelhos específicos (desumidificadores, umidificadores ou sílica-gel) e a temperatura com aparelhos de ar condicionado.
  3. Insetos (traças, cupins), fungos (mofos) e roedores são agentes de degradação dos acervos documentais, por isso precisam ser combatidos através da higienização do ambiente e regras, como a restrição do consumo de alimentos no local. 

4. Cuidado com a luz: tanto a natural quanto a artificial provocam o processo de envelhecimento acelerado nos documentos. Para amenizar o problema, pode se usar cortinas e persianas, além de filtros especiais para absorver os raios ultravioleta.
5. Ação humana: o manuseio inadequado dos documentos históricos podem danificar as fontes. É preciso que as pessoas tenham cuidado ao lidar com os acervos. As mãos precisam estar bem limpas e o pesquisador não pode escrever, marcar ou fazer anotações e nem danificar os documentos.  Além disso, os pesquisadores precisam utilizar máscaras e luvas cirúrgicas para evitar o contato com a poeira e fungos, que podem causar doenças respiratórias e na pele.
6. Execução de um planejamento adequado para as instalações elétricas, de modo a evitar curto circuito e incêndios.
7. Procurar ajuda técnico-especializada nos casos de restauração e conservação de acervos bibliográficos e históricos.
8. Digitalizar o acervo. Os documentos em formato digital permitem o acesso de mais indivíduos à fonte, sem causar desgaste do original.

Fonte: (SPINELLI JÚNIOR, Jayme. A conservação de acervos bibliográficos e documentais. Rio de Janeiro: Fundação da Biblioteca Nacional, Dep. de processos técnicos, 1997. 92 p.)

1.11.13

Bons ensinamentos em um anime japonês

Desenhos animados, estórias, fantasia, personagens carismáticos, divertidos e com poderes especiais...
Essa é a tônica dos mangás e dos animes que são uma "febre" entre a juventude.
Felizmente, graças ao meu contato com a juventude nas escolas acabei sendo contagiado. Depois de tanto ouvir falar em jutsus, chakra, Naruto e Sasuke resolvi pesquisar e conferir se o anime da moda era, de fato, tão empolgante como narravam meus estimados alunos.

Eu cresci lendo revistas em quadrinhos da Turma da Mônica, X-Men, dentre outros títulos e também assistia às animações que eram a "febre" de minha época: Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. 
CDZ e DBZ: animes japoneses que fizeram sucesso no Brasil na década de 1990.
Esses desenhos eram assistidos, com fervor quase religioso, pela maioria de meus amigos da infância e da adolescência, e seus capítulos eram debatidos exaustivamente no intervalo da escola. 

Decidi assistir a alguns episódios do Naruto no SBT, emissora que detinha os direitos para exibir a animação no Brasil, para conferir se o anime era tão bom quanto os seus antecessores e... não parei mais. 

Me surpreendi com o conteúdo do desenho e, sobretudo, com a complexidade dos personagens, suas diferentes personalidades, suas histórias de vida e a interação que eles travam entre si num Mundo fictício que guarda muitas semelhanças com nossa realidade belicosa.
Em resumo, Naruto vai muito além de um simples desenho de ninjas que soltam socos, magias e pontapés.
É repleto de referências à mitologia, filosofiacultura e história oriental, além de transmitir belas mensagens sobre temas universais, como o respeito pelas diferenças, a necessidade de compreendermos uns aos outros, o valor da amizade e a importância de nunca desistir de lutar por seus sonhos.
Claro que algumas dessas mensagens foram abordadas em outros desenhos e mangás japoneses anteriores à Naruto, e não são, portanto, nenhuma novidade. Mas Naruto populariza os temas com novas roupagens, que atingem em cheio a nova geração, algo que os desenhos antigos, orientais ou ocidentais, teriam maior dificuldade para atingir. Além disso, Naruto gerou uma série de produtos, que vão desde material escolar, como cadernos e mochilas, até os jogos de videogame de última geração.
Cadernos, mochilas, adesivos, revistas, brinquedos e jogos eletrônicos com a marca Naruto são encontrados facilmente em inúmeras lojas do país. 
O mundo fictício de Naruto é divido em diversas nações ninjas, cada uma delas tem características geográficas, étnicas e culturais diferentes.
O mundo de Naruto.
Os ninjas são chefiados por um líder experiente e poderoso, que é responsável pela proteção das vilas e suas populações.
As relações entre as diferentes nações são frágeis, devido às constantes disputas pela expansão de sua influência e de seu poderio militar. Então as guerras entre os povos e a perseguição daquelas pessoas consideradas "ameaçadoras" ao status quo da comunidade são algo comum na geopolítica de Naruto.

Naruto, por sua vez, é uma criança que se tornou um receptáculo de um ser demoníaco, a Raposa de Nove Caudas - uma arma de chacra que potencializa o poder e serve ao interesse das nações ninjas. Por conta disso, ele cresceu sendo temido e discriminado pelos aldeões, pois tem uma fera dentro de si. Ele não conheceu seus pais, cresceu sozinho e teve uma infância dolorosa, sem amigos e de total abandono e exclusão social.
O personagem principal em contato com o seu "eu" interior.

A trilha sonora de Naruto é linda, e as músicas são acionadas, pontualmente, durante as cenas ora para acentuar o drama, ora para valorizar a ação das batalhas. Alie-se ainda o uso constante dos recursos de flashback, para justificar ações dos personagens, ou explicar partes de seu passado, o que eleva a dramaticidade da narrativa. Todos esses fatores tornam o desenho ainda mais envolvente e empolgante. 

Com o desenrolar da estória, o jovem deixa claro seu objetivo: se tornar o ninja mais forte de sua aldeia, virar o líder e provar para todos o seu valor. Quer, a todo custo, justificar sua existência, ser incluído na sociedade e ser tratado com respeito.


No transcurso da luta por sua meta, o aspirante a ninja conhece amigos, participa de aventuras, cresce, se mete em encrencas e arranca sorrisos e lágrimas dos telespectadores.

Para concluir essa postagem, reproduziremos abaixo algumas lindas mensagens que foram deixadas pelos personagens de Naruto, ao longo de toda a série, a qual continua sendo exibida na televisão japonesa. Perceba que é possível aprender, mesmo quando se está assistindo a um desenho animado.


"Aqueles que não entendem a dor verdadeira nunca podem entender a verdadeira paz." (Nagato Pain)
"Você deveria desistir de tentar me fazer desistir!" (Naruto Uzumaki)

"Tenho fé que chegará uma época em que as pessoas entenderão umas as outras." (Jiraya)

"Aqueles que quebram as regras são considerados lixo. Mas aqueles que abandonam um amigo são piores do que lixo." (Obito Uchiha)